Até segunda-feira, os vôos que chegam ou partem de Brasília entre 14h45 e 15h00 deverão sofrer atrasos, por precaução. O Comando da Aeronáutica divulgou nota na noite de quinta-feira informando as medidas adicionais de segurança para o tráfego aéreo como prevenção a possíveis interferências nas comunicações de satélite na área de controle do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo I (Cindacta), baseado em Brasília, devido ao alinhamento entre o Sol e o satélite de comunicação GOES-12.
Esse é um fato absolutamente normal, corriqueiro e, quando ocorre, gera uma grande quantidade de ruídos no sinal captado, uma vez que as antenas parabólicas ficam apontadas diretamente para o Sol, posicionado exatamente atrás do satélite. Quem possui TV por assinatura via satélite sabe bem disso, já que também recebe avisos de interrupção de sinal periodicamente, sempre que os satélites usados pela operadora passam à frente do disco solar. Chama-se eclipse satelital ou Sun Outage. Abaixo, o comunicado oficial:
Nota à Imprensa: Medidas de Segurança para o Tráfego Aéreo
O Comando da Aeronáutica informa que estarão em vigor, até o dia 20 de setembro, medidas adicionais de segurança para o tráfego aéreo brasileiro como prevenção a possíveis interferências nas comunicações satelitais na área de controle do espaço aéreo de Brasília. Tais interferências são naturais e ocorrem por conta do alinhamento entre o sol e o satélite de comunicação, com duração de três a dezesseis minutos, geralmente entre 14h45 e 15h00 (horário de Brasília).
As medidas adicionais de segurança são:
– Suspender todas as decolagens de Brasília cinco minutos antes do início das interferências;
– Autorizar novas decolagens imediatamente após cessar tal fenômeno;
– Indicar freqüências alternativas para todas as aeronaves em vôo na região de Brasília dez minutos antes do início do fenômeno.
Essas medidas já foram comunicadas às companhias aéreas e suas tripulações já têm pleno conhecimento dos procedimentos a serem realizados.
Ressaltamos que o conjunto de medidas tem caráter preventivo de forma a manter os padrões de segurança da atividade aérea no País.
Brasília, 16 de setembro de 2010.
MARCELO KANITZ DAMASCENO – Coronel Aviador
Chefe Interino do CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA AERONÁUTICA (Cecomsaer)
Proteção em dia
Explosões solares são registradas e monitoradas por agências espaciais e instituições específicas. O último boletim do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) afirma que a última explosão no Sol foi de menor intensidade e durou oito minutos, sem a ejeção de matéria solar em direção à Terra. “As explosões solares são produtos do aumento da atividade do astro, que tem períodos de atividade mais ou menos intensas. O fenômeno é conhecido há muito tempo e ocorre de maneira cíclica”, afirma Clézio Nardin, cientista do INPE e responsável pela divulgação do programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (Embrace).
O Embrace é um programa financiado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia para estudar eventos iniciados no Sol que têm impacto na Terra, incluindo seus efeitos em sistemas tecnológicos com base no espaço ou no solo. Uma vez completo, será possível estender a atual capacidade de fornecer observações e previsões do clima espacial e alertas de fenômenos prejudiciais. A expectativa é que o programa esteja completamente operacional para o próximo máximo da atividade solar em 2012-2013.
Quando bolhas de alta concentração de energia de um campo magnético do Sol se rompem, elas produzem pulsos de radiação e emissão de partículas que podem seguir na rota da Terra e, eventualmente, atingi-la, configurando as chamadas tempestades solares. O planeta, porém, é bem protegido do ataque. “A atmosfera absorve a radiação e o campo magnético da Terra desvia as partículas. Não há grandes alterações para a vida na terra. Estamos plenamente protegidos. É um ciclo natural do Sol”, diz Nardin.
Segundo o cientista, até 1992 a atividade solar foi intensa, propícia para explosões. “Mas, desde então, o ritmo diminuiu bastante, aumentou um pouco em 2000 e voltou a ser menor. Recém cruzamos o mínimo de atividade solar”, explica. O boletim mais recente do INPE indica remotas chances de explosões maiores nos próximos dias, mas advertiu que “as probabilidades podem aumentar caso a área das regiões ativas, inclusive as três que devem retornar nos próximos dias, cresça significativamente”. A expectativa é que o maior pico solar aconteça em 2012.
Ainda que a integridade do planeta esteja a salvo, a tecnologia alimentada por satélites espaciais pode sofrer danos. “Os satélites não têm a proteção da atmosfera e, por estarem longe da Terra, seus campos magnéticos são fracos. Por isso estão mais expostos às colisões”, completa Nardin. O prejuízo que um habitante da Terra pode sentir são interferências nos sinais de televisão a cabo e telefonia celular, aumento da margem de erro de sistemas de mapeamentos e GPS. No caso do Cindacta, que funciona à base de radar, pode haver ruído na troca de informações com torres de controle e aeronaves, feita por intermédio de satélite. Tempestades extremas podem alterar o campo magnético da Terra e gerar danos maiores, como ocorreu em março de 1989, no Canadá. Quebec ficou 90 segundos sem luz e Montreal enfrentou um blecaute de nove horas.
Para Nardin, as chances de um satélite ser atingido são pequenas, baseando-se em imagens feitas pelo equipamento posicionado exatamente entre a Terra e o Sol que indicam os pontos de explosão no hemisfério inferior da estrela. “Os arcos de plasma (material particular) estão voltados para baixo. É muito provável que o material não venha em direção a Terra. Pode haver danos de raspão”, avalia.