No último dia 05 de agosto o robõ Curiosity da NASA completou seu quarto ano no Planeta Vermelho. Em 2012 ele realizou uma inédita manobra de pouso, baixando até a superfície sustentado por um guindaste aéreo. Este, depois de cortar os cabos que o ligavam ao jipe robótico, voou para longe em uma queda controlada. Os diversos componentes de todo o processo de pouso, apelidado pelos técnicos de “sete minutos de terror”, nunca haviam sido testados juntos, confirmando a incrível perícia da agência espacial na exploração planetária.
O local escolhido para o pouso foi a imensa cratera Gale, de 154 km de extensão, na qual o robõ descobriu ter existido um sistema de veios de água corrente. Ainda mais significativo, o Curiosity descobriu em suas perfurações na região próxima ao local do pouso elementos essenciais para a vida conforme a conhecemos, tais como enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono. Os instrumentos do rover ainda apontaram na rocha pesquisada, apelidada John Klein, a existência de minerais de argila, produzidos pela prolongada exposição a água líquida, neutra e não excessivamente salgada. Tal ambiente, aponta a NASA, era absolutamente propício à existência de vida.
Após finalizar o trabalho próximo à região do pouso em julho de 2013, o Curiosity iniciou a viagem de cerca de 8 quilômetros até a base do Monte Sharp, montanha de 5 km de altitude que ocupa o centro da Cratera Gale. As naves orbitais descobriram que a região exibe diversas camadas geológicas expostas, que podem ser estudadas e proporcionar preciosas informações sobre o passado marciano. O rover chegou à base da montanha em setembro de 2014, logo descobrindo uma camada de rochas argilosas, formadas pelo acúmulo de sedimentos em meio aquoso, como o fundo de um lago. O Curiosity permanece analisando essa camada geológica, já tendo subido 30 metros montanha acima.
PISTAS FUNDAMENTAIS APONTAM PARA A POSSIBILIDADE DE VIDA EM MARTE
A extensão dos depósitos na camada dessas rochas sugere que o sistema lacustre da Cratera Gale persistiu por milhões de anos, possivelmente até por dezenas de milhões de anos. Tais períodos de tempo são extremamente significativos para a biologia, ampliando ainda mais as possibilidades de vida em Marte no passado. Os próprios cientistas apontam que aumentam ainda as chances dessa vida ter persistido até hoje no planeta. A nave Mars Reconnaissance Orbiter, também da NASA, identificou outros marcos geológicos em terreno acima do Curiosity, que os cientistas da missão pretendem examinar antes de seu término. Por sinal, o Curiosity recentemente teve sua missão estendida ao menos até outubro de 2018.
Uma dessas camadas de rocha contém hematita, mineral de óxido de ferro, e outra é rica em argila, formada em água líquida. O terceiro local contém grandes concentrações de sulfatos, possivelmente marcando a transição das condições úmidas do passado para o Marte seco e gelado de hoje. O Curiosity terá que subir mais 300 metros pela encosta da montanha a fim de atingir esses locais, significando um trajeto de 8 quilômetros. O rover, por sinal, experimentou vários danos nas rodas desde o pouso, mas novas técnicas de rolamento e o esforço de evitar terreno mais áspero permitiu o prosseguimento da missão, que já percorreu 13,57 km em Marte. O cientista da missão Aswin Vasavada, do Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena, Califórnia, disse: “Esperamos que as maiores descobertas ainda estejam por vir, como por exemplo uma forte assinatura de moléculas orgânicas, nos dando uma ideia do que existia antigamente em Marte”. São cada vez maiores as possibilidades de ter realmente existido vida, ainda presente no planeta vizinho.
Site oficial da missão Curiosity
Confira neste vídeo como foi o pouso do Curiosity em 2012
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