Pedro de Campos
Nos anos da década de 1860, uma pergunta intrigante veio à baila. Alfred Russel Wallace (1823-1913) se encarregou de propô-la ao meio cultural naturalista da velha Europa. A questão era sumária: “Como o homem arranjou um cérebro tão acima de sua necessidade?” Se isto pudesse ser respondido, então a história da evolução humana ficaria um pouco mais completa. Os cientistas procuraram respostas, mas, até hoje, a ciência não respondeu a indagação de modo satisfatório.
Quando Charles Darwin recebeu a questão de Wallace, ele ficou tão contrariado que resmungou alto, pegou uma caneta e exclamou em letras garrafais: “Não!”. Além disto, sublinhou pesadamente o “não” por três vezes, mostrando toda sua indignação. Àquele tempo, Darwin preparava outro livro, A Origem do Homem, que complementaria o anterior, A Origem das Espécies. Se Darwin e Wallace tinham posições quase idênticas quanto à evolução das espécies, no que se refere ao homem eles divergiam num ponto capital, que vamos ver aqui.
Darwin via o aparecimento do homem como resultado de um prodigioso jogo de acasos, no qual a natureza teria arranjado e feito progredir, por si mesma, todas as formas vivas, até uma delas chegar à forma humana. Para Darwin, o aparecimento de um cérebro avantajado no homem teria sido resultado de constante seleção sexual; concordava, também, que teria havido longa luta de homem contra homem e de tribo contra tribo, porque, para ele, somente isto poderia justificar o fato de o homem ter superado de muito a evolução dos primatas.
Wallace, ao contrário de Darwin, no caso da evolução humana considerava que para a forma viva original saltar ao estádio humano, algo muito especial teria de ter ocorrido. Estava convicto de que somente um processo evolucionário dirigido, com controle externo, poderia ter formado o homem e lhe dado um cérebro avantajado. E que a principal evidência desse processo dirigido estaria na capacidade do cérebro, a qual era muito superior à necessidade humana nas Eras recuadas da pré-história.
Para argumentar, Wallace indagava: “Como foi que o homem pré-histórico arranjou um cérebro tão acima de sua necessidade?” Sua explicação era um tanto incomum; pois, para um cientista como ele, seria um verdadeiro contrassenso falar de “controle espiritual externo”. Mas Wallace tinha observado fatos extraordinários, que corroboravam a sua teoria: havia testemunhado a materialização de espíritos.
Para compreendermos a indagação de Wallace, é preciso considerar que na evolução dos seres vivos o processo de mutação genética pode ocorrer motivado por alimentação, clima, condições imperiosas de vida e outros fatores. Acrescentando, como queria Lamarck (1744-1829), “a função também cria o órgão”. Na época, o estudo da evolução sugeria que o órgão apareceria se houvesse uma necessidade vital para executar a tarefa, apenas isto. Mas o desenvolvimento do órgão estaria na medida justa dos melhores exemplares da espécie, e não muito acima dos melhores elementos, como era o caso do homem pré-histórico e sua avantajada máquina cerebral.
Como naquela época os fósseis de seres humanos eram escassos, a evolução do homem foi explicada pelos darwinistas adotando-se como elo perdido os nativos de tribos primitivas. Wallace, por sua vez, tinha vasta experiência com selvagens. Ele houvera trabalhado anos a fio com os índios da Amazônia e da Malásia. E em razão dessas vivências, houvera abandonado a ideia comum de que os nativos eram de uma estirpe mentalmente inferior. Afinal, os selvagens tinham um cérebro infinitamente superior à simples necessidade de colher frutos no bosque, como realmente o fizeram por milênios. Então Wallace indagava: Para que um cérebro tão avantajado como aquele?
Ele houvera estudado também os macacos. E dentre os do ramo antropóide, houvera “acompanhado um filhote de orangotango, chamado pelos nativos de ‘homem da floresta’, e visto que o filhote se comportava como um menino em circunstâncias idênticas: balouçava-se no berço, brincava com os paus e trapos e gritava quando a comida não lhe agradava, assim como uma criança irritada”.
Então, “se é assim”, disse Wallace a Darwin, “por que se desenvolveu um órgão tão superior às suas necessidades? A seleção natural só poderia ter dado ao selvagem um cérebro pouco melhor que o do macaco; mas, ao contrário, o selvagem dispõe de um cérebro avantajado, equiparado ao do homem da nossa sociedade”. E prosseguiu: “Temos diante de nós um instrumento cerebral desenvolvido, a um ponto tal que vai além das necessidades de seu portador”.
Considerando o extenso período da pré-história humana, Wallace contrariou ainda mais a posição de Darwin, fazendo uma colocação que era verdadeira heresia científica. Disse ele: “Não é possível explicar as capacidades artísticas, as matemáticas e os dons musicais somente com a seleção natural e a luta pela vida. Alguma coisa mais deve existir, um elemento espiritual desconhecido deve ter agido na elaboração do cérebro humano”, finalizou.
Ao escutar esta última colocação, Darwin rebateu firme: “Se o senhor não me tivesse feito pessoalmente tais observações, eu certamente imaginaria terem sido de outra pessoa. Difiro gravemente do senhor”. Embora Darwin tivesse sido firme contra a “proposição espiritual” de Wallace, ainda assim não respondera a questão relativa ao cérebro avantajado do homem. E a resposta convincente nunca viria.
Wallace, por sua vez, considerou que se a evolução humana tivesse sido explosiva, como, de fato, hoje sabemos que o foi, ou seja, muito rápida em relação aos primatas, isto poderia implicar na existência de uma “força espiritual” comandando o processo. E nos tempos que se seguiram, muitos fósseis de seres humanos foram encontrados, mas os verdadeiros elos entre um tipo ancestral humano e outro não foram achados.
Sabemos que os primatas surgiram há 65 milhões de anos. Os primeiros antepassados da espécie humana emergiram cerca de 5 milhões de anos atrás. A passagem do Homo erectus para o Homo sapiens, comparando-se à de outros tipos de espécies vivas, fora repentina. Como se observa atualmente, o Homem sapiente moderno é recentíssimo: seu cérebro, avantajado, surgiu por volta de 200 mil anos, na África; em torno de 70 mil anos esse tipo de homem é encontrado no Oriente Médio; por volta de 40 mil anos ele já se apresenta claramente na Europa, numa forma ainda bruta; e há 20 mil anos, sem ainda conhecer o arco e flecha, o homem adquire um corpo de feições graciosas, deixa a forma brutal e fica como hoje. Portanto, como previu Wallace, a evolução do homem fora realmente explosiva em comparação aos primatas. E o mistério do cérebro ainda continua.
É claro que a ciência depois procurou dar sua versão para isto, alegando que a infância prolongada do homem e as ideias fervendo em sua mente teriam desenvolvido a caixa craniana e a máquina cerebral. É certo que após o surgimento da razão, sua capacidade de pensar aumentara muito. É certo também que a revolução de ideias fora responsável por grandes avanços culturais. Assim como não há dúvida de que o homem seja o mais novo e o mais inteligente habitante da Terra. Mas, também, é verdade que a sua máquina cerebral de hoje é a mesma da do Cro-Magnon, homem pré-histórico que sobrepujou o Neandertal e dominou a Europa há 30 mil anos.
Aquele ser troglodita, sem cultura alguma, não usava, como já sugerido por importantes naturalistas, mais do que 1% de sua capacidade cerebral para fazer ferramentas de pedra, caçar, pescar e colher frutos. E o homem de hoje, como já foi observado por alguns sábios da humanidade, usaria estimadamente 10% de sua capacidade cerebral, número que se tornou um mito. Considerando-se isto, haveria uns 90% de capacidade instalada ainda a ser desenvolvida, aguardando novas aquisições do homem.
