A nave New Horizons da NASA continua a enviar para a Terra imensa quantidade de informações colhidas em sua histórica passagem por Plutão, em 14 de julho de 2015. Estudos feitos com os dados mais recentes permitem levantar a hipótese de que no distante mundo rios e lagos de nitrogênio líquido podem ter fluído no passado. Entre as surpreendentes descobertas da missão estão possíveis nuvens em sua atmosfera, montanhas que podem ser vulcões gelados e elevações feitas de gelo de metano que derretem e inundam planícies. Dentro desse quadro de um mundo ativo, rios e lagos de nitrogênio líquido na superfície de Plutão se encaixam no entendimento de este ser um mundo muito mais atigo do que antes era suposto.
Essas condições podem ter sido tão recentes quanto 800.000 anos atrás, quando talvez o planeta tivesse uma atmosfera mais espessa que a de Marte. Os dados permitem supor que Plutão passe por mudanças dramáticas ao longo das eras, com sua atmosfera ficando mais densa por algum tempo, e depois menos densa. Um dos fatores pode ser a inclinação do eixo do planeta anão, que é de 120 graus, enquanto que o eixo terrestre tem somente 23 graus de inclinação. Como se sabe, é esse fator que permite a variação nas estações do ano. A inclinação maior de Plutão significa que, ao longo de seu período ao redor do Sol de 248 anos, ele passa por dramáticas alterações. Por exemplo, em determinados períodos a luz do Sol incide diretamente sobre as latitudes do sul. Plutão, como a Terra, também tem círculos polares, porém essas regiões experimentam períodos de escuridão que duram anos, ao invés dos meses correspondentes na Terra.
Ainda mais, simulações de computador mostraram que a inclinação do eixo de rotação de Plutão poderia ter sido ainda mais elevada há milhões de anos. Essa maior inclinação teria permitido que mais regiões fossem aquecidas pelo Sol, possibilitando que nitrogênio líquido fluísse pela superfície. Atualmente Plutão poderia estar em um período intermediário entre esses extremos de temperaturas. Talvez dentro de milhões de anos o planeta torne a se aquecer o suficiente para permitir fluxos de nitrogênio líquido. E a maior temperatura ainda teria permitido que a atmosfera se tornasse mais densa, talvez ainda mais do que a atmosfera de Marte. Essa pressão poderia ser até 10.000 vezes a observada hoje, cerca de 40 vezes maior que a do Planeta Vermelho. A existência do nitrogênio líquido nessas condições, assim, explicaria algumas características observadas pela New Horizons. Por exemplo, ao norte da região em forma de coração apelidada de Tombaugh Regio foi fotografado algo que se parece com um lago congelado. Talvez há milhões de anos esse local estivesse líquido, e a equipe da missão afirma que estão somente começando a entender como esses ciclos de longa duração moldaram as formas que vemos hoje em Plutão.
AS ANTIGAS LUAS DE PLUTÃO
Novas informações foram liberadas ainda quanto ao sistema de luas do planeta anão. A New Horizons mediu pela primeira vez as dimensões dos quatro satélites menores, Nix, Hydra, Kerberos e Styx, e graças às suas fotografias os cientistas podem estimar a idade das luas. Analisando a quantidade e o tipo das crateras em suas superfícies, é possível apontar que Nix e a maior lua, Caronte, têm cerca de 4 bilhões de anos. Hydra, por sua vez, parece um pouco mais jovem, e como todos os cinco satélites de Plutão seguem órbitas situadas no mesmo plano e têm brilho similar, sua origem deve ser comum. A hipótese mais aceita é que um planetesimal de grande tamanho colidiu com Plutão no início do Sistema Solar, e dos destroços da colisão surgiu seu sistema de luas. A New Horizons ainda descobriu que Hydra gira muito rápido em torno do próprio eixo, cerca de 100 vezes para cada órbita que completa ao redor de Plutão. Isso poderia significar uma formação mais recente, desmentida pela contagem de crateras. Contudo, como a região onde o sistema se encontra é atulhada por fragmentos, rochas e asteroides, os impactos devem ser mais frequentes, e podem ser responsabilizados pelo movimento da pequena lua.
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