Nos últimos anos, uma personalidade totalmente nova na Ufologia Mundial tem ocupado o centro de todas as atenções. Whitley Strieber, um escritor norte-americano que nunca imaginou que UFOs existissem, é levado para bordo de uma nave e submetido a diversos tipos de exames. Como resultado, publicou uma série de livros que abalou a opinião pública.
“A primeira impressão que temos quando estamos na presença do best-seller e abduzido Whitley Strieber é de alguma coisa não está completamente certa: ele simplesmente não se parece nada com um contatado típico, desses que estamos habituados a ver em congressos de Ufologia, por exemplo. Ao contrário, parece mais um burocrata ou funcionário público”, eis a declaração de um cientista que não acredita em discos voadores e que teve a oportunidade de conhecer um de seus mais famosos defensores. “Talvez o autor norte-americano Strieber represente o surgimento de uma força cultural (ou contracultural) diferente, lastreada por experiências praticamente íntimas com seres extraterrestres e que remetem nossa humanidade à patamares novos em sua interpretação da realidade”, eis outra declaração, desta vez de uma autoridade de primeiro escalão de um país europeu, que também não acreditava em experiências com ETs antes de conhecer Strieber. E as opiniões não são diferentes, mesmo que partam de pessoas de posições antagônicas entre si. Recentemente, ao lançar um de seus últimos livros, Majestic (publicado no Brasil em dezembro último pela Editora Mercuryo, com o mesmo nome), Strieber viajou a vários países do mundo para divulgá-lo – e estamos aguardando-o em Curitiba, para a 1ª Conferência Internacional de Ufologia (Editor: leia mais nesta edição). Antes disso, em 1987, quando lançou Communion, A True Story (traduzido para o português como Comunhão e publicado pela Editora Record), o autor passou por períodos de grande modificação em sua vida, como veremos neste artigo.
O best-seller não gosta de dar entrevistas mas, em Estocolmo, onde ficou alguns dias, concedeu uma de quase duas horas, exclusiva e única ao grupo ufológico sueco Arkivet for UFO-Forskning (AFU), cedida posteriormente à UFO, onde deixou de lado algumas formalidades e entregou-se às suas emoções, abrindo-se completamente com seu interlocutor, Hakan Blomqvist, e uma pequena platéia. Antes de ingressar no campo ufológico, Whitley Strieber escreveu oito livros de excelente repercussão literária: The Wolfen (1979), The Hunger (1981), Black Magic (1982), The Night Cruch (1983), Warday (1984), Wolf of Shadows (1985), Nature\’s End (1986) e Cat Magic (1986). Depois de sua carreira como autor estar consolidada, lançou seus livros no setor da questão ufológica: Communion (1987), Transformation (1988), Majestic (1990). Os livros de Strieber estão sendo publicados em praticamente todo mundo, acompanhando um interesse de público cada vez mais crescente. Até uma edição “pirata” e secreta em russo de Communion já passou a circular entre os adeptos da Ufologia em vários países da ex-Cortina de Ferro. O sucesso de seu trabalho é tão grande que foi lançado até um filme baseado em Communion, nos Estados Unidos, com Christoffer Walken (de O Franco Atirador) no papel principal. O filme não é lá um campeão de bilheteria, mas, com a cuidadosa supervisão de Strieber, é uma reprodução fiel de suas experiências (Editor, aguarde matéria a respeito do filme, breve). Uma das passagens mais chocantes do filme, ainda inédito no Brasil, é a que identificam o autor populista norte-americano que um dia, de uma hora para outra, viu-se frente a frente com criaturas horrendas e assustadoras, e que voltaram a procurá-lo e a abduzi-lo variadas vezes. Communion, como filme ou livro, conta suas dramáticas experiências e já foi lançado no Brasil há 3 anos.