Esta capacidade cerebral tão grande, além do necessário, não se explica com a teoria evolutiva. Com a teoria, não haveria necessidade de desenvolver o cérebro de hoje em épocas tão recuadas. E sob esta ótica, talvez leve ainda milhares de anos até o cérebro humano esgotar sua capacidade instalada, antes de ampliar-se novamente de modo semelhante ao já ocorrido na pré-história, quando o cérebro aumentou de tamanho e de capacidade, conforme mostram os fósseis mais recentes, época em que o tipo moderno superou seu antecessor.
Em razão disto, cabe-nos aqui lembrar Wallace: “Como foi que o homem arranjou um cérebro acima de sua necessidade?”. E ele mesmo respondeu: “Um elemento espiritual desconhecido deve ter agido na elaboração do cérebro humano”. Portanto, a origem do cérebro não parece exclusivamente natural. Mas parece apenas lógico cogitar que, naquela arquitetura avantajada do passado, teria havido na consecução cerebral alguma ajuda externa, sugestivamente de outras inteligências mais conscientes, externas à Terra, as quais teriam ajudado a natureza e todos os seus jogos de acaso como verdadeiros Gênios da genética.
Conforme ensinamentos espirituais, o Espírito, foco inteligente irradiado na carne, progredindo ao longo das vidas sucessivas, armazenara em si o cabedal de conhecimento adquirido ao longo das encarnações na espécie humana. E em razão do saber represado ao longo das Eras, o cérebro ultrafísico, como molde espiritual, expandiu-se, primeiro em capacidade íntima, depois em cultura adquirida, e, durante o processo encarnatório sucessivo, conformou na carne sua estruturação sutil, já previamente expandida pelos Gênios da genética; por isto, o cérebro do homem está acima de suas necessidades momentâneas (como Wallace observara nos selvagens), ao mesmo tempo em que está afinado com o progresso da espécie humana como um todo, cujo cérebro espiritual do elemento mais avançado serve de padrão corporal mínimo a todos os indivíduos da espécie. Guarda em si, em estado potencial, uma reserva de capacidade suficiente para realizar no futuro uma cultura muito acima da sonhada pelos científicos modernos.
Para concluir, seria o caso de indagarmos: Como foi que a primeira forma de vida terrestre, tão singela, arranjou um DNA tão complexo? Se o acaso, sem inteligência nenhuma, conseguira arranjar da matéria inerte o complexo DNA da vida, como então o homem, com seu cérebro tão avantajado e sua cultura tão desenvolvida, não foi capaz ainda de criar em laboratório, a partir dos elementos químicos singelos, uma única forma de vida autorreprodutora?
A resposta, caro leitor, a essas indagações é semelhante àquela cogitada por Wallace: “Um elemento espiritual mais inteligente deve ter agido na sua elaboração.” Wallace, como descobridor da teoria evolucionista, por lógica seria o último dos homens a levantar a “hipótese espiritual” para formação do cérebro e da espécie humana – pois seria o mesmo que advogar contra a sua própria descoberta. Entretanto, ele assim o fez, porque estava convicto da “interferência de outras inteligências” na formação do homem, que poderíamos qualificar hoje de Gênios da genética. Outros desenvolvimentos estão nos livros: UFO – fenômeno de contato e Colônia Capella – a outra face de Adão.
Pedro de Campos é autor dos livros: Colônia Capella; Universo Profundo; UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos; Lentulus – Encarnações de Emmanuel, publicados pela Lúmen Editorial. E também dos recém-lançamentos: A Epístola Lentuli e Arquivo Extraterreno. E dos DVDs Os Aliens na Visão Espírita, Parte 1 e Parte 2, lançados pela Revista UFO. Conheça-os!
A Criação do Homem – Antigos Astronautas: