Um dos aspectos mais controvertidos e polêmicos da Ufologia atual é a chamada dimensão extrafísica do Fenômeno UFO. Eu mesmo pude experimentar, após o lançamento de meu livro UFOs, Espiritualidade e Reencarnação [Editora do Conhecimento, 2004], o quanto as pessoas, em termos gerais, ainda fazem questão de limitar a presença dos discos voadores e seus tripulantes a parâmetros de análise extremamente superficiais. Se a cada dia o universo nos mostra mais claramente que estamos muito distantes de uma explicação materialista para sua existência e manifestação, como podemos insistir em entender o fenômeno ufológico dentro de tais parâmetros? Certamente, é necessária outra forma de encará-lo.
O entrevistado desta edição da Revista UFO, o espiritualista Wagner Borges, um dos mais conhecidos e competentes pesquisadores brasileiros na área da projeção ou viagem astral, oferece uma visão diversa para a origem e natureza do Fenômeno UFO, que vai além de seus limites materiais. Nascido no Rio de Janeiro, em 1961, desde cedo começou a viver uma estranha fenomenologia, que, apesar da falta de compreensão inicial das pessoas mais próximas a ele, pouco a pouco foi lhe revelando uma nova dimensão da realidade que não apenas nos cerca, mas parece ser a base de estruturação do universo. Sua realidade multidimensional. “Penso que ‘eles’ estejam aqui para nos ajudar, mas respeitando nosso livre arbítrio e atuando secretamente”, diz o entrevistado sobre os seres extraterrestres.
Após mudar-se para a cidade de São Paulo, criou o Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas (IPPB), com o objetivo de aprofundar seus estudos e divulgar temáticas relacionadas aos fenômenos que vivenciava, com palestras e cursos realizados também em todo o Brasil. Hoje, radialista consagrado, é o responsável pelo programa Viagem Espiritual, que vai ao ar todas as quintas-feiras, das 19h00 às 20h00, na Rádio Mundial (95.7 FM). Nele, Borges aborda semanalmente a projeciologia e outros aspectos paralelos da espiritualidade. Mais recentemente, passou a tratar também de Ufologia em seu programa, já que ele próprio tem uma vasta experiência – não convencional – com a presença de discos voadores e suas tripulações em nosso meio.
Penso que ‘eles’ estejam aqui para nos ajudar, mas respeitando nosso livre arbítrio e atuando secretamente. Precisamos saber como interagir com ‘eles’ no plano astral
Viagem Espiritual — Borges é consultor da Revista UFO há quatro anos e colaborador de várias outras publicações, entre elas as revistas Sexto Sentido, Espiritismo e Ciência e Revista Cristã de Espiritismo. Também contribui com muitos veículos, tais como o Jornal de Umbanda Sagrada, O Guaíra e O Legado. É autor de dez livros dentro da temática projetiva e espiritual, dentre eles a série Viagem Espiritual, sobre experiências fora do corpo, e colunista de sites na internet, através dos quais também divulga sua experiência e os conhecimentos adquiridos como “projetor extrafísico”. Foram elas que lhe permitiram manter contato com entidades não terrestres em viagem astral. Nos seis volumes da série, onde esclarece o significado da projeção, há referências também a diversos temas, como vida após a morte, carma, reencarnação e experiências fora do corpo. O autor faz uma abordagem bastante abrangente dos fenômenos espirituais, universalizando o assunto.
Nesta entrevista, Borges trata de temas fundamentais à pesquisa ufológica, como as intenções dos extraterrestres em relação à nossa humanidade, por exemplo, questionando as interpretações negativas defendidas por muitos ufólogos. Mesmo tendo consciência e vivenciando experiências fora do corpo há décadas, quando divide espaço com seres de outras dimensões, o estudioso enfatiza a importância de não se deslumbrar com o fenômeno. “É muito importante manter os pés no chão. Razão e bom senso só melhoram o discernimento e o nível de consciência”. Já estava na hora de os leitores da UFO conhecerem o trabalho de Wagner Borges, e isso ocorre agora, nesta que é, sem dúvida, uma das mais interessantes e provocativas entrevistas já publicadas pela revista.
