
Durante a chuva de meteoros na noite de 09 de outubro de 1946, George Adamski estava olhando para o céu como quase todos no Sul da Califórnia. Foi aí que viu, a olho nu, um “grande aparelho escuro, parecendo um gigantesco dirigível, inerte no céu, sobre as montanhas nas imediações da cidade de San Diego”. Pensou que fosse algum engenho americano, que observava a queda de meteoros, a grande altitude, para fins científicos. Mas “o objeto deslocou-se rapidamente no espaço, deixando uma esteira luminosa, a qual ainda ficou visível por uns cinco minutos”. Surpreendeu-se depois, ao ouvir, pelo rádio, a notícia de que um “aparelho em forma de charuto, de origem desconhecida, tinha sido visto por milhares de pessoas em San Diego”.
A partir desse avistamento, passou a observar contínua e obcecadamente os céus com seus dois telescópios de reflexão newtonianos (um de 15 e um de 40 cm). Destarte, só em agosto de 1947 – logo após as primeiras notícias da Era Moderna dos Discos Voadores – é que seria recompensado. Numa noite de sexta-feira, assistiu, junto com mais quatro pessoas, a uma “parada de 184 bolas luminosas que surgiram de leste para oeste, em fila indiana, em grupos de trinta e duas”.
Embora não trabalhasse no Observatório de Palomar, Adamski conhecia muitos cientistas de lá. No dia seguinte, dois deles passaram pelo restaurante Palomar Garden\’s, do qual era gerente, e lhe perguntaram se tinha visto o fenômeno. Ele respondeu que sim e o número de luzes que havia calculado. Eles lhe confidenciaram então que, na verdade, o total de UFOs era maior, chegando a quase duzentos. Este detalhe o animou a continuar com suas observações.
Por anos a fio, dia e noite, sob frio ou calor, Adamski gastou todo o tempo possível estudando os céus. Mas até a primavera de 1951, não tinha feito grandes progressos. Conseguiu apenas algumas fotos pouco convincentes de pontos luminosos no espaço. No verão de 1951 e no ano de 1952, porém, “…parecia haver mais objetos em movimento. Era como se navios do espaço estivessem se aproximando mais freqüentemente da Terra”.
FAMA MUNDIAL – Nesse período tirou mais de quinhentas fotografias, doze delas de aparelhos em forma de charuto e de discos luminosos, mandando uma coleção delas à Base Aérea de Wright-Patterson. Todavia, nunca lhe forneceram um parecer. Adamski indagava: “Se aqueles aparelhos não eram discos voadores, e sim armas secretas americanas, por que não me fizeram parar com as fotos?” Ele batia as chapas com sua máquina, uma Hagre-Dresden Graflex, adaptada a um telescópio. Examinava o céu por . outro visor do equipamento e, quando via algo estranho, simplesmente apertava a pêra que acionava o disparador.
Contudo, foi devido a um evento incrível – real ou inventado – que Adamski granjeou fama mundial e gratidão dos cultuadores de UFOs, interessados em soluções simples e fáceis. Em 20 de novembro de 1952, ele e seis companheiros foram ao deserto californiano, a 16 quilômetros de Desert Center, na direção de Parker (Arizona), com a expectativa de ver um disco voador e seus ocupantes.
Acompanhavam-no sua secretária, Lucy McKinnis, e a proprietária do restaurante em que trabalhava, Alice K. Wells. Na estrada perto de Blythe, às 08h00 encontraram-se com mais dois casais amigos, Alfred C. Bailey, de Winslow, e doutor George H. Williamson, de Prescott, ambos no Estado do Arizona, e as respectivas esposas homônimas: Betty. Todos se interessavam por discos voadores, igual a Adamski, e como este, haviam assistido, algumas vezes, ao fantástico surto daqueles misteriosos engenhos nos céus norte-americanos.
Na cidadezinha de Blythe [próximo dali, curiosamente acham-se encravadas no solo grandes imagens de homens e animais, lembrando Nazca, no Peru, conforme mostrou Erich von Däniken no livro Será que eu estava errado?] discutiram que direção tomar, consultando mapas e trocando idéias. Adamski, seguindo seus “impulsos e sensações”, decidiu que pegariam uma estrada que passava perto de uma base aérea e também do centro de treinamento militar, que estava abandonado.
