Em 14 de agosto, ocorreu o evento SETIcon Convention, celebrando os 50 anos do programa de Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI). Também foi comemorado o aniversário de 80 anos de seu criador, Frank Drake. Drake era astrônomo na Universidade Cornell em 1960 quando criou o Projeto Ozma (nome inspirado pelo filme O Mágico de Oz), dedicado a buscar sinais de rádio provenientes de civilizações extraterrestres. Para isso ele utilizou o radiotelescópio do Observatório Radioastronômico Nacional, em Green Bank, Virgínia Ocidental, a duas estrelas próximas, Tau Ceti e Epsilon Eridani. Esta última, a 10,4 anos-luz de distância, sabemos hoje possuir o exoplaneta mais próximo confirmado.
Ototal de observações foi de 150 horas, através de quatro meses e a busca, infrutífera, mas o passo inicial do SETI, programa que existe até hoje. Contudo, a escuta nem de longe foi ininterrupta, sofrendo desde o começo com restrições orçamentárias, como as que retiraram a Agência Espacial Norte-Americana (NASA) do projeto nos anos 90, após um congressista norte-americano haver ridicularizado a busca por “homenzinhos verdes” com dinheiro do contribuinte. Um ano após o Projeto Ozma, Drake criou sua famosa equação, que ainda hoje é utilizada a fim de estimar a quantidade de civilizações inteligentes e dotadas de avançada tecnologia de rádio em nossa galáxia, a Via Láctea. Alguns a consideram a segunda equação mais conhecida, após a equivalência entre matéria e energia, E=mc^2, de Albert Einstein.
AEquação de Drake calcula quantas civilizações alienígenas existem na galáxia, baseando-se em certos fatores. Leva em conta a taxa de formação de estrelas, a fração de estrelas com planetas, a fração destes que são habitáveis, a porcentagem dos que desenvolveram vida, a porcentagem entre estes com vida inteligente, a fração destas que possuem tecnologia que transmita sinais de sua presença ao espaço. O último termo é o tempo em que uma civilização transmite, também considerado como sua duração, já que algumas destas tenderão a se auto-destruir.
Segundo David Morrison, diretor do Centro Carl Sagan para o Estudo da Vida no Universo, parte do Instituto SETI, “A Equação de Drake é na verdade um texto sobre a astrobiologia. Ele nos deu o primeiro grande exemplo da síntese entre a astronomia e a biologia“. Drake ainda está ativo no SETI, participando dos esforços de busca tanto de sinais de rádio quanto óticos, tais como o laser. Segundo o atual líder do projeto, Seth Shostak, ele não apenas é um pioneiro, como continua a trazer novas idéias para o projeto. Drake comentou, no evento: “Temos consciência da grande importância de nosso empreendimento. Essa descoberta será uma das mais importantes a ocorrer, para qualquer civilização“.
Hoje o SETI trabalha principalmente com o radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, o maior do mundo com uma antena de 305 metros de diâmetro, e está construindo o Allen Telescope Array. Segundo Shostak, o SETI já captou centenas de sinais candidatos, mas que por não terem se repetido não puderam ser confirmados, e não são considerados evidência de alienígenas. O mais famoso destes sinais é o Sinal Uau (Wow Signal), captado em 15 de agosto de 1977 em um projeto da Universidade de Ohio. Jerry Ehman, pesquisador voluntário, ao verificar os dados impressos ficou tão impressionado que escreveu “Wow” (Uau!), na folha de registros. Vale também lembrar que Carl Sagan foi demitido de Harvard nos anos 60, por sua defesa no estudo de vida extraterrestre. Paradoxalmente, Harvard hoje é uma das instituições mais atuantes no SETI. Seth Shostak disse recentemente que, no máximo, dentro de 25 anos deveremos captar os primeiros sinais claros provenientes de uma civilização extraterrestre.
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