OBrasil inteiro acompanhou estupefacto, através do programa Fantástico, da revista Istoé, do jornal Folha de S. Paulo e outros veículos de imprensa, o encontro histórico dos ufólogos brasileiros com os militares da Aeronáutica, ocorrido em Brasília, em 20 de maio passado. Nem mesmo a comunidade ufológica acreditou que um dia tal reunião fosse acontecer – ainda mais tendo a iniciativa do convite partido da Aeronáutica. Pois o encontro aconteceu, sim, e foi considerado, de imediato, um marco inédito na história de nossa Ufologia, um feito festejado no país e reconhecido até mesmo no exterior.
A reunião deu-se na sede do VI Comando Aéreo Regional (COMAR), onde estão alojadas as corporações militares que receberam os ufólogos, o I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I) e o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). Ela foi resultado direto do esforço e da persistência dos integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que lançaram em abril de 2004 a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, através da Revista UFO. O grande acontecimento recebeu cobertura completa em nossa edição 111, em textos que se encontram traduzidos e espalhados em sites pelo mundo afora.
Na oportunidade concedida aos ufólogos, os integrantes da CBU entregaram aos mais graduados militares destacados para o encontro três correspondências contendo o pleito formal da Ufologia Nacional, representado pelo chamado Manifesto da Ufologia Brasileira, um texto que exprime o que a maioria dos estudiosos pensa sobre o Fenômeno UFO e o que pedem às autoridades [Veja na página 24]. Entre suas reivindicações estão a abertura dos arquivos militares secretos sobre discos voadores no país, o fim da política de sigilo ao assunto e, por fim, o estabelecimento de uma comissão mista de investigação de UFOs, constituída por ufólogos civis e integrantes das Forças Armadas.
Com o testemunho da Rede Globo de Televisão e de mais de 30 presentes, civis e militares, as cartas com o Manifesto da Ufologia Brasileira foram solene e oficialmente entregues ao brigadeiro Telles Ribeiro, chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer), destacado pelo alto comando da Aeronáutica para recebê-las em nome do presidente Luís Inácio Lula da Silva, do ministro da Defesa José Alencar e do comandante da instituição Luiz Carlos da Silva Bueno. Esse foi um ato grandioso por parte dos militares brasileiros, que admitiram abertamente que o Fenômeno UFO é coisa séria e que é responsabilidade dos ufólogos sérios do país lidar com o assunto.
Declarações cobradas — “O comandante Bueno nos ordenou que abríssemos todas as pastas e portas aos ufólogos”, declarou Ribeiro. “Não temos nada a esconder. Vamos mostrar a vocês alguns arquivos que temos em nosso centro, que vem registrando tais fenômenos desde 1954”, garantiu também o comandante do Comdabra, o major-brigadeiro Atheneu Azambuja. Até mesmo o tenente-brigadeiro J. Carlos Pereira, comandante geral das operações do Cindacta, recebeu os ufólogos: “Parabéns por essa iniciativa, que é muito importante para o país”, disse, garantindo ser ainda leitor da Revista UFO.
Tudo isso, no entanto, parece não ter tido maiores conseqüências, dando a impressão de que se repete no meio militar o desfecho habitual das crises políticas de nosso país – aquela sensação de que tudo acaba em pizza. Lamentavelmente, em 20 de outubro, quando esta edição estiver circulando em todo o Brasil, completaremos 5 meses – 150 longos dias – de espera por uma resposta de nossas autoridades às cartas entregues. Até este momento, nenhum dos integrantes da CBU, que informaram detalhadamente seus endereços, recebeu qualquer correspondência, ofício, memorando, rascunho etc digno de nota indicando que as solicitações dos ufólogos foram recebidas, lidas ou mesmo consideradas, seja qual for a atitude a se tomar diante delas. O que aconteceu em Brasília, naquele dia 20 de maio, não teve significado maior do que mostrar à população que os ufólogos estão ativos, vigilantes, perseverando em sua busca de esclarecimentos sobre o Fenômeno UFO e a consistente divulgação do mesmo à sociedade. Os militares, que receberam os ufólogos de braços abertos, demonstraram ter sinceridade em suas intenções de iniciar uma nova era na Ufologia Brasileira, através de procedimentos concretos e de uma agenda positiva sobre o assunto. Mas parece que o esforço dos ufólogos e a sinceridade dos militares esbarram na morosa burocracia brasileira, que toma decisões em ritmo de Terceiro Mundo.