Como você começou a perceber que algo diferente estava acontecendo e quando fez suas primeiras experiências de viagens astrais ou desdobramentos? Eu tinha 15 anos e era um adolescente como qualquer outro do Rio de Janeiro. Trabalhava num escritório no centro da cidade durante o dia e fazia o colegial à noite. Jogava futebol, freqüentava a praia, namorava, gostava de ler e de escutar rock progressivo – aliás, continuo gostando de tudo isso até hoje. E também gostava de tudo que falasse sobre discos voadores e presença extraterrestre, mas não sabia quase nada do tema, exceto por algumas matérias em revistas da época. Então, numa noite quente do mês de abril de 1977, eu me deitei para dormir normalmente. Estava bem cansado e adormeci logo. Para minha surpresa, despertei no meio da madrugada numa condição incrível: eu estava flutuando no espaço, livre, bem por cima da Baía de Guanabara, como se fosse um espírito, leve e incorpóreo.
Qual foi exatamente a sensação que você teve durante aquela experiência? De liberdade e leveza. Foi uma sensação muito boa e eu me senti muito alegre naquela condição. Ao mesmo tempo, eu questionava que coisa era aquela que estava acontecendo. Eu tinha, naquele instante, o mesmo nível de lucidez com que me expresso agora. Se estava deitado na cama, como é que eu poderia estar ali, no ar, por cima do mar? E onde estava a cama e o meu corpo? No entanto, embora questionasse a situação, eu curtia a sensação de estar flutuando e me sentia muito bem, mais vivo do que nunca. Também sentia que, do mar, fluíam energias maravilhosas, que me atravessavam e proporcionavam bem-estar. Eu me sentia tão bem, que dava cambalhotas e fazia piruetas no ar, como criança. Ou melhor, como um espírito livre da ação da gravidade e cheio de vitalidade.
Parece uma sensação muita agradável. Mas como foi a volta para seu corpo? Repentinamente senti uma pressão e um puxão para baixo e, em seguida, me senti caindo dentro do corpo, com um forte solavanco. Essa foi a repercussão física. A sensação era marcante, como se eu caísse de elevada altura e me fundisse em espírito, abruptamente, com minha parte material. Imediatamente, sentei-me na cama e passei a pensar no que havia acontecido. Eu não tinha nenhuma dúvida do que experimentara, mas não sabia explicar aquilo. A partir daquela noite, com o passar das semanas, comecei a viver freqüentemente este fenômeno de saída do corpo.
O que você fez depois das primeiras experiências? Posteriormente, procurei informações na literatura espiritualista em geral, mas elas não eram muitas naquela época. Tentando compreender aquelas experiências extracorpóreas, eu lia de tudo: teosofia, espiritismo, ocultismo, umbanda, ioga, parapsicologia etc. Tanto de linha ocidental quanto oriental. Isso foi bom porque me deu uma perspectiva aberta e universalista deste tema. Então, descobri que havia narrativas de saídas do corpo desde a Antigüidade, notadamente no Oriente, nas épocas áureas dos iniciados do antigo Egito, no conhecimento dos iogues e sábios da velha Índia, na prática espiritual dos mestres tibetanos e entre os mestres taoístas da China. Também li muitas narrativas modernas dessas vivências nas doutrinas espiritualistas ocidentais. Médiuns e sensitivos variados narravam as mesmas coisas que eu estava experimentando durante o sono. Dependendo da doutrina ou da filosofia espiritualista que falava disso, ou mesmo do contexto cultural vigente, o que mudava eram apenas os nomes do fenômeno. Por isso, cada livro chamava aquilo com algum nome diferente. Daí existe hoje uma nomenclatura bem variada sobre o tema: viagem astral, projeção astral, experiência fora do corpo, emancipação da alma, desprendimento espiritual, projeção da consciência, viagem fora do corpo, saída astral, viagem da alma, viagem espiritual, projeção extrafísica etc.
Quais foram as maiores complicações que você enfrentou no início de seus estudos sobre projeciologia? Bem, passei por algumas dificuldades até aprender a lidar com aquelas experiências. Não havia ninguém com quem conversar sobre o tema. E, em grupos espiritualistas variados, muitas pessoas não queriam falar disso, seja por ignorância ou por medo. Ou, em alguns casos, porque, na época, consideravam esse tema esotérico demais. Eu ouvia o seguinte: “Cuidado, rapaz. Isso aí é perigoso. Já ouvi dizer que, enquanto você está fora do corpo, um espírito inferior pode entrar nele, que está abandonado temporariamente”. Ou ainda: “Você pode não conseguir voltar para o corpo”. Contudo, na prática daquelas experiências, que continuavam acontecendo espontaneamente durante o sono, eu não encontrava nada de perigoso, além de me sentir muito bem! Então, fui me acostumando cada vez mais com essas saídas do corpo e encarando-as como algo normal. Eu via espíritos, que depois entendi serem guias espirituais ou “amparadores extrafísicos”, e também as chamadas “colônias espirituais”. Além de sentir a presença de extraterrestres projetada no astral. O contato com essas outras formas de consciências me deu muito aprendizado espiritual e humano. Apenas não podia falar abertamente sobre isso, para não ser mal entendido.
Pelo menos em sua casa você tinha a liberdade de conversar sobre suas experiências? Mais ou menos. Era um problema quando eu chegava em casa com os livros sobre o tema. Minha mãe e meus dois irmãos eram evangélicos, minha avó católica e meu pai materialista, e todos eles abominavam qualquer referência a coisas espirituais. Isso gerava muitas brigas, pois eu tinha certeza do que estava acontecendo e eles não compreendiam. Certa vez, peguei minha mãe recolhendo meus livros para picotá-los. Tudo isso em nome de Jesus, imagine! Naquele dia foi uma briga danada, pois eu peguei a Bíblia dela e ameacei picotá-la também. Então, ela largou meus livros e me deixou em paz com meus estudos espiritualistas. O engraçado é que hoje meus pais adoram meu trabalho e lêem meus livros sobre esses temas…
Numa noite quente do mês de abril de 1977, eu me deitei para dormir normalmente. Estava bem cansado e adormeci logo. Para minha surpresa, despertei no meio da madrugada numa condição incrível: eu estava flutuando no espaço, livre, bem por cima da Baía de Guanabara, como se fosse um espírito, leve e incorpóreo
Naquela época, você chegou a manter contatos com pessoas que também tinham experiências de saída do corpo, ou que estudavam o fenômeno? Houve algum tipo de interação entre vocês? Eu conversava com alguns poucos amigos que também gostavam desses assuntos. Normalmente, eram leitores da revista Planeta, que, na época, era uma referência e abordava seriamente muitos temas alternativos, inclusive Ufologia. Com o tempo, conheci outras pessoas que também experimentavam projeções extrafísicas, além de vários pesquisadores e médiuns com quem entrava em contato. Dentre eles, o doutor Waldo Vieira, com quem estudei e aprendi por vários anos. Nessa época, já no início da década de 1980, o assunto estava ficando mais aberto. E eu freqüentava todo tipo de lugares, sempre de mente aberta. Com o tempo, passei a realizar palestras para diversos grupos do Rio de Janeiro. Explicava para as pessoas que essa experiência era mais natural do que se imaginava e que abria inúmeras possibilidades de contatos extrafísicos, além de liquidar o medo da morte, de espíritos e do invisível. Durante anos realizei palestras no Rio, sozinho ou junto com o Waldo Vieira. E o legal era que eu estava baseado na própria prática que vivia. Por isso, não imitava ninguém, nem seguia o pensamento de outros.
O professor Waldo Vieira chegou a escrever um verdadeiro tratado sobre projeciologia, uma obra bastante técnica. No que vocês diferem? A abordagem do Waldo Vieira, que antes era bem universalista, foi sendo cada vez mais direcionada para o lado técnico das projeções, e a minha se tornava cada vez mais espiritualista. Eu somava conhecimentos do antigo Oriente com a abordagem espiritual moderna do Ocidente, sem fronteiras e sem lastro algum, nem doutrinário ou técnico. Naquela época, passei a trabalhar sozinho e continuei realizando palestras e cursos, pois a minha base não era a pesquisa de outros, mas a minha própria vivência. E tinha um dado a mais: as consciências extrafísicas que eu via continuavam me orientando a fazer o trabalho daquela maneira, sem ficar preso a esse ou àquele parâmetro.
