Uma tradução de Regina Prata. Nova York. No dia 7 de novembro, durante a correria de final de tarde no agitado aeroporto internacional de O\’Hare, em Chicago, algo realmente surpreendente aconteceu. Pilotos, diretores e mecânicos olharam, de seus postos no piso do terminal da United Airlines e viram um estranho objeto em forma de disco flutuando silenciosamente acima de suas cabeças, abaixo das nuvens. Alguns minutos depois, agora com muitos olhos fixos nele, o veículo sem asas partiu repentinamente em alta velocidade, deixando um buraco nítido nas nuvens, com um visível céu azul no fundo. Definitivamente, não era um avião ou qualquer nave conhecida, diziam as testemunhas, muitas das quais perturbadas com o que viram. “Telefonei imediatamente para o nosso centro de operações para confirmar o avistamento, e a Administração Federal de Aviação (FAA) foi contatada enquanto eu me dirigia para o outra sala para falar com as testemunhas”, descreveu um funcionário da direção da United para uma investigação do Centro Nacional de Relatórios de Objetos Voadores Não Identificados (NUFORC).
Com os dados do NUFORC, o jornalista responsável pelo noticiário em transportes, Jon Hilkevitch, da Tribuna de Chicago, publicou o relato em janeiro, o qual saltou para os noticiários televisivos nacionais. “A credibilidade das testemunhas esta além de questionamentos”, diz Hilkevitch, que conversou com um grande número delas. A FAA e a United Airlines inicialmente negaram qualquer conhecimento sobre o incidente, mas telefonemas gravados e ouras evidências revelaram as comunicações a respeito do fato ocorrido.A FAA atribuiu então o incidente a um “fenômeno meteorológico” e a United Airlines avisou aos funcionários para não comentarem o fato, de acordo com a Tribuna. “Se tivesse sido um avião, teria sido investigado”, diz Hilkevitch. “A FAA trata das menores questões de segurança como de grande importância. Eles investigam até mesmo a queda de um bule de café na cozinha de um avião”. “As implicações de segurança de qualquer veículo operando em baixa altitude num aeroporto de grande porte sem autorização do controle de trafego aéreo são óbvias”, diz Brian E. Smith, especialista em Administração Nacional de Espaço e Aeronáutica, ex-diretor do Programa de Defesa e Segurança da Aviação da NASA. “Os diretores deveriam querer saber a respeito das operações destes veículos antes que estes se tornem acidentes ou desastres”.
Ao contrário, as testemunhas da United têm sido menosprezadas e abandonadas para refletirem sobre suas perturbadoras observações.O porta-voz da FAA, Tony Molinaro, disse em Janeiro que a “falta de qualquer tipo de evidência concreta” impede uma investigação. “Nenhum controlador da FAA viu nada. Também não havia nada no radar”. No entanto, ele deu seu “palpite”: “As testemunhas podem ter visto uma ‘nuvem perfurada\’ numa ‘forma perfeitamente circular, como um disco redondo\’ com ‘vapor passando pelo centro”. Na verdade, estes buracos naturais nas nuvens – com cristais de gelo caindo através deles, não subindo por eles – podem se formar apenas em temperaturas abaixo do congelamento. Estava fazendo 48o F (8.9o C) no banco de nuvens em O\’Hare naquela tarde. Um buraco numa nuvem também poderia se formar a partir da evaporação rápida por calor ou ar muito seco, segundo os cientistas. Esta explicação, ao contrário da de Molinaro, encaixa com as descrições das testemunhas de um objeto redondo altamente energizado, emitindo calor intenso ou outro tipo de radiação enquanto ascendia.
Alguns especialistas dizem que radares não podem detectar objetos não-reconhecíveis com comportamento bizarro. John Callahan, chefe da divisão de acidentes e investigações da FAA durante os anos 80, diz que não é de se admirar que o UFO de O\’Hare não foi detectado pelo radar – o que não quer dizer que não havia nada lá. A tecnologia dos radares nem sempre consegue capturar UFOs de velocidade extremamente alta. Um objeto flutuante não necessariamente deveria aparecer. “Se assim fosse, seria um pequeno ponto e eles não dariam maior importância”, diz Callahan. Jim McClenahen, especialista em controle de trafego aéreo aposentado da FAA, concorda que quando muito ocupados, os controladores se concentram nas aeronaves nas quais estão trabalhando, deixando de prestar atenção aos itens que as circulam. Callahan fala com conhecimento de causa, o que faz dele uma autoridade em gerenciamento de incidentes com UFOs na FAA. Em 1986, ele analisou uma extensa quantidade de dados resultantes do encontro de um cargueiro B747 da Japan Airlines com um UFO gigantesco, em forma de noz, sobre o Alaska. Mais tarde, a FAA declarou que o radar da unidade estava com defeito, ignorando os três testemunhos visuais do piloto, classificando o incidente como “não-confirmado”.
Até hoje, Callahan discute fervorosamente estes achados baseado em dados ainda em seu poder. “Observei um primeiro alvo no radar na posição relatada pelo piloto japonês”, conta o ex-oficial, que embora de maneira intermitente, sincronizou os 30 minutos de conversa gravada entre pilotos e controladores. A resposta do governo ao UFO de O\’Hare é previsível, segundo Callahan. “A FAA vai oferecer uma das outras explicações, como se estivesse usando uma venda. É sempre alguma outra coisa, menos aquilo que é na realidade”, afirmou ele em janeiro. A política oficial realmente demonstra a falta de interesse da FAA em relatos de eventos anormais, mesmo se a nave não-identificada oferece potencialmente risco de vida. O Manual de Informação Aeronáutica da FAA, que informa os requisitos fundamentais para vôo no espaço aéreo dentro dos EUA, afirma que “pessoas que desejem relatar UFO / Fenômenos Inexplicados” devem contatar organizações como a NUFORC. Se “houver preocupação que a vida ou propriedade estejam em risco”, diz o manual, “avise a atividade ao departamento local encarregado pelo cumprimento da lei”.
Brian Smith, da NASA não concorda com esta visão. “Temos que encorajar o relato de todos os incidentes a despeito do preconceito contra determinado tipo de ocorrências”, diz ele. Richard Haines, ex-oficial da NASA e atualmente diretor do Centro Nacional de Informações da Aviação para Fenômenos Anômalos, coletou até agora mais de 100 relatos de pilotos, documentando uma série de riscos causados pela proximidade de objetos voadores não-familiares ou inexplicáveis luzes brilhantes. Os dados sugerem que os objetos “estão associados com um alto grau de inteligência, deliberado controle de vôo, e gerenciamento avançado de energia”, diz Haines. Como pode o nosso governo não estar interessado num objeto desconhecido de alta tecnologia, flutuando sobre um aeroporto de grande porte, como relatado pelo pessoal de competência dentro da aviação? E a segurança dos passageiros? E a segu
rança nacional? Ou simplesmente a curiosidade científica a respeito de um fenômeno inexplicado? A menos que a FAA e outras agências federais troquem seus equipamentos, este misterioso incidente no aeroporto de O\’Hare vai continuar nos perseguindo – até a próxima vez, quando algo mais alarmante poderá acontecer. Leslie Kean é jornalista-investigativo em Nova Iorque e é co-fundador da Coalizão para a Liberdade de Informação, baseada em Washington.