Estado de inanição — A triste constatação do descaso das autoridades a quem o manifesto dos ufólogos foi entregue talvez seja pontual, algo inerente ao estado de inanição em que se encontra nossos poderes Executivo e Legislativo, atolados em acusações de corrupção. Assim, por um certo ponto de vista, pode até ser compreensível a demora na tomada de atitudes quanto à questão apresentada. Mas pelo menos da cúpula da Aeronáutica – leia-se comandante Luiz Carlos da Silva Bueno – isso é inadmissível. Se não pretendia tratar com seriedade os ufólogos, por que teria ele ordenado aos seus subordinados que lhes “abrissem todas as pastas e todas as portas”? E se fora sincero em sua determinação, tendo o comandante aspirado uma legítima abertura no assunto em nosso país, o que o teria detido?
Qualquer que seja a interpretação para o silêncio oficial, nada afastará os ufólogos brasileiros de sua luta obstinada pelo respeito à liberdade de informação e de expressão na área ufológica. Nada arrefecerá sua convicção de que o Fenômeno UFO é algo da maior importância e significado, e que não somente a Comunidade Ufológica Brasileira tem direito a conhecer tudo que o Governo sabe e esconde a seu respeito, mas também toda a sociedade, a quem, de maneira cada vez maior, o assunto interessa.
A decisão dos integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), ante ao descaso desinteresse de nossas autoridades em tratar com a necessária seriedade o assunto, leva à retomada da campanha UFOs: Liberdade de Informaç&atild
e;o Já, o que será feito através da Revista UFO, o Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), publicações, sites e entidades congêneres. E será retomada de maneira ainda mais incisiva e persistente, incansavelmente, até que o objetivo seja atingido. Voltamos a publicar em UFO e a dar destaque em nosso site aos elementos que a constituem, suas fundamentações e objetivos. Elementos para a retomada da campanha e aumento de sua incisividade existem em abundância.
Talvez não seja mera coincidência que desde a edição passada, quando já detectávamos cheiro de pizza no forno, muito apropriadamente instalamos o espaço Dossiê Amazônia nas páginas da Revista UFO, com novos fatos e fotos, entrevistas contundentes, depoimentos assombrosos e uma vasta gama de revelações que comprovam, sem a menor dúvida, a gravidade da manifestação alienígena num ponto crucial do país. E não é só isso. O espaço tem a função de mostrar na íntegra a verdadeira participação dos militares da Força Aérea Brasileira (FAB) na investigação de tal casuística. Nossa edição passada trouxe informações de sólida base para se afirmar que o envolvimento de nossos militares com o Fenômeno UFO no, litoral fluvial do Pará, vai muito além do que sempre se imaginou.
Esta edição dá continuidade, simultaneamente, à campanha UFOs: Liberdade de Informação Já e ao Dossiê Amazônia, de maneira consciente e segura, com o propósito de cumprir o papel jornalístico precípuo da publicação, que é sua razão de existir. Um item está diretamente ligado ao outro: o movimento pela liberdade de informação ufológica tem um de seus alicerces mais importantes fincado justamente nos procedimentos militares que caracterizaram a Operação Prato, assunto de maior significado quando se fala em Ufologia no Brasil e no mundo.
Campanha mais intensa — Para que cheguemos aos resultados desejados – aqueles que imaginávamos alcançar em 20 de maio –, é de fundamental importância que a Comunidade Ufológica Brasileira se engaje de maneira muito mais intensa e dedicada do que na fase anterior do movimento, através de seus ufófilos e entusiastas, leitores e adeptos da temática, ufólogos veteranos e experientes, grupos de pesquisas e centros de difusão do assunto. Esse é um movimento de todos, para todos. Já temos mais de 40 mil assinaturas em nosso abaixo assinado no site de UFO, mas vamos tentar multiplicar esse número por 10 nos próximos meses, com uma campanha diversificada, empregando conceitos estratégicos e muito engajamento. Qualquer que venha a ser o resultado obtido, certamente significará um quadro melhor do que o que temos hoje na Ufologia Brasileira.
E a prova de que um sólido engajamento da referida comunidade pode dar certo é justamente a análise de que, por mais tímidos e inconclusivos que tenham sido os resultados do encontro de 20 de maio, eles nos conduziram a um patamar bem melhor do que o que tínhamos antes. Mãos à obra.
A carta que nossas autoridades não querem responder
Cópias idênticas foram encaminhadas ao presidente Lula, ao ministro José Alencar e ao comandante Buena
Brasília, 20 de maio de 2005
Ao Exmo. Sr.
Comandante da Aeronáutica,
Brigadeiro Luiz Carlos Silva Bueno,
Brasília (DF)
Prezado senhor:
A Comunidade Ufológica Brasileira, um conjunto de quase três centenas de estudiosos, pesquisadores e investigadores civis do Fenômeno UFO em nosso Território, neste ato representada pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), cujos integrantes se identificam ao final desta, vem respeitosamente à presença de V. Sa. com o objetivo de oferecer-lhe o Manifesto da Ufologia Brasileira, através do qual expressa seu conhecimento e considerações sobre o assunto.
O Manifesto da Ufologia Brasileira é parte da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, implementada pela referida Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que em um ano gerou um abaixo-assinado em seu apoio com mais de 36 mil participantes, através do site e das edições impressas da Revista UFO. Ele reflete a posição da referida Comunidade, com substancial amparo de suas congêneres nos mais diversos países, sobre a significativa e urgente questão dos objetos voadores não identificados em ação em nosso planeta e, particularmente, em nosso país. O documento contém importantes questões que os ufólogos civis apontam quanto ao tema, baseados em sua já adquirida experiência na área, e recomenda que o assunto seja tratado de maneira apropriada dentro das esferas militar e governamental brasileiras.
Para isso, como se verá no Manifesto da Ufologia Brasileira, os ufólogos de nosso país desejam voluntariamente oferecer seu talento, sua capacidade investigativa e sua dedicação espontânea na busca de respostas para o Fenômeno UFO à nossa gloriosa Aeronáutica e ao Governo Federal, nas formas que estes julgarem oportunas e apropriadas. E pedem igualmente que estes, em sinal de receptividade à sua proposta e em atendimento às suas reivindicações, abram seus arquivos militares, recentes ou não, sobre a manifestação do Fenômeno UFO em nosso país, para apreciação.
Os ufólogos nacionais, através do Manifesto da Ufologia Brasileira, ainda recomendam firmemente que uma ação investigativa organizada, coordenada conjuntamente pelas expressões civis e militares neste ato consideradas, na forma de uma comissão mista dedicada ao tema, seja implantada imediatamente e tenha seu funcionamento rapidamente estabelecido.
A Comunidade Ufológica Brasileira crê que, mais do que uma recomendação, essa seja uma necessidade frente ao avanço da ação extraterrestre em nosso mundo, já abundantemente documentada nas mais diversas formas e amplamente reconhecida por inúmeros setores da sociedade brasileira e mundial. Assim, agradecem a atenção e esperam ser atendidos.
Comissão Brasileira de Ufólogos:
A. J. Gevaerd
Claudeir Covo
Fernando de Aragão Ramalho
Marco Antonio Petit
Rafael Cury
Reginaldo de Athayde
Roberto Affonso Beck