Após a descoberta do primeiro exoplaneta em 1995, a busca por mundos alienígenas tornou-se o campo que mais evolui dentro da astronomia. Os primeiros achados eram feitos pelo método da velocidade radial, medindo o movimento causado na estrela pelo planeta em órbita. Assim, somente grandes mundos gasosos como Júpiter ou Saturno foram encontrados de início. O refino nessa técnica, mais a utilização de outros métodos, permitiu chegar à impressionante cifra de mais de 3.400 planetas alienígenas, cuja existência já foi confirmada.
Boa parte desse total foi descoberta com a utilização do método do trânsito, quando um planeta passa diante de sua estrela, ocultando uma minúscula porção de sua luz. E o instrumento mais bem-sucedido tem sido o telescópio Kepler da NASA. Porém, a imagem direta de exoplanetas já foi conseguida em algumas oportunidades, a primeira destas com Fomalhaut b. Esse mundo circula a estrela de mesmo nome a 25 anos-luz de nós, e no dia 14 de junho último foi revelada mais uma extraordinária imagem de um exoplaneta. Ainda necessitando de confirmação, a fotografia foi tomada pelo Telescópio Muito Grande (VLT), parte do Observatório Paranal no Chile. Construído pelo consórcio do Observatório Europeu do Sul (ESO), o VLT possui quatro telescópios individuais que trabalham juntos, chamado de interferômetro, e o espelho de cada um deles mede 8,2 metros de diâmetro.
O planeta em potencial aparece como um ponto marrom ao lado da estrela CVSO 30, situada a 1.200 anos-luz de nosso Sistema Solar. Para destacar como tal feito foi extraordinário, basta lembrar que essa distância é 280 vezes maior a que separa o Sol do sistema mais próximo, o de Alpha Centauri. Também é necessário salientar que um ano-luz corresponde a aproximadamente 9,5 trilhões de quilômetros, o que significa que o sistema de CVSO 30 está a cerca de 11 quatrilhões de quilômetros de distância, na direção da constelação Orion. O planeta, CVSO 30c, caso de fato exista, orbita a estrela a uma distância de 660 unidades astronômicas (AU), lembrando que 1 AU é a distância média entre a Terra e o Sol, aproximadamente 150 milhões de km. Cada órbita desse mundo se completa em 27.000 anos.
IMAGEM DIRETA DE EXOPLANETAS PODE COMPROVAR EXISTÊNCIA DE VIDA EXTRATERRESTRE
A estrela tem outro planeta candidato, CVSO 30b, encontrado em 2012 pelo método do trânsito. Porém este se situa muito mais próximo, a somente 0.008 AU, completando uma órbita a cada 11 horas. Se confirmados, será o primeiro caso em que uma mesma estrela possui um planeta descoberto pelo método do trânsito, e outro mundo mais distante que foi diretamente fotografado. O sistema é jovem, com 2,5 bilhões de anos de idade (o Sistema Solar tem 4,5 bilhões de anos), e os cientistas debatem como pode ter se formado. É possível que os dois planetas tenham estado mais próximos no passado e interagido de alguma forma, empurrando-se pelo efeito gravitacional a suas posições atuais. Pelo brilho das estrelas ofuscar os planetas em suas órbitas, fotografar esses mundos alienígenas é extremamente difícil, o que deve ser mais fácil em breve com a nova geração de instrumentos, em solo e no espaço. A imagem direta de exoplanetas poderá detectar as assinaturas químicas em suas atmosferas, proporcionando as primeiras comprovações da existência de vida nesses mundos alienígenas.
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