Nas últimas seis décadas da Ufologia Mundial, temos nos deparado com os mais variados fenômenos, tanto no que se refere à ação de discos voadores em nosso meio, quanto aqueles de caráter geralmente oportunista, como também situações sérias de contatos com seres de outros planetas, que são casos que necessitam de aprofundamento por parte de pesquisadores. Tanto um quanto outro reflete características excepcionalmente complexas, mas o segundo requer um tratamento especial, por se tratar do eventual relacionamento entre humanos e outros seres, de outras culturas e com avançadas tecnologias. Acreditamos que os estudos em torno destes acontecimentos podem ajudar grandemente na compreensão da psicologia humana, naquilo que ela consegue reter de verdadeiro e no que cria, por razões diversas.
Por outro lado, tais casos podem também auxiliar de forma definitiva na elucidação de certos fenômenos e ampliar nossa compreensão do universo, no qual estamos incertos e sobre o qual pouco sabemos. Entretanto, é provável que permaneça a dificuldade de se avançar nesta questão enquanto os grupos de pesquisa permanecerem isolados uns dos outros, e os poderes constituídos insistirem em esconder evidências importantes em torno desta notável casuística. Se, por um lado, os grupos passam a adotar atitudes guiadas até mesmo pelo fanatismo ou pelo individualismo, por outro, os poderes oficialmente instituídos se ocultam e se negam a prestar esclarecimentos. Não basta simplesmente negar o fenômeno ou ignorá-lo, como tem sido feito, pois ele está aí, presente, e tem mostrado sinais contundentes de sofisticação a cada novo tempo.
Um trabalho único, voltado para o estudo de todas as vertentes da Ufologia e a agregação de elementos e experiências disponíveis, seria um sonho talvez muito grande. Todavia, facilitaria enormemente a identificação de casos ufológicos, assim como permitiria sua classificação por graus de importância, o que repercutiria de forma positiva na compreensão do problema e contribuiria para o afastamento de tantos aproveitadores – pessoas despreparadas que nada têm a contribuir e apenas causam mais desconforto e desconfianças em torno de algo tão marcante e de realidade incontestável.
Desta forma, a partir do momento em que os engodos, as falsas interpretações e posições pessoais possam ser afastadas de vez do enfoque principal das questões, poderíamos ter em mãos apenas os casos que mereçam ser apurados e estudados criteriosamente. Seria eliminada a perda de tempo e minimizado o surgimento de seitas de culto ufológico, tão prejudiciais ao desenvolvimento de estudos. Também teríamos um elemento atenuante dos aspectos sociais e psicológicos do Fenômeno UFO, uma vez que a dúvida e a desinformação, que têm gerado desvios no andamento da questão, estariam afastadas. Aí se incluem crenças escoradas em fundamentos duvidosos, canalizações ou contatos pouco ortodoxos.
Ramificações e desvios de idéias
É importante alertar que não são poucas as tendências que o Fenômeno UFO vem permitindo ramificar em seguimentos culturais, de pesquisa e até mesmo filosóficos, intensificando a cada dia, de forma arrogante e pouco responsável, um clima de incredulidade que, em conseqüência, leva ao distanciamento ideológico essencial da questão. Enquanto alguns estudiosos afirmam que os discos voadores e fenômenos correlatos são provocados por gente de outros planetas, indignando-se com a ousadia de seus protagonistas, outros chegam a afirmar que não existe vida fora da Terra e que, portanto, esses tais aparelhos não podem existir. E dentre aqueles que crêem na existência de vida extraterrestre encontram-se os que consideram tais visitantes os salvadores de nossa humanidade fracassada, ou seja, um atestado de incompetência para nossa raça, que se orgulha de sua tecnologia.
Um dos grandes problemas da Ufologia é que a maioria dos relatos de ocorrências está sempre incompleta ou excessivamente reservada, impedindo assim o esclarecimento definitivo da questão ou evitando que o tema seja visto pela mídia de forma responsável, contribuindo para o aumento do descrédito em torno no assunto. Muitos avistamentos simples acabam se transformando em eventos espetaculares e, seus protagonistas, endeusados por certa parcela de grupos interessados.
A nosso ver, todas as observações de objetos não identificados deveriam ser tratadas cientificamente. Porém, com a divulgação pública de suas conclusões e com as opiniões dos que as pesquisaram, dando margem para que incorporem pareceres de outros estudiosos comprovadamente experientes. Neste sentido, seria necessário que se deixasse de lado toda e qualquer abordagem sensacionalista em torno do fenômeno, removendo o estigma que ele apresenta perante os próprios pesquisadores e a opinião pública, e impedindo que os dados venham a ser utilizados por pessoas desonestas como meio de autopromoção ou para criação de novos cultos ufológicos, como é comum.