Fale de sua mudança para a cidade de São Paulo. O que o fez tomar esta decisão? Eu tive um convite para fazer meu trabalho de palestras e cursos em São Paulo, que era um centro maior e com melhores condições de expansão. Naquela época, um grande amigo, o Edmilson Federzoni, que também vivia projeções extrafísicas e estudava o tema profundamente, organizou as coisas e me deu todo suporte na capital paulista. Por dois anos, fiquei entre o Rio e São Paulo, dividindo o tempo e o trabalho nas duas cidades, até que me cansei de tanto viajar. Resolvi mudar de vez para São Paulo, onde estou até hoje e onde desenvolvi um trabalho de esclarecimento de consciência. Para se ter uma idéia, das quatro revistas para as quais escrevo, três são de São Paulo. E lancei a maioria dos meus livros também aqui. O meu programa, Viagem Espiritual, é uma das maiores audiências no horário em toda cidade. E passam pelo IPPB cerca de 500 pessoas por semana, assistindo a palestras abertas e cursos variados. O pessoal que me ajuda no site do IPPB [www.ippb.org.br], um dos maiores do país na temática, também é paulista. Já estou por aqui há quase 20 anos.
Finalmente, gostaria de entrar na Ufologia e saber qual é sua visão a respeito dos UFOs. Em primeiro lugar, gostaria de saber se você já teve alguma experiência com estes objetos, algum avistamento? Sim, por duas vezes. Na primeira delas eu tinha 17 anos. Era uma noite quente e eu não conseguia dormir direito. Então fui para o quintal de casa e fiquei apreciando as estrelas. A madrugada estava silenciosa e a visão do céu era bem limpa, sem nuvens ou claridade lunar. Em dado momento, comecei a me sentir inquieto, como se o ar ficasse carregado de algum tipo de eletricidade. Daí surgiu um objeto luminoso a grande altura, realizando movimentos aleatórios. Não conseguia ver direito que tipo de coisa era aquela, mas não era avião ou helicóptero. Além disso, não fazia barulho algum. Desconfiei que aquilo pudesse ser um UFO e resolvi realizar uma experiência psíquica, como muitas que eu havia lido em artigos sobre Ufologia.
Deu certo o experimento? O que ocorreu? Concentrei-me mentalmente e emanei pensamentos intensos em direção àquela luz, com o objetivo de uma comunicação telepática com seus supostos ocupantes, para que percebessem que eu estava ali. Pedi a eles que voassem em volta, e o objeto circulou e depois parou no mesmo lugar de antes. Fiz a mesma proposta telepática por mais duas vezes, e em ambas o objeto circulou novamente e parou no mesmo ponto. Para variar o teste, pedi que ficassem parados por um tempo, e o objeto permaneceu imóvel. Depois, suas luzes começaram a brilhar de forma intermitente. E antes que eu propusesse telepaticamente mais algum movimento, a coisa disparou velozmente pelo espaço, em fração de segundos, sumindo de vista em instantes.
Qual foi sua reação quando o objeto desapareceu e o que se passou depois? Fiquei ali no quintal por algum tempo, mas não vi mais nada. E a sensação de ar carregado se diluiu no mesmo instante. Obviamente, não tenho como precisar o que era o tal objeto e nem tenho como descrevê-lo. Contudo, fiquei com o sentimento de que algo diferente havia acontecido, algo além do normal. Até hoje penso que aquilo era um UFO controlado por algum tipo de inteligência, devido à correspondência de seus movimentos com o que eu projetava.
E como foi o segundo avistamento que você teve? A segunda vez ocorreu em julho de 1988, na cidade de Atibaia, no interior de São Paulo, quando eu estava num sítio com um amigo. Estávamos apreciando o céu estrelado numa área gramada e cheia de árvores, mas de dentro do carro, pois a noite estava bem fria. Em dado instante, ambos tivemos a sensação de que havia algo enorme pairando acima do veículo. Então, abrimos as janelas e olhamos para cima, mas nada vimos. No entanto, a sensação continuava e o ar tornou-se carregado, como da outra vez.
Vocês acabaram vendo o que estava acima do carro? Nós fechamos as janelas e continuamos ali, conversando sobre aquelas sensações incomuns. Então, para nossa surpresa, alguma coisa encostou de leve no teto do veículo. Eu e meu amigo nos entreolhamos, sem dizer nada. A seguir, fomos tomados de uma estranha reação: ao mesmo tempo em que queríamos abrir as janelas e olhar para fora, uma parte de nós não queria se mover de forma alguma. E não era coisa de descarga de adrenalina no organismo diante de algo desconhecido, pois ambos estávamos tranqüilos. Ficamos quietos e observando o que acontecia. Na seqüência, tivemos a sensação de que o carro estava em cima de uma espécie de colchão de ar invisível, pois ele balançava levemente. Isso durou alguns minutos e parou. Então, tivemos a sensação de que algo tinha se soltado do teto do veículo, e em seguida nos sentimos normais novamente.
Deve ter sido uma sensação muito estranha. O que se passou a seguir? Abrimos as janelas e olhamos para cima, mas nada havia ali. Saímos do carro e ficamos um tempo no gramado conversando sobre tudo o que havíamos sentido. Diga-se de passagem, o meu amigo é dotado de uma sensibilidade parapsíquica bem desenvolvida, além de também experimentar saídas do corpo desde a adolescência. Até hoje achamos que inteligências extraterrestres estavam se manifestando naquela noite por cima do carro, de forma desconhecida para nós.
Você afirma que já teve contatos com extraterrestres durante suas experiências fora do corpo. Como eles ocorreram? Ao longo dos anos, vivendo minhas experiências, comecei a ver seres no universo extrafísico que não se encaixavam na descrição clássica de espíritos desencarnados ou daqueles mencionados nas tradições ocultistas. Vi desde seres com aparência semelhante à nossa até uns bem diferentes. Naturalmente, conhecendo os mecanismos de plasmagens de formas no ambiente astral, onde há uma grande plasticidade em tudo, procurei observar com cuidado como essas presenças se manifestavam ali. Algumas vezes eu me vi projetado fora do corpo no interior de naves, conversando com entidades não terrestres. Pensei: se os seres humanos da Terra podem sair do corpo e interagir conscientemente em outros planos, por que outros seres conscientes e desenvolvidos do universo não fariam a mesma coisa? É uma situação lógica. E se considerarmos que algumas espécies de ETs têm níveis de consciência superiores ao nosso, eles poderiam muito bem encontrar com os terrestres fora do corpo e até mesmo fazer o papel de guias espirituais, dando toques sadios e orientações conscienciais. Certa vez, numa dessas viagens astrais, surgiu um ser de aparência humana, igual à nossa. Era um homem alto, louro, forte, com expressão altiva e generosa. O que ele tinha de diferente eram apenas as pupilas dos olhos, que mais pareciam olhos de gato. Ele vestia um macacão branco e brilhante, um tipo de peça única colada ao corpo, que ia do pescoço aos pés, encaixado nas botas brancas.
Você chegou a interagir com aquele ser? Como foi? Sim, eu me sentia muito bem perto dele. Nós conversamos telepaticamente. Aliás, o cara era bem humorado e suas energias não deixavam dúvidas quanto à sua condição espiritual, que era bem sadia. Ele me falou sobre as experiências fora do corpo, da liberdade que elas ofereciam e da riqueza de possibilidades de contato entre os povos através deste meio. Disse que várias espécies praticam a arte extrafísica e que muitas delas se comunicam com os humanos dessa maneira. Mas afirmou que são raros os terrestres que se lembram disso, devido a bloqueios impostos pelo cérebro, que travam as lembranças extrafísicas. Segundo o ET, isso ocorre porque os humanos usam muito pouco do seu potencial cerebral.
