A Ufologia Brasileira viveu mais um de seus grandes momentos recentemente com a realização, pela Revista UFO, do VI Fórum Mundial de Ufologia (III UFOZ 2014), um evento que já se tornou habitual e indispensável no país. Desta vez reunindo 24 conferencistas de 10 países, o tema central foi Que Implicações o Fenômeno UFO Tem Para a Humanidade? O evento teve início no final da tarde de 27 de novembro do ano passado, em Foz do Iguaçu, quando o Sol ainda brilhava forte e mais de 400 pessoas alimentavam grande expectativa para a abertura do encontro histórico. Era o primeiro de quatro dias de intensa programação, durante os quais ufólogos reconhecidos internacionalmente abordariam os diferentes aspectos do Fenômeno UFO. Havia uma efervescência quase palpável no ar, como é comum nas reuniões da família ufológica.
Na abertura oficial, após um pequeno atraso dos conferencistas sul-americanos, A. J. Gevaerd, editor da Revista UFO, criador e promotor do grande evento, iniciou o Fórum agradecendo às autoridades e conferencistas presentes, aos voluntários e patrocinadores, e ao público que ali comparecia. “Foz do Iguaçu encontra-se em uma localização estratégica para a Ufologia do continente, esquina entre o Brasil, Paraguai, Argentina, Bolívia Chile e Peru”, disse. “Isso facilita a convergência de pesquisadores e interessados destes e de outros países, importantes representantes da Ufologia Mundial. E por isso escolhemos a cidade para sediar o Fórum Mundial de Ufologia”, completou. Para sua concretização, a UFO contou com substancial apoio da Itaipu Binacional, do Iguassu Convention & Visitors Bureau, do Instituto Wilson Picler e da Frontur Eventos. Colaboraram também para sua realização a Estância Nova Era, Mythos Editora, TAM, Golden Tulip Internacional e hotéis Best Western Tarobá, Iguaçu Plaza, Pietro Angelo e Foz Presidente.
A mesa de abertura foi formada logo a seguir pelos ufólogos e membros da Diretoria da UFO Francisco Pires de Campos, Toni Inajar Kurowski, Marco A. Petit, Thiago Luiz Ticchetti, além da gerente do evento, Daniela Gevaerd. À mesa também se sentaram, representando todos os conferencistas internacionais, o ufólogo chileno Rodrigo Fuenzalida e a argentina Andrea Simondini. Após as palavras de Gevaerd, que apresentou ou propósitos do evento, Campos dirigiu-se à numerosa audiência com a seguinte pergunta: “Quem de vocês já viu um objeto voador e não o identificou?” Mais da metade das pessoas levantou a mão — o público não estava ali por mero interesse intelectual ou acadêmico, e isso se viu logo de início. Após a fala de Campos, todos os demais membros da mesa dirigiram suas palavras de boas-vindas à plateia. Estava dada a largada para o grande evento. “Este evento é feito com muita dedicação e esforço para vocês”, disse Daniela Gevaerd.
Fenômeno difícil de estudar
A maioria das pessoas que compareceu ao VI Fórum Mundial de Ufologia (III UFOZ 2014) foi a Foz do Iguaçu movida pelo interesse em compreender experiências que vivenciaram, algumas vezes de maneira traumática, para as quais não encontram explicação dentro da ciência oficial e nem apoio e credibilidade social — o Fenômeno UFO apresenta características próprias e elas não se adequam aos protocolos da ciência. “Para que algo seja considerado científico, deve-se poder reproduzi-lo em laboratório repetidas vezes. Mas o que caracteriza o Fenômeno UFO é justamente a multiplicidade de suas manifestações, que não se encaixam na metodologia usada para estudar e entender os fenômenos naturais”, disso Kurowski. A Ufologia tem procurado responder ao desafio de produzir uma ciência específica, com bases nas manifestações dos chamados discos voadores, sempre tão impactantes. Manifestações que, como destacou Kurowski em sua mensagem de boas-vindas, “são de natureza material, espiritual e social”.
O Fórum teve dois objetivos práticos: primeiro, reunir pesquisadores e interessados em trocar e adquirir novas informações e, segundo, divulgar a Ufologia para a sociedade em geral. Afinal, o processo de conhecimento do Fenômeno UFO, além de necessitar da liberação de documentos oficiais mantidos em sigilo, tem consequências que vão desde a simples aceitação de sua ocorrência até a mudança de referências da humanidade quanto a seu papel no cosmos. Os quatro dias do evento também foram mais uma oportunidade para dar continuidade ao trabalho da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que, por meio da Revista UFO, emitiu a Carta de Foz do Iguaçu 2014. O documento, desta vez enviado às Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, pedia que a discussão ufológica fosse levada ao Congresso Nacional. “Não abrimos mão de ver a sociedade envolvida na discussão ufológica através de seus representantes”, disse Gevaerd. O texto da Carta de 2014 tem os seguintes pedidos aos nossos deputados e senadores:
1. “Desclassificar ou disponibilizar para consultas dos ufólogos brasileiros documentos referentes a operações de registro do Fenômeno UFO pelas Forças Armadas, levando-se em consideração que apenas a Força Aérea Brasileira (FAB) posicionou-se a respeito do tema, liberando seus arquivos à Sociedade Brasileira, mas fazendo-o parcialmente; e que o Exército e a Marinha nunca atenderam aos pedidos dos ufólogos neste sentido e nada desclassificaram de seus arquivos”.
