Caso Ilha da Trindade reduzida a cinzas?
O clássico Caso Trindade ocorreu quando a Ufologia Moderna ainda era uma criança em termos de nascimento. Apenas 11 anos a separam do vôo de Kenneth Arnold no monte Rainer. Amadureceu com o passar das décadas e a revisão deste clássico ajudará a depurar a maturidade da compreensão e interpretação deste fenômeno fugidio e esquivo, por vezes apresentando-se como uma provocação e charada ao ser humano, por outras tantas se mostrando ameaçador e insolente.
A possível revelação que acabamos de acompanhar do segredo de Baraúna, 53 anos depois [Se confirmada após acareação], deverá ser vista hoje como uma grande aprendizagem para a Ufologia, principalmente ao lidar com imagens e depoimentos de testemunhas.
Mais do que nunca, é imperativo que todos grandes clássicos do passado, que ainda não foram revisados, sejam esquadrinhados em todos seus meandros e deles extraídos o que interessa: a verdade, seja ela qual for e a quem possa agradar ou desagradar.
A possibilidade de que as mundialmente famosas fotografias de Almiro Baraúna sejam apenas fruto de uma montagem seria um duro golpe para Ufologia. Os ufólogos devem ser mais impiedosos e insensíveis em suas futuras análises ufológicas. O Caso Ilha da Trindade nos ensinará e legará isso daqui pra frente.
No entanto, a investigação – exposta publicamente à Comunidade Ufológica Mundial, com exclusividade pela Revista UFO e Portal da Ufologia Brasileira -, a partir deste ponto será avaliada, contrastada e depurada através de seus principais pesquisadores decanos, a fim de confirmar ou descartar o avistamento do UFO nos céus daquele local.
O surgimento do UFO em nenhum momento foi desacreditado, aliás, pelo contrário. Ou tudo não teria passado de uma grande histeria coletiva e coincidência ímpar?
Como vimos na entrevista, Marcelo Ribeiro, sendo cético da existência de discos voadores, tem sua visão pessoal sobre a temática ufológica, que certamente não é a mesma dos ufólogos. Apareceu um UFO nos céus da ilha e Baraúna foi um grande azarão em não poder captá-lo com sua câmera, por falta de filme no exato momento da aparição? Ou apenas surgiu algo comum nos céus e uma brincadeira generalizada dos marujos desencadeou uma histeria coletiva?
Essa última hipótese não é remota e nem descartável. As futuras investigações certamente concluirão a verdade disso também.
As fotografias de Baraúna podem entram para a história como a melhor montagem já realizada em fotos de discos voadores. Confirma a verdade, sempre dita, de que fotografias e filmes ufológicos nunca foram e nunca serão prova da existência dos UFOs.
Se não houvesse, neste momento, a suposta confissão de que tudo não passou de uma excelente montagem, elas ainda continuariam sendo consideradas autênticas por muitos anos. É verdade que elas continuariam, também, sendo postas em dúvida por muitas pessoas, mas a desconfiança não alcançaria a comprovação de que seriam falsas. Seja onde Baraúna estiver, de qualquer forma deve estar rindo muito de tudo isso até hoje.
Síntese dos fatos
Para podermos condensar de forma mais clara o efeito da revelação do segredo de Baraúna, segundo a versão do sobrinho Marcelo Ribeiro, apresentamos um resumo de como tudo ocorreu.
Baraúna estava fotografando dentro d\’agua, na Ilha da Trindade, e no momento que chegou ao convés do navio, viu que as pessoas estavam apontando e olhando para o céu. Elas diziam que um disco voador estava sobrevoando a ilha. Como ele já tinha gasto todos seus filmes lá embaixo, na água, não pôde fotografar o exato momento que o alegado objeto voava pelos céus.
Então, simulou que estava tirando as fotos, enquadrando o UFO em sua lente. Pra tentar captar algo real, correu para a sua cabine e pegou mais filmes. Quando voltou, o tal do disco voador já tinha sumido. Tinha perdido a oportunidade. Então, resolveu tirar várias fotos somente da ilha, mostrando o céu e o mar. Ele ia aproveitar depois, quando chegasse em casa, pra fazer uma montagem e colocar um disco voador na paisagem.
O Capitão-de-Corveta Carlos Bacellar, mandou que revelasse o filme ainda a bordo. Ele revelou algum dos seus rolos e mostrou ao Capitão. Bacellar pensou que viu o disco voador nos negativos e mostrou aos marujos, que também concordaram que havia algo realmente fotografado.
Na verdade, por não possuirem visão técnica, pensaram que tinham visto algo nos negativos, quando não viram nada. Baraúna deu sorte, porque o capitão não os confiscou e o navio também não tinha papel fotográfico para reproduzir as fotos e mostrar claramente se tinha captado algo.
Nova comparação coma cena da ficha:
Baraúna levou os negativos para sua casa e no seu laboratório começou a trabalhar na montagem das imagens. Como não havia fotografado nenhum UFO, as fotos mostravam apenas a ilha, o céu, o mar e partes do navio. Usou duas fichas da frota carioca para ser o disco voador. As fichas têm o formato que lembra o planeta Saturno quando sobrepostas.
Pendurou a mesma por um fio escuro sobre um fundo escuro. Fez uma dupla exposição com o cenário da ilha. Estava feito! O disco voador aparecia agora nos céus da ilha. A fotografia não ficou desfocada ou tosca, porque Baraúna usou toda sua expertise aqui. Calculou iluminação e sombra do disco voador. Ele percebeu que aquilo era uma grande oportunidade na sua vida e ia lhe render um excelente retorno financeiro.
Além disso, na época, ele era um fotógrafo freelancer, queria aproveitar a oportunidade para projetar seu nome ao mundo, colocando o melhor de si naquela obra-prima e guardando em segredo que tinha feito essa montagem.
Quando a Marinha requisitou seus negativos dias depois, obviamente ele não ia fornecer os que ele tinha tirado lá, no barco, pois não mostravam nada nos céus. Ele entregou os negativos que tinha acabado de montar, da composição da ilha com a ficha.
Os técnicos da Marinha e da Cruzeiro do Sul analisaram os negativos e não detectaram nenhum truque. A
análise de granulação, ou de grãos, não detectou a montagem. Eles nunca detectariam, já que o grão da ilha era o mesmo grão do disco voador. Eles estavam agora em um mesmo negativo. As fotografias ganharam o mundo e o resto é a história.