Algo o impelia para essa direção, uma espécie de “pressentimento ou intuição”. Passaram por Desert Center e viraram à direita, indo no sentido de Parker, no Arizona. As 11h00, resolveram parar para descansar. O céu mostrava-se quase limpo de nuvens, resplandecente e ameno. Ao meio-dia um avião bimotor passou no alto, fazendo com que todas as cabeças se voltassem para ele.
Não demorou muito para surgir uma nave alongada, a grande altura, silenciosa, prateada, no formato de um charuto. Com os dois binóculos, o grupo viu que ela era alaranjada na parte superior, em todo o comprimento. Williamson, que havia sido da Força Aérea durante a guerra, notou uma marca escura do lado, como uma insígnia, mas inteiramente diferente de tudo o que ele conhecera nos seus tempos de militar.
EXPRESSÃO AMISTOSA – A essa altura, Adamski tinha a exata sensação de que entraria em contato com os tripulantes daquele aparelho. Com Lucy e Alfred, meteu-se no automóvel, recomendando ao restante que não arredasse pé do lugar. Rodaram mais ou menos 800 m, até que Adamski resolveu sair, dizendo aos amigos que regressassem ao ponto de partida, juntando-se aos demais para observar os acontecimentos à distância. Segundo Adamski, “… o navio do espaço estava parado quase acima do local onde eu me encontrava. Menos de cinco minutos depois, houve um clarão no céu e quase instantaneamente surgiu um pequeno aparelho circular, que descia silenciosamente em direção a duas ondulações do terreno, que estavam acerca de 800 m além. Quando aterrou, a parte superior ficou ainda visível para mim. Rapidamente, sem ter tempo de focalizar bem, bati as sete poses que possuía [Uma das suas máquinas estava fora de foco e a outra enguiçou. Adamski só salvou uma foto indistinta]. De súbito, percebi um homem entre as elevações da vegetação”.
Em seu relato, Adamski conta ainda que aquele homem fazia sinais para que ele se aproximasse. Ao chegar perto, duas coisas chamaram, de pronto, a atenção do contatado: as suas roupas pareciam muito estranhas, as calças num estilo das que são usadas para esquiar. Além disso, seus cabelos eram longos, caídos sobre os ombros. Ele era de estatura mediana e aparentava uns 28 anos de idade. “Na sua presença, eu tinha uma esquisita sensação, embora sua atitude e expressão fossem amistosas. Ele estendeu a mão para mim, mas não apertou a que lhe ofereci”, declarou. Ao invés disso, com um sorriso, apenas pôs a palma de sua mão contra a de Adamski, num leve contato.
OLHAR CALMO — É ele próprio quem descreve o ser: “Eu me sentia como um criança diante de um ser superior, cheio de compreensão e amor. A pele de sua mão era firme e morna, mas delicada como a de um recém-nascido. Os seus dedos eram longos e finos. Com roupas apropriadas, aquele ente parecia uma bela mulher da Terra. Mas eu tenho a certeza de que era um homem. A sua face era encimada por uma larga lesta. Os seus olhos eram calmos e cinzento-esverdeados, ligeiramente apertados nos cantos externos.
“As maç&atil
de;s do rosto eram mais salientes que o normal e o nariz mais grosso que o usual. A boca era de tamanho médio e, quando sorriu, pude notar que possuiu dentes brancos e perfeitos. A pele era assim como tostada pelo sol, mas lisa. acetinada. Não apresentava nenhum sinal de barba. Os seus cabelos eram amarelados, cor de areia. Sua cabeça estava descoberta. A roupa parecia ser de uma só peça: marrom, num tecido muito fino, que caia em dobras.”
Em sua concepção, a vestimenta do ser tinha mais uma espécie de radiação do que brilho mesmo. Sem botões, nem costuras, nem bolsos, nem zíperes. O ET usava uma espécie de faixa ou cinto, num tom de marrom para ouro. As calças eram presas nos tornozelos por faixas semelhantes. Seus sapatos eram avermelhados e feitos de um material tão fino e leve que podia-se notar o movimento dos seus pés como se ele estivesse descalço. Eram mais bolas do que sapatos, com duas ranhuras dos lados externos.