2. “Fomentar a efetivação de um grupo de trabalho dentro do Ministério da Defesa para que se realizem ações de pesquisa e investigação do Fenômeno UFO por uma comissão mista de ufólogos civis e militares das três Forças Armadas, a fim de que seus resultados sejam de conhecimento da sociedade brasileira”.
3. “Sugerir a todos os países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) a desclassificação total e irrestrita de todas as informações e documentos gerados oficialmente pelos mesmos com relação ao tema, notadamente aquelas que têm sido insistentemente solicitadas por ufólogos do mundo inteiro descrevendo a manifestação do Fenômeno UFO no planeta”.
4. “Determinar às Forças Armadas brasileiras e sugerir às autoridades de outras nações que informações sobre o Fenômeno UFO não sejam mais classi
ficadas em nenhuma categoria de sigilo, com foco na Declaração Universal dos Direitos Humanos no seu Artigo XIX: ‘Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras’”.
5. “Promover audiências públicas em ambas as Casas Legislativas, convocando-se para tanto os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) para que apresentem ao Poder Legislativo e às autoridades brasileiras em geral suas conclusões de décadas de estudos e pesquisas do Fenômeno UFO, provando sua materialidade e incontestável relevância, tanto para conhecimento de V. Exas. quanto para sua tomada de posição quanto aos itens solicitados acima”.
ETs na exploração espacial
Abrindo a quase interminável série de conferências, ainda na noite inicial do Fórum, o trabalho As Novas Fases do Fenômeno UFO Rumo ao Contato Final, palestra do pesquisador e coeditor da Revista UFO Marco A. Petit, tratou do principal problema que a Ufologia enfrenta: o acobertamento da realidade do Fenômeno UFO pelas autoridades mundiais. O pesquisador dispensa apresentações, mas vale lembrar que é membro da CBU e um dos mais ativos e rigorosos investigadores da Ufologia Brasileira. No começo de sua apresentação, Petit contou que certa vez alguém lhe perguntou se existe mesmo vida inteligente fora da Terra. Ele teria, então, respondido sarcasticamente com outra pergunta: Será que existe mesmo vida inteligente na Terra? O público se divertiu muito com a anedota e se descontraiu. Em seguida, a imagem do famoso monólito proposto por Stanley Kubrick no filme 2001, Uma Odisseia no Espaço (1968) foi projetado no telão, para lembrar que a Terra sofreu intervenção externa para o surgimento e evolução da humanidade.
Petit situou o início do acobertamento ufológico a partir da queda de uma espaçonave extraterrestre na cidade de Roswell, nos Estados Unidos, em 1947, quando os norte-americanos tiveram que encarar a realidade de uma tecnologia muito mais avançada e comprovadamente de origem alienígena. A Força Aérea Norte-Americana (USAF) admitiu o fato no calor da hora, mas logo em seguida desmentiu toda a história — pois a impossibilidade de se explicar o ocorrido evidenciou que não era possível garantir a segurança do planeta. O pesquisador então explicou que, desde 1953, muitos artefatos que não eram de tecnologia terrestre foram detectados em órbita do nosso planeta. O lançamento do satélite soviético Sputnik 1, em 1957, deu origem a uma mudança de padrão na exploração espacial e, em 1958, foi fundada a Agência Espacial Norte-Americana (NASA). “Objetos voadores não identificados eram não apenas vistos, mas começaram a acompanhar e a interferir nas atividades espaciais humanas. Nossos satélites e naves funcionam e deixam de funcionar, até hoje, sem nenhuma explicação”, disse Petit.
Posteriormente, segundo ele, ETs passaram também a interferir em nossas atividades bélicas, desativando ogivas nucleares aqui na Terra, como na base norte-americana de Malmstrom, em 1967. Petit afirmou ainda, apresentando impressionantes provas documentais, que a evolução tecnológica que levou o homem à Lua impôs aos humanos um fato pouco esperado — nosso satélite já se encontrava ocupado por outras inteligências cósmicas. “Tal constatação teve como principal consequência pôr fim à rivalidade histórica entre norte-americanos e soviéticos. Os países passaram a colaborar entre si, impedindo a destruição da Terra”. Por outro lado, a evolução tecnológica trouxe avanços na transmissão de imagens do espaço, revelando mais construções artificiais em planetas e satélites do Sistema Solar. O atual estado da questão deu origem ao excepcional livro de Petit, seu sétimo, Marte: A Verdade Encoberta [Conhecimento, 2013], no qual o autor analisa rigorosamente as imagens do Planeta Vermelho, que demonstram não só indícios de vida biológica atual em Marte, como vestígios de uma antiga civilização.
