Pedro de Campos
O Caso Cláudio Pastén revelou-se complexo aos investigadores. De início, a testemunha presenciou um fenômeno de contato sugestivo de holografia, em seguida, sobreveio o evento de abdução, exaustivamente pesquisado por hipnose, durante a qual entidades espirituais foram canalizadas pela testemunha até sobrevir o agendamento de um contato de terceiro grau com exibição da nave nos céus. Vamos observar aqui alguns detalhes deste caso intrigante, considerando os postulados das escolas ufológicas, notadamente da Psicocultural, idealizada por Jung.
Se a Ufologia fosse apenas o exame dos indícios físicos obtidos por fotos, filmes e raros vestígios materiais, por certo ela já teria sucumbido e não haveria interesse em pesquisar os “borrões de luz” que, no mais das vezes, são apresentados como objetos voadores não identificados. O que causa maior curiosidade e incentiva a investigação são os relatos de pessoas que fizeram contato com o fenômeno UFO e tiveram coragem de divulgá-lo publicamente.
Neste contexto, encaixam-se os melhores casos ufológicos, ou seja, os contatos de terceiro e quarto graus, nos quais as testemunhas entram em relação direta com seres alienígenas, quer de modo amigável quer pelo impositivo da abdução. Em ambos os casos, a dificuldade do contatado é sempre convencer os outros sobre a realidade factual de sua experiência, e o quebra-cabeça dos ufólogos é certificar a verdade com evidências físicas, tanto quanto possível.
A experiência vivida pelo cidadão chileno Juan Cláudio Pastén Toro, talvez tenha sido a mais discutida dos últimos anos em seu país. Seus avistamentos, contatos e abdução intrigaram boa parte dos ufólogos. As evidências de uma relação com entidades evoluídas apresentavam-se promissoras, segundo os pesquisadores. E a averiguação dos fatos veio mostrar as várias facetas de um fenômeno intrigante. Não foi à toa que a empresa de filmes Nova Imagem entrou na investigação, assessorada pelo ufólogo chileno Rodrigo Fuenzalida Herrera, e produziu, no decorrer das pesquisas, a película que acabou sendo levada ao ar pela TV Nacional do Chile.
Herrera escutara pela primeira vez o nome de Cláudio Pastén no programa Mundo Espacial, apresentado por Patrício Varela e transmitido pela Rádio Portales do Chile. Ouvira que Cláudio, a 4 de fevereiro de 1994, junto com alguns colegas da Companhia de Eletricidade do Chile (Chilectra), onde trabalhava como técnico de informática, – havia tirado uma foto em que aparece ao fundo um objeto voador não identificado. O caso foi arquivado por Herrera, sem investigação, porque a notícia fora dada apenas como mais um caso de UFO, não havendo a participação da testemunha para contar sua experiência.
Três anos mais tarde, a produtora de filmes, interessada em fazer um documentário sobre UFOs, procurou Cláudio e nas conversas soube de algo ainda mais intrigante – uma sugestiva abdução. A produtora, para se assegurar, pediu ao ufólogo Herrera para entrevistá-lo. E durante a conversa o perito notou um “tempo perdido” na memória da testemunha, denominado Missing Time, sugestivo de abdução.
Contato de terceiro grau e sessões de hipnose
Cláudio falou de um contato de terceiro grau que tivera em 1997, no Monumento Natural El Morado, em Cajón del Maipo, a 93 quilômetros a sudeste de Santiago do Chile, perto de San José de Maipo. Deu conta de que corria a noite de 16 de maio, entre 22h30 e 23h00, quando o insólito acontecera. Ele estava acampado à beira do lago triangular El Morado, a 2.500 metros de altura, em meio à região montanhosa, a pouca distância da barraca de dois alemães, que se apresentaram a ele como Johanes e Johansen, dizendo, segundo sua declaração, serem da localidade alemã de Wilburg.
Naquela noite, olhando na região sudoeste do céu, Cláudio notou um par de luzes amareladas, que se aproximaram rapidamente do monte El Amarillo. O moço alardeou, chamando a atenção dos alemães, que não apresentaram reação nenhuma. Foi então que a luz da direita, observada por ele, aproximou-se pela primeira vez da luz que estava ao lado dela. Uns três segundos depois, a luz subiu o relevo de uma colina, movimentou-se para cima, abaixou e, juntando-se à outra, avançam juntas para o pequeno lago, na borda do qual estava Cláudio.
A testemunha se recordou perfeitamente que as bolas luminosas mergulharam no lago e passearam na água, iluminando rochas e algas, enquanto as algas se moviam na superfície com o passar das luzes. Curiosamente, as duas luzes fundiram-se em apenas uma, tomando a forma de uma bola de Rúgbi, que da água sobressaía apenas à metade.
