A Comunidade Ufológica Brasileira recebeu da Aeronáutica, em agosto, dois documentos que causaram enorme surpresa pelo seu conteúdo. Ambos foram enviados ao Arquivo Nacional, em Brasília, e à Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), pois são resultado direto de sua campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, movida desde 2044 por meio da Revista UFO e com excepcionais resultados — entre os quais, com estes novos arquivos, a liberação de quase 5 mil páginas de documentos antes secretos sobre UFOs no país. Os novos materiais se intitulam Resumo Estatístico de OVNIs e foram produzidos pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). Um deles é datado de 27 de março de 2000 e contém 614 casos ufológicos descritos resumidamente, e o outro é datado de 09 de fevereiro de 2001, com 662 acontecimentos de discos voadores no país.
Estes relatórios são uma apresentação estatística de ocorrências de avistamento de discos voadores e contato com tripulantes, estão agora de posse do Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN) e constam de um levantamento e ordenamento de centenas de registros da casuística ufológica brasileira apresentados de forma muito sucinta. Chama a atenção, logo de imediato, que muitas das testemunhas constantes nos arquivos sejam pilotos civis e militares, além de controladores de voo, ou seja, testemunhas experientes e de credibilidade, que fizeram suas observações a olho nu ou com o uso de binóculos, e muitas têm confirmação simultânea por radar.
Testemunhas civis e militares
Comparando os dois documentos, percebe-se que aquele datado de fevereiro de 2001 é uma versão revisora e retificadora do anterior, de março de 2000, pois apresenta os mesmos casos do volume anterior, estando apenas acrescido de mais 48 ocorrências e qualificando com maior especificidade as testemunhas, por exemplo, indicando seus cargos como civis ou militares. Assim, apesar de termos estudado os dois calhamaços, vamos nos referir doravante somente ao de fevereiro 2001, por ser o mais completo e atualizado. Conforme sua introdução, o material é uma reunião de todos os registros constantes no acervo de casos ufológicos existente no Comdabra, mas que não teriam sido submetidos à pesquisa científica, motivo pelo qual não são considerados como confirmados.
São relatos coletados de fontes diversas, tanto observadores embarcados em aeronaves quanto em solo, a partir de 1953, considerado como “ano zero”, e concluído em 2000. Nota-se que diversos relatos foram confirmados por meio de radares do sistema nacional de controle de tráfego aéreo. Do resumo estatístico em questão consta um total de 662 ocorrências, distribuídas conforme a tabela do texto. Nela, é importante ressaltar que no “ano zero” da compilação, 1953, há 14 eventos, sendo que ocorrências registradas sem data foram todas agrupadas neste ano. Constata-se ainda na tabela que ocorreram nas décadas de 60, 70 e 90 períodos de maior ocorrência de fenômenos, fases que são conhecidas no meio como ondas ufológicas — mas isso não foi registrado na década de 50, muito provavelmente pela ausência de cultura de observação e de prestação de relato ufológico, fatos mais recentes.
Ondas ufológicas registradas
Também se observa no documento, como refletido na tabela, uma elevação no número de ocorrências na década de 90, talvez em decorrência de uma maior aceitação do Fenômeno UFO tanto por parte da população quanto pelos próprios militares. A onda ufológica da década de 60 reúne cerca de 9 do total de 662 casos do calhamaço, sendo que a da década de 70 agrupa pouco mais de 22%. Já na década de 80 ocorreram dois picos de avistamentos, em 1982 e 1986, compondo 8% dos casos. E nos anos 90 a onda marcou pouco acima de 18 dos eventos — mas esta década foi atípica, registrando mais de 47% do total de registros constantes no documento.
Continuando a análise do documento, constatou-se que 509 observações de objetos voadores não identificados se deram entre as 18h00 e as 06h00, computando perto de 77% das ocorrências e indicando que os casos são francamente mais numerosos neste período. Entendemos que isto se dá em razão de os UFOs apresentarem à noite uma luminosidade característica, que os destaca do fundo escuro do céu. E também que durante o período diurno objetos foscos e sem brilho praticamente não chamam a atenção, a menos que estejam bem
mais próximos do observador.
Variados formatos
Os formatos dos UFOs relatados no documento recentemente liberado variam bastante. Aqueles que são apenas luzes chegam a pouco mais de 31%, mesma porcentagem de incidência dos artefatos circulares — estas duas formas juntas somam quase dois terços dos avistamentos. Nos demais registros os objetos apresentam os diversos formatos já conhecidas pelos ufólogos, como lenticular, oval, quadrado, retangular, triangular etc. Indica ainda o relatório que mais de 75% destas observações foram feitas visualmente, apenas. Já os estados onde houve um maior número de registros foram o Pará, Distrito Federal, São Paulo e Paraná, totalizando 63% dos casos.
Chama a atenção no documento que 13 eventos estão registrados como “Contatos com Extraterrestres”, sem, contudo, serem pormenorizados os detalhes de como se deram estes encontros, mas supondo-se que sejam interações entre humanos e tripulantes de naves. Ainda assim, um destes contatos, ocorrido em 1969, tem como testemunhas nada menos do que cinco pessoas, e o registro no documento é seguido da sigla SECINT, que significa Secretaria de Inteligência da Aeronáutica. Em outro caso de contato, este registrado em 1981 e com uma testemunha, também há esta indicação. Isto faz supor que os protagonistas eram integrantes desta Secretaria, ou ao menos teriam algum vínculo com ela. Se a suposição for acertada, teremos na revelação deste novo acervo algo ainda mais impressionante, que é o envolvimento direto de autoridades militares com o Fenômeno UFO.
Investigações oficiais
Em diversos outros casos de avistamentos relatados no documento as testemunhas estão seguidas pela indicação SECINT, sugerindo a presença dessa Secretaria também nas investigações destes casos — talvez até mesmo com a participação direta de seus integrantes nos episódios de avistamento e contato com extraterrestres. Enfim, a leitura do relatório deixa a certeza da existência de documentação mais detalhada relativa aos casos descritos, os quais devem ser disponibilizados em sua íntegra no Arquivo Nacional, inclusive com as imagens obtidas, para que a sociedade possa ter acesso franqueado e irrestrito a eles.
O impacto que a disponibilização dos documentos inere
ntes a cada um dos eventos mencionados neste relatório poderá causar na população ainda não pode ser avaliado, mas pode ser presumido — os documentos de cada caso podem confirmar que membros da Aeronáutica já tiveram encontro com seres de outros planetas. Uma confirmação destas, assumida publicamente pelas Forças Armadas e consequentemente pelo Governo Brasileiro, será implacável para os segmentos que ainda se esforçam (inutilmente) em descaracterizar e a ridicularizar o Fenômeno UFO. Com certeza, será um marco divisor de eras, entre a fase da investigação ufológica especulativa e a nova era em que todas as academias e laboratórios terão, obrigatoriamente, que reconhecer seu erro de visão cientificista e passar a estudar o fenômeno ombro a ombro com os ufólogos.
No documento “Resumo Estatístico de OVNIs”, datado de 09 de fevereiro de 2001, emitido pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), estão registradas 662 ocorrências ufológicas, assim distribuídas:
Ano Quantidade %
1953 14 2,11
1954 02 0,30
1955 01 0,15
1956 01 0,15
1957 00 0,00
1958 00 0,00
1959 00 0,00
1960 00 0,00
1961 00 0,00
1962 01 0,15
1963 00 0,00
1964 00 0,00
1965 00 0,00
1966 01 0,15
1967 02 0,30
1968 24 3,63
1969 36 5,44
1970 02 0,30
1971 01 0,15
1972 05 0,76
1973 02 0,30
1974 02 0,30
1975 05 0,76
1976 08 1,21
Ano Quantidade %
1977 85 12,84
1978 63 9,52
1979 03 0,45
1980 05 0,76
1981 03 0,45
1982 23 3,47
1983 07 1,06
1984 06 0,91
1985 02 0,30
1986 30 4,53
1987 03 0,45
1988 02 0,30
1989 09 1,36
1990 16 2,42
1991 17 2,57
1992 10 1,51
1993 16 2,42
1994 43 6,50
1995 12 1,81
1996 61 9,21
1997 60 9,06
1998 37 5,59
1999 18 2,72
2000 24 3,63