Por Pedro de Campos
Indaga-se com frequência: Como interpretar a presciência de João XXIII sobre os UFOs? E seu contato com um ser alienígena confirmado por seu antigo secretário particular? Como entender que uma civilização de outro Sistema Solar, gente física como nós, tendo que viajar a uma velocidade tão alta, incompatível com a manutenção da vida, e por milhares de anos além de seu ciclo vital, possa vir à Terra, fazer contato pessoal e voltar incólume ao seu sistema de origem? Como entender esse ET de forma racional? Acaso seria o contato apenas um desequilíbrio do contatado? Como interpretar os relatos sobre encontros com seres sólidos de planetas do nosso Sistema Solar? Haveria uma transmutação insólita dessas entidades? O que fala a Doutrina Espírita sobre esse tipo de vida? Quanto a nós, na condição de ufólogo e espírita, estas questões foram alvos de profunda reflexão. Vamos dar aqui alguns eventos ufológicos fantásticos e sua interpretação segundo os postulados espíritas.
Pelo interesse despertado em religiosos de várias vertentes cristãs, vamos aqui abrir o nosso Arquivo extraterreno para examinar um caso intrigante, que teria ocorrido em 1961 com o papa João XXIII. Não há dúvida, segundo o testemunho de um de seus assistentes, de que esse pontífice fizera contato com entidade de outra civilização do cosmos.
O Santo Padre, um espírito elevado, figura humana cheia de bondade fraterna para com todos, religioso simpático que exibia sempre um sorriso franco no rosto e um comportamento simples e contagiante, foi aclamado pela cristandade como sendo o “Bom Papa”; e de modo intrigante, conforme se observa nos relatos sobre a sua vida, Ângelo Roncalli recebera mensagem dos filhos de Deus de outras Terras; tivera ele, segundo testemunho confiável, avistamento de naves seguido de contato pessoal com entidade alienígena.
O escritor italiano Pier Carpi, em seu livro Le profezie di papa Giovanni [Mediterranee, 1976], revela a experiência de Roncalli, escrita por ele mesmo enquanto delegado apostólico na Turquia e na Grécia. O autor dá conta de que corria o ano de 1935, e monsenhor Roncalli trabalhava intensamente destacando-se por sua extrema habilidade em dialogar com religiosos de outros seguimentos doutrinários. Por ocasião de uma visita sua a um templo Rosacruz, ele começou a verberar locuções de modo espontâneo, e como se estivesse em profunda reflexão, acessando camadas insondáveis da mente, de modo invulgar teria profetizado o encontro do homem com outra civilização do cosmos.
“Os sinais serão sempre mais numerosos: luzes no céu vermelhas, azuis, verdes; velozes… E crescerão. Alguém vem de longe e deseja encontrar os homens da Terra. Os encontros já ocorreram, mas quem os viu, verdadeiramente se calou”.
Não há dúvida de que profetizara a casuística ufológica que marcaria a chamada Era Moderna dos UFOs. E, ressalte-se, acertou em cheio, pois as suas palavras foram confirmadas na década seguinte, em 24 de junho de 1947, por Kenneth Arnold, piloto norte-americano, e por muitas testemunhas de outras ocorrências. A Força Aérea dos Estados Unidos classificou os avistamentos como objetos voadores não identificados – UFOs, registrando-os no conhecido Projeto Blue Book.
Roncalli fizera sua profecia em 1935, mas, por certo, não esperava que ele mesmo, em 1961, após o início da Era Moderna dos UFOs, seria protagonista de um encontro com outra civilização do cosmos. Mas, curiosamente, de modo incógnito, o contato papal acabaria ficando em silêncio – o Santo Padre calou-se, tal como profetizara sobre os contatos de outras pessoas: “Os encontros já ocorreram, mas quem os viu, verdadeiramente se calou”.
João XXIII desencarnou em 03 de junho de 1963. Somente anos mais tarde seu silêncio seria rompido por uma testemunha ocular daquele encontro, Loris Francesco Capovilla.
Vazamento do contato e providências da Igreja
Cerca de 20 anos depois do contato papal, em julho de 1985, o jornal inglês The Sun publicou o fato intrigante, dando conta de que o papa tivera um contato inesperado com entidade extraterrestre. E o artigo causaria um verdadeiro alvoroço no meio eclesiástico.
Revendo um pouco a história de João XXIII, após a sua morte, os cristãos italianos e outros de várias partes do mundo davam ao espírito do Bom Papa a autoria de várias curas espirituais. E o artigo do The Sun, ao informar que o sumo pontífice fizera contato com outra civilização do cosmos, obrigou os clérigos do Vaticano, sabedores do caso, a pensarem seriamente no desenrolar do assunto junto aos católicos de todo o mundo.
No interno da Igreja, dois anos antes da morte do papa, falava-se que o contato tivera lugar em 1961, nos jardins do Palácio Pontifício, residência papal em Castel Gandolfo, província de Roma, região do Lácio, Itália. E o jornal inglês num furo de reportagem estampou em manchete o testemunho do antigo secretário do papa, que contava: “A nave tinha forma oval e luzes intermitentes, azul e âmbar. Pareceu sobrevoar as nossas cabeças, depois aterrou sobre a grama, no lado sul do jardim”.
O relato do The Sun dava conta de que um estranho ser saíra da nave: “Parecia um humano, a exceção de que estava rodeado de uma luz dourada e tinha orelhas alongadas”.
Pelo testemunho um tanto velado a transpirar do jornal e por ser, certamente, uma experiência incomum, o relato passou relativamente desacreditado do público, mas no interior do Vaticano algumas providências seriam notadas – a vida extraterrestre passou a ser estudada cientificamente e verificaram-se alterações substanciais nas atividades do Observatório do Vaticano.
Ressalta-se que esse Observatório já era muito antigo, fora fundado em 1572, pelo papa Gregório XIII, e em 1939 foi levado por Pio XI à localidade de Castel Gandolfo, residência de verão do Sumo Pontífice. Ali, recebeu novos instrumentos e um departamento de Astrofísica foi criado para estudo da estrutura e evolução da Via Láctea. Mas a experiência de João XXIII, em 1961, causou uma reviravolta nos estudos: uma grande quantidade de clérigos ligou-se às ciências astronômicas e passou a estudar a questão alienígena.
Em 1985, com o vazamento do contato alien para o jornal inglês e para outro norte-americano, o estudo da vida extraterrestre ganhou nova importância nos círculos mais íntimos da Santa Sé. Afinal, a Igreja que no passado catequizara, talvez, agora, estivesse prestes a ser catequizada por outra civilização, pois todos sabem que a força de uma cultura mais adiantada se impõe sobre a que lhe seja inferior. O contato ET do papa fora surpreendente e exigia novos estudos e novas posturas da Igreja.
Pensou-se seriamente numa segunda frente de investigações, desta vez fora da Itália. O local mais sugestivo parecia estar nos Estados Unidos. De fato, em 1981, fundou-se em Tucson o Grupo de Pesquisa do Observatório do Vaticano. E em 1993, com a colaboração da Universidade do Arizona, concluiu-se a construção do Telescópio de Tecnologia Avançada do Vaticano, no Monte Graham, deserto do Arizona. Este local fora considerado um dos melhores do mundo para visibilidade astronômica e, curiosamente, era o ponto em que a nação dos Apaches teria feito contato com a chamada Civilização das Estrelas, que ali reaparecia com certa frequência, segundo diziam.
A construção do Telescópio em Monte Graham foi uma verdadeira luta para a Igreja. Os Apaches afirmavam que o Observatório era uma afronta aos espíritos da montanha; os ambientalistas, por sua vez, davam-no como séria ameaça a uma subespécie de esquilo vermelho, própria do local. Superados os protestos e as ameaças de sabotagem, o Telescópio entrou em operação em 1995 e firmou-se como a peça mais importante nas investigações científicas da Igreja.
Não foi à toa que o saudoso monsenhor Corrado Balducci, conceituado teólogo italiano e o mais famoso exorcista da Igreja, impressionado com a experiência papal decidiu entrar a fundo no estudo do fenômeno UFO. Nos últimos anos de sua vida, Balducci ofertou importantes contribuições de caráter teológico e filosófico para a Igreja interpretar a existência de outras formas de vida no universo. Suas afirmações constituíram ponto fundamental para religiosos de todas as ordens, inclusive para o jesuíta José Gabriel Funes, atual diretor do Observatório do Vaticano, fazerem ligações das Escrituras com os fenômenos ufológicos.