Em ato contínuo, da metade fora d’água desgarrou um raio de luz que se ampliou aos poucos, dando origem a duas entidades luminosas, tipo humano, mas de enorme estatura [Seria um holograma?]. A primeira tinha três metros de altura, a segunda, dois metros e meio. As entidades tomaram a iniciativa, dizendo os seus nomes: Irenko e Tarsis. Daí para frente, tudo era obscuro para a testemunha, havia uma perda de consciência, um “tempo perdido” que sugeria outro tipo de pesquisa. Para saber mais, a alternativa era realizar sessões de hipnose, para tentar recordar.
Cláudio foi convidado pela produtora a realizar regressão hipnótica com o hipnoterapeuta Cristóbal Schilling Fuenzalida, psicólogo diretor do Centro de Hipnose Clínica do Chile. A sessão inicial fora intrigante, dando motivo a mais duas, solicitadas pela produtora, e ainda duas outras, particulares de Cláudio. As regressões filmadas deram motivo a pesquisas que levaram a equipe a outros especialistas: ao psicólogo Gonzalo Pérez, da Universidade do Chile, e ao médico, professor de psiquiatria da Universidade de Harvard, Dr. John Meck, que foi consultado pessoalmente, nos Estados Unidos.
Durante as sessões, Cláudio se viu levado pelas entidades para outra civilização do cosmos, a uma cidade fantástica com edificações piramidais e edifícios transparentes como se fossem de cristal, mas com pessoas e crianças assim como na Terra, embora fossem luzentes e muito maiores em tamanho.
De modo incomum, os seres podiam captar os pensamentos entre si, comunicando-se por telepatia, inclusive com Cláudio. E este fato seria uma evidência da evolução moral daqueles seres, pois captando pensamentos e conhecendo as reais intenções de todas as pessoas com quem se interage, somente permaneceriam juntas as que fossem amigas, fraternas e leais, o que parecia ser o caso daquela civilização inteira.
Para surpresa do hipnólogo, Cláudio, em estado hipnótico, passou a canalizar entidades que se diziam conhecedoras da Terra desde há muito – seriam os verdadeiros “Anjos do Senhor”. Uma entidade se manifestou falando em língua desconhecida, chamada de “Corania”, mas a pedido do hipnólogo traduziu os seus próprios dizeres. Disse que a presença de sua civilização na Terra ficara registrada no Genesis 6, livro do Antigo Testamento. Pesquisada a indicação, havia escrituras sobre os “filhos de Deus” e a presença de “gigantes” na Terra, que seriam alusivas às entidades canalizadas.
Ao longo das sessões, manifestaram-se outras personalidades por intermédio de Cláudio: Irenko, Tarsis, Ivio, Dronka, Dorka, Orkoav, Morkav. Mas foi Irenko quem mais se comunicou, e sempre o fez de modo enigmático, expressando-se de modo alegórico e requerendo do hipnólogo a decifração dos enigmas que lhe propunha. Em suma, na maior parte das vezes, a personalidade Irenko não se expressara de modo claro e objetivo, como seria de esperar de uma entidade muito evoluída. E culminou, durante o transe hipnótico, por marcar um encontro de terceiro grau para ocorrer 33 dias após a sessão.
Nos dias que intercalaram as regressões até o encontro marcado, Cláudio foi examinado por alguns especialistas: psicólogo, clínico geral e psiquiatra. Os médicos fizeram checagem completa e análises detalhadas, atestando, por meio de laudo escrito, sua perfeita saúde física e mental.
Pesquisando seu passado, um dos amigos de Cláudio disse que desde criança suas famílias pertenciam a uma comunidade que fazia retiro espiritual nas regiões montanhosas e recebia guias espirituais, denominados Luther, Nicasio e Mariano. Os guias lhes ensinavam passagens da Bíblia, associando o conhecimento de si mesmos e o da natureza.
Hoje, Cláudio segue recebendo mensagens de Irenko, tido agora como seu guia. Vive numa comunidade que formou nas elevações da Cordilheira dos Andes, perto de Combarbala. Dá palestras e entrevistas. Fala das mensagens que recebe agora de modo espontâneo e, com elas, já publicou três livros, um dos quais é Irenko e a Cidade de Cristal. As entidades se manifestam por seu intermédio num efeito físico de psicofonia, com substancial alteração gutural que lhe modifica a voz. Nesta condição, já deu várias entrevistas de rádio, falando em sentido espiritual sobre a “chegada dos tempos” e divulgando a Ufologia Esotérica.
