Em 27 de abril de 1991, acompanhada do ufólogo Claudeir Covo, coeditor da Revista UFO, a senhora Bete compareceu à residência desse autor para ser submetida a uma nova hipnose regressiva. Bete é como passou a ser chamada a protagonista do Caso Liz, uma moça que desde pequena está envolvida em ocorrências ufológicas. Seu tipo sanguíneo é O negativo e ela foi hipnotizada pela primeira vez em 03 de agosto de 1984. Ultimamente, Bete vinha tendo alguns flashes de memória sobre extraterrestres, desde que tivera um avistamento de luzes quase cinco anos antes, o que também ocorria com sua prima. Contou que, em 14 de junho de 1986, quando tinha 22 anos, foi à danceteria Love Story com a prima Débora, de 16 anos, para se divertirem. Elas eram amigas do dono, que costumava levá-las para casa ao final do baile. Naquela noite, no entanto, ele não fora trabalhar e por isso elas saíram mais cedo, a tempo de tomar o último ônibus, por volta das 23h30.
Débora sentou-se à janela do veículo e ambas viram no céu uma bola de luz que aparentemente o seguia — era época de balões e a tal bola se movia em sentido contrário ao vento. Ao descerem do coletivo, no Jardim Fernandes, subdistrito da Vila Matilde, em São Paulo, a luz estava logo à sua frente. Assim que as moças chamaram a atenção de pessoas ali residentes, que não viram o fenômeno, ele desapareceu como se estivesse se escondendo. Instantes depois, a luminosidade ressurgiu como se as esperasse, agora bem próxima e à baixa altura. Havia se passado poucos minutos do domingo, 15 de junho, quando chegaram à casa de Débora, onde entraram. Normalmente, ao voltar da danceteria, as primas conversavam longamente sobre o que fizeram, pois se separavam na entrada do baile — naquela noite isso não ocorreu e dormiram até tarde.
Braços finos e longos
A hipnose regressiva começou e seguiu até que Bete vivenciasse novamente os acontecimentos da referida noite. Ela reiterou que antes de chegarem à residência da prima, que era a última da curta Rua Mira, viram uma bola parada à baixa altura sobre um enorme campo próximo — algo as atraía para lá. Não queriam ir, mas alguma coisa fez com que caminhassem naquela direção. Inexplicavelmente, surgiu um vulto no chão e Bete não conseguia pensardireito — a abduzida Nádia Marzalle reporta o mesmo sentimento. Um estranho ser apareceu e fez um sinal apontando para cima. Ele tinha 1,30 m, era feio e se parecia com um inseto grande, com enorme cabeça calva, braços finos e longos, cujos dedos chegavam abaixo dos joelhos. Usava uma espécie de roupa colante verde-musgo que o cobria dos pés até os pulsos e o pescoço. Seus olhos eram muito grandes e escuros. As mãos, extremamente feias, tinham estranha cor — uma mistura de marrom, cinza e verde, como de um tipo de azeitona. Tinha quatro dedos quase do mesmo tamanho, faltando o anular.
O dedão era mais para cima, diferente dos nossos. Ela não viu unhas, mas há uma película como teia de aranha entre a parte inferior dos dedos do ser. Esse autor ajudou Bete, sob hipnose profunda, a se sentar à frente de uma mesa para desenhar algumas cenas. Inicialmente, ela teve uma alucinação visual positiva e imaginou que via uma excelente foto, supostamente tirada do rosto daquele ser. Como técnica hipnótica, determinei que imaginasse que eu tinha colocado um papel de seda sobre a mesma, e aí ela decalcou a foto. Como Bete é artista, ela fez um ótimo desenho a lápis, que supunha estar copiando. Usando a mesma técnica, produziu em seguida outros desenhos, sendo um da mão do ser e outro do UFO redondo, visto de baixo e de lado.
Tubo introduzido na narina
Continuando a narrar o acontecido sob hipnose, Bete informou que, impelidas por alguma força, elas se dirigiram a um cilindro de luz — que primeiro sugou Débora para dentro da nave, flutuando, em seguida ela mesma e depois esse ser. Chegaram então a uma sala, de onde Débora foi conduzida por dois seres a outro local. Bete foi levada por três seres para uma sala próxima, onde, mesmo sem querer e sem conseguir reagir, foi deitada em uma cama baixa e curta, presa ao chão por uma haste — seus pés ficaram para fora. Um ser ficou ao lado de sua cabeça e outros dois permaneceram do outro lado, sendo que um deles operava um aparelho com tela pequena. Foi colocada uma pulseira no pulso de Bete, que supõe estar ligada a esse aparelho. Pegaram seu nariz e ela sentiu a narina direita dilatada.
Um dos seres tinha na mão um fio fino e transparente com um ganchinho em uma das pontas, que agarrava um objeto redondo bem pequeno. Depois, ainda sob hipnose, Bete desenhou esse instrumento — parecido com o usado em outra abduzida, a jovem Marcela. Anos depois, lendo Abduction: Human Encounters with Aliens [Abdução: Encontro de Humanos com Aliens, Ballantine Books, 1995], escrito pelo professor de psiquiatria da Universidade de Harvard, doutor John E. Mack, já falecido, esse autor encontrou desenhos feitos independentemente por dois abduzidos hipnotizados por ele, Júlia e Dave, reproduzindo exatamente o mesmo instrumento. Aquele ser introduziu o tubo na narina direita de Bete, que não queria deixar que isso ocorresse, mas não teve como impedir — o segundo extraterrestre a ajudou e o terceiro somente observava.
Bete então viu o desenho interno de sua cabeça em uma tela parecida com um monitor de TV, e o percurso do tubinho até sua nuca — ela acompanhou quando o mesmo ia sendo retirado de seu corpo, provocando sempre a referida pressão. Ao sair de seu corpo, Bete observou que uma pequenina peça ovalada com ponta parecendo de cristal já não estava presa à garra, concluindo que tinha sido deixada em sua cabeça. Sob hipnose, desenhou o que viu naquela telinha. O instrumento, portanto, poderia ser um “porta implante”.
O hipnólogo norte-americano Derrel Sims, em uma visita ao Brasil, mostrou vários implantes introduzidos por ETs em pessoas que ele hipnotizou, posteriormente retirados cirurgicamente pelo doutor Roger Leir [Consultor da Revista UFO], especialista nesse tipo de operação. Um dos seres espetou algo no dedão do pé de Bete, que supõe que dali teriam retirado uma amostra de sangue — ou feito outro implante? As três criaturas conversavam entre si, mas a abduzida não conseguia entender o que falavam. A pulseira foi removida de seu braço e o ser que estava na cabeceira fez com as mãos um gesto que ela só entendeu quando foi repetido, indicando que se levantasse. Sem que ele dominasse seus pensamentos, como ocorreu com a citada Nádia, ela se sentou na cama e viu seus sapatos no chão — não sabe como ficou descalça.
Sem demonstrar qualquer emoção
O tal ser então fez novo gesto para que ficasse de pé, quando ela calçou os sapatos e viu sua prima sendo trazida. Ela foi em seguida levada para perto do cilindro de luz, pelo qual subira à nave. Bete ainda perguntou quem eram eles e o que as duas estavam fazendo ali, mas os estranhos não responderam — em nenhum momento os seres conversaram com ela, somente entre si, e nunca demonstraram qualquer emoção, mas a olhavam de maneira
que considerou “profunda”, como se penetrassem nela. Ela tinha a vaga impressão de que naquele momento foi instruída a não se lembrar de algo.
Ao final do processo, um dos seres se aproximou das primas e olhou fixamente para seus olhos, sem lhes falar nada, e instantes depois elas já estavam no campo, sem saber como desceram — o UFO já tinha ido embora. Bete acha que recebeu uma “instrução telepática” para irem para casa, na qual entraram correndo. Ela sentiu muita sede e tomou dois copos de água e dois de suco de laranja. Ao final da hipnose regressiva, em que tomou conhecimento do que havia ocorrido, Bete teve intensos movimentos rápidos dos olhos — o efeito REM, ou rapid eyes movement (REM), em inglês. Todos os presentes desejavam muito checar essas informações com igual trabalho em Débora, que naquela ocasião morava na Inglaterra e não pretendia voltar tão cedo ao Brasil.
Mas, inesperadamente, Débora regressou dias depois e, em 05 de maio seguinte, veio à residência desse autor com Bete, que não lhe havia contado nada sobre o recordado em sua regressão, para não influenciá-la. O coeditor Covo também estava presente e fez um completo vídeo documentário do caso. A regressão de Débora, cujo tipo sanguíneo é O positivo, caracterizou-se por um início não convencional, pois enquanto os procedimentos indicavam que estava sendo rapidamente hipnotizada, ela ria em atitude volitiva e, no início, não conseguia se lembrar com perfeição de alguns pormenores.
Três cabeças de ETs
Os depoimentos de ambas foram totalmente concordantes, com pequeninas diferenças. Por exemplo, Bete descreveu a luz que viram como sendo branca e Débora disse que era de cor alaranjada, coberta por uma névoa. Há pequena diferença também de forma nos desenhos do UFO feitos por elas. Quando estava subindo no cilindro de luz, Débora olhou para cima e viu três cabeças de extraterrestres observando-a — ela fez esse desenho sob hipnose, que depois foi aperfeiçoado pelo consultor de arte da Revista UFO Jamil Vila Nova e publicado em várias edições.
Ao chegarem ao seu destino, Débora foi separada da prima e conduzida pelo ser que as recepcionou no solo a uma sala cuja porta se abriu como a objetiva de uma máquina fotográfica — ela estava enevoada em tom alaranjado, mas foi clareando. Lá havia um segundo ser e depois apareceu um terceiro, todos muito parecidos. Ela foi sentada em uma cadeira com forma de ferradura, presa ao chão por uma haste metálica. Na sala havia muitos botões redondos e aparelhos semelhantes a pequenos televisores. Esses seres tinham olhos muito grandes e pretos, e quatro dedos bem finos em cada mão, enrugados e sem unhas, com películas entre a parte de baixo — pareciam descalços e seus pés eram muito feios. Havia dois pequenos furos no lugar do nariz. As orelhas eram coladas à cabeça enorme e calva, os braços, pernas e pescoço eram finos e longos.
Os seres observaram com grande interesse a roupa de Débora, tocaram em seu rosto, cabelo, boca e dentes. Olharam detidamente as unhas das mãos e do pé direito, que descalçaram. Logo em seguida, uma garra metálica saiu do braço da poltrona e prendeu seu pulso esquerdo — uma verdadeira algema automática. Um dos seres encostou em seu braço um aparelho em cuja ponta havia duas pequenas bolas transparentes, que se encheram, de um lado, com líquido branco — também mencionado por outros abduzidos — e, do outro, com um líquido escuro que ela supôs ser sangue, sem que ela tivesse sido perfurada. Próximo dela havia algo similar a uma tela de computador, onde aparecia a cadeira em que estava e o desenho em linhas irregulares e finas do que ela imagina ser a representação de seu corpo.
Uma criatura operava o tal aparelho, parecendo que escrevia na tela palavras em um alfabeto desconhecido. O ser a examinava, nervoso e bastante falador, e lhe ditava. Havia muitos botões e alavancas fáceis de enganchar com dedos compridos. Eles conversavam entre si movimentando as bocas sem lábios e sem dentes visíveis. Débora perguntou o que queriam e por que ela foi escolhida, sem obter resposta. O encosto da cadeira baixou e Débora ficou deitada, quando os seres examinaram e tocaram em seus olhos com enorme curiosidade. Depois disso, as garras soltaram seu pulso e embutiram de volta no braço da cadeira. Em certo momento, ela subiu no assento e depois correu entre a aparelhagem atrás dos seres, por quem sentia grande afeto — apesar de serem muito feios.
Algo parecido com uma arma
Uma mulher bonita, modelo internacional, saltando e correndo sem medo de brincar e acariciar seus horríveis sequestradores em um local parecido com uma unidade de terapia intensiva de um hospital era algo que fazia com que eles ficassem muito intrigados com tal inusitada atitude. Ela não se lembra de como terminou a brincadeira, mas está aí uma cena que qualquer diretor de cinema talentoso gostaria de filmar. Débora foi até uma parede do UFO, perto da qual ficara paralisada de frente para os seres, quando um deles apontou-lhe algo parecido com uma arma — da qual saiu uma luz que fez desaparecer sua roupa, como se tivesse sido desintegrada, proporcionando condições para um pormenorizado exame. Foram feitos então toques nos seios, umbigo e vagina, que olharam por dentro após separar os grandes lábios da vulva, coxas, pernas e pés.
Observaram também as costas e nádegas de Débora, e um dos seres também lhe deu uns tapas. Anteriormente, eles tinham cortado e guardado um pouco de seu cabelo. Ao voltar para a cadeira, a abduzida já estava vestida, sem saber como. Após o exame, ela não viu mais os seres — que acionaram alguns botões que fizeram uma porta se abrir, pela qual a moça saiu e não viu a prima. Ele se lembra de que, em seguida, caminhava na rua perto de sua casa, já ao lado da Bete, e que em algum momento escorregou em uma valeta perto da Kombi de seu pai, machucando-se um pouco. Logo depois, abriu a porta da casa, que se apoiava em uma cadeira que ela removeu, e foram à cozinha — lá comeram bolo, tomaram café com leite quente e Bete tomou algo que estava na geladeira.
Outro evento ufológico
As jovens não conversaram sobre os acontecimentos daquela noite, como costumavam fazer, e foram se deitar em uma cama beliche — outros abduzidos também contam que perderam o interesse em pesquisar o assunto durante anos. Durante a regressão, Débora ficou emocionada várias vezes, chorou abundantemente e riu, saindo da hipnose com total amnésia, pensando ter dormido. Alg
uns minutos depois, foi autorizada a recuperar a memória de tudo o que narrou, que lhe parece ter realmente ocorrido, e lembrou-se dos cinco desenhos que fez. Em fevereiro de 2000, Débora supôs ter tido outro evento ufológico iniciado em seu quarto.
Em 12 de maio de 1991, dia das mães, Claudeir Covo, as abduzidas Bete e Débora e esse autor reproduziram todo o trajeto que as moças fizeram desde a danceteria até o local do sequestro, para efeito de investigação ufológica — quando Covo gravou um vídeo que inclui o excelente depoimento de ambas. A casa de Débora, já demolida, era a última da curta Rua Mira, que termina em um enorme campo desabitado, local da abdução, e que inclui a encosta de um morro. O local fica a poucos quilômetros em linha reta do radar da Base Aérea de São Paulo, no bairro paulistano de Cumbica, cujo console fica em Congonhas e é operado pelo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta) — que deve ter documentação sobre a nave que conduziu os abdutores, já que na época estava muito envolvido com o assunto.
Estranhos corpos metálicos
Poucas semanas antes desse episódio houve a maior onda ufológica já ocorrida no Brasil, quando caças supersônicos saíram em perseguição a uma maciça invasão de 21 UFOs sobre a Região Sudeste, no episódio conhecido como Noite Oficial dos UFOs no Brasil. Os pilotos e o próprio Ministro da Aeronáutica da época deram entrevistas coletivas sobre o assunto, uma atitude inédita no país, e o tema ganhou repercussão mundial — quem sabe até galáctica. No final de setembro de 2000, Bete informou que havia tirado raios-x dos pés, nos quais apareceram “pequenos e estranhos corpos metálicos em partes moles no hálux”, como escreveu o médico em atestado emitido.
Em 30 de setembro daquele ano, esse autor reuniu alguns abduzidos em sua residência, quando Bete trouxe os raios-x e o atestado original do exame laboratorial, que foi visto com interesse pelos presentes. Nele são bem visíveis dois pequenos objetos estranhos no dedão do pé direito, sendo um bem superficial e outro mais profundo — convém lembrar que a maioria dos implantes retirados pelo doutor Roger K. Leir estavam do lado esquerdo dos corpos dos abduzidos. Bete ainda informou que não pretendia retirá-los cirurgicamente, pelo menos por enquanto. A aproximação de uma bússola ao seu pé não provocou qualquer movimento na agulha magnética, e a iluminação com luz fluorescente negra — como recomendado pelo doutor Leir nesses casos — não gerou qualquer brilho significativo em Bete.