Em se tratando das hipóteses levantadas e considerando-se que o fenômeno é de realidade inquestionável, não podemos concordar que sua origem possa ser sempre explicada como resultado de acontecimentos convencionais ou que se trate de reflexos de luzes no céu, neuroses individuais e coletivas ou do planeta Vênus e semelhantes desculpas. Por outro lado, crer que possam ser veículos externos a Terra, tripulados por seres de outros planetas, é também um caminho perigoso e pouco palpável, principalmente diante da complexidade das informações e da grande incidência de avistamentos, variedade de formas e condições em que estes objetos se manifestam.
Surgem e incomodam
Uma grande questão que se levanta – e que se torna sempre mais inquietante diante do avanço da ciência, favorecendo a compreensão do assunto – é a que tem obrigado as pessoas a ver o espaço exterior com outros olhos e a refletir sobre a vida no universo. Neste processo, de caráter essencialmente positivo, certas perguntas se tornam óbvias. Será que existem seres inteligentes em outros mundos? Se sabemos de uma quantidade cada vez maior de planetas extrassolares [De fora do Sistema Solar], será que chegaremos a encontrar seres inteligentes neles? Se existirem, poderiam alguns deles estar se aproximando da Terra ou mesmo acompanhando nossa evolução?
A idéia de que a Terra seja o único planeta que desenvolveu alguma forma de vida inteligente não tem mais cabimento há tempos. Mas a grande questão que permanece está na aceitaç&atild
e;o de que uma civilização extraterrestre possa ser mais avançada do que a nossa, a despeito dos fenômenos que já vêm sendo observados há muitos séculos. O espírito conservador dos técnicos, cientistas e investigadores fazem com que tudo o que analisam, neste sentido, seja dissimulado pela desconfiança, principalmente aqueles fenômenos que se afastam muito dos princípios pragmáticos de análise e do campo da experimentação e do conhecimento.
Outro fator que vem dificultando a aceitação do Fenômeno UFO pelos meios científicos é a exacerbada popularização e a péssima manipulação por pessoas e grupos com os mais variados perfis psicológicos. Temos então outra grande questão a resolver. A fenomenologia ufológica é real, mas parece não poder ser levada a sério porque uma parcela da humanidade resolveu tratá-la segundo suas próprias perspectivas e seus próprios anseios individuais. Em vez de se tratá-la com a seriedade que merece e permitir que possa ser desmitificada em seu lado espetacular, preferiu-se fingir que ela não existe e ignorá-la, desenvolvendo pesquisas ocultas em laboratórios governamentais preparados para esse fim.
Esta atitude, semelhante à fábula do avestruz que, diante do perigo, esconde a cabeça na areia e deixa o corpo descoberto, só piora a situação. Enquanto a mídia geralmente trata do assunto com desprezo, quando trata, pessoas despreparadas ou mal intencionadas utilizam estes fenômenos para enganar incautos ávidos por mistérios e explorar seu bolso e sua fé. O mundo inteiro é testemunha de acontecimentos dessa natureza. Bem longe ou bem perto de nós, muitos são os grupos e pessoas que afirmam, sem comprovação alguma, que são “escolhidas” para trazerem mensagens à combalida humanidade neste momento de grande crise existencial, religiosa e moral por que estamos passando.
Assim, em um mundo terrivelmente pragmático, mas pouco afeito à essência das coisas, pessoas que vêem discos voadores são tratadas com descaso, como meras visionárias, quando não classificadas de ignorantes, desajustadas e neuróticas. No lugar de se dar rumo apropriado ao estudo da presença alienígena na Terra e à busca de seu significado, permite-se que se junte no mesmo saco casos perfeitamente explicados, como efeitos naturais, por exemplo, e outros mais sofisticados e em menor número, que deveriam ser tratados com mais critério, antes de caírem no conhecimento público e virarem lendas, destas que passam a circular aleatoriamente e a produzir ramificações sem conta.
Desta forma, ficamos diante de insolúveis antagonismos no campo da Ufologia, pois, ao mesmo tempo em que ela trata de um fenômeno real e já devidamente comprovado por meios oficiais, o assunto também é abordado em ambientes ordinários por inescrupulosos que não poupam artifícios, misto de realidade e ficção, para enganarem pessoas e fundarem “núcleos de salvação”. Creio que uma das grandes dificuldades para que a ciência acadêmica aceite a responsabilidade de encarar a fenomenologia ufológica está na excessiva aura de mistério que envolve o objeto de estudo, mais do que o fato em si, e também porque este afronta os meios científicos disponíveis e a própria argúcia do investigador. Apesar de saber que ignorá-lo não resolve o problema, o cientista o faz e acaba não tendo conhecimento de sua natureza, senão por intermédio da imprensa, em geral mal informada, e de especulações populistas, carregadas de misticismo, medo e religiosidade. Uma situação alimenta a outra.
