Em 06 de março de 2015 a nave Dawn fez história ao entrar em órbita de Ceres. Ela foi a primeira missão a visitar um planeta anão, precedendo a passagem da New Horizons por Plutão em julho do mesmo ano, além de ser o primeiro engenho terrestre a orbitar dois corpos celestes que não fossem a Terra e a Lua. Antes a nave havia passado 14 meses estudando o asteroide Vesta, sendo que os dois objetos fazem parte do principal Cinturão de Asteroides, entre Marte e Júpiter. Antes da chegada da Dawn já eram visíveis pontos brilhantes na cratera Occator, de 92 km de diâmetro, e como habitual os mistificadores começaram a espalhar suas mentiras, alegando a partir de imagens distantes e de pouca resolução que essas regiões eram cidades alienígenas.
Agora estão disponíveis imagens tomadas a somente 385 km de altitude, na última órbita científica da Dawn, permitindo uma resolução de 30 metros por pixel. E evidentemente, como se pode comprovar na foto principal desta matéria, a região brilhante em Occator não é uma cidade alienígena. Em dezembro passado foiu divulgado que a melhor hipótese para explicar as regiões brilhantes eram depósitos de sais, mas as novas informações colocam essa hipótese em dúvida. O centro da cratera possui uma elevação, consistente com outras formações conhecidas, e os cientistas ainda estão analisando os dados para determinar a natureza dos pontos brilhantes, em Occator e outros locais em Ceres, que tem 950 km de diâmetro.
A explicação anterior era que um grande impacto aconteceu no local, e seu calor penetrou na superfície misturando sais e elementos voláteis como água. Depois que o líquido evaporou teria deixado sais, que refletem muito a luz do Sol. Contudo, a cratera Occator tem 80 milhões de anos de idade, tempo demais para material brilhante haver durado exposto na superfície. Outra interessante formação em Ceres é o Monte Ahuna, apelidado Montanha Solitária por alguns, lembrando o lugar de mesmo nome no livro O Hobbit, de J. R. R. Tolkien. Essa montanha isolada de 5 km de altitude é formada por material semelhante ao da superfície ao redor, mas seus lados são compostos de masterial bem diferente. A teoria mais aceita é que algo subiu até a superfície e empurrou parte desta, criando a elevação. Pode ser que material de uma fenda tenha aflorado, como um processo vulcânico.
PROSSEGUE A MISSÃO
Uma alternativa é, caso o material sob a superfície seja menos denso, poderia subir e empurrar o material da superfície, formando a montanha. Ambos os processos foram observados em regiões de magma e lava em outros mundos do Sistema Solar, mas não em ambientes de gelo como em Ceres. E sobre a água, os detectores de raios gama e de nêutrons da Dawn revelaram a existência de hidrogênio, ligado à água, nas regiões polares de Ceres. A missão Dawn, de 466 milhões de dólares, foi lançada em setembro de 2007 e como já exposto, investigou Vesta antes de se colocar em órbita de Ceres. A nave tem apresentado alguns defeitos, o mais importante a falha em dois de seus quatro giroscópios, que a estabilizam. A missão pode prosseguir, entretanto, mesmo que os outros dois instrumentos falharem, com a nave sendo estabilizada por seus propulsores. Há combustível suficiente a bordo para permitir que a operação prossiga até agosto, completando a missão primária. Caso os dois giroscópios remanescentes continuem funcionando, a missão extremamente bem sucedida pode durar até mais um ano, trazendo ainda mais informações impressionantes sobre Ceres.
Confira um vídeo sobre os motores iônicos da Dawn, narrado por Leonard Nimoy
Vídeo mostrando as descobertas da Dawn
Veja uma imagem em alta resolução da cratera Occator
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Regiões brilhantes de Ceres são depósitos de sais
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