A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) encontrou 600 fontes enigmáticas de raios gama no espaço, um achado que pode significar a primeira evidência direta da existência de matéria escura. Elas fazem parte do segundo catálogo liberado pela equipe do Telescópio Fermi, equipamento que vasculha o céu a cada três horas e detecta raios gama. Das 1.873 fontes encontradas, 600 são um mistério completo: ninguém sabe o que podem ser.
Isso significa que, ao olhar na direção de origem dos raios, o telescópio não conseguiu encontrar nada capaz de produzi-los. Os raios gama estão relacionados a eventos violentos. Eles são formas de luz super energizadas, produzidas por fontes como buracos negros ou grandes supernovas (estrelas gigantes que explodem). Justamente por produzirem tanta energia, fazem com que as lentes e espelhos dos telescópios não funcionem direito, dificultando a localização de sua origem exata.
Como, do total de fontes, um terço não foi localizada, os cientistas elaboraram algumas possíveis explicações. A primeira, e mais óbvia, é a de que se trate de objetos conhecidos, porém não localizados – como supernovas ou sistemas binários. Outra explicação seria a existência de aglomerados de galáxias colidindo, gerando choques que acelerariam as partículas. Ainda é possível que se trate de algum fenômeno novo, desconhecido.
Porém, devido ao grande número de fontes misteriosas, os pesquisadores imaginam que esta pode ser a primeira evidência direta de matéria escura. Cerca de 85% da massa gravitacional do universo é matéria escura, sendo que aquilo que vemos (planetas, estrelas etc) forma o resto.
Sabe-se que ela existe porque exerce gravidade em outros corpos, mas não pode ser detectada de nenhuma outra forma. Ela não brilha – não emite ou reflete luz. Telescópios visíveis ou de rádio não podem detectá-la –, porém existe a suspeita de que elas possam emitir raios gama.
Alguns pesquisadores acreditam que a colisão de antipartículas de matéria escura produz esses raios. Se isso for verdade, algumas das fontes misteriosas poderiam ser grandes nuvens de matéria escura, mas ainda é preciso mais dados do Fermi para poder afirmar, ou descartar, a detecção de uma substância tão misteriosa.