Funes é hoje um padre jesuíta maduro, beirando a casa dos 50 anos, nascido em Córdoba, Argentina, e há alguns anos diretor daquele Observatório. Licenciado em astronomia, sempre deixou claro ser um estudioso da exobiologia. Numa entrevista sua, dada em 2008 ao Osservatore Romano (periódico oficial do Vaticano), alertou os católicos sobre a questão alienígena, dizendo: “Deus poderia ter criado vida inteligente em outras partes do universo e, se assim for, ‘eles’ seriam os nossos irmãos de outras Terras”.
Em dias recentes, durante uma semana especial de estudos organizada pela instituição astronômica que dirige, Funes avançou mais em suas ideias e declarou: “Embora a astrobiologia seja campo novo e tema em franco desenvolvimento, as questões relativas à origem da vida e sua existência em outras partes do cosmos são muito interessantes e merecem sérias considerações. São assuntos de implicações filosóficas, associados à teologia. Não reconhecer a existência de outras espécies inteligentes no universo seria menosprezar a capacidade criativa de Deus”.
Tais palavras, vindas de um proeminente científico da Igreja como ele, mostram o interesse do Vaticano na questão extraterrestre. Sua posição, altamente considerada por padres de todo o mundo, foi no sentido de não se colocar mais o homem como centro da criação universal, porque o impacto poderia ser contrário. Segundo especialistas do Vaticano, um contato formal com extraterrestres não estaria distante, seja pessoal, com astronave, ou à distância, por instrumentos.
Testemunho de monsenhor Capovilla
Justificando as iniciativas astronômicas da Santa Sé, cujo intuito fora entender o universo em suas várias facetas e a sugestiva vida extraterrestre no cosmos, destaca-se o que teria transpirado de monsenhor Capovilla, ex-secretário pessoal do papa João XXIII, pessoa que testemunhara junto ao pontífice o inusitado encontro alienígena.
Somente meio século depois, o notável religioso, então já ancião, em uma reunião com os membros de sua cúria, teria contado sua história invulgar, repercutida em várias partes. Os relatos são procedentes do italiano Alessandro Zavattero, chegados a nós, e a corroboração do cubano Santiago Aranegui, professor de arquitetura da Maimi Dade College e fundador da Rosacruz Lodge de Miami, organização fraternal dedicada ao estudo dos mistérios da vida e do universo, que repercutiu o caso no programa Tribuna Virtual, ao repórter mexicano Jahanan Díaz. Traduzimos aqui a narrativa original italiana:
A presciência de João XXIII
Indaga-se hoje: como interpretar a presciência de João XXIII sobre os UFOs e seu acerto ao prever futuros contatos com seres alienígenas?
A premonição do papa, então monsenhor Roncalli, efetuada em 1935, nos faz considerar que tal cometimento, segundo a ótica da Ciência Espírita, poderia ter sido acidental ou espirítico.
Caso fosse acidental, a locução da presciência teria ocorrido de improviso, com o próprio espírito do papa se emancipado espontaneamente do corpo e, na condição de alma liberta, vislumbrado ocorrências futuras. Caso fosse espirítico, haveria atuação de um espírito amigo, o qual, tendo a presciência dos acontecimentos futuros, poderia sensibilizar a mente de Roncalli e efetuar as premonições num fenômeno mediúnico. Na psicobiofísica espirítica, essas duas interpretações são válidas, mas assoma a indagação capital – como seria possível conhecer o futuro?
A resposta a essa questão foi dada por Allan Kardec, codificador espírita, em seu livro A Gênese [Opus, s.d., cap. Teoria da presciência]. Ele argumenta que muitos dizem não existir as coisas futuras, pois elas ainda não ocorreram, encontrando-se no nada; sendo assim, indaga: como saber que haverão de ocorrer?
Acontece que os casos proféticos são em grande número, tornando-se forçosa a conclusão de que se verifica neles um tipo de fenômeno cuja explicação falta a chave de entendimento, porque não há efeito sem causa. E a Ciência Espírita reflete sobre essa causa e mostra que as predições não se realizam excluindo as leis naturais. E o exemplo dado por Kardec é o das coisas usuais.