Majestic – No entanto, a grande comoção do momento é o novo livro, Majestic, que Strieber lança movido pela profundidade da questão ufológica – e desta vez de pesquisa do assunto, e não simplesmente narrativa de fatos pessoais. Com 43 anos de idade, Whitley Strieber é – ou era, antes de tudo acontecer – um bem-sucedido e conhecido autor de Nova York, com um currículo invejável e bem-vendidas obras literárias de ficção de alta qualidade nos últimos anos. O mais famoso de seus livros, antes de ter suas experiências, é The Wolfen (cuja tradução correta para o português seria “qualidade de lobo”), com o qual venceu as dificuldades como escritor e firmou-se na vida, Mas Strieber escreveu também obras de não-ficção, tal como Nature\’s End (O fim da natureza), sobre problemas do meio-ambiente, e War day, (O Dia da guerra), sobre um eventual e futuro confronto nuclear entre as grandes nações. Strieber tem, portanto, boa bagagem de conhecimentos e é leitura apreciada por diversos segmentos. Entretanto, jamais tratou da questão ufológica em qualquer de seus primeiros livros (“nem acreditava que UFOs e ETs realmente existissem”, disse uma vez).
Mas, foi em janeiro de 1987 que Strieber deu um susto enorme em seus leitores e admiradores habituais, lançando em segredo (sem que fosse aguardado ou ventilado pela crítica) um livro de não-ficção de gênero completamente diferente dos anteriores: um livro sobre experiências com seres extraterrestres. E o que deu mesmo um nó nas mentes que já o acompanhavam há anos, era o fato de que as experiências narradas – dramáticas, por sinal – tinham ocorrido como ele, o próprio Strieber! Communion era este livro, com o desconcertante subtítulo “Uma História Verdadeira, Um Encontro com o desconhecido”. Nesta obra, sem muitas cerimônias, o novelista simplesmente alegou estar em contato com entidades misteriosas que vinham de um outro planeta a bordo de um UFO e que, aqui na Terra, procuravam seres humanos para as mais diversas finalidades, entre elas experiências biológicas, psicológicas e genéticas. Strieber pode narrar em detalhes como foi abduzido (Editor: termo que os ufólogos usam para denominar alguém que foi seqüestrado por extraterrestres) e examinado por pequenas e acinzentadas criaturas, com cabeças grandes e desproporcionais aos corpos (“pequenos e frágeis”, descreveu) e olhos negros, grandes e penetrantes. Com um enredo desses, Strieber poderia perfeitamente estar escrevendo mais uma obra de ficção, caso não insistisse em que aquela tinha sido uma experiência verdadeira e que teve ele como cobaia.
Best-seller – Muita gente duvidou do livro, mas muito mais gente acreditou nele! De forma geral, o livro foi bem recebido pelos maiores jornais norte-americanos, e em muito pouco tempo passou a ser o número um nas listas de mais vendidos dos mais variados periódicos nos EUA. É estimado hoje que Communion tenha vendido
mais de 8 milhões de cópias somente nos Estados Unidos, um recorde superado por muito poucos livros além da Bíblia… Whitley Strieber, que já era conhecido, tornou-se uma personalidade famosa no meio literário e ufológico, passando a proferir conferências sobre sua relação com ETs em quase todo o território americano e na Europa. Sua presença em congressos ufológicos, aliás, era praticamente obrigatória e respeitadíssima. E os ufólogos norte-americanos não perderam a fantástica oportunidade de usá-lo como um eficiente meio para resgatar a combalida e estressada credibilidade do movimento ufológicos dos EUA (o que se refletiu no mundo todo). Assim, sem querer, Strieber não só passou para àquela relação de pessoas que já tinha visto um ET (cerca de 0,02% da Humanidade, segundo algumas estatísticas), como desenvolveu um processo de adesão em massa à teoria de que os ETs não estão apenas nos observando, mas interagindo profundamente conosco. Isso teve resultados muito positivos, embora alguns efeitos colaterais negativos emergissem no contexto.
“Simplesmente arruinei totalmente minha carreira como escritor, publicando algo sobre discos voadores e alienígenas. Quando comecei a escrever o Communion, cada vez que reiniciava o trabalho, sentava junto de minha máquina de escrever com lágrimas nos olhos, pensando o que faria com minha carreira. Mas, mesmo assim, decidi fazê-lo, por mais que seja desprezado pela retrógrada comunidade literária americana”, desabafou o autor quando viu que estava ao lado de um ufólogo, e não um crítico literário ou um mero jornalista. Esta é uma faceta de sua glória, digamos assim, que muito pouca gente conhece: depois de lançar seu primeiro livro e atingir o fantástico sucesso que teve, Strieber via-se marginalizado pela comunidade literária, que simplesmente não admitia que tamanho êxito pudesse se originar de uma obra sobre UFOs. Mas ainda, não admitia que o assunto fosse alçado ò privilegiada posição atingida. No início, é verdade, até os ufólogos posicionaram-se contra o livro, mas tal oposição diluiu-se gradativamente com o passar do tempo e com o convívio com o autor – “… de uma sinceridade e uma honestidade que até incomoda segundo definiu um grande conferencista e ufólogo da Califórnia.
Como na maioria dos contatos ufológicos de graus elevados (3°, 4° e 5° graus), Strieber não tinha idéia do que lhe ocorrera durante um período em que ficou sem consciência e, posteriormente, com pensamentos confusos – “como se faltasse algumas horas de minha vida”, recorda. Por isso, foi tratado com variadas sessões de hipnose regressiva – uma terapia eficientíssima que os ufólogos utilizam como verdadeira ferramenta de trabalho. Strieber tinha noção de apenas uma parte de suas experiências com alienígenas, a bordo de um UFO, e a hipnose revelou mais fatos e detalhes sobre o que aconteceu durante este e muitos outros contatos que teve antes em sua vida, coisa que nem sequer imaginava, mas que estava “guardada” em algum lugar de sua mente. Communion aborda todos esses fatos e detalhes, assim como apresenta o esforço desesperado do autor para tentar compreender e conviver com suas experiências, após tê-las descoberto. Em seu “caminho”, encontrou-se com centenas de pessoas que passaram exatamente pelo mesmo processo que ele, conciliou informações e depoimentos pessoais, submeteu-se à uma quantidade insana de novas pesquisas, checagens e verificações. Enfim, voltou a ser cobaia, mas desta vez de ufólogos! Mesmo assim, por seu elevado grau de instrução e discernimento, deu significativas contribuições à Ufologia e aqueles que tinham as mesmas interrogações não respondidas na cabeça.
Olhos Penetrantes – Segundo seu depoimento, tudo começou em 26 de dezembro de 1985, quando Strieber acordou no meio da noite “com um barulho esquisito e ondulante, vindo da sala de estar, no andar inferior da casa”. Como de hábito nos fins de semana, estava dormindo com sua família num rancho que possuía na zona rural, ao norte da cidade de Nova York. Próximo a ele dormia sua esposa e, em outro quarto, seu filho. Strieber, ao ouvir o som, sentou-se na cama e percebeu uma pequena e estranha figura parada e em pé, na porta de seu quarto. “A entidade usava um capacete liso e arredondado, e tinha algo que parecia um colete blindado”, conta Strieber, completando que a criatura avançou em sua direção. Strieber perdeu a consciência, que foi resgatada completamente com a hipnose; sua próxima lembrança foi a do movimento, mas não tem idéia se foi carregado para fora do quarto ou se flutuou, mas repentinamente encontrou-se em uma clareira na floresta, com várias entidades ao seu redor. “Senti-me paralisado e podia mover apenas os olhos; subitamente, fui erguido diretamente para cima e podia ver as árvores abaixo”. A próxima memória do abduzido é de estar em uma pequena sala circular com teto abobadado e de cor cinza escuro, onde pequenas pessoas moviam-se ao seu redor com grande velocidade. Sua personalidade, a esta altura, segundo foi apurado na hipnose, dissolvia-se em medo e pavor.
Seres excepcionalmente inteligentes, vindos de muitos e diferentes planetas do universo observam a raça humana terrestre com especial interesse. Uns querem conhecê-la, outros querem monitorá-la e há os que ainda pretendem explorá-la.
Na pequena sala, uma pessoa magra e elegante apareceu, dando a Strieber a impressão de que se tratava de uma mulher, embora extraterrestre (“era uma fêmea”, disse confiante). Nisso, mostraram-lhe uma caixa com uma tampa deslizante e a “fêmea” abriu-a, tirando de seu interior uma agulha brilhante e delgada. Strieber imediatamente suspeitou que algo de muito desagradável lhe aconteceria, e que a tal fêmea seria sua algoz. E com razão, já que há dezenas de casos de abdução em que os ETs utilizam aparelhos e agulhas para introduzirem líquidos ou outros artefatos no corpo de suas vítimas – mas Strieber não tinha a menor idéia disso, pois nunca havia se aprofundado em Ufologia. “Eu estava ciente do que aconteceria, pois haviam me informado que eles iriam inserir aquela agulha dentro de minha cabeça, no meu cérebro. Se antes eu já estava amedrontado, agora estava completamente enlouquecido com o terror que passava”, disse Strieber. “Vocês vão arruinar uma bela mente”, foi a última coisa que Strieber pensou antes de ouvir um “bang” e ver um forte “flash” – pareceu-lhe que a operação na cabeça já estava terminada, rápida mas confusa. Em seguida, emergiu numa completa escuridão; sua próxima lembrança seria a de estar em uma pequena sala de operação, diferente da primeira. Lá, viu que estava sobre uma mesa, com diferentes entidades ao seu redor, olhando-o detidamente. Uma delas inseriu um novo objeto em seu corpo: desta vez, era algo triangular, colocado em seu reto.”Acreditava que o propósito deles era colher matéria fecal para amostras, mas, naquele exato momento, tive a impressão de que estava sendo violentado”. Sua narrativa encheu-se de emoção e fez uma declaração que não combina nada com s
ua aparência e aspecto tranqüilos: “Pela primeira vez senti raiva”. Não era para menos!
Na manhã seguinte (dia 27), Strieber acordou sentindo uma clara sensação de inquietação. As lembranças da abdução vinham gradativamente à tona, uma a uma, porém sem formar um quadro geral da situação. Strieber ainda não tinha idéia completa do que lhe acontecera na noite anterior, e sentiu-se cansado e gelado, desenvolvendo uma incômoda infecção no dedo indicador direito. Para completar seu sentido de desorientação física e confusão mental, Strieber ainda sentia dores agudas no reto e sua esposa descobriu um pequeno ponto com uma ferida atrás de sua orelha direita, que doía bastante. A personalidade e o caráter de Strieber deterioravam-se mais e mais com o passar das semanas, conforme o afloramento de novas memórias chocava-se com a falta de entendimento das que já o perturbavam. Essa é uma característica padrão das abduções e muito poucas pessoas que passaram por tal experiência conseguem livrar-se das memórias aflorantes. Pior ainda, muito poucas conseguem conviver com elas: a maioria chega a ficar insana. Com isso, Strieber tornou-se excessivamente sensível, confundido e indelicado. Seu comportamento com as pessoas e sua própria família era grosseiro e rude. Trabalhar era impossível pois, depois de cinco ou dez minutos de tentativas, não podia concentrar-se. Strieber chegou a pensar que estava ficando louco – e essa reação está 100% de acordo com o processo pelo qual passou.
Procurando Ajuda – Perturbado, conseguiu alguma ajuda no livro Science and the UFOs (Ciência e UFOs), onde encontrou o nome do pesquisador Budd Hopkins, um artista plástico que se transformou em ufólogo e se especializou em casos de abdução e no uso de hipnose. Hopkins fez sua primeira análise do caso de Strieber em 6 de fevereiro de 1986. Strieber descreve sua visita à casa de Hopkins de forma incrível e emocionante: “Enquanto sentava naquela sala de estar, ouvindo-o contar que aquilo não tinha acontecido só comigo, que não era o único a ter tido tal experiência e que muitos vinham ali pelo mesmo motivo, não consegui conter as lágrimas e chorei. Nem imagino como pretendia esconder tudo dele, por algum tipo de reação natural, até que entendi o que se passava”. Hopkins então colocou Strieber em contato com o Dr. Donald Klein, do Instituto Psiquiátrico de Nova York. Depois de uma visita ao Dr. Klein, Strieber decidiu submeter-se a nada menos do que cinco sessões de hipnose, as quais revelaram na íntegra os vários contatos que teve com os “visitantes” (termo que Strieber prefere usar para ETs, em vez de alienígenas). O primeiro de seus contatos, recém-descoberto via hipnótica, ocorreu quando Strieber tinha 12 anos. O segundo foi o ocorrido em dezembro de 85, revelado com muito mais detalhes na sessão. Hipnotizado, Strieber descreve as entidades como tendo olhos muito largos e negros, que o faz pensar em olhos de insetos.
“Você é o nosso único escolhido”, Strieber recorda-se de ter ouvido de um dos visitantes. Depois destas sessões, sentiu-se imensamente melhor e começou um estudo completo sobre a literatura ufológica, devorando livros e revistas em busca de respostas. Como conseqüência, acabou emaranhando-se com a questão das quedas de UFOs, estudando-as a fundo e descobrindo uma coisa que os ufólogos já estavam cansados de saber: o Governo dos EUA tinha conhecimento de tudo sobre o assunto e escondia do público. Movido por isso, Strieber puxou o fio da meada e escreveu Majestic (Editor: leia informações sobre o livro nesta edição).
Durante o segundo contato físico, ocorrido em dezembro de 1986, ele encontrou uma entidade parecida com uma mulher da Terra. Por alguma razão, Strieber também levou seu gato para este contato. “Atrás de mim estava o ser que me transportou desde o meu rancho e, à minha frente, estava uma mulher jovem, usando um tipo de vestimenta azul que cobria todo o corpo e um avental branco ao longo dele. Ela pareceu ter entre dezoito e vinte e cinco anos e tinha um estojo pequeno e fino em sua mão”. A mulher tirou o que parecia ser um objeto de latão do estojo e pressionou-o contra a coxa do gato, adormecendo-o imediatamente. Em seguida, pressionou o objeto contra o pescoço de Strieber. Esta foi sua última lembrança consciente do episódio; o resto teria que ser descoberto por via hipnótica. Sua próxima lembrança consciente é de estar despertando como hábito, pela manhã, sem que nada de estranho pudesse ter acontecido – exceto à sua mente. “Esta mulher que eu vi poderia andar pelas ruas que ninguém notaria algo de estranho. Sua estrutura facial era a de uma européia ou nórdica, e tinha cabelo castanho permanentemente ondulado. Pareceu-me também muito clara e bonita, e observei que tinha um rosto perfeitamente agradável. Eu a observei muito atentamente e por um longo tempo, face a face, tentando ver se ela poderia ter alguma coisa que a diferenciasse das mulheres terrestres”.
A esposa testemunha – O terceiro e último contato físico que Strieber teve com seus visitantes ocorreu em janeiro de 1988 e foi parcialmente testemunhado por sua esposa. Logo antes das 6 horas da manhã desse dia, Strieber e sua esposa foram acordados por um som semelhante a alguém soprando em uma concha. Novamente, estavam em seu rancho ao norte de Nova York e, ao ouvirem o barulho, sentaram na cama “para aguardar o que estaria por vir”, segundo Strieber. “Anne e eu nos entreolhamos, quando ela disse: \’Eu acho que são eles\’. Coloquei meu robe e sai em direção ao prado, por entre as árvores da floresta em volta da cabana – o prado do qual eles vieram muitas vezes; até meu vizinho os tinha visto lá”. Anne não ousou acompanhá-lo e ficou cuidando do filho do casal.
Já na floresta, Strieber observou um enorme objeto cinza, acima do prado, com três figuras enfileiradas à sua frente – todas também de cor cinza. Vendo aquilo, parou a uns 150 metros do objeto, já que não sabia o que aconteceria com ele se prosseguisse. “Parei e esperei lá por alguns minutos, pensando que eles viessem ao meu encontro, mais para dentro da floresta, mas eles não se moveram. Em seguida, tive a impressão de que havia alguém atrás de mim e fiquei com medo, retornando à casa. Até agora, aquela é a última vez que me lembro de tê-los visto”.
Ao lado destes três impressionantes contatos físicos, Strieber narra ainda uma grande soma de experiências físicas e fenômenos paranormais que desenvolveu após os eventos. Partes de Communion contêm exemplos destes eventos fantásticos, como os que seguem. Em outubro de 1987, os visitantes prepararam uma experiência fora do corpo (projeção astral) para Strieber. Repentinamente uma delgada mão apareceu do nada à frente dele, apontou para uma caixa no assoalho e, de repente. Strieber sentiu
uma onda de energia muito forte (que julga ser sexual) e saiu num instante para fora de seu corpo, ficando o tempo todo inteiramente consciente. Dez anos antes, em uma noite de abril de 1977, o casal lembra-se de ter ouvido uma voz que iniciou uma estranha conversa com eles – e o mais estranho é que a voz vinha do aparelho de som instalado na sala da casa. Strieber descreve em várias ocasiões experiências em que ficou ausente de casa, sem saber onde estava e sem ter qualquer idéia do que ocorreu durante os dias “perdidos” em sua memória. Assim como ocorre à quase todos os contatados de graus elevados, isso aconteceu até bem antes dos contatos físicos da testemunha, algo que já pode ser considerado até uma espécie de padrão na casuística ufológica.
Fantasia ou Não – “Strieber tem personalidade inclinada à fantasia”, foi como muitos críticos literários e outras pessoas ligadas ao círculo cultural norte-americano definiram o protagonista das experiências com ETs. Isso se dá até por culpa de Strieber, que de fato tem o peculiar hábito de narrar estórias complexas, interessantes e fantásticas – mas que não são verdadeiras – em seus livros. “Strieber realmente tem uma personalidade com tendência à fantasia, uma mente bem dotada para obras de ficção-terror, mas dificilmente criaria uma história tão séria como a que descreve em seus livros, especialmente colocando-se como testemunha (e vítima) de experiências com UFOs e alienígenas”, é como o defendem alguns de seus amigos, que o conhecem suficientemente bem para saber que Strieber sabe separar o joio do trigo. “Ele parece ter o mesmo tipo de mente como muitos outros contatados que eu entrevistei e pesquisei, os quais apresentam uma estranha história e em seguida outra”, dá o veredicto um renomado ufólogo sueco. Outro ponto que intriga, na história de Strieber, são as semelhanças do estilo ficção-terror de seu livro The Wolfen, com algumas passagens de Communion. No The Wolfen, Strieber descreve uma tribo de lobisomens que repentinamente aparece em Nova York, espalhando medo e terror. É notório o paralelo que existe entre a chegada dos fictícios lobisomens e os visitantes extraterrestres, supostamente reais e descritos em Communion, e logo na região de Nova York! O que pensar a respeito?
Nem ufólogos, nem cientistas sabem ao certo o que leva alguém a criar a ilusão de ser um abduzido por ETs. Mas nenhuma das duas categorias rejeita as fantásticas experiências de Whitley Strieber.
Certamente, não rejeitamos suas experiências, mesmo porque foram intensamente analisadas e exploradas via hipnose, o que afasta em 99% as chances de enganos. O que pleiteamos é a ligação, talvez inconsciente, de uma coisa à outra, ou seja: The Wolfen, escrito antes de Strieber aventurar-se com ETs, conta uma história que o autor colheu em algum lugar de sua mente, onde já existia (lembremos que o primeiro contato de Strieber foi quando tinha 12 anos) um enredo similar, porém encenado por ETs – mesmo que o autor não imaginasse que os invasores fossem ETs, e os vissem como lobisomens. Em Communion, é relatada a seguinte frase: “Eu tenho a opinião de que eles são uma espécie de colméia. Se isto for verdade, então eles podem ser, em conseqüência, uma única mente com milhões de corpos…” Mais adiante, Strieber escreve: “A inteligência pode ser encontrada em uma única colméia ou em todo grupo…”. Já em The Wolfen, lemos: “Eles (aqui são os lobisomens) observam seu líder. Seu pêlo eriçava e em seguida eles faziam como ele fazia; eles viviam e funcionavam com um único desejo, um único sentimento, um único coração”. Criaturas desconhecidas e atemorizantes que sempre viveram entre nós e que, repentinamente, reaparecem é um tema que constantemente surge nas novelas de Strieber, prévias ao lançamento de Communion e seus demais livros sobre UFOs.
Projeções Mentais – Muita gente considera fortíssima a hipótese de que Strieber sofra de algum tipo de alucinação bem controlada – as acusações de que os visitantes sejam projeções da mente subconsciente de Strieber não é muito implausível quando se considera o passado do autor. Esta também é a hipótese proposta pelo psiquiatra Ernest H. Taves, em sua análise do livro de Strieber, publicada no periódico Skeptical Inquirer. Phillip J. Klass, um personagem conhecido pela Ufologia norte-americana como “arquicético”, também dedica um capítulo completo à Communion em seu mais recente livro UFO Abductions, A Dangerous Game (Abduções UFO, Um Jogo Perigoso); nele, Klass discute as particularidades psicológicas de Strieber e também sua experiência e participação em vários grupos de ocultismo de Nova York. Por 15 anos, e isso pouca gente sabia, Strieber foi membro da The Gurdijeff Foundation (Fundação Gurdijeff). Mas, quando isso veio à tona, na segunda edição de seu livro o autor se justifica, dizendo que a Fundação não funciona como um grupo de ocultismo. Mesmo assim, ficou a pergunta: por que ele se esqueceu de dizer isso antes? Klass também descobriu – não que isso mude os fatos, mas corrobora com mais confusão na área – que Strieber experimentou basicamente tudo em sua vida, desde o Zen Budismo até a feitiçaria. “Para se ter idéia”, insiste Klass, “seu filósofo favorito é o velho místico alemão Meister Eckhart, considerado como o pai da feitiçaria”.
Por outro lado, mesmo após suas intensas experiências, assumindo-as como reais, Strieber não dá qualquer indicação clara sobre o que realmente são os visitantes, ou qual é sua origem. Ele escreve em Communion, e volta a repetir em Transformation, que pode ser “um fato muito real que entidades físicas saiam do inconsciente”. Strieber tem uma visão particular do mundo à sua volta. No último capítulo de Communion, A Tríade, por exemplo, o autor revela muito de sua visão pessoal sobre o mundo e confunde um pouco as coisas. Desde o começo sendo um livro muito interessante, este último capítulo nos parece um balde d\’água, com a apresentação de um monte de teorias de misticismo, ocultismo, simbolismo, esoterismo, religião e mitos em geral, num tom atrapalhado e complexo. Strieber comparou sua abdução com ritos de iniciação nas antigas escolas de esoterismo.
Tríade e Águia – “Vamos desde à interminável batalha da dualidade até a harmonia da Tríade, e então até o mistério da águia. Cada um de nós é um ser potencialmente transformado, o amigo de Deus, a fênix deslizando livre”. Lá também lemos: “… a experiência tem seu centro simbólico no número três e na forma triangular”. O que ele quis dizer com isso tudo e qual a rel
ação desses assuntos com a questão ufológica? Ou, mais precisamente, qual a relação desses assuntos com suas experiências contativas? A única certeza que temos, lendo este último capítulo, é que Strieber é ocultista e fortemente místico. Isto, no entanto, não é claramente um motivo para renunciarmos à credibilidade de seus contatos, mas certamente a compromete. Há também sérias dúvidas se o que foi apresentado durante as sessões de hipnose são de fato recordações de memórias reais. Strieber tem muito pontos sensíveis para serem estudados. De qualquer forma, Strieber é muito bem relacionado, com amigos em pontos-chaves. Numa oportunidade, declarou em Estocolmo que alguns amigos seus na National Security Agency (NSA, Agência de Segurança Nacional), se interessaram por seu caso, já que analisavam ocorrências complexas envolvendo o tema extraterrestre.
Strieber ouviu deles a declaração de que estavam (o Governo dos EUA estava) analisando secretamente os filmes e fotos do Caso Gulf Breeze, uma ocorrência suspeita e que divide a opinião os ufólogos, segundo o qual um casal de Pensacola (Flórida) tem tido rotineiros contatos com seres extraterrestres – é um caso semelhante ao de Eduard Meier, na Suíça, também suspeito. Os analistas da NSA confessaram a Strieber que ficaram confusos com a qualidade dos filmes, e que não os consideravam uma fraude. Por que tais pessoas iriam comentar isso com Strieber, se o assunto é mantido a “7 chaves”, se Strieber não fosse importante no contexto ufológico norte-americano? E por que é importante? Bom, o autor vendeu rios de livros nos EUA e na Europa, depois verificando-se o mesmo efeito no resto do mundo. Communion, Transformation e a agora o Majestic, são Best-seller de ficarem dezenas de semanas entre os mais vendidos em muitos países do mundo. Isso não é suficiente para despertar a atenção do governo? Como nunca acontecera antes – pelo menos não nestas proporções – os livros de Strieber são causadores de um efeito fantástico: centenas de pessoas, após lerem as declarações de uma pessoa que nunca havia pensado em UFOs antes e, de uma hora para outra, passa a descrever fantásticas experiências com ufonautas algozes, se motivam para narrar suas histórias secretas a alguém.
Assim, muitas pessoas entraram em contato com as editoras responsáveis pelos livros nos mais diferentes países para oferecer-lhes declarações de suas próprias abduções. É evidente que muitos desses supostos contatados simplesmente “criaram” um enredo para tentar concorrer a uma chance de escritor, mas é inegável que a maioria dessas pessoas está narrando fatos verídicos, incentivadas pelo que já se convencionou chamar de Efeito Strieber. O perigo psicológico nisso tudo é que seus livros iniciaram um movimento igual a uma bola de neve, com desordenadas alegações de contatos ufológicos não estudados, onde os sonhos e a perda de memória de cada pessoa serão interpretados como contatos com seres do espaço. Os ufólogos temem uma avalanche de declarações descabidas, mas preparam-se para contra atacar, lançando livros que tentam dar alguma ordem ao assunto, livros que analisam caso por caso, estudam cada exemplo e passam ao leitor uma idéia do que pode e o que não pode ser. Assim, conclui-se que o ingresso de Strieber só contribuiu para engrandecer a Ufologia, pois ganharam todos: Strieber contou sua história, desabafou e ganhou dinheiro; o público ganhou noções de que “algo mais” está acontecendo nos nossos céus e na terra, além de ter o incentivo para declarar suas próprias experiências; as editoras ganharam terreno e dinheiro; e os ufólogos ganharam notoriedade e a chance de “acordarem” para fazer parte de um novo tipo de movimento ufológico – isto quando a maioria deles já imaginava que nada de novo iria acontecer tão cedo nesse campo!
Pura Invenção – Mesmo que toda a história fosse pura criação de Strieber, poderíamos perfeitamente contabilizar o ganho de cada um. Mas, no entanto, há muitas confirmações cruzadas que evidenciam que Strieber está falando a verdade. “Extraordinárias alegações como as de Strieber são suportadas por extraordinárias evidencias”, diz o filósofo americano Paul Kurtz, do também arquicético Committee for Scientific Investigations of the Claims of the Paranormal (CSICOP, Comitê Científico para Investigação das Alegações Paranormais). Por outro lado, variadas outras testemunhas viram os visitantes no rancho de Strieber. Em junho de 1987, por exemplo, havia nove convidados no rancho, sendo que três deles eram jornalistas, e todos acordaram à noite e viram os visitantes. Um dos convidados era Ed Conroy, o jornalista de San Antonio, Texas, que escreveu o livro Report on Communion (Relato sobre o Communion), testemunhando a favor de Strieber. Conroy tem uma fantástica carreira e jamais iria expô-la se não tivesse certeza do que está fazendo; no entanto, confirmou em seu livro a ocorrência em junho de 1987 e o caráter firme de Strieber. “Havia uma criatura escura próxima ao rancho, com uma caixa de metal em suas mãos. Da caixa, \’aquilo\’ apanhou um par de cordões e ligou-os em sua mão direita”, declarou em uma entrevista recente. De um intelecto admirável, o que faz a história de Strieber ser tão interessante é sua educação profissional e cultural. Strieber é formado pela prestigiosa Universidade do Texas e tem capacidade para perceber suas experiências com bom senso e mente aberta, o que o distingue da maioria dos contatados clássicos, normalmente sem instrução e confusos. Agora, em meio a tantos prós e contras, resta-nos somente aguardar para ver como seremos brindados com novas (e breves, esperamos) surpresas.