Astrônomo, físico e matemático, o italiano Galileu Galilei teria descoberto o planeta Netuno em 1613, esta seria a extraordinária surpresa histórica que em breve podemos ter divulgada oficialmente pela astronomia. Na antiguidade, eram conhecidos seis planetas e pensava-se que seriam os únicos existentes: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Até que o astrônomo inglês William Herschel decidiu procurar extraterrestres na Lua, mas o trabalho que havia recebido do rei George II era, sobretudo, investigar estrelas duplas. Em 1871, viu algo no céu que o espantou e pensou ser uma nebulosa, entretanto, o objeto se movia, então imaginou ser um cometa e comunicou a descoberta à comunidade astronômica. Surpreendentemente, o “cometa”, afinal, era um novo corpo celeste no sistema solar: Urano.
Curiosamente, outros pesquisadores do passado tinham visto este orbe, como os também ingleses John Flamsteed em 1690, 1712 e 1715, James Bradley em 1753, o alemão Tobias Mayer em 1756, e o francês Pierre Lemonnier, este último observou o astro por 12 vezes, de 1760 a 1770, sendo que todos eles pensaram que se tratava de uma estrela. Urano tinha algumas discrepâncias no seu movimento em órbita do Sol. Várias hipóteses foram propostas para explicar esse comportamento estranho e a mais convincente foi que existiria um outro planeta além da órbita de Urano. Em 1845, o britânico John Couch Adams, utilizando somente a matemática, conseguiu calcular a existência e posição do astro. Mas nem James Challis, do Observatório de Cambridge, nem George Airy, do Observatório Real de Greenwich, fizeram o favor de olhar pelo telescópio e confirmar que o mesmo estava lá. Assim, Adams não tinha como provar que os seus cálculos estavam corretos.
Ao mesmo tempo, o francês Urbain Leverrier também andava fazendo estatísticas e estudos para prever a posição do novo orbe. Em 1846, escreveu um artigo científico com esses dados, que davam uma posição próxima daquilo que Adams tinha previsto uns meses antes, porém ninguém além do trio tinha conhecimento. Airy leu o artigo de Leverrier e pediu a Challis para procurar o planeta no céu, porque a descoberta dele seria um triunfo para a astronomia britânica. Assim o fez e, em 12 de agosto de 1846, tirou várias fotografias do céu onde constavam centenas de estrelas, contudo, não conseguiu discernir Netuno. Viu, mas pensou que era uma estrela. John Herschel, filho de William Herschel, também o tinha observado em 1830 e Michel Lalande em 1795, mas ambos também imaginaram tratar-se de um astro.
Mesmo assim, Adams decidiu tornar público e oficial os seus cálculos, e daí decidiu apresentá-los numa conferência astronômica, em 15 de setembro de 1846. Enganou-se nas datas e quando chegou lá, a conferência já tinha acabado! Por isso, o mundo continuou a não ter conhecimento dos seus resultados. Leverrier pediu a alguns observatórios para procurarem no sítio que os seus cálculos tinham previsto, e em 23 de setembro de 1846, Johann Galle e Heinrich D\’Arrest, no Observatório de Berlim, confirmaram-no finalmente, sendo batizado de Netuno e a sua descoberta foi um triunfo para a matemática, já que tinha sido previsto por ela. A descoberta é creditada a ambos, Adams e Leverrier.
Mas agora, surge uma nova e sensacional controvérsia relacionada aos fatos. David Jamieson, físico da Universidade de Melbourne, estudou as anotações de Galileu Galilei e diz que o descobridor das quatro grandes luas de Júpiter também observou o planeta Netuno. Segundo anotações e desenhos de Galilei, enquanto observava Júpiter e as suas luas por um telescópio, perto do maior planeta do nosso sistema solar, ele observou Netuno por três vezes: no dia 28 de dezembro de 1612, o astro pareceu quieto no céu, sendo considerado uma estrela. Em 06 de janeiro de 1613, desenhou um misterioso ponto negro sem qualquer legenda, que está bem no quadrante onde se sabe agora que Netuno se encontraria. No dia 27 do mesmo mês, tornou a ver o mesmo ponto, mas pensou novamente que se trataria de um astro, apesar de aparentemente ter se movido em relação a outra estrela no céu.
Ou seja, Galileu Galilei teria observado Netuno 234 anos antes da sua descoberta oficial. Desenhou o mesmo em suas anotações e foi a primeira pessoa a detectar o movimento do novo corpo celeste. Porém, incompreensivelmente, imaginou tratar-se de uma estrela. Por que não teria distinguido? David Jamieson está investigando outros documentos de Galileu de modo a tentar responder a essa pergunta. No entanto, na opinião de Carlos Oliveira, doutorando e professor de astrobiologia na Universidade de Austin, “parece-me que isso se devia à prisão mental, aos paradigmas da época. Mesmo os audazes e os que pensavam criativamente, como foi o caso de Galileu ou Einstein, têm sempre alguns pressupostos dos quais não se podem livrar, porque a criatividade não resulta do anarquismo. Naquela época, todos tinham a certeza da existência de somente seis planetas nos céus. À altos custos e problemas foi que o heliocentrismo e o renascimento trouxessem uma abertura da mente a novas idéias, algumas continuavam bem fincadas. A idéia dos seis planetas era uma delas. Daí que vários astrônomos viram os planetas Urano e Netuno antes das suas descobertas oficiais, mas todos eles pensaram tratar-se de estrelas ou cometas, nunca imaginando que poderiam realmente existir outros planetas no sistema solar, afinal era uma idéia que nem sequer se supunha. Galileu foi somente um dos astrônomos que caiu nesse erro”.
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