Editor – A divulgação de novos incidentes ufológicos envolvendo aviões civis e militares, a exemplo dos casos descritos no artigo anterior, fez com que o protagonista de uma das mais notáveis ocorrências brasileiras do gênero viesse novamente a público dar maiores informações sobre o fato. Gerson Maciel de Britto, comandante do Boeing 727 da Vasp seguido por um UFO em 1982, especialmente motivado com a entrevista dada pelo coronel Uyrangê Hollanda, relata aos leitores de UFO como conviveu com a notoriedade que seu caso lhe trouxe e como a FAB, através de Uyrangê, procurou-lhe para oferecer auxílio. Seu relato, a seguir, está sendo publicado com exclusividade.
Todas as pessoas que acompanharam a divulgação pela mídia, no Brasil e no exterior, devem recordar os conflitos e opiniões controversas, desde as primeiras notícias do Fenômeno UFO nos grandes editoriais. Após quinze anos de participação em eventos de Ufologia, concluo que infelizmente existe uma forte tendência de movimentos ou programas predeterminados em confundir, negar e atribuir até crises de idiotice ou paranóia às pessoas que se propõem a narrar uma ocorrência de cunho ufológico.
Hoje, a Ufologia está muito bem estruturada por seus pesquisadores e divulgadores, no encaminhamento da notícia sobre ocorrências do gênero. Até os sistemas informatizados podem cruzar dados de observações: data, hora, local, testemunhas, condições estáticas e móveis, tempo, efeitos, vestígios e conseqüências físicas e psicológicas, além do eficiente processo científico da hipnose para cada caso, em busca da veracidade e constatação do fato.
Os cientistas, tecnicamente, apresentam razões equacionadas, dentro dos limites do seu conhecimento. Os céticos condicionam-se à modéstia de acreditar nos registros ópticos do trivial, simples, ou na consciência confusa das negativas. Mesmo sem condições de julgar, avaliam parâmetros, até científicos, para emitirem uma análise pessoal sobre fatos contundentes. Não crer no fenômeno fica mais fácil do que exteriorizar conceitos que possam comprometer uma afirmativa coletiva. No entanto, isso só é possível ou aceito dentro do mais rígido de todos os bloqueios: a lógica.
Aos governos, cabe manter um tipo de equilíbrio idôneo, fundamentado principalmente em interesses próprios. “Manter os povos em permanente estado de ignorância condiz com a estrutura das barreiras à informação”, conforme situou Herbert Spencer. No caso particular da Ufologia, os organismos controlados: as Forças Armadas – militar online, serviços de Inteligência, segurança etc – mostram com esse ritual que sonegam o que sabem. Utilizando-se de incríveis procedimentos de pesquisas sobre fatos ufológicos muito bem organizados, a exemplo dos grupos de estudos civis.
Detalhes importantes – Os leitores de UFO, possivelmente, devem se lembrar da matéria intitulada As lições do tempo, publicada em UFO Especial 03, de 1989, a qual retrata a ocorrência da noite de 19 de maio de 1986. Considerada uma das maiores ondas ufológicas já constatada no Brasil. O Ministério da Aeronáutica, na época, teve que pronunciar-se, através do brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, sobre a acintosa manifestação do Fenômeno UFO para os preconceituosos militares ou governamentais.
O avistamento se deu nas proximidades do Aeroporto de São José dos Campos e Brasil Central, sendo necessário o acionamento de seis aeronaves supersônicas por parte do Centro de Operações Militares de Defesa Aérea (Comda). Da Base de Santa Cruz, no Rio de Janeiro decolaram aparelhos F-5E, de Anápolis, em Goiás, os Mirage. Todos partiram em direção aos insólitos vinte e um UFOs que percorreram o espaço aéreo do Brasil Central. Do que ocorreu, muitas pessoas se recordam, por causa da ampla abordagem que o assunto suscitou na Imprensa.
O relatório do capitão Basílio Baranoff foi considerado um dos melhores trabalhos analíticos do caso. Um militar da reserva da Força Aérea que apresentou minúcias, com clareza, traçando uma preciosa cronologia dos fatos, isenta de emoções e rigorosamente técnica. Segundo Baranoff, até o então presidente José Sarney foi alertado a respeito do que acontecia nos céus brasileiros. Na ocasião, os radares do Cindacta estiveram saturados por ecos (pontos não identificados). Nada menos do que 21 pontos foram registrados nas telas. Seriam novos pontos aleatórios? Um radar de alta precisão não operaria, com a eficiência que o sistema requer, com ocorrências ou anomalias de pontos quaisquer.
