Pela primeira vez, uma estrela foi observada, em tempo real, enquanto se tornava supernova – uma explosão colossal que põe fim à existência do astro, numa erupção que, por um instante, brilha mais que toda a galáxia. Cientistas britânicos, em colaboração com colegas de outros países usaram o satélite Swift, da Nasa, e vários telescópios para capturar a estrela no ato de explodir.
Os resultados da análise, incluindo uma explosão de raios gama [fenômeno conhecido pela sigla GRB], aparecem na edição desta semana da revista Nature. O evento cósmico teve início em 18 de fevereiro, em uma galáxia a cerca de 440 milhões de anos-luz da Terra, na direção da constelação de Áries. Naquele momento, cientistas perceberam que se tratava de um GRB incomum, 25 vezes mais próximo de nós e com duração 100 vezes maior que o usual.
Esse GRB durou quase 40 minutos, em oposição à duração típica desse tipo de fenômeno, restrita a mili-segundos ou dezenas de segundo. Graças à duração do GRB, o Swift foi capaz de apontar todos os seus instrumentos na direção da estrela. Uma análise cuidadosa dos dados revela o que ocorreu: o jato de radiação, que partiu do núcleo da estrela, foi o primeiro aviso de que a supernova era iminente.
Enquanto o GRB se dissipava, a estrela explodiu. Segundo Paul O´Brien, da Universidade de Leicester, “os três telescópios a bordo [do Swift] detectaram um objeto que lentamente ganhava brilho, e depois desaparecia. Os resultados sugerem um jato largo expandindo-se, mas acompanhado por uma bola de gás mais lenta e incrivelmente quente, de dois milhões de graus, produzida pela onda de choque da explosão estelar”.