Pesquisadores norte-americanos descobriram um conjunto de corpos celestes no cinturão de Kuiper que deve ter se originado de um único objeto, destruído em uma colisão há cerca de 4,5 milhões de anos. Os fragmentos têm órbita próxima à de Plutão e, se unidos, teriam quase o mesmo tamanho do planeta-anão. A descoberta deve servir a estudos sobre a colisão de objetos celestes e para a reconstituição histórica do cinturão de Kuiper e do Sistema Solar.
O maior dos objetos encontrados, registrado como 2003 EL61, tem forma irregular e velocidade de rotação muito alta. A rotação contribuiu para que ele ganhasse a forma de uma “bola de futebol americano meio esvaziada e pisoteada”, descreveu Michael Brown, líder do estudo e astrônomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em comunicado à imprensa. O objeto também foi apelidado de “Santa” (Papai Noel), por ter sido identificado primeiramente próximo ao Natal de 2003.
Outros cinco objetos foram encontrados, com características físicas muito próximas às de 2003 EL61, como espectros acinzentados e condizentes com a presença de gelo de água na superfície, o que indica que já formaram um único corpo. Nenhum outro objeto conhecido no cinturão tem as mesmas características. Enquanto o 2003 EL61 tem 1500 km de comprimento, sendo o terceiro maior objeto do cinturão de Kuiper – atrás de Plutão e Eris – os outros corpos têm dimensões de 10 Km a 400 km.
O grupo foi a primeira “família colisional” encontrada em Kuiper, que fica além da órbita de Netuno, nos confins do Sistema Solar. Acredita-se que o cinturão seja um resquício do disco primordial, de grande massa, que deu origem ao atual Sistema Solar, após sofrer um processo de “escultura”.
Em artigo publicado na revista Nature (15 de março), os pesquisadores liderados por Michael Brown indicam que a colisão que deu origem a esses fragmentos deve ter ocorrido após o processo de escultura, devido ao fato de os corpos terem mantido as características semelhantes de suas órbitas. Por outro lado, o choque deve ter acontecido em um período em que o cinturão tinha maior número de corpos, com maior probabilidade de ocorrência de colisões.