Conflito de tráfego – No caso específico do vôo 169, o controlador informou a aproximação do UFO a oito milhas do Boeing, sobre Belo Horizonte (MG). Mas o que na verdade estaria ocorrendo? Estariam preservando a segurança do vôo para um possível conflito de tráfego? Ou seria o silêncio anterior um resguardo às determinações de não comentar absolutamente nada enquanto houver suficiente segurança para a rota do 169? Que incrível coincidência de, nesse momento, a tripulação observar a magnitude luminosa do UFO que inundou o Boeing com uma claridade azulada. Visualizamos o perfil da nave e, nesse estado emocional, convocamos a todos para assistir ao contato – que intuí ser pacífico – daquele radioso aparelho extraterreno.
Depois disso, o Cindacta silenciou. Não houve instruções posteriores. O que teria ocorrido com o controlador, ou controladores? Seria ideal identificá-los e questioná-los. Nós tínhamos, além da sensibilidade e discernimento emocional, a possibilidade de alterar o curso, por nos encontrarmos em condições visuais favoráveis para o vôo. Desconectar o piloto automático e nos afastar, caso achássemos necessário, com alguma manobra viável para um jato como o Boeing 727.
Chegou-me a ocorrer, anos depois, um pensamento hilariante: “E se fôssemos abduzidos pela nave? Tanto nos acompanhou, tanto evoluiu ao nosso lado, tanta demonstração de altíssima tecnologia nos deu, que se a missão fosse esta, o que os bispos iriam dizer no Vaticano? Ou o nosso querido Papa se demitiria ou rebaixaria todos a sacristãos. O que pode fazer a Ufologia na consciência humana!” Exatamente um mês após o Incidente 169, fazíamos o mesmo vôo, com outra tripulação.
Eu era o comandante, mais uma vez. Havia apenas uma diferença nas condições meteorológicas: o tempo apresentava uma névoa tênue. Havia nuvens do tipo altos cirrus com pouca densidade. Estava a bordo o coronel aviador Perissê, comandante da Base Aérea de Fortaleza. Este viajava na cabina de comando como tripulante extra, com o qual eu conversava. Em dado momento e pouco antes da vertical da capital mineira, o primeiro oficial de vôo, aparentemente assustado, chamou-me à observação do
radar de bordo.
Sintonia de contraste – Dois objetos circulares tirava-nos a possibilidade de interpretá-los como nuvens, em alta velocidade e em sentido contrário ao nosso deslocamento. Eqüidistantes do eixo em que estávamos: um à esquerda e outro à direita. Mesmo tendo os objetos passado rapidamente, pudemos dimensioná-los: eram iguais. Surpreso, o coronel Perissê manteve-se calado. Enquanto isso, continuávamos observando o radar de bordo. Procurando uma sintonia melhor de contraste e luminosidade, apagamos a luz da cabina de comando. Após alguns momentos, pedi ao primeiro oficial que mantivesse o contato e, se por ventura algo aparecesse, que ele frisasse a imagem, mesmo que fossem nuvens.
Quase que imediatamente, de novo os UFOs surgiram, porém, mais lentos, no mesmo sentido, e contrários ao deslocamento de nossa aeronave. A imagem foi frisada. Peguei rapidamente uma máquina fotográfica, e tentamos tirar várias fotos do scope ou tela. Depois da revelação e ampliação da foto, encaminhamos o espectro a uma análise em laboratório. Porém o filme de 100 ASA, com pouca sensibilidade e iluminação, não flagrou coisa alguma. Tudo ficou escuro. Antes de liberar ou desfrisar a imagem, observamos que, fosse o que fosse, era muito grande.
O Cindacta nada comunicou sobre algo muito acima ou abaixo de nós, nem talvez muito próximo. Sem interferências, sem alterações, a não ser de nossa adrenalina, tudo continuou normal. Duas passagens na mesma posição, mesmo sentido e eqüidistância do eixo. E só. Anomalias do nosso radar de bordo? Círculos aleatórios, display eletrônico do tubo ou scope? O certo é que vimos, por duas vezes, e conseguimos registrar a imagem na segunda aparição. Pode até parecer estória, recheada com alguma criatividade. Mas, por uma estranha coincidência, tínhamos ao nosso lado, como respeitosa testemunha, nada mais, nada menos, que o comandante da Base Aérea de Fortaleza, o coronel aviador Perissê.
Outra ocorrência insólita sucedeu-se tempos depois. A bordo de um ou-tro vôo, com o mesmo tipo de avião, Boeing 727, viajávamos, à noite, de Salvador para o Rio de Janeiro, pelo interior do país, interceptando a aerovia do vôo 169, tão repleta de acontecimentos. Na mensagem de posição ao Cindacta, em Belo Horizonte, sob condições visuais, o controlador nos questionou, após curvarmos à esquerda, mantendo o curso, se estávamos observando algo em nossa proa e no mesmo nível, aparentemente.