Suas exposições religiosas criam um clima favorável em alguns crentes que se aproximam de sua comunidade. Mas as suas divulgações, como verticalização do eixo da Terra, catástrofes naturais e política com guerra total, não são corroboradas por fatos inequívocos. E não obstante a curiosidade de muitos por seus relatos sobre entidades contatadas e a discutida Cidade de Cristal, os mais ponderados se afastam dele. Uns dão as entidades como pseudossábias, outros, consideram Cláudio um fanático, e outros, ainda, como conhecedor dos mistérios alienígenas.
Quem o acompanhou nas regressões e nos trabalhos que resultaram nos programas de televisão, garante que ele não recebeu nenhum pagamento pelo que fez. E qualquer crítica à sua moral seria totalmente infundada. Trata-se de homem honesto, sensível e de bom coração, dotado de notável paz interior. Vive num local de natureza farta e trata as pessoas com muita fraternidade. Não procura ninguém, mas é muito procurado e dedica-se à tarefa que diz ter abraçado.
Na Ufologia, de modo acadêmico, considera-se que das três escolas ufológicas mais conceituadas (Psicocultural, Extraterrestre e Ultraterrestre), a interpretação mais sugestiva para o caso em questão seja a da escola Psicocultural de Jung. Esta escola dá conta de que os avistamentos com conteúdo apenas psicológico apresentam características peculiares, semelhantes às notadas em Cláudio, sobressaindo-se dois fatores: as Ilusões míticas e as Percepções místicas.
Conceito de “Ilusões míticas”
Segundo Jung, em seu livro Um mito moderno sobre as coisas vistas no céu [Petrópolis, Vozes, 1988], as “Ilusões míticas” estão caracterizadas por paineis visuais que não coincidem com a realidade factual, mas são oriundas de fantasias adstritas desde há muito no inconsciente do observador.
Esses conteúdos, quando sob forte motivo psicológico, se projetam ao consciente e formam imagens que parecem reais à testemunha. Suas causas psíquicas podem ser várias, e nem sempre identificáveis, mas a narrativa da testemunha reflete sempre algo maravilhoso, geralmente digno de espanto ou de admiração. No caso em questão, a hipótese de “Ilusão” também foi defendida por Cristóbal Schilling, profissional que hipnotizou Cláudio.
Segundo Jung, também ao ver um hipotético UFO, o inconsciente do observador pode transbordar seu conteúdo ao consciente e preencher os espaços vazios, formando uma visagem toda particular da testemunha, diferente da realidade factual. Contudo, embora o avistamento possa ser o fato causador de uma “Ilusão mítica”, por ser a “Ilusão” produto exclusivo da mente não apresenta evidência física exterior. Logo, um contato deste tipo jamais existiria na realidade factual, confirmando, assim, a hipótese Psicocultural. Tal interpretação, segundo Jung, poderia ser retificada se houvesse alguma evidência física corroborando a descrição da visagem, como, por exemplo, uma foto, o que não foi apresentado.
Ponderações sobre “Percepções místicas”
As “Percepções místicas”, por sua vez, são fenômenos caracterizados por visagens que revelam um estado alterado de “agudeza espiritual”. Segundo proposta da Psicobiofísica, esta “Percepção” é um sentido que os olhos da carne não podem ver, mas sim as faculdades da alma, a qual, em estado emancipado, captaria a imagem no mundo espiritual e a transmitiria ao consciente cerebral. Exemplo dessas “Percepções” seriam as aparições marianas, que muitos dizem ter visto, mas outros não. Seu caráter é subjetivo e geralmente particular da testemunha ou de um grupo místico, difícil de ser corroborado por efeitos físicos que possam ser registrados por tecnologia.
A testemunha, sob hipnose (ou em estado de recepção mediúnica), pode verbalizar o mistério psíquico como se fosse uma personalidade exterior atuando em sua mente. No caso em questão, tal hipótese foi defendida pelo psicólogo Gonzalo Pérez, da Universidade do Chile, quando assistiu à primeira sessão hipnótica de Cláudio, conduzida por Schilling. Mas como não há, ainda, aparelhos que possam certificar a existência de uma personalidade externa agindo na mente do receptor, a “Percepção mística”, caso induzida por uma entidade exterior, canalizada pela testemunha, poderia, se tal personalidade fosse real, se apresentar com alguma evidência física para certificar o contato.
Um encontro previamente marcado, no qual o alienígena apresentasse a nave nos céus, resolveria a questão física. A exibição da nave permitiria fazer fotos e filmes, patenteando, assim, o evento alien. Poderia, também, validar a interação psíquica durante a hipnose, certificando a manifestação da entidade na mente do canalizador. E tal encontro teria de ser tratado com a entidade, durante o transe hipnótico. E o foi. De fato, durante o transe, o alienígena marcou um contato vindouro, para ocorrer 33 dias depois.
Ao longo do mês, o encontro prenotado recebeu todos os cuidados técnicos para registrá-lo; mas, para decepção da equipe de televisão, na data aprazada a nave alienígena não veio; portanto, não pôde ser filmada. Apenas um membro da equipe, além de Cláudio, disse ter percebido (talvez num efeito de clarividência), uma luz distante, não avistada pelos demais membros nem captada pelas câmeras de televisão. E quanto aos dois alemães que teriam testemunhado o evento inicial, eles não foram localizados nem fizeram contato após a divulgação do caso pela televisão e internet.
A conclusão técnica do Caso Cláudio Pastén se fez decorrente. O fiel da balança pendeu a favor da hipótese Psicocultural, em detrimento das teorias Ultraterrestre (evento psicobiofísico, sugestivamente produzido por entidades de outra dimensão) e Extraterrestre (evento físico, sugestivamente produzido por seres de mundos tridimensionais). De modo cientificamente aceito, a abdução e os contatos relatados pela testemunha se produziram apenas em seu psiquismo, sendo interpretados pela proposição psicológica de Jung.
Exceção à regra
A exceção à regra ocorre em termos psicobiofísicos, na linha de interpretação favorável à hipótese de “Contato espiritual”, uma posição ainda não corroborada pela ciência por falta de tecnologia capaz de alcançar o imponderável mundo das partículas, no qual inteligências de outra dimensão estariam atuando no contatado.
Para esta linha interpretativa, o caso em questão teria sido produzido por entidade ultrafísica, não pertencente a mundo tridimensional, mas a uma localidade fora da matéria densa, na qual estaria vivendo e evolucionando. Teria um corpo quase espiritual, por assim dizer, e um grau de saber científico e moral superior ao nosso, embora não tão avançado quanto supunham os pesquisadores. E esta insuficiência seria a razão de não ter podido materializar sua nave, dando a impressão de ter faltado ao encontro marcado, ao qual estaria presente de modo invisível, percebido por clarividência, conforme percebera Cláudio e um dos membros da equipe.
Apenas por lógica, devemos ressaltar que uma entidade ultrafísica, verdadeiramente evoluída, oriunda de um “mundo Divino”, por exemplo, não precisaria impor uma abdução – o homem já lhe seria bem conhecido e, por lógica, faria apenas um convite, ficando sob critério do contatado a decisão de ir ou não; nem cometeria o engano de falar sem a necessária objetividade e marcar um inocente encontro de terceiro grau que não se realizaria, desmoralizando a si mesma e ao contatado.
Então é imperioso concluir que a entidade não poderia ser tão evoluída como imaginavam os membros da equipe. Mas poderia, talvez, ser oriunda de um “mundo Ditoso”, uma localidade dimensional onde o bem sobrepujaria o mal. Contudo, ainda assim, estaria tentando galgar degraus mais altos da ciência e da moral. Em sendo assim, os gigantes mencionados no Genesis 6 não seriam tão evoluídos, poderiam ter “gostado das filhas dos homens e com elas tido filhos”, conforme mostra a narrativa do Antigo Testamento, escritura apontada pela entidade como registro de sua estada na Terra no passado.
Para muitos, há chances de tal contato ser verdadeiro. A dificuldade por ora é o “espiritual” ser apenas uma crença que admite contatos com a nossa civilização. Afinal, além de Cláudio, tais relatos procedem também de outras testemunhas, tidas como confiáveis, as quais transmitem informes de entidades que dizem atravessar as amplidões estelares viajando por fora do nosso espaço, quase sem gastar tempo.
Embora com tal filosofia nos seja possível imaginar uma visita alienígena à Terra, tais informes contrariam a Teoria da Relatividade e afastam a Ufologia dos postulados científicos. Razão pela qual a interpretação do Caso Cláudio Pastén fundamenta-se academicamente na “hipótese Psicocultural”, não se descartando, também, um contato por “holografia”, relegando, a um plano menor, segundo a ótica científica, o “contato espiritual”, hoje suportado apenas na crença.
Para outros desenvolvimentos assista ao vídeo completo do Caso Cláudio Pastén, com as sessões de hipnose.
Pedro de Campos é autor dos livros: Colônia Capella; Universo Profundo; UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos; Lentulus – Encarnações de Emmanuel, publicados pela Lúmen Editorial. E também dos recém-lançamentos: A Epístola Lentuli e Arquivo Extraterreno. E dos DVDs Os Aliens na Visão Espírita, Parte 1 e Parte 2, lançados pela Revista UFO. Conheça-os!
Caso Cláudio Pastén – 1ª Parte, 56m16s:
Caso Cláudio Pastén – 2ª Parte, 52m00s:
Caso Cláudio Pastén – Hipnose completa, 1h36m40s: