Sondas que partam em busca de vida em Marte terão de escavar profundamente crateras jovens, gargantas ou gelo exposto recentemente para ter uma chance de descobrir células que ainda não tenham sido aniquiladas por radiação, dizem os autores de um novo estudo. Um local promissor seria o gelo da região de Elysium.
Os projetos atuais de sondas para caçar vida em Marte não são capazes de perfurar fundo o bastante para encontrar as células vivas que podem existir abaixo da superfície, de acordo com o trabalho, que será publicado no periódico Geophysical Research Letters. As perfurações previstas poderão encontrar sinais de vida, dizem os pesquisadores, mas seres vivos não poderiam existir antes de vários metros de profundidade, por conta da radiação que vem do espaço.
O artigo apresenta um mapeamento dos níveis de radiação cósmica a várias profundidades no solo marciano.
O principal autor, Lewis Dartnell do University College London, reconhece que a descoberta de sinais de vida – fragmentos de DNA, fósseis – seria uma grande descoberta, mas pondera que “o Santo Graal dos astrobiólogos é descobrir uma célula viva que possamos aquecer, alimentar e despertar para nossos estudos”.
Ao contrário da Terra, Marte não conta com a proteção de um campo magnético ou de uma atmosfera densa, e portanto está aberto, há bilhões de anos, a radiação que vem do espaço. A equipe de Dartnell criou um modelo de dose de radiação e quantificou as variações nos raios solares e galácticos que penetram a fina atmosfera marciana até o subsolo.
Regiões como Elysium – que parece ser uma grande planície de gelo, coberta por uma camada protetora de poeira – e crateras jovens seriam ideais porque representam trechos da superfície que estão expostos à radiação do espaço a relativamente pouco tempo, argumenta o artigo.