Com a luz da cabina totalmente reduzida, tentamos distinguir o que poderia estar impressionando a tela do radar. Não víamos absolutamente nada, a não ser o setor estelar, os contornos indeléveis das serras, as luzes dispersas de logradouros no solo, e a luminosidade da cidade mineira. Retornamos a comunicação ao Cindacta alegando que nada de anormal estávamos vendo, pois, mesmo que fosse alguma formação nebulosa, teríamos observado, além de detectado pelo radar de bordo.
Ponto aleatório – O controlador de tráfego aéreo, de uma maneira meio assustada pela entonação de voz e rapidez na mensagem, instruiu-nos para que alterássemos rapidamente a proa para 30º graus à esquerda da atual e, abandonássemos o vôo, imediatamente, para a descida, o que deveria ocorrer dentro de cinco a sete minutos, após aquela posição. O que teria havido naquele instante? Indaguei ao primeiro oficial se ele teria notado algo que pudesse esclarecer nossas dúvidas.
Nada de lá, nada de cá. Entretanto, o Cindacta detectou algo e tomou urgentes providências. O que teria sido? Será que um novo ponto aleatório complicou o controlador em seu console? Ou os extraterrestres resolveram se insinuar ao Cindacta, sem aparecer para nós… Todos esses fatos ficaram guardados em minha memória. Jamais poderei esquecê-los.
Os relatórios técnicos da Operação Prato, na Amazônia, apresentados por Hollanda, representam um verdadeiro manancial ufológico, organizado sob moldes militares
Conseqüências, ocorrências e estranhas coincidências. Inclusive uma – de suma importância –, que aconteceu quinze anos depois e foi testemunhada por minha esposa, Maria Conceição Salvador de Britto. Na ocasião, tinha sido convidado para participar do Congresso de Ufologia em Curitiba, em maio. Minha esposa iria me acompanhar nesse evento, porém se atrasou para nosso encontro no aeroporto. Expirado o limite do horário do vôo, tive de embarcar sozinho, deixando um recado no balcão da companhia para Maria Conceição tentar contato em São Paulo e um novo encontro em Congonhas, caso conseguisse um vôo em tempo hábil. Foi quando um funcionário do balcão de informações orientou minha esposa a procurar, nos boxes das empresas de táxi aéreo, um possível vôo para São Paulo ou Curitiba. Felizmente, em contato com os encarregados pelo setor, Conceição comentou que estava tentando um lugar num vôo para participar de um congresso. Informou ainda que eu era comandante da VASP e que ela tinha se atrasado para a viagem.
Convite especial – Então o respectivo senhor perguntou o meu nome a ela. Quando Maria respondeu-lhe, a pessoa ficou espantada e disse: “O comandante Britto da VASP? Aquele que comandava um Boeing que foi acompanhado por UFO?”. Depois de aparente descontrole, sorriu e, reservadamente, falou: “Eu sou controlador do Cindacta e fiz parte da equipe naquela madrugada, em um dos consoles. Posso afiançar-lhe, sob sigilo, que tudo o que ocorreu foi verídico. Foi tudo gravado. Infelizmente, nada podemos declarar, apenas controlar. O UFO foi detectado pelo radar, e só houve a comunicação ao avião quando ocorreu a aproximação maior, a oito milhas”.
Minha esposa não conseguiu embarcar para Curitiba, porém obteve uma valorosíssima testemunha do fato. Pouco tempo depois do vôo 169, em l982, eu ia com destino a Belém do Pará, quando fui procurado, na cabine de comando do aparelho, por Flávio, um sub-oficial do vôo 282 e egresso da Força Aérea, como controlador do Cindacta. Ele foi portador de um convite especial por parte do tenente-coronel Hollanda, do 1° Comar, para que eu comparecesse naquele comando. Na reunião, com data previamente marcada por mim, estariam presentes os oficiais que participavam do grupo de pesquisas e estudos ufológicos, sediado na capital paraense.
Na oportunidade em que retornei a Belém, comuniquei-os antecipadamente. Uma viatura daquela unidade me buscou. Então, dirigi-me ao 1º Comar, onde encontrei o grupo numa sala reservada, com uma luz vermelha sobre o umbral da porta. Quando esta se apagou e após alguns minutos, tivemos acesso ao interior daquele ambiente. Um grupo de oficiais, sub-oficiais e sargentos estava presente. Após as apresentações, sentei-me numlugar já predeterminado. O então tenente-coronel Hollanda dirigiu-me a palavra, a fim de explicar o motivo daquele convite. Ele e os demais haviam acompanhado criteriosamente toda a divulgação do incidente do vôo 169.