Qual foi a coisa mais marcante que o ser disse a você? Rindo e telepaticamente, ele me disse que cada corpo sutil possui uma vibração específica, um padrão energético individual, como cada pessoa possui impressões digitais únicas. Ele imitou o som da minha vibração e a projetou em minha mente. “Concentre-se bem para gravá-lo corretamente na memória”, disse. “Posteriormente, quando quiser sair do corpo de forma lúcida, basta concentrar-se mentalmente nesse som e isso facilitará muito o processo de sua experiência”. E fizemos um teste: ele fez um gesto com a mão direita e emanou uma energia em minha direção. Imediatamente voltei ao corpo físico, com aquela sensação de queda abrupta e conseqüente repercussão física, o tal forte solavanco, como se tivesse caído de grande altura e me fundido à matéria. Ato contínuo, abri os olhos e sentei-me na cama. E não é que aconteceu o que ele falou? Lembrei-me dele e de nosso papo, mas o tal som, cadê? Sei que aquela lembrança está guardada em alguma parte de minha mente, mas nunca consegui recuperá-la. E aquele extraterrestre não apareceu mais…
Existe algum padrão nos encontros com extraterrestres em viagens astrais, ou algum tipo de entidade que predomina nessas experiências? Na maioria das vezes é mais comum o contato com os chamados grays [Cinzas]. É o tipo mais visto nas viagens astrais. Penso que isso acontece devido ao fato de eles estarem aqui há muito tempo, observando anonimamente os humanos. E, como o contato fora do corpo é realizado em parâmetros diferentes do físico, imagino que essa forma de encontro seja a melhor para eles, pois garante pouca exposição aos níveis mais densos. Outro detalhe interessante sobre isso é que, às vezes, eles mudam de aparência e se apresentam com a forma humana, para não causar medo nas pessoas projetadas extrafisicamente. Fazem isso se utilizando da alta plasticidade do corpo sutil, com o poder do pensamento imprimindo a forma escolhida no mesmo. Isso evita sustos e a má interpretação por parte dos homens que os encontram.
Se os humanos podem sair do corpo e interagir em outros planos, por que outros seres desenvolvidos do universo não fariam a mesma coisa? É uma situação lógica! E se considerarmos que algumas espécies de ETs têm níveis de consciência superiores ao nosso, eles poderiam muito bem encontrar os terrestres fora do corpo
Há seres que você poderia descrever como negativos, aqueles que poderiam causar algum mal ao praticante das viagens astrais? Nunca vi nada de negativo nos seres que encontrei. Pelo contrário, sempre percebi sentimentos legais, como se fossem “guardiões” da raça humana. E acho que há muita distorção quando se fala neles, por causa das informações truncadas e da má interpretação que fazemos de suas ações. Além disso, vi várias vezes espíritos desencarnados negativos plasmando em seus corpos espirituais a aparência dos grays, para enganar incautos e submetê-los a processos de obsessão extrafísica. Penso que é daí que vem muito da fama negativa que muitos ufólogos dão a esses seres. Contudo, o universo é imenso e tudo é possível. Quem sabe se eles não são mais parecidos com a raça humana do que pensamos? Talvez alguns deles sejam negativos, sei lá, como alguns seres humanos também são. E outros, amistosos, como muitos homens daqui mesmo também são. No entanto, nas experiências parapsicológicas que tive, não só nas saídas do corpo, mas também pelas vias da clarividência e da mediunidade, o contato com esses seres sempre foi positivo e cheio de toques conscienciais.
Como você vê a possibilidade de alguns casos clássicos de abdução terem sido vividos, na verdade, fora do corpo físico? Há dois tipos de abduções, a física e a extrafísica. Contudo, há uma grande confusão na hora de separar as duas formas, por falta de informações sobre as experiências extracorpóreas. Quando comecei a ler relatos de abduções em revistas e livros de Ufologia, logo reconheci várias sensações parecidas com as que eu mesmo tinha nas saídas do corpo. Uma delas é marcante, uma espécie de “catalepsia projetiva”, também chamada pela medicina de paralisia noturna. É quando a pessoa acorda e descobre que não consegue se mexer. Tenta abrir os olhos e não consegue. Tenta gritar para pedir ajuda de alguém e também não consegue. Simplesmente, ela se vê com o corpo totalmente paralisado, com uma sensação de peso sobre o mesmo. É natural que isso cause um medo danado, devido ao desconhecimento do que está acontecendo. E aí surgem muitos mitos sobre supostos perigos psíquicos das viagens astrais, como o de que há uma entidade prendendo os movimentos da pessoa.