Nesse momento Adamski perguntou ao ser de onde ele vinha, liste balançou a cabeça levemente, como se quisesse dizer que não o compreendia. O contatado, então, mentalizou a figura de um planeta e apontou para o alto, em direção ao Sol. Traçando no ar uma órbita, Adamski exclamou o nome Vênus. No terceiro círculo feito no ar, disse ferra e indicou o chão. O ser sorriu, apontou o Sol, fez mais um circulo, fez outro e apontou para si próprio. Então o contatado perguntou: “Vênus?”.
Com outro sorriso, o ser repetiu a palavra. Sua voz era fina e musical. Através de gestos e imagens mentais, os dois permaneceram intentando uma conversação, de acordo com o que o ser relatou ao contatado, radiações muito fortes estavam saindo da ferra, depois das explosões de bombas atômicas, e estavam afetando o espaço exterior. Suas viagens interplanetárias eram feitas naquele grande aparelho, do qual eram lançados outros discos. Alguns, maiores, eram pilotados. Outros, menores, eram remotamente controlados e conduziam aparelhos de observação [sondas].
O ente contou que tanto as naves como os discos se moviam aproveitando a força magnética, pela lei da atração e repulsão. Disse também que os habitantes de Vênus estão num plano muito mais alto de desenvolvimento, não só material, mas principalmente espiritual. Por assim dizer, eles vivem mais peito do Criador do que nós, da Terra. Afirmou que as naves espaciais que tem sido vistas no nosso mundo provêm não só de Vênus, mas de outros planetas do nosso Sistema Solar como também de outros sistemas. Viagens através do espaço já se tornaram prática normal entre essas civilizações.
Mas por que eles não aterrissam nas cidades e não fazem contato oficial conosco? O extraterrestre explicou que a nossa Humanidade ainda não está preparada para isso. Eles não queriam se ver obrigados a lutar nem desejavam gerar pânico ou uma revolução para a qual a ferra ainda não está preparada. Uma revolução na ciência, na religião, nos costumes, enfim, em todos os setores da vida, provavelmente, causaria um desequilíbrio geral. Por outro lado, o ente disse que terrestres já foram levados para outros planetas voluntariamente. E que, não raras vezes, seres extraplanetários descem à Terra para melhor estudar nossos costumes.
CARACTERÍSTICAS HUMANAS – Com roupas iguais às nossas. documentos bem forjados, cabelos cortados à nossa maneira, em nossas ruas há o que podemos chamar de pacíficos espiões interplanetários. E, segundo Adamski, esta foi a razão pela qual o ET não se deixou fotografar. Ainda que bastante semelhantes a nós, eles têm certos traços característicos que podem servir de base para identificação. O alienígena informou que muitos planetas são habitados por seres semelhantes aos terráqueos. Apenas variam em tamanho, cor de cabelo e pele, como na Terra as raças também se diferenciam. Os aparelhos em que voam também apresentam diferenças de detalhes, mas todos obedecem ao mesmo princípio.
Nesse instante, Adamski seguiu o humanóide que ia em direção ao disco. Então, chamaram a atenção do contatado as estranhas marcas que os sapatos dele deixavam no solo, “… como se representassem algo importante”, frisou Adamski (Williamson, mais tarde, fez moldes dessas marcas). O disco era semelhante a um sino, de um material brilhante, translúcido. O contatado pôde distinguir vultos que se moviam dentro dele. Mas não parecia ser de vidro, e sim de algum metal desconhecido. Ele não estava pousado. Flutuava a uns 30 ou 50 em do solo.” Refletia os raios solares como um diamante esfumaçado”, descreveu.
A cúpula era escura, com um anel dentado sustentando-a. Acima de tudo tinha uma espécie de bola, que nas fotos aparece como um anel. As vigias eram feitas de um material transparente e Adamski chegou a ver, num certo momento, outra bela face através de uma delas, muito semelhante à do homem que estava fora. Este o advertiu, entretanto, que não chegasse muito perto do aparelho. Mas o contatado não atendeu seu pedido e, quando se aproximou da superfície do disco, seu braço foi lançado contra o corpo com uma força descomunal. Como o homem de Vênus não queria se deixar fotografar, tomou um dos negativos que havia sido guardado no bolso de Adamski, prometendo-lhe outra visita.