Ele explica supondo um homem colocado no cume de alta montanha, observando a vasta extensão da planície em seu derredor. Nessa situação, o espaço de alguns quilômetros pouco será para ele, pois poderá facilmente ver de um só golpe todos os acidentes do terreno, de um extremo a outro da estrada que lhe esteja diante dos olhos.
Acrescenta que um viajor a pé, que pela primeira vez percorra essa estrada, sabe que, caminhando, chegará ao fim dela. Mas isso constitui uma simples previsão da ocorrência que terá a sua marcha. Entretanto, os acidentes do terreno, as subidas e descidas, os cursos d’água a transpor, os bosques a atravessar, os precipícios que cuidará para não cair, as casas hospitaleiras onde será possível repousar, os ladrões que o espreitem para roubá-lo – tudo isso independe da sua pessoa, pois para ele é o desconhecido, o futuro. Isso porque sua vista não vai além da pequena área que o cerca. Quanto à duração da viagem, mede-a pelo tempo que gasta para percorrer o caminho. Se acaso lhe for tirado os pontos de referência, a duração desaparecerá.
Finaliza dizendo que para aquele homem posicionado em cima da montanha, que segue o pedestre com o olhar, tudo aquilo é presente. E supõe que se aquele homem descer de seu ponto de observação e for ao encontro do viajante, dizendo-lhe: “Em tal momento, encontrarás tal coisa, serás atacado e socorrido”.
Esse homem de cima da montanha estará predizendo o futuro, mas futuro para o viajante, não para ele, autor da previsão, pois para quem enxerga do alto, o futuro é o presente.
Kardec considera que quando se sai do âmbito das coisas puramente materiais e adentra-se ao estado de alma emancipada ou, ainda, em estado de contato mediúnico com um espírito evoluído, tem-se o mesmo fenômeno produzido em maior escala. Porque os espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; para eles, não existem dificuldades inerentes ao espaço e o tempo – enxergam tudo do alto e fazem a profecia. Mas a extensão da presciência e a penetração da vista são proporcionais à depuração do espírito motor e à elevação já alcançada por ele na hierarquia espiritual; ou seja, quanto mais evoluído, mais longa e profunda a visão profética.
Com essas explicações é possível afirmar, segundo a psicobiofísica espírita, que o papa João XXIII, por ser um espírito elevado, pôde acessar as altas esferas da espiritualidade e fazer as profecias, quer de modo anímico, em estado de alma emancipada, quer por efeito mediúnico, recebendo comunicação de espírito amigo, oriundo da esfera crística.
Mais tarde, em 1961, o encontro do Sumo Pontífice com a entidade alienígena (confirmado por seu secretário particular na época), denotaria o motivo pelo qual, nos idos de 1935, o papa profetizara. Aquela locução profética seria um preparativo para seu encontro com outra civilização do cosmos, como se realizaria depois, em Castel Gandolfo.
Contudo, não obstante sua presciência e o mérito de ser um espírito evoluído, ainda assim o Santo Padre preferiu silenciar o encontro; pois, certamente, considerou que os cristãos precisavam ainda de mais preparação para ter detalhes de tão extraordinário incidente, bem como os clérigos teriam de preparar-se ainda mais para aceitar um evento tão incomum. Portanto, nota-se que nos anos mais recentes não fora sem motivo o intenso esforço do Vaticano em conhecer a fundo astronomia, exobiologia e casuística ufológica, para vislumbrar melhor a pluralidade dos mundos habitados e adotar novas iniciativas na Igreja.
Seres ultrafísicos e transmutação insólita
Indaga-se: Como interpretar os relatos de contatos com seres sólidos de planetas do nosso Sistema Solar? Seria possível existir esse tipo de vida densa naqueles planetas? Ou seria apenas um desequilíbrio próprio dos contatados, sem chance de ser real? Tais indagações, caro leitor, podem ser respondidas tomando-se como fundamento alguns postulados da Doutrina Espírita.
Cientificamente, sabe-se que o nosso planeta, antes de solidificar-se e reunir condições de vida densa, passou por uma fase em estado de energia tão demorada quanto à fase sólida. Assim como a vida pôde eclodir e evolucionar na matéria densa, não haveria impedimento lógico para uma vida menos material que a nossa, postada no mundo das partículas, pudesse surgir e prosperar enquanto o aglomerado estivesse em estado de energia, firmando-se ali como inteligência de outra dimensão, antes de a vida eclodir na matéria densa tridimensional. De fato, postula-se esse tipo de vida não só nos planetas solares, mas em todos os orbes do universo.
Com tal postulado, considera-se também que, após a fase de condensação, as energias emanadas dos orbes sólidos puderam ofertar novas chances de progresso àquela vida rarefeita, possibilitando a ela, no mundo das partículas, novos e maiores avanços científicos, a ponto de ela dominar o processo de materializar e desmaterializar seus engenhos nos mundos tridimensionais como o nosso, culminando por fazer o mesmo com as suas próprias bioformas.
Dominando a transmutação insólita, seria possível àquele tipo de vida fazer experiências e interagir conosco, temporariamente, em estado sólido, postando-se numa oitava abaixo de sua escala rarefeita. Assim, seres ultrafísicos, naturais do mundo das partículas, cujas bioformas em estado original não podem ser notadas pelos olhos da carne, estariam agindo no mundo da matéria sólida, com artifícios técnicos e fazendo contatos com o homem, a ponto de serem percebidos.
Dir-se-ia que, tal como o homem, a entidade ultrafísica, em seu mundo natural, cumpriria também um ciclo de vida. Embora invisível ao homem, como os espíritos desencarnados, diferente destes haveria de nascer, crescer, desenvolver-se, reproduzir, envelhecer e desenlaçar-se de sua bioforma corpórea com a morte. Contudo, ao longo da vida, em sua esfera de origem, desenvolveria tecnologia e faria incursões a mundos tridimensionais como a Terra, para adquirir novas experiências e evoluir na ciência e na moral.
Dir-se-ia que assim como da reunião de átomos nascem na Terra os seres densos, de modo semelhante, da reunião de partículas subatômicas nasceriam, nas dimensões rarefeitas, outros corpos em que os espíritos corporificam, cumprindo, numa bioforma menos material, sua escalada de progresso num regime de vidas sucessivas.
Portanto, além dos círculos espirituais, naqueles distritos rarefeitos haveria também esferas em que viveriam entidades “encarnadas”, por assim dizer, as quais, para nós, seriam tão invisíveis como os espíritos errantes; embora, para ambos, haveria diferenças substancias, tanto na densidade corpórea quanto no propósito da vida, cumprindo, cada qual, seu propósito evolutivo.
Nas esferas ultrafísicas, certas bioformas teriam silhueta semelhante à nossa (fato confirmado na Ufologia por testemunhos), e tais seres realizariam atividades científicas avançadas, muito além das nossas. Se o quisessem, poderiam nos fazer percebê-los de modo raro (como testemunhado pelos contatados), dando consistência ao próprio corpo e aos engenhos que operam, sem que a nossa ciência, no atual estágio de progresso, possa interpretar positivamente suas aparições e seus contatos extraordinários.
Essa seria a razão dos incógnitos testemunhos que relatam a existência de entidades físicas nos planetas solares; bem como sobre encontros com tais entidades, casos ufológicos que confundem o raciocínio a ponto de desequilibrarem a pessoa humana, como, de fato, observam-se a muitos contatados. Por analogia, compreende-se que a mesma instabilidade poderia ser verificada aos religiosos não preparados, caso o papa João XXIII não fizesse silêncio de seu contato em Castel Gandolfo.
Vida menos material
Tais entidades seriam semelhantes àquelas publicadas em a Revista espírita [mar/mai.1867], no artigo Relato extraterreno de Lúmen, escrito pelo astrônomo Camille Flammarion. Kardec faria menção desses artigos em nota de rodapé do livro A Gênese [cap. Uranografia geral – sucessão eterna dos mundos, 51 – autoria de Flammarion], no qual remete o leitor àqueles textos da Revista publicada um ano antes.
Em outro seguimento, vem a explicação daquela vida incomum que, segundo os registros de Kardec, estaria “encarnada” em outro orbe. O codificador escreve: “Foi espalhada uma diversidade prodigiosa [de bioformas encarnadas], inimaginável, em todas as habitações etéreas que vogam no seio dos espaços” A Gênese [cap. A vida universal, 61].