Não podemos negar, nem que queiramos, a existência de algo real sobre nossas cabeças, de acontecimentos que não podem ser explicados convencionalmente. Existem provas fotográficas, filmes e testemunhos de avistamentos por toda a parte, sem mencionar os documentos oficiais de órgãos governamentais de todos os países, inclusive do Vaticano, que se debruçam sobre o fenômeno. Até mesmo a psicologia vem, há décadas, tratando do assunto. E não seria demais citar o próprio Carl G. Jung, quando comenta em seu livro Um Mito Moderno [Vozes, 1979]: “O boato mundial sobre os discos voadores coloca um problema que desafia o psicólogo por uma série de motivos. A primeira pergunta, e esta é obviamente a questão mais importante, é a seguinte: eles são reais ou simples produtos de fantasia? Esta questão não foi resolvida ainda, de forma alguma. Se forem reais, o que são? Se forem fantasias, por que deveria existir, então, um boato desses?”
Esclarecimentos definitivos
Continuamos afirmando que a questão não foi ainda resolvida, de forma alguma, e se torna cada vez mais presente na vida do homem terrestre, acompanhando seu avanço tecnológico. Lastimavelmente, teremos que concordar que não existe ainda um tratamento científico sobre o problema dos UFOs que o conduza a esclarecimentos definitivos sobre sua natureza, objetivos, modus operandi etc, de forma global e irrestrita e em prol do desenvolvimento humano. O que existe é um tratamento específico por parte de setores militares das grandes potências, que vêem os UFOs como ameaça e tentam utilizar sua tecnologia para fins bélicos, como nos conturbados casos de quedas de UFOs. Sem explicações, as grandes massas ficam sujeitas a todo tipo de enganos que encobrem o fenômeno.
É neste cenário que surgem profecias, mensagens de “comandantes intergalácticos”, promessas de ajuda à humanidade carente e desejos recônditos de se destacar dentre os pobres mortais, com idéias messiânicas e de pouco crédito. Não são poucos os que se deixam levar para estas paragens duvidosas. Mas aqueles que deveriam se mostrar como responsáveis pela pesquisa e divulgação do estudo dos discos voadores se omitem. E nada pode ser feito diante da enxurrada de pretensos contatados e de seus afinados seguidores. É importante que seja estimada com precisão a extensão do problema e sua evolução desde que começou a ser notado pelos seres humanos. Com isto, queremos notificar também que a história conhecida dos homens é permeada de relatos sobre aparecimento de “coisas estranhas” no céu há milênios, e também estes precisariam ser tomados como referência.
Após mais de meio século do despertar oficial para a questão dos discos voadores, podemos dizer que nada de concreto foi feito no sentido de levar luz às pessoas, em todas as nações, e orientá-las para que se tornem melhores observadore
s, mais criteriosos e menos propensos a enganos e interpretações errôneas. São tão perigosas as idéias que nos fazem crer que os UFOs sejam invasores da Terra – nas quais acreditam alguns meios militares –, quanto as que os tratam como salvadores de males arraigados da humanidade. Sim, porque, além de não resolverem a questão, dão a ela conotações extravagantes, fora da realidade e, portanto, ineficazes e alimentadoras de fanatismos irreversíveis.
Creio que, se estes visitantes intergalácticos quisessem dominar nosso planeta, em face de sua não explicada tecnologia, já o teriam feito há muito tempo, uma vez que sua presença é aqui registrada desde que os primeiros humanos resolveram desenhar o que viam nos céus nas paredes das cavernas. Para os que crêem em salvamentos espaciais, aconselhamos que se dediquem a mudar a si mesmos, antes de qualquer intervenção, procurando aliar aos seus ideais os que podem construir um mundo melhor para seus próprios descendentes, para que estes não corram o risco de ser tratados por aqueles seres como verdadeiros primatas que não conseguem sequer cuidar de sua própria casa.
Primatas primitivos
Sabemos que estamos lidando com um problema de difícil solução e é notória a dedicação de pequenos grupos e pessoas, que buscam seriamente compreender este emaranhado de acontecimentos contemporâneos e supranaturais. É notório também o agravamento que a multiplicação de relatos de casos ufológicos causa a cada dia. Mas não se deve cuidar de cada caso isoladamente, em sim procurar sintonizá-los e buscar compreensão maior sobre as causas que levaram o Fenômeno UFO a estar cada vez mais presente na vida do homem contemporâneo, a despeito da técnica, da religiosidade e de certos avanços no campo das ciências sociais.
Será que o aumento nestas ocorrências poderia significar que estaríamos vivendo o final de um ciclo para a humanidade terrestre? Não é demais questionar! Estes fenômenos não fariam parte dos acontecimentos necessários para que o homem se torne um verdadeiro ser pensante, volte sua atenção para o humanismo, a ordem e o progresso coletivos, no sentido mais estrito da palavra? Os sinais nos céus, profetizados nos Evangelhos, seriam estes que estão aí? Sua presença objetiva ajudar a humanidade a desenvolver, de forma mais ampla, seu pensamento em relação à vida na Terra, à percepção dos muitos mistérios que se ocultam no universo e à aceitação dos múltiplos habitantes que pululam em suas incontáveis moradas celestiais?