O ser informou telepaticamente que algum dia George poderia conhecer o interior de sua nave. Quando o disco se elevou, dois anéis na parte inferior se moveram em uma direção, enquanto outros dois giravam em sentido contrário. E silenciosamente, assim como tinha vindo, o UFO desapareceu no espaço. Tudo isso foi observado pelos seis companheiros de Adamski. Seu encontro com o venusiano havia durado cerca de uma hora.
VISÕES DECLARADAS – O primeiro contato deste astrônomo amador, na época, foi publicado nos jornais, discutido, negado por muitos e acreditado por outros. As demais testemunhas fizeram declarações, sob juramento, num tabelião, confirmando que haviam visto os dois aparelhos e o encontro dele com um dos tripulantes.
Se a narrativa não é verdadeira, os sete personagens são cúmplices de uma mentira – ou então Adamski teria hipnotizado seus amigos.
Mas a história não termina aí. João Martins, repórter da revista O Cruzeiro, entrevistou-o no início de agosto de 1954, dois anos depois do incidente no deserto. E desde então, segundo Adamski, muitas outras coisas haviam se sucedido. O venusiano cumprira a palavra. Sobrevoara a casa de Adamski, em 13 de dezembro de 1952 e jogara de volta a chapa fotográfica que, revelada, apresentou, em vez da foto que ele batera, uma série de estranhos sinais. Nessa ocasião, Adamski conseguiu as suas mais extraordinárias imagens de disco voador – que para alguns não passam de uma maqueta inspirada no formato da tampa da máquina de fazer café do restaurante em que trabalhava – as quais até hoje ilustram livros e revistas e inundam os sites da Internet.
Adamski afirmou também que teve mais nove contatos pessoais com os viajantes de Vênus. Disse, inclusive, que entrou no disco e foi levado por duas vezes até a nave-mãe. Captou detalhes desses aparelhos e fez dois desenhos minuciosos do interior de ambos. Segundo ele, homens e mulheres venusianas apresentam pequena diferença física. Alimentam-se normalmente de vegetais concentrados e bebem uma água mais pesada do que a nossa, embora possam comer também o que nós comemos. Não sentem a velocidade nem as manobras irreverentes e bruscas, porque os discos têm a sua própria gravidade.
MEDO DO RIDÍCULO — Eles alertaram que a Terra está modificando a inclinação sobre o próprio eixo, devido principalmente às explosões de bombas nucleares e que, inclusive, poderá haver uma inversão total – o que acarretaria numa enorme catástrofe, com dilúvios, terremotos etc, e também afetaria todo o Sistema Solar, inclusive as linhas magnéticas. Por essa razão estariam nos vigiando e, se chegarmos a um ponto crítico, terão que intervir. A única arma que transportam é uma espécie de raio que não mata, mas paralisa temporariamente. Em conseqüência do longo estudo que têm feito do nosso planeta, muitos deles falam várias de nossas línguas, captam as transmissões de rádio e televisão, e possuem bases na Lua.
Pioneiro de uma série de indivíduos que relataram, sem empecilhos, experiências pessoais com discos voadores publicamente – ao passo que as primeiras testemunhas temiam o ridículo -, Adamski alcançou sucesso imediato no circuito ufológico. Os dois livros que escreveu, Flying saucers have landed, em parceria com o ufólogo Desmond Leslie, em 1953, e Inside the space ships, continuação do anterior, tornaram-se bestsellers.
Percorreu o país fazendo conferências em que brindava ouvintes fanáticos com as pitorescas descrições de contatos seguidos com os “irmãos do espaço” (como ele os chamava), alguns dos quais encontrava nos bares e cafés de Los Angeles, e iniciou uma série de entrevistas em rádio e televisão. Entre suas visitas mais espetaculares, conta a que fez à rainha Juliana e ao príncipe Bemhard, da Holanda, os quais, junto com alguns professores universitários, debateram as experiências do contatado. Anos mais tarde, regressaria à Europa e, entre suas novas alegações, afirmou que fora recebido para uma conversa particular com o Papa João XXIII, em 31 de maio de 1963 – informação que o Vaticano nunca confirmou. A filosofia e os alertas transmitidos pelos venusianos se mantiveram nos contatos posteriores até a década de 80, quando Adamski faleceu.
PLATÉIA VARIADA – Na edição de 16 de outubro de 1954 da revista O Cruzeiro, Martins reportou sua presença numa dessas convenções sobre discos voadores, realizada no topo leste do Monte Palomar, a uns 250 km ao sul de Los Angeles. Por volta de mil pessoas se reuniram ao ar livre, numa clareira aberta na floresta a mais de 2.000 metros de altitude, defronte à rústica hospedaria denominada Skyline Lodge. A platéia era a mais variada possível: jornalistas nacionais e internacionais, policiais, agentes do FBI, cientistas, técnicos em aviação e foguetes, testemunhas de aparições de discos e simples curiosos.
Havia os que acreditavam piamente em tudo, aqueles que tinham visto alguma coisa e queriam saber o que era, os que ouviam as narrativas com espírito de pesquisa e os que tendiam para a descrença, mas procuravam se informar a respeito do que os outros diziam. Havia também fanáticos, homens e mulheres que ouviam aquelas narrativas quase como pregações religiosas, numa espécie de misticismo com base técnica. Durante dois dias se prolongou a reunião, que apesar da sua proximidade com o grande observatório, não era promovida pelo contatado nem tinha cunho oficial ou científico, muito pelo contrário.
Os astros do espetáculo foram, além do próprio Adamski, Truman Bethurum e Daniel Fry, que, a exemplo do primeiro, também alegaram ter tido contato direto com aparelhos provindos do espaço exterior. Observou Martins: “Verdadeira ou não, todas as narrativas eram altamente construtivas. Giravam através de seres de outros mundos muito mais civilizados do que o nosso. Seres altamente evoluídos que transmitiam mensagens de paz e davam novas esperanças a esta nossa Humanidade, que se está afogando em ódio, lutas sangrentas, incompreensões, ignorância e intolerância. Adamski, Bethurum e Fry falavam como profetas de uma nova era, como homens que tinham entrevisto um mundo melhor e se esforçavam para catequizar seus semelhantes”.
Em muitas ocasiões Adamski foi atacado por criticas hostis, pois aonde quer que fosse defendia a idéia de que a Humanidade tinha que conhecer urgentemente os extraterrestres. Apesar disso, esse contatado possui inúmeros fiéis seguidores que concordam com a filosofia preconizada
No entardecer do primeiro dia de reunião, assinalou Mirins, “…surgiram nas redondezas uma mulher e dois homens de aspecto extremamente estranho. Ninguém sabia de onde tinham vindo nem quem eram. Começou a corre o boato de que eram venusianos disfarçados. Um deles estava de óculos, ao que era atribuído um requinte de caracterização”. Martins os abordou e, como não tinha outro recurso, perguntou-lhes de cara, sentindo-se vagamente ridículo, se eram ou não venusianos. A mulher deu um sorriso ligeiro e respondeu calmamente que não.
“Acha que, como diz senhor Adamski, eles são de Vênus?”, Martins voltou a indagar. “Eles são de Vênus”, afirmou ela, enigmaticamente. O repórter pediu-lhes os nomes, endereços e profissões: Dolores Barrios, estilista, Donald Morand e Bill Jarmarkt, músicos, residentes em Manhattan Beach, Califórnia. “Todas as respostas e informações eram lacônicas, vagas, precedidas de uma ligeira pausa, durante a qual os três se entreolhavam silenciosamente. E só a mulher falava. Eram de fato muito esquisitos. Fotografei-os na manhã seguinte, cedo. E depois eles não mais foram vistos”, lembra o jornalista.
Essas pessoas deixaram um halo de mistério,
uma suspeita que qualquer indivíduo, friamente, achará absurda. A semelhança da mulher com o retrato do venusiano de Adamski era realmente marcante. “Em todo caso, e embora eu ache que eles são tão terrenos quanto nós, aqui ficam o registro e as fotos, a título de curiosidade”, concluiu Martins. Adamski, aliás, também negou que eles fossem outra coisa senão comediantes, que procuravam fazer confusão.
A propósito, o ufólogo e amigo pessoal de Martins, Fernando Cleto Nunes Pereira, durante uma entrevista a nós concedida no Rio de Janeiro, confirmou que no dia 31 de dezembro de 1954 viu uma mulher idêntica à Barrios no saguão de espera principal do Cine Metro, de Copacabana – conforme descreve no livro Sinais estranhos – quando ali se encontrava, em companhia da esposa, aguardando o início da sessão das 21h00 de um filme.
BRADO DE ALERTA À HUMANIDADE – Cumpre-nos mencionar as ponderações finais de Martins acerca de Adamski: “De qualquer modo, sua história, verdadeira ou não, é fascinante e tem um conteúdo filosófico elevado. E uma mensagem de tolerância e de paz, um apelo para que cessem as guerras e a destruição, um brado de alerta contra as loucuras que os homens \’sensatos\’ e \’realistas\’ andam praticando pelo mundo. Somente isso bastaria para justificá-la. Aliás, Adamski fala como um homem que previu um mundo melhor e se esforça para transmitir aos outros o que percebeu”.
Entretanto, muitos fatos posteriores levantaram suspeitas acerca da sinceridade e veracidade da maioria das alegações do contatado. Jerrold E. Baker, antigo secretário e motorista de Adamski, denunciou que o encontro dele com o tripulante fora preparado com antecipação. Na revista britânica Two Worlds, de 22 de janeiro de 1955, o artigo Mystery of flying saucers deepens: Adamski meeting with venusian prearranged (O mistério dos discos voadores adensa-se: O encontro de Adamski com o venusiano previamente preparado) expunha a grave denúncia de Baker, através de cartas por este escritas a Desmond Leslie e a James W. Moseley, investigador norte-americano de discos voadores.
De acordo com Baker, as seis testemunhas presentes no encontro de Adamski não apresentaram declarações fidedignas, tendo testemunhado a seu favor apenas para se comprazerem. No artigo era mencionado ainda o livro Flying saucers haven\’t landed after all (Afinal de contas os discos voadores não pousaram na Terra), de autoria de Hugh Randall-Stevens. Adamski não se defendeu das acusações, mas Leslie rebateu-as numa carta publicada na mesma revista britânica, em 13 de novembro de 1954.
Porém foi Hugo Rocha, autor do clássico livro O enigma dos discos voadores ou a maior interrogação de nosso tempo, de 1959, quem emitiu as considerações mais acertadas: “Sem que a minha dúvida envolva desrespeito ou menosprezo por Adamski, tenho que confessar, francamente, que não aceito sem reservas o que este senhor trata nos livros. Não que o considere vítima duma alucinação ou um mistificador sem escrúpulos. E tão espantoso, no entanto, o que Adamski narra e tão inverossímil a entrevista que teve com o tripulante do disco voador que todas as dúvidas são lícitas. Ao ler Flying saucers have Landed, suspeitei da boa fé dos seus autores. Se Adamski não era um audacioso mistificador sem escrúpulos, era, talvez, a vítima duma perfeita mistificação”.
JOGUETE DE UMA ALUCINAÇÃO – As declarações foram, de certo modo e até determinado ponto, testemunhadas pelas pessoas que o acompanharam na memorável viagem ao Deserto da Califórnia. Tudo isso, porém, não impedia que George Adamski houvesse sido joguete, não duma miragem- pois seus amigos asseveram havê-lo visto em presença doutro ser aparentemente humano e dum engenho manifestamente mecânico mas sim duma simulação hábil em que um talentoso farsante se tivesse feito passar por habitante de Vênus, sendo transportado desde aquele planeta até a Terra num dos famigerados e misteriosos discos voadores. “Ora, hoje estou convencido de que Adamski pode ter sido um mistificado, mas não deve ter sido um mistificador”, conclui Rocha.
Sem dúvida, todos os contatados – a começar por Adamski – tanto prejudicaram quanto ajudaram a campanha da Força Aérea Norte-americana contra os UFOs. Prestaram desserviço ao gerar publicidade sobre os discos voadores e auxiliaram ao envolver o assunto num a aura de absurdo, diminuindo a pressão para que a força aérea levasse os UFOs a sério, daí as suspeitas de que tivessem sido manipulados pelos militares e pelas agências de espionagem governamentais.
Como lembrou o jornalista Keith Thompson, “… para o físico Donald Menzel e outros desmistificadores, já convencidos de que as explicações de ordem terrestre eram as mais adequadas para as histórias de objetos fantásticos, esses contatados caíram do céu” .O jornalista crê que esses desmistificadores especializaram-se em apontar a natureza negativa das histórias dos contatados – “eu voei para Vênus numa nave espacial” – e a relação dessas histórias com relatos de não contatados, descrevendo luzes estranhas e objetos voadores, com o objetivo de lançar dúvida sobre qualquer coisa que se relacionasse com a sigla UFO. Para Thompson, eles foram notavelmente bem sucedidos em seus esforços.
Ou seja, se já era difícil para a maioria das pessoas relatar o aparecimento de objetos estranhos no céu, agora mais ainda, pois precisavam estar preparadas para as piadas sobre os “homenzinhos verdes”. O major Donald Keyhoe, por sua vez, ficou atônito e revoltado com a persistência dos contatados em granjear publicidade que, na sua opinião, devia ser dada, de direito, aos pesquisadores “legítimos” dos UFOs. No entanto, Keyhoe apenas conseguiu sucesso parcial na sua tentativa de denunciar as mentiras dos contatados.
PEGADA VENUSIANA — Isso se deveu ao fato de haver, pelo menos na mente do público, certos paralelos entre as afirmações do grupo chefiado por Keyhoe, a National Investigations Commitee on Aerial Phenomena (NICAP) e o comportamento extremo de grupos que referendavam qualquer tolice. Procurar publicidade – e receber – foi o que Adamski fez extraordinariamente bem, acabando por influenciar novos contatados, de mentores de seitas a arqueólogos.
O explorador francês Mareei Homet, por exemplo, em seu livro Os filhos do sol: Nas pegadas de uma cultura pré-histórica no Amazonas, de 1959, reproduziu à página 228 o desenho de uma escrita pictográfica, que ele diz ter encontrado durante sua expedição ao Estado onde esteve à procura de uma colônia atlante. Ocorre, no entanto, que a tal escrita nada mais era do q
ue o desenho tirado de um dos livros de Adamski, recolhido por ele no seu primeiro encontro, em que o venusiano deixara impressa no solo do deserto a marca das solas dos seus sapatos, a qual apresentava sinais desconhecidos.
George Adamski
NASCIDO NA POLÔNIA em 1891, Adamski imigrou para os Estados Unidos quando tinha um ano e meio de idade. Serviu o Exército de 1913 a 1919, seguindo depois uma carreira pouco notável como pintor de anúncios, operário de fábrica, preparador de hambúrguer e autor de um livro de ficção cientifica intitulado Pioneers of space (Pioneiros do espaço. Despontou para o cenário do ocultismo, no Sul da Califórnia, em meados de 1930, fundando um grupo religioso chamado Ordem Real do Tibete, e fazendo palestras sobre a “lei universal” em programas de rádio.
Adamski costumava definir-se como “filósofo, estudioso e professor”, embora não tivesse curso superior Morou a maior parte de sua vida numa modesta casa na Costa Oeste, em Palomar Gardens, na vertente meridional do Monte Palomar, Califórnia, próximo á chamada Highway to the Stars (Estrada para as Estrelas), a cerca de 18 quilômetros do grande Observatório de Hale, sede do telescópio de 200 polegadas (o que equivale a aproximadamente cinco metros), o maior do mundo. Neste cenário sugestivo, ele viveria a primeira experiência pessoal com os discos voadores e seus tripulantes.
COISA DE LUNÁTICO – Se fossem verdade todas as alegações de Adamski, a História teria que registrar seu nome como um dos primeiros homens terrestres desde Adão – curiosamente, o sobrenome Adamski é um antropônimo polaco que significa Adão – que estivera frente a frente com outros homens de fora deste planeta. Dele já se falou praticamente tudo, inclusive que foi subsidiado pelos serviços de Inteligência norte-americanos (principalmente a CIA), para que, com suas narrativas absurdas e improváveis, desviasse a atenção do público, levando-o a achar que os discos voadores eram coisa de lunáticos. Em decorrência disso, atribuíram-lhe também diversas alcunhas como predestinado, visionário, profeta da nova era, guru, embaixador cósmico, mistificador, entre outros. Para todos os efeitos, Adamski compôs o estereótipo perfeito do contatado.