Anos depois, em 1872, Flammarion publicaria na França os seus relatos extraterrenos de modo detalhado. De fato, no livro Récits de l’infini, o renomado astrônomo chama as entidades dimensionais de ultraterrestres (UTs), e insere esse nome na Primeira narrativa do livro. Em seguida, publicou-o também na Inglaterra, mas com o título Lúmen; no Brasil, a obra seria editada somente em 1938, pela Federação Espírita Brasileira, com o título Narrações do infinito.
Nessa obra, Lúmen se apresenta como espírito desencarnado, visita vários orbes do universo e relata o que vê. Explica que os seres encarnados em bioformas menos materiais teriam um corpo cujo interior seria, para eles, tão visível quanto o exterior.
Para Lúmen, os habitantes de Sírius são mais belos e aperfeiçoados que o homem. Fala que a beleza da virgem não se quebra pela fecundação, pois o amor e a maternidade não são ali contraditórios. Diz que o homem dotado de um corpo menos material se apercebe das operações físico-químicas que se realizam no interior do próprio corpo; enquanto na Terra, tendo um organismo terrestre, o homem não pode ver com os olhos da carne a maneira com que os alimentos são assimilados, o modo como o sangue, os tecidos, os ossos se renovam e como todas as funções se executam automaticamente, sem que o pensamento as perceba, como também não percebe a causa íntima das moléstias. Nos mundos menos materiais, ao contrário, a criatura sente os movimentos de sua manutenção vital, no mesmo grau em que o homem sente um prazer ou um sofrimento – a alma conhece absolutamente o corpo que ela rege de modo soberano. E Lúmen acrescenta de modo surpreendente: “Pode mudar de corpo sem passar pela circunstância da morte” [Narrações do infinito, FEB, 1979, frag. de p.164-67].
Explica que outra faculdade essencial dos habitantes dos mundos menos materiais é a de enxergar muito longe. Argumenta que aqueles seres não estão encarnados num envoltório grosseiro, são mais livres e dotados de elevada percepção ocular, podendo isolar a fonte iluminadora, apartando o objeto iluminado, e perceber detalhes de orbes distantes que ao homem ficariam encobertos. E arremata: “Os ultraterrestres possuem outras faculdades” [idem, frag. de p.18-20].
Kardec, por sua vez, relata esse tipo de vida rarefeita inclusive nos planetas do nosso Sistema Solar. Fala de espíritos que estariam ali encarnados em corpos menos materiais de uma natureza diferente da nossa, e dá entender que tais entidades seriam tão invisíveis para nós quanto os espíritos. E deixa patente esse tipo de vida em seus livros da codificação. Vamos observar algumas de suas explicações.
Querendo explicar a doutrina dos Espíritos de modo simples às pessoas com conhecimento apenas superficial dela, lançou O que é o espiritismo. Então fala [cap. III, 107] que há no cosmos mundos diferentes da Terra, cujos habitantes possuem um organismo físico menos materializado, não se sujeitando mais às dores e às doenças. E completa o seu raciocínio dizendo que há outros mundos ainda mais adiantados, onde o invólucro corporal é quase fluídico e aproxima-se, cada vez mais, da condição dos anjos.
Em O livro dos médiuns, ao comentar sobre os Médiuns pintores e desenhistas [cap. XVI, 190], registra que certa feita surgiu grande número de pretensos médiuns desenhistas, que em razão dos feitos mediúnicos de Victorien Sardou se fizeram instrumentos de espíritos zombadores, os quais se divertiam fazendo desenhos ridículos e grotescos. Tais obras não se aproximavam aos notáveis desenhos feitos mediunicamente por Sardou sobre os habitantes de Júpiter, publicados na Revista espírita [ago.1858].
O artigo da Revista, que Kardec remete o leitor naquela sua obra básica para estudo complementar, dá que os habitantes daquele orbe têm tamanho maior que o do homem, mas possuem a forma humana. Entretanto, a bioforma é mais bela e mais pura, lembrando um foco vaporoso e imaterial, todo luminoso, sobretudo os contornos do rosto e da cabeça, de onde a inteligência irradia como foco ardente.
Compreende-se que tal esfera de vida seja etérea, e que tudo do que é falado seja etéreo. Não há dificuldade para se entender que tais habitantes sejam ultrafísicos, algo semelhante à entidade enigmática que fez contato com o papa João XXIII, pois a descrição do sumo pontífice dá conta de “um ser absolutamente humano, mas envolto em uma luz tênue, delicada e penetrante”.
De fato, em O evangelho segundo o espiritismo, falando sobre os Mundos superiores e inferiores – item 9, Kardec registra que nos orbes adiantados a forma corpórea é sempre humana, embora mais embelezada, perfeita e pura, mas o corpo nada tem ali da materialidade terrestre. Os sentidos são mais apurados, sem o embotamento dado pela grosseria dos órgãos da carne. O peso corporal específico torna a locomoção mais rápida e fácil – desliza na superfície e, na atmosfera, se alça sem esforço, senão o da vontade, à maneira dos anjos.
O codificador informa que a tal entidade apresenta-se aos amigos na sua forma conhecida, mas iluminada por uma luz divina, transfigurada por suas impressões interiores que são sempre elevadas. Traz no rosto o brilho que os pintores traduzem pela auréola dos santos.
Durante a vida, o “encarnado” em matéria rarefeita goza de uma lucidez que o põe em estado de quase permanente emancipação da alma, podendo interagir, também, em seu estado natural, nas esferas espirituais, contatando entidades desencarnadas. Fala por transmissão de pensamento e a morte não lhe causa horror algum.
Em linhas gerais, a descrição do ser ultrafísico, dada por Kardec, expressa os caracteres de certas entidades alienígenas que fazem contato denotando alta moral-social. Tais contatos procedem de tempos remotos e foram registrados inclusive nas Escrituras Sagradas de vários povos. Sugestivamente, entidades dessa natureza e desse naipe teriam feito contato com o papa João XXIII.
Como seria possível vir de tão longe
Os científicos mais exigentes questionam como entender que uma civilização de outro sistema, gente física como nós, tendo que viajar presumidamente a uma velocidade tão alta, incompatível com a manutenção da vida, e por milhares de anos além do seu ciclo vital, possa chegar aqui saudável, fazer contato pessoal, falar a nossa língua e voltar incólume ao seu distrito espacial distante.
Na verdade, esses científicos misturam uma entidade com outra, e não sabem interpretar a chamada “questão extraterrestre”. Considerando-se a Doutrina Espírita, como vimos, não há dificuldade para interpretá-la, quer sejam os alienígenas seres sólidos, como nós, quer entidades menos materiais, semelhantes aos espíritos. Considerando-se a existência de ambos, tudo fica mais resolúvel, por assim dizer.
Tivemos a oportunidade de escrever longamente sobre algumas hipóteses de como os ETs chegariam à Terra, e o fizemos no livro Os escolhidos [Lúmen, 2009]. Mas, para quem não é cientista, assim como nós, tudo fica sempre no campo das hipóteses, as quais precisam ser testadas para comprovação ou reformuladas, em busca de alternativas para interpretar a enigmática viagem ET.
Oficialmente, a resposta da nossa ciência para a questão extraterrestre é apenas uma: o alienígena de mundo tridimensional não pode chegar aqui! Para ela, espaçonave nenhuma poderia viajar a velocidade da luz, pois todo material sólido se transformaria em energia, extinguindo todo tipo de vida física.
Para a ciência, em seu estágio atual, não se pode viajar sequer próximo da rapidez da luz; e mesmo que, hipoteticamente, uma viagem relativística fosse conseguida, a própria velocidade da luz seria insuficiente para seres densos alcançarem outras galáxias ou outros pontos distantes da nossa própria galáxia, que tem 100 mil anos-luz de diâmetro.
Na melhor das hipóteses, seria preciso viajar milhares de anos, superando de muito a longevidade vital de qualquer criatura física de qualquer parte do universo. Para a ciência, a velocidade da luz não pode ser ultrapassada. Mas, segundo os testemunhos ufológicos, os ETs parecem superá-la de muito, pois chegam à Terra quase sem gastar tempo.
Tais objeções pouco significam para pessoas que viveram a experiência ufológica e ficaram convencidas do contato; afinal, foram elas que viram o insólito, não o científico que quer explicar tudo, sem ter visto nada e cometendo enganos típicos de quem nada viu.
