Kathy Davies é a personagem central do filme Intruders, aquela jovem senhora que é vítima dos rotineiros seqüestras pelos grays. Na realidade, não é Kathy Davies seu nome, mas sim um pseudônimo. Eu a encontrei em uma oportunidade ímpar, durante o 5º Congresso Internacional de Ufologia de Las Vegas, que ocorreu em 1993, no Hotel Casino Showboat. Tive a chance de conversar como ela e seu novo marido por mais de 3 horas. Na madrugada do último dia de congresso, ela, o marido, eu e minha esposa Dayse repartíamos a mesma condução que nos levaria do hotel ao Aeroporto de Las Vegas. Pudemos nos sentar, tomar algo quente e conversar por horas que pareceram eternidade. Tinha recém assistido ao filme e, confesso, fiquei muito impressionado com sua elevada qualidade e acuracidade. Já conhecia bem Budd Hopkins, autor do livro que deu origem ao filme. Por isso, estar ali com Kathy era uma emoção maior, dessas coisas que — tenho a mais absoluta convicção — não acontecem por acaso…
Kathy tinha ido a Las Vegas com outra finalidade além de fazer sua conferência no congresso: casar-se novamente, desta vez com um engenheiro elétrico que encontrou depois de seu divórcio. Ela já estava divorciada há vários anos, desde que seu antigo marido — “igualzinho ao que está no filme”, garantiu — a abandonou por não mais suportar as constantes visitas que os ETs a faziam. “Ele foi amoroso e compreensivo até onde deu. Mas acho que não agüentou mais aquela terrível situação”, disse-nos. Nesse ponto de nossa conversa, já havia suficiente intimidade entre nós para tocarmos em assuntos mais delicados. Foi quando não resisti e perguntei a Kathy, mais como amigo do que como ufólogo. “Kathy, nós também temos filhos e sabemos como são as coisas. Por isso, tenho uma pergunta que preciso muito fazer a você. Eu sei que vai doer, mas responda apenas se você quiser ou puder: como você se sente, em seu dia a dia, sabendo que tem uma filha sua lá no espaço, vivendo em algum lugar que você nem faz idéia de onde seja e com quem você nem imagina?” Queria deixar bem claro que minha pergunta não era mera curiosidade, mas sim originada de uma angústia que senti, junto à minha esposa, ao ver retratado seu trauma no vídeo.
Kathy não conseguiu responder a pergunta totalmente: apenas começou dizendo que aquilo era terrível e a fazia chorar quase todos os dias. Respondeu-nos isso em meio a um choro sofrido e quase sem lágrimas. “Gevaerd, eu já nem tenho mais lágrimas para chorar”, disse-nos antes de fazer alguns minutos de silêncio. “Mas alguma coisa dentro de mim me garante que, um dia, seja lá como for, eu e minha filha, junto aos meus filhos terrestres, nos uniremos para sempre…” Sentindo sua dor, compartilhada por seu novo companheiro, agradeci por seu esforço em responder.
Ficou claro que Kathy tinha um vazio em seu peito, mas, apesar de tudo, não culpa os ETs que a raptaram tantas vezes. Quando lhe perguntei o que sentia com relação a eles, ela respondeu solene: “Não sei quem são e não sei por que fazem isso. Mas os respeito muito, pois acredito que, seja pelo motivo que for, eles estão de alguma forma ajudando-nos”. Kathy é hoje uma pessoa sofrida depois de tudo o que passou. Quem a conheceu durante a primeira fase de seus seqüestros garante que era bela como a moça do filme, mas hoje está acabada e vai levando sua vida como pode. Recentemente, lançou um livro sobre suas experiências e ainda é constantemente convidada a fazer conferências em congressos e dar entrevistas na TV, mas nada disso a afasta de seu propósito de, um dia, ver seu caso encerrado de uma vez e estar ao lado da filha híbrida.