Como surgem esses mitos e como atrapalham o estudo da projeciologia? Em alguns meios religiosos, a explicação para eles é aquela de sempre: o diabo! Sim, porque se diz que o fiel não rezou direito na missa ou não vai mais às reuniões da igreja etc. Como se sabe, o medo causa fortes reações no corpo, ocasionando descargas de adrenalina na circulação sangüínea, por mecanismos de autodefesa naturais. E aí, a pessoa sai da paralisia para uma aceleração abrupta do metabolismo, abre os olhos e nota uma forte taquicardia, muitas vezes acompanhada de tremores e suor frio. Isso é natural, por causa da ação da adrenalina no corpo. Mas, quantas pessoas estudaram para saber disso? Na falta de informações, é mais fácil dizer que foi o diabo ou um espírito…
Esta paralisia traz algum prejuízo ao praticante destas experiências? De que tipo? Na verdade, a paralisia é benigna e ocorre porque, durante o sono, o metabolismo cardiorrespiratório fica mais baixo e as ondas cerebrais também mudam seu padrão. Por causa disso, há um relaxamento dos laços energéticos que enredam o corpo sutil ao corpo físico, como se fosse uma troca de marcha vibracional do físico para o astral. E, se a pessoa não tentar se mexer, e ainda permanecer calma e com o pensamento voltado para uma vivência espiritual, tranqüilamente experimentará uma saída do corpo, flutuará acima dele e poderá comprovar para ela mesma a realidade disso. Perceberá presenças extrafísicas no ambiente, ou não. De toda forma, não poderá provar nada disso para outros, mas terá a confirmação para si. Desde os 15 anos tenho essas catalepsias projetivas freqüentemente e me acostumei com elas. Depois que descobri o mecanismo por trás delas, passei a usá-las para facilitar as projeções. Mas não foi simples, não. Tive que superar o medo e deixar os fatos rolarem, até estar seguro e dominar o processo.
Que outras sensações ou transformações podem ocorrer durante uma experiência de viagem astral? Há as sensações de dilatação da aura, quando parece que o corpo da pessoa está inflando, os zumbidos e ruídos intracranianos, as sensações de falsa queda da cama, os entorpecimentos físicos etc. Há correlações dessas sensações em vários relatos de abdução. Abduzidos contam que despertam no meio da madrugada com a impressão de sentirem presenças estranhas no ambiente. Muitos já sentiram paralisia e, logo a seguir, uma espécie de raio trator os puxando para cima. Na seqüência, atravessam o teto e se vêem dentro de algum tipo de nave, com seres diferentes examinando-os ou apenas tentando algum tipo de comunicação. Pode-se imaginar o medo dessas pessoas na hora, de frente com o desconhecido e cheias de mitos na mente, talvez imaginando estar diante de demônios. Logo, não é de se estranhar tantos relatos distorcidos. Os ETs podem não ter feito nada com essas pessoas, só tentaram algum contato. Mas elas, só de olharem para os seres, já surtaram.
Você chegou a fazer algum estudo comparativo entre as abduções físicas e as extrafísicas? Bem, estudando tais relatos percebi que várias das abduções tidas como clássicas ocorriam, na verdade, para fora do corpo físico. Mas as pessoas não notavam a diferença por causa do medo e da falta de familiaridade com tais sintomas. Com isso, não estou dizendo que todas as abduções são desse tipo, pois cada caso é um caso. O que estou dizendo é que muitos dos relatos de abduções alienígenas podem ter a ver, sim, com as saídas do corpo. Vários outros pesquisadores e sensitivos vêm ponderando a mesma coisa. Essa é uma área de pesquisa alternativa, mas ufólogos sérios já vislumbraram tal possibilidade, extrapolando as abordagens clássicas e entrando no que poderia ser chamada de “Ufologia Psíquica”. E que fique claro que isso nada tem a ver com qualquer forma de misticismo exacerbado e “viagens na maionese”, seja psíquica ou ufológica. Nesta área, mais do que nas outras, é fundamental o discernimento, para não ser enganado, seja pelos outros ou por si mesmo!
Até que ponto você acredita que seres extraterrestres possam estar relacionados com nossa humanidade? Pelo que vi e senti extrafisicamente, penso que eles estejam aqui para nos ajudar, mas respeitando nosso livre arbítrio e atuando secretamente. Talvez sejamos descendentes deles, quem sabe?
Certa vez você comentou um encontro que teve fora do corpo com seres que não tinham forma humanóide. Como foi essa experiência? Foi uma em que eu acordei fora do corpo, durante o sono. Estava fora da Terra, no espaço sideral, e tinha um guia espiritual chinês comigo, um mentor. Na nossa frente havia uma série de focos de luz imensos, e eu sabia, por intuição, que cada um deles era um espírito superior de algum outro mundo. Eles não mantinham mais a forma do corpo sutil e nem o formato humanóide. E aí, um daqueles seres se aproximou e entrou em minha mente, como se ele estivesse me “escaneando”. Tinha uns três metros de diâmetro. Em um segundo aquele ser já sabia tudo de mim, desta minha existência e de todas as outras encarnações. Eu sentia que ele conhecia tudo de mim, até o defeito mais escondidinho que eu tinha, mas não condenava nada. Era pura compreensão, amor e serenidade. Então, ele despejou uma série de informações dentro da minha mente, só que eram tantas que eu não conseguia segurar. Ele percebeu isso e se comunicou mentalmente com o guia chinês, e disse: “Ele não está entendendo, vamos tentar de novo”. Eu me preparei, mas novamente vieram todas aquelas idéias dentro da minha cabeça e eu não conseguia segurar nada.
Era difícil a interação com ele? Sim, e pela terceira vez ele tentou e eu não consegui assimilar. A informação era tão elevada que eu não tinha nível para poder ancorá-la como ser humano. E aí, escutei ele falar mentalmente para o guia chinês: “Leve-o embora e traga-o no futuro”. Ele então se afastou e fiquei me sentindo o último dos últimos. Nesse momento, fui puxado para o corpo com aquela sensação de queda abrupta. Sentei-me na cama e comecei a me recriminar, com raiva de mim mesmo. Por que eu não tinha entendido? Por que tanta informação boa tinha vindo e eu não tinha nível para recebê-la?
Você descobriu o por quê disso ter ocorrido? Não, mas aí apareceu o guia chinês do lado da cama: “Não fica assim, não. Quando o levei para lá, eu já sabia que você não iria entender nada”. Então, perguntei para que ele havia me levado, e tive a seguinte resposta: “Para você saber que não sabe nada”. Entendi a lição e percebi que, por mais que o ser humano saiba as coisas da Terra, ele é neófito no espaço, um calouro que tem muito o que aprender.
Muito obrigado pela entrevista. Por favor, deixe uma mensagem para os leitores da Revista UFO. Bem, o que eu quero dizer é que, independente da maneira como as pessoas gostem ou pesquisem a temática ufológica, seja com abordagem clássica, técnica ou psíquica, é muito importante manter os pés no chão. Razão e bom senso só dão resultados positivos. E bom humor é o tempero para adicionar aos sentimentos sadios, para não deixar a técnica abafar o coração. Sei que essa abordagem mais espiritualista do tema não é de agrado de todos, mas é o que tenho para oferecer. Então, deixem essas informações somente como possibilidades relativas. De mente e coração abertos, apenas pensem na imensidão do universo, pensem em outros planos e dimensões e na grandiosidade da vida. E que aconteça o melhor para a evolução da humanidade. A medida da percepção dos sentidos dos homens não é a medida da imensidão universal. Há algo mais por aí…