Para elas, não seria prudente instruir o papa, os oficiais da Força Aérea e todo tipo de gente séria (testemunhas pessoais do fenômeno), em pleno estado de saúde física e mental, gente altamente qualificada, que se houver um contato alien considerem apenas não ser possível; que o avistamento e o contato são apenas ilusões e digam aos ETs para voltarem ao orbe de origem, pois a nossa ciência diz que “eles” não podem chegar aqui. Sem dúvida, caro leitor, para tais testemunhas uma postura como essa seria absurda!
O papa João XXIII, pouco antes de desencarnar, tinha ao seu lado alguns religiosos mais próximos, que não obstante escutarem o burburinho de anos e verem o papa em seu jardim perscrutando os céus, ainda assim tinham dúvidas. Monsenhor Higinio Alas Gomez assegura que um dos religiosos presentes ao leito de morte indagou ao papa sobre o extraordinário encontro. João XXIII apenas lhe disse: “Isso levo comigo, em meu coração”. E Alas Gomez considerou ainda que o encontro do Santo Padre com o ser que não era humano causou-lhe modificações íntimas. Disse que o papa já era um grande visionário, mas o encontro inesperado abriu profundamente sua mentalidade, sua visão cosmológica e o desejo de que a Igreja se abrisse plenamente para a humanidade.
Não obstante os relatos e os vídeos divulgados pelos ufólogos, um pesquisador do Centro Ufológico Ferrarese buscou o arcebispo Capovilla. E, na manhã de 06 de março de 2010, ligou para ele. Após se apresentar, expôs brevemente a questão e pediu sua confirmação do caso. O arcebispo com voz suave, nítida e segura, respondeu-lhe com palavras simples e cordiais, dizendo que ninguém o havia alertado sobre a divulgação e que do caso em si nada sabia. Mas confirmou que estaria ligado ao assunto em razão do interesse de alguns religiosos da sua corte sacerdotal. Nas entrelinhas, segundo o pesquisador, dava entender que certas vezes na boca das pessoas são colocadas frases não pronunciadas e eventos não existentes, ao menos não de acordo com o conteúdo externado. Contudo, caro leitor, como na Ufologia o que não falta é o silêncio calculado e o desmentido oficial, embora Capovilla não tenha desmentido nada publicamente quanto ao livro de Pier Carpi, à publicação do The Sun e às palavras do papa no leito de morte, o conjunto de evidências sobre o contato papal permanece forte e não pode ser descartado.
Considerando os testemunhos atuais, seria melhor que os nossos cientistas estudassem a questão alienígena procurando vê-la com outros olhos, sem o preconceito imobilizador. Oportuno seria entender o extraordinário, formular outras teorias ou aprofundar as já existentes, no intuito de encontrar outras chances e alastrar os limites atuais do conhecimento científico, visando interpretar a questão ET de modo satisfatório.
Sem dúvida, esta alternativa nos parece a mais sensata, aquela que deveria guiar as ações criativas do homem e o seu desenvolvimento científico, pois hoje não há cientista digno de crédito que não considere teoricamente a existência de vida em alguma parte do universo. E se essa vida extraterrestre, na verdadeira acepção da palavra ET, for milhões de anos mais avançada que a nossa, por certo ela já teria desenvolvido tecnologia que, para nós, humanos, seria algo comparável à magia. Nada do que conhecemos em termos científicos seria parecido.
Portanto, não é porque não sabemos fazer as longas viagens que outras civilizações não possam fazê-las. E não se descarta que agora mesmo, os ETs estejam nos observando de algum ponto distante do cosmos ou, veladamente, de algum ponto da própria Terra, semelhante a nós quando observamos as formigas, que nada sabem da nossa existência.
Para as indagações capitais, apenas a nossa ciência poderá respondê-las com propriedade, após estudar detidamente a questão alienígena e aprimorar-se nas teorias e postulados a ela pertinentes, porque quanto mais se vislumbra o futuro, mais se compreende os enigmas do presente.
Pedro de Campos é autor dos livros: Colônia Capella; Universo Profundo; UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos; Lentulus – Encarnações de Emmanuel, publicados pela Lúmen Editorial. E também dos recém-lançamentos: A Epístola Lentuli e Arquivo Extraterreno. E dos DVDs Os Aliens na Visão Espírita, Parte 1 e Parte 2, lançados pela Revista UFO. Conheça-os!
Corrado Balducci sobre Espíritos e UTs: