A cena não poderia ser mais espantosa. “Olhei para cima e vi aquilo sobre mim. Já tinha ouvido as pessoas me descreverem como era o tal aparelho, mas nunca tinha visto um pessoalmente. De repente, em plena luz do dia, lá estava aquilo, enorme e poucos metros acima de minha cabeça, zunindo e emitindo uma luminosidade de grande intensidade e de cores belíssimas”. Com essas palavras a médica psiquiatra Wellaide Cecim Carvalho descreveu a observação que fez de um objeto voador não identificado na rua principal da Vila de Colares, no lado norte da ilha de mesmo nome, em um fim de tarde em 1977, inesquecível para ela. Na ocasião estava acompanhada de três outras testemunhas — uma das quais desfaleceu ao ver o artefato. Wellaide era então uma médica jovem, com apenas 21 anos e especialização em sanitarismo, que acabara de se graduar e ter como seu primeiro emprego o cargo de médica e diretora da Unidade de Saúde da ilha, uma construção relativamente bem equipada situada no centro da vila, a apenas uns 150 m da praia fluvial que a banha.
Apesar de muito jovem, Wellaide formou-se com distinção e foi alçada ao seu primeiro cargo ainda na faculdade, por méritos acumulados. Ela preferia ter sido engenheira automobilística, mas abraçou a medicina por sugestão do pai, e o fez com determinação. No entanto, nada do que aprenderia durante seu curso na instituição de ensino a prepararia para o que iria encontrar em seu primeiro emprego, na referida ilha, a 96 km de Belém. Tendo assumido o cargo logo no primeiro semestre de 1977, a doutora Wellaide passou rapidamente à condição de personagem de grande relevância na localidade — Colares tinha, na época, cerca de 10 mil moradores. Ela formava com o prefeito, o juiz, o padre e o delegado do local o time de autoridades a quem as pessoas recorriam em quaisquer circunstâncias.
Mas era ela quem resolvia todas as principais questões de saúde da ilha, atendendo desde crianças até idosos. “O que mais tínhamos em Colares eram pacientes atacados por arraias”, diz a médica, que prestou socorro a indivíduos com mais de 30 picadas do animal, comum nas águas daquela região. A partir de julho daquele ano, com poucas semanas no cargo, a médica se surpreendeu ao receber na Unidade Sanitária um grupo de pessoas — duas delas carregavam uma terceira, cambaleante e apática, visivelmente afetada por algo. Era Claudomira da Paixão, uma moça de pouco mais de 20 anos que apresentava um quadro atípico e novo para a médica.
Em estado de choque
Sem conseguir ficar em pé nem falar, pálida e em estado de choque, a paciente tinha uma intensa e profunda queimadura em seu tórax, em uma área que ia desde pouco abaixo do seio esquerdo até o ombro, e da lateral do peito até a região central, o que se chama de hemitórax na medicina. No pescoço ainda havia duas pequenas perfurações, semelhantes a picadas de algum inseto. O que mais chamou a atenção da doutora Wellaide é que a pele da vasta região queimada já estava totalmente necrosada, indicando que o ferimento teria ocorrido pelo menos há uns 3 ou 4 dias. Mas não…
Segundo os familiares que a carregavam, o fato tinha acontecido poucos minutos atrás. “Estávamos todos juntos quando vimos aquilo descer e iluminar tudo. De repente, ela foi atacada e a gente não conseguiu fazer nada, nem se mexer, para acudi-la. Em pouco tempo o ‘aparelho’ foi embora e ela já estava queimada. Daí a gente a trouxe pra senhora ver”. Foi isso o que declararam os acompanhantes da enferma. Mas a história não fazia nenhum sentido para a doutora Wellaide. O que era o tal artefato? Como poderia ter imobilizado as testemunhas, a ponto de impedir que socorressem quem estava sendo atacado? E, por fim, qual era o objetivo daquele ataque? A médica chegou a considerar todas as hipóteses, desde alucinação coletiva das testemunhas, delírio, até eventual ação de animais e aves predadoras. Mas nada justificava o que ela via com seus próprios olhos.
Estávamos todos juntos quando vimos aquilo descer e iluminar tudo. De repente, ela foi atacada e a gente não conseguiu fazer nada, nem se mexer, para acudi-la. Em pouco tempo o ‘aparelho’ foi embora e ela já estava queimada
A pele da moça pôde ser removida com certa facilidade, apesar da dor intensa. Por baixo dela permanecia carne viva. Medicada, Claudomira foi para casa amparada pelas mesmas pessoas que a trouxeram. Depois disso sua vida “desandou”, como dizem naquela região os indivíduos que foram acometidos pelo chupa-chupa, que constatam com tristeza que suas vidas simplesmente se deterioram. Este relato é um exemplo típico do tipo de ação do referido fenômeno, que nas ilhas e regiões ribeirinhas do litoral fluvial do Pará recebe também outras denominações: aparelho, luz vampira, luz diaba, coisa etc. Hoje em dia, com o arrefecimento dos casos — pelo menos em número e intensidade — outra designação implica o chupa-chupa, uma expressão folclórica específica daquele estado: a lenda da Matinta Pereira.
Com medo dos ataques
É muito raro encontrar algum morador de toda aquela vasta região que não tenha uma história própria ou que não conheça a de outra pessoa referindo-se à tal lenda. Assim como era quase impossível, nos anos 70 e 80, encontrar alguém nas ilhas de Mosqueiro e Colares que não tivesse sido atacada pelo chupa-chupa nem conhecesse alguém que o fosse. Não se trata de exagero. Pelo contrário. A situação na região ficou tão grave que cerca de cinco dos 10 mil moradores abandonaram a ilha entre julho de 1977 e março de 1978. “As pessoas simplesmente iam embora, com medo, pavor de serem atacadas, pois todos viam as luzes, ouviam os ruídos que elas emitiam e os militares da Aeronáutica que estavam lá para proteger o pessoal, nada faziam de efetivo”, declarou à Revista UFO a doutora Wellaide. A ilha foi quase abandonada, restando aos poucos moradores suas atividades rotineiras. E mesmo estas estavam prejudicadas. Em um local como aquele, com uma significativa vocação rural, ninguém mais pescava e nem sequer plantava.
Eles ficavam trancados em suas casas, muitas vezes juntavam-se várias famílias em uma única residência, com medo dos ataques. Chegou a faltar comida. A médica relata que quando o fenômeno chupa-chupa teve início, principalmente após julho de 1977, os ataques eram predominantemente noturnos, com raros casos antes das 21h00. “De repente, conforme os dias iam passando, aquelas máquinas e seus tripulantes ficaram mais ousados e os ataques passaram a acontecer também ao anoitecer, no centro do vilarejo”. Com a gravidade dos fatos aumentando e as pessoas indo embora, a médica também acabou pensando na possibilidade. “Ora, até o delegado já tinha partido”, disse, referindo-se ao senhor Olímpio de Almeida Souza, que partiu da ilha quando a situação se complicou.
Mas Wellaide foi dissuadida a permanecer na ilha pelo então prefeito Alfredo Bastos Filho, que implorou por sua presença lá, garantiu sua segurança e até determinou que ela nunca saísse só pela ilha, nem de noite, nem de dia. A doutora Wellaide residia a poucos metros do seu local de trabalho, e ainda assim ia sempre acompanhada para lá e para cá. Quando teve o primeiro contato, descrito acima, seus acompanhantes a tudo observaram. “Estávamos no meio da rua quando aquele objeto veio sobre nossas cabeças. Foi uma loucura. As pessoas que estavam nas casas gritavam através da janela e pedindo para que corrêssemos, mas eu não poderia fazê-lo e deixar minha secretária desfalecida lá”.
Três contatos imediatos com UFOs
A médica sanitarista também confirma que os militares da Operação Prato que estavam acampados na praia poucos metros à frente, também lhe davam instruções para que fugisse. Semanas depois deste fato a médica teve um novo incidente e também estava acompanhada. Desta vez foi mais ao anoitecer, mas o caso teve as mesmas características do primeiro, incluindo a apreensão de ser uma possível vítima do chupa-chupa, o que felizmente não ocorreu. Ao todo ela teve três contatos imediatos com o fenômeno, sendo que, no terceiro, estava sozinha. Tal fato ocorreu em uma madrugada de outubro de 1977, quando dirigia seu Fusca pelos seis quilômetros da estrada, então não pavimentada, que unem a Vila de Colares ao porto fluvial da parte sul da ilha, aonde se pega a balsa para, em uma rápida travessia sobre o Rio Guajará-Mirim, se chegar à Vila de Penhalonga, de onde se vai para Belém.
Esse foi o contato mais aterrador da médica sanitarista, que a essa altura já tinha atendido mais de 50 pacientes atacados pelo chupa-chupa — sempre com as mesmas características. Eram 04h00 quando a doutora Wellaide resolveu ir a Belém buscar mantimentos e provisões para a Unidade Sanitária que dirigia. Pretendia sair cedo para poder retornar rápido às suas atividades. “Naquela época os ataques eram diários — às vezes mais de um por dia — e eu não podia me ausentar por muito tempo”. De repente, no breu da noite, seu automóvel estancou repentinamente sob uma luminosidade intensa e amedrontadora. “Era algo que estava a alguns metros acima do Fusca, que eu não podia ver. Aquilo refletia uma luz que inundou o carro e iluminou tudo em volta”. Ela descreveu que a chave do veículo ainda estava no contato e na posição de funcionamento normal. Além do motor do carro parar, as luzes também cessaram.
A experiência durou alguns minutos e o Fusca, tão misteriosamente quando parara, voltara a funcionar. A médica completou o resto do percurso até a balsa em disparada, chegando lá atônita e pálida. O proprietário da embarcação teve que manobrar seu carro para que ela pudesse seguir viagem. “Quando aquilo ocorreu, não tinha para onde correr e fiquei ali rezando e pedindo para que nada me acontecesse. Não vi o formato do objeto, mas tenho certeza de que era semelhante ao que já vira antes”. Ela estava certa. Testemunhas depois confirmaram ter visto o mesmo fenômeno. Hoje se sabe, com a contribuição de doutora Wellaide, que todos os ataques que foram feitos na ilha e nas demais áreas da região litorânea fluvial do Pará partiram de um equipamento definido e bastante peculiar.
Criaturas de cabelos encorpados
Quando saiu da ilha para outro emprego, a doutora Wellaide contabilizou mais de 80 pessoas atendidas pessoalmente por ela, na Unidade Sanitária ou em suas próprias residências — e todas, sem exceção, descreviam o elemento agressor como sendo um artefato cilíndrico, com cerca de 3 a 4 m de base por 10 a 12 m de altura. Na parte superior do mesmo havia uma janela através da qual era possível se ver duas criaturas “de cabelos encorpados e longos”, segundo a médica. O aparelho agressor também tinha três anéis coloridos paralelos embaixo e em cima de sua fuselagem, de tons bem incomuns e vibrantes. O UFO emitia um zumbido ensurdecedor, semelhante ao de uma máquina de costura sem lubrificação. Ao primeiro sinal desse barulho os moradores já saíam correndo para se refugiar onde pudessem, sem sucesso. “No auge do chupa-chupa, as pessoas já estavam trancadas em suas casas às 14h00, pois os objetos chegavam cada vez mais cedo. Invadiam as ruas de Colares e penetravam em janelas e portas abertas, por brechas de paredes e telhados de sapé”.
Wellaide relatou que partiu do próprio prefeito da cidade a iniciativa de pedir à população que batesse em latas e panelas para tentar afugentar os artefatos, igualmente sem resultado. Até mesmo café forte e fogos de artifícios foram oferecidos pela prefeitura aos cidadãos, para que não dormissem e tentassem avisar aos demais quando os objetos se aproximavam. Nada disso, no entanto, surtia efeito. “Crianças, jovens, mulheres, velhos, todo mundo, enfim, tinham um pavor mortal da manifestação das luzes”. No início do segundo semestre de 1977, eram um ou dois ataques por semana. Depois, lá por outubro do mesmo ano, eles ficaram diários e chegou a haver mais de três investidas no mesmo dia. Foi nessa época, compreendida entre setembro e dezembro, que a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou na região a Operação Prato, pois no começo de 1978 as coisas já estavam em situação incontrolável.
Uma testemunha que fosse exposta ao chupa-chupa teria problemas de saúde eternamente. Enfraquecia de forma demasiada, perdia a qualidade de vida e seu vigor, ficava vulnerável a qualquer tipo de doença e vivia enferma
Sobre este fato, aliás, durante a entrevista que concedeu a este autor em 15 de agosto, que será reproduzida em nossa próxima edição, a doutora Wellaide fez uma revelação muito importante. Segundo ela, não foram apenas 10 ou 15 homens que compuseram a missão militar na ilha, mas mais de 30. “Cheguei a contar 33 militares, todos trabalhando em conjunto e sob ordens do coronel Uyrangê Hollanda [Na época, capitão]. Não tinham qualquer identificação nem nomes, mas seus uniformes tinham as tradicionais patentes”.
Atitudes truculentas
A médica, que mais tarde chegara a ser secretária mun
icipal de Saúde de Belém e subsecretária de Saúde do Pará, entre muitos outros cargos de relevância, relatou também que os integrantes da Operação Prato, ao contrário do que se sabia antes, levaram para Colares e instalaram em suas praias — em especial a central, defronte à vila, e a Praia do Machadinho, na região oeste — uma grande quantidade de equipamentos e até mesmo radares.
De acordo com sua descrição, confirmada por outras fontes, quando os aparelhos detectavam algo emitiam uma sirene que ecoava pela ilha, alertando os moradores e assustando a todos. “Houve épocas em que a sirene tocava o tempo todo o só se via os militares correndo para lá e para cá. Parece que nem eles sabiam o que fazer”. Os homens comandados pelo coronel Uyrangê Hollanda tentavam auxiliar a população, em geral aconselhando, mas até obrigando os moradores a irem e permanecerem em suas casas, para não serem atacados. Os oficiais da FAB foram até truculentos no trato com os ribeirinhos de Colares. “Eles não eram de muita conversa e já chegavam mandando e ameaçando. Mas nunca era o Hollanda quem fazia isso, e sim seus comandados que davam as ordens e pressionavam o pessoal da Unidade Sanitária a tentar dissimular a gravidade da situação aos pacientes atacados”, relata.
Sobre o coronel Uyrangê Hollanda, a doutora Wellaide tem boas lembranças. “Ele parecia ser muito gentil, mas era uma pessoa distante e um pouco circunspecta. Não foi surpresa que tenha se suicidado, pois ele tinha o perfil de um suicida”. Mas se o comandante da Operação Prato era polido no trato com os moradores e a equipe da médica, seus comandados não eram nada amigáveis. Eles tentaram inúmeras vezes, inclusive com ameaças, intimidar o pessoal do posto de saúde, em especial a doutora Wellaide, a princípio sugerindo-lhe e depois determinando que desse qualquer desculpa à população, inclusive a de que tudo não passava de histeria.
Em uma certa tarde, um grupo de militares foi à casa da doutora Wellaide, que já estava recolhida, e a entregou uma caixa de um medicamento muito forte, capaz de dopar e causar sonolência e dormência. “Tome, dê isso a todos os seus pacientes e faça-os acreditar que os ataques são de predadores, de russos ou americanos, do que quiser. Mas não fale nada de chupa-chupa”, determinaram à médica. Sua reação, em sintonia com seus demais atos de coragem à frente da pequena Unidade Sanitária de Colares, foi imediata. “Não aceito suas ordens e não vou ministrar essa droga a ninguém. Não sou militar e não tenho que obedecê-lo. E vão embora daqui”. Sua atitude de bravura a levou a ser ainda mais respeitada pela população e pelos militares. “Eu via que o Hollanda me observava, respeitando minhas posições, embora a distância”. Isso é verdade.
Problemas de saúde eternos
Quando o editor da Revista UFO entrevistou o coronel Uyrangê Hollanda, junto do coeditor Marco Antonio Petit, em junho de 1997, o próprio demonstrou nutrir grande respeito pela médica. Talvez por isso, em tempos de ditadura — como eram aqueles em que se vivia sob o regime do Ato Institucional Número 5, o famigerado AI-5 —, ela não sofreu muitas sanções. A única punição efetiva para sua recusa em atender aos interesses militares foi o afastamento da função de médica e diretora da Unidade Sanitária de Colares. “Eles queriam que eu perdesse meu cargo também, mas consegui que a determinação fosse anulada e acabei me mantendo no Sistema de Saúde do Pará, onde estou até hoje”. Correntemente, a doutora Wellaide é uma das 18 psiquiatras de todo o Estado, vivendo uma rotina estressante que inclui atender pacientes em clínicas da capital e do interior, em um ritmo de vida alucinante. “Nunca mais retornei a Colares, mas voltei a encontrar muitas pessoas que atendi lá, gente que teve sua vida desgraçada após ser atacada pelo chupa-chupa”. Esse é um ponto crucial da questão.
Todos os ufólogos, jornalistas, militares etc com que a Revista UFO teve contato para tratar do fenômeno são unânimes em afirmar que suas vidas desandaram. Uma testemunha que fosse exposta ao chupa-chupa teria problemas de saúde eternamente. Enfraqueciam demasiadamente, perdiam a qualidade de vida e o vigor, ficavam vulneráveis a qualquer tipo de doença e viviam enfermos. Embora o fenômeno não atacasse, como se sabe agora, graças às declarações da doutora Wellaide, crianças abaixo de 12 a 14 anos, nem idosos acima de 70 a 72 anos, todas as pessoas nas demais faixas etárias apresentavam o mesmo problema em suas vidas — e não apenas fisicamente, mas emocional e psicologicamente também. “Depressão, angústia, insônia, desespero etc eram sintomas comuns a quem fosse atacado”, conta a médica.
A afirmação é convergente com o que se sabe de outras fontes. O próprio coronel Uyrangê Hollanda, mentor e comandante da Operação Prato, foi acometido de severa depressão, muita angústia e solidão, fatos que resultavam em uma grande tristeza e que o levaram a se suicidar em 02 de outubro de 1997, poucos meses após conceder à Revista UFO sua histórica entrevista. “Minha teoria é a de que os seres por trás do chupa-chupa estavam, além de sangue, extraindo outra coisa das pessoas e animais que atacavam. Para mim, eles estavam sugando sua energia vital. Mas para qual finalidade, não sei. Talvez porque precisassem dela para suas atividades, para fazer funcionar suas naves, sei lá. O fato é que as pessoas atacadas eram literalmente sugadas”. Não é natural que se escute isso de uma médica, e menos ainda de uma que tem o brilhante currículo e a experiência da doutora Wellaide. Por isso, e em face de tantas outras evidências, é bom que se dê ouvido à tal teoria.
Sangue extraído pelo chupa
A médica experimentou na pele a sensação de ser observada por olhos invisíveis, não humanos. Embora não tenha sofrido ataques — o que nos leva a questionar o porquê de ter sido poupada —, esteve no centro de três intensos e aterrorizantes episódios com as mesmas luzes vampiras da Amazônia. Seu relato é de valor descomunal para a Ufologia. Em raras ocasiões, antes, se teve contato com um profissional que, em meio às suas atividades, fosse envolvido de maneira tão profunda e desconcertante com acontecimentos ufológicos. A doutora Wellaide teve a sobriedade de manter-se a par dos fatos sem sucumbir à tentação de deixar a área, bem como a capacidade e humanidade de atenuar o sofrimento das vítimas sem se deixar atingir pelas pressões militares. Além disso, teve o cuidado de examinar os casos um a um com o rigor que a medicina exige. A partir de um determinado número de casos — ela contabiliza mais de 20 —, a médica passou a realizar exames laboratoriais nos pacientes. “Isso porque estava praticamente confirmada a tese de que as pessoas tinham parte de seu sangue extraído pelo chupa-chupa”.
Comparando os exames de sangue de algumas das vítimas — que por sorte tinham feito testes anteriores, que constavam em suas fichas médicas —, Wellaide concluiu que todas, sem exceção, tinham perdido algo entre 25 e 30% de seu sangue. “A contagem de hemácias e de glóbulos brancos dava um resultado espantoso”. Portanto, se antes dessas declarações o termo chupa-chupa era visto com preconceito por parte de certos segmentos da Ufologia (e por todos os da ciência acadêmica), eis agora uma forte razão para se levar a sério o que se acredita ser o objetivo principal dos tripulantes das máquinas que operavam no Pará: extrair sangue e, segundo nossa entrevistada, energia vital das pessoas. Mas como tal extração era feita?
Comparando os exames de sangue de algumas das vítimas do chupa-chupa, que por sorte tinham feito coletas anteriores, constatou-se em suas fichas médicas que todas, sem exceção, tinham perdido algo entre 25 e 30% de seu sangue
Também nesse ponto há uma unanimidade: todas as testemunhas que viram seus familiares e amigos sendo atacados, e até mesmo esses (pois não perdiam a consciência enquanto eram paralisados), descrevem que os objetos agressores emitiam um feixe de luz grossa, que variava de 20 a 60 cm de diâmetro, na direção das pessoas. Dentro desse raio havia outro, bem mais fino, que algumas pessoas descreviam como uma luz intensa e, outros, como um artefato plástico ou metálico que era efetivamente o elemento perfurante e de sucção. Ao que tudo indica, o feixe maior tinha a intenção de paralisar a vítima, que permanecia consciente e vendo tudo que ocorria, sem poder falar ou mesmo gesticular geralmente com uma dor excruciante. E o menor, dentro do primeiro, seria o canal através do qual o sangue era extraído.
Um ritual de sucção
Muitas testemunhas contam que viram com clareza tal raio de luz no momento em que tocava a lateral do pescoço das vítimas, aparentemente produzindo os dois orifícios paralelos que eram visíveis nas pessoas. Até mesmo animais, como perus, cães, carneiros e galinhas, passavam por este ritual de sucção. “Através de perfurações no pescoço é possível a uma pessoa atingir os principais canais de circulação de sangue do corpo humano, as artérias, e rapidamente extrair grandes quantidades de sangue, sem muito esforço”, declarou o médico cirurgião Mauro Natel de Oliveira, de Campo Grande, consultado pela Revista UFO.
Finalmente, as peças vão formando o quebra-cabeça. Cada vez fica mais claro ver que quem quer que estivesse por trás do fenômeno chupa-chupa, no Pará e mesmo noutros estados, estava atuando com um objetivo bastante claro: remoção de sangue, pelo menos, e talvez até de outros fluídos corporais. E para fazê-lo, o modus operandi consistia no uso de um feixe paralisante e outro de sucção. Some-se a isso que todos os casos de ataque bem-sucedidos — pois havia aqueles em que, coisa rara, as vítimas conseguiam escapar —, eram perpetrados por naves cilíndricas como as descritas há pouco, que tinham pelo menos dois tripulantes visíveis através de uma janela.
Não há notícia em nenhum lugar do mundo de algo sequer semelhante ao que tenha algum dia ocorrido. Como não existe ainda, infelizmente, uma estimativa disponível que nos dê conta de quantos casos efetivamente aconteceram no Brasil. “Creio que uma boa porcentagem da população de Colares sofreu os ataques”, finaliza a doutora Wellaide.