Antes de a nave Dawn, da NASA, entrar em órbita do planeta anão Ceres, em 06 de março de 2015, já eram visíveis pontos brilhantes em uma cratera de 92 km em sua superfície. A formação recebeu o nome de Occator e a natureza do que havia em seu interior foi alvo de inúmeras especulações. Os cientistas falavam de criovulcões ou gelo exposto, ao passo que certos mistificadores se apressaram, mesmo diante de imagens distantes que exibiam poucos detalhes, a identificar estruturas construídas pelos alienígenas.
O mistério está a um passo de ser resolvido e evidentemente os mistificadores não irão se retratar por mais um fiasco. A Dawn prosseguiu sua missão nos últimos meses e recentemente entrou em sua terceira órbita científica em torno do mundo, de cerca de 950 km de diâmetro. Atualmente a nave encontra-se a 1.450 km de altitude sobre Ceres, obtendo as melhores imagens da missão até o momento. A essa altitude a sonda cobrirá toda a superfície em 11 dias, perfazendo 14 órbitas. Suas câmeras estão captando imagens em alta resolução, permitindo inclusive a modelagem em 3D e com resolução de 140 metros por pixel.
As imagens da cratera Occator mostram as formações brilhantes em detalhes inéditos, apontando para a possibilidade, a mais provável agora, de o material ser uma mistura de gelo e sais. Como os instrumentos da nave detectaram uma tênue atmosfera dentro de Occator, a hipótese agora mais aceita afirma que o gelo pode estar sublimando e deixando como resíduo vastas áreas cobertas por sais, que refletem muito a luz solar. Um exemplo desse fenômeno pode ser visto na Terra, em grandes planícies de sal, como o salar de Uyuni na Bolívia. Este é a maior planície salgada de nosso mundo, com 10.500 quilômetros quadrados.
MISSÃO PROSSEGUE
O que pode levar o gelo a ter ficado exposto em Occator para produzir tais fenômenos ainda não se sabe. Modelos da estrutura interna de Ceres apontam que esse mundo tem muita água no subsolo e uma das possibilidades é o criovulcanismo, em que o papel da lava em nosso mundo é substituído pela água. Além disso, as imagens mostram grandes rachaduras escuras, podendo indicar que o material subterrâneo emergiu, inundando essas regiões antes de congelar e sublimar, causando essas rachaduras. A Dawn está utilizando seus instrumentos para realizar medições topográficas e espectroscópicas, a fim de determinar a composição da superfície. Com isso, o enigma de Occator será resolvido. A missão prossegue e imagens ainda melhores em breve estarão disponíveis quando a Dawn entrar na quarta órbita científica, a somente 400 km da superfície de Ceres.
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