Estudo da casuística
A hipótese central da palestra de Marco A. Petit foi a de que está ocorrendo uma mudança no padrão de acobertamento ufológico imposto pelos governos e capitaneado pelos Estados Unidos. Com relação a UFOs no espaço, por exemplo, imagens que antes eram negadas e censuradas pela NASA, como atestam as tarjas pretas sobre as fotos ou o embaralhamento das imagens disponibilizadas no site da agência, hoje estão sendo liberadas livres de modificações — a legenda de uma das fotos no site do órgão chega até a reconhecer como UFO um dos objetos retratados pelos astronautas. Dentre as milhares de imagens do site da agência, Petit passou a encontrar fotos antes censuradas em seu estado original. A conclusão a que chegou o pesquisador é de que, agora, a NASA quer que essa divulgação contraditória nos leve a ter certeza de que o governo norte-americano está mentindo quanto ao que descobriu no espaço. O pesquisador foi muito aplaudido e sua palestra encerrou a primeira noite da intensa programação do Fórum.
No dia seguinte os trabalhos começaram animados. Todos os palestrantes que falaram sobre casuística ufológica insistiram na importância capital da abordagem científica. Isso se deve ao fato de que o Fenômeno UFO é conhecido, sobretudo, com base em depoimentos e relatos. Para a ciência, como já se mencionou, um fato verdadeiramente científico deve não apenas poder ser repetido em laboratório, mas precisa também ser despojado da subjetividade do observador, uma vez que ela é sempre defeituosa — a procura da racionalidade serve, sobretudo, para tirar o Fenômeno UFO do descrédito. Por isso, o apelo quase obsessivo dos ufólogos à investigação de campo. Só a multiplicação do estudo dos avistamentos, aterrissagens de naves, contatos com seres e abduções pode estabelecer o que constitui o paradigma da Ufologia — os padrões que podemos inferir por meio dos vestígios materiais e pelos modelos de comportamento do fenômeno em suas diversas manifestações. Assim, as palestras sobre a abordagem científica no Fórum demonstraram três segmentos de pesquisa.
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O primeiro é formado pela iniciativa das organizações de pesquisadores civis, pioneiras na investigação ufológica, e parte do fato de que os UFOs são reais e devem ser estudados para definir o fenômeno e distingui-lo dos naturais ou fraudulentos. Esse segmento tem como principal objetivo promover a pesquisa de campo para agrupar e comparar as informações obtidas. Nesta linha, o conferencista mineiro Paulo Henrique Werner, do Centro de Pesquisas e Investigações de Fenômenos Aéreos Não Identificados (Cipfani), afirmou em sua palestra, por exemplo, que a Terra é um laboratório de estudos científicos sobre o homem e o planeta, levado a cabo por diferentes raças de extraterrestres. “Essa constatação exige a multiplicação das investigações de campo, mas o que se vê hoje é o contrário disso, ou seja, cada vez menos pesquisadores se dispõem a ir a campo para coletar dados e evidências”, lamentou.
A internet, que sem dúvida alguma é uma ótima ferramenta de pesquisa, infelizmente transmite a ilusória sensação de que todas as informações estão disponíveis. Mas o fenômeno é refratário e tem que ser pesquisado sempre e de maneira concreta. Werner convidou o público a integrar sua entidade, que está reativando suas atividades de campo. O Cipfani disponibiliza equipamentos e protocolos em conformidade com as exigências internacionais e pretende criar uma rede de pesquisadores para troca e análise de resultados.
Participação argentina
Concordando com Werner, ao apresentar o palestrante à plateia, Toni Inajar Kurowski reafirmou que a pesquisa de campo é primordial e precisa ser retomada. Antes mesmo de fazer sua própria conferência, ele já anunciou a montagem de um curso de formação de investigadores de campo em Ufologia, que exigiu a confecção de uma apostila de 800 páginas, um trabalho patrocinado pelo Grupo de Apoio ao Avanço da Consciência Cósmica (GAACC) prestes a ser lançado. O curso começará em Curitiba, em 2015, e será ministrado a cada dois meses em várias capitais do país, podendo ser feito de forma presencial ou à distância. “A ideia é formar investigadores de campo nos mesmos moldes preconizados pela Mutual UFO Network (MUFON), dos Estados Unidos, aprofundando a abordagem científica na pesquisa ufológica”, disse Kurowski, que é conselheiro especial da Revista UFO e faria sua conferência no dia seguinte.
Seguindo a mesma linha de abordagem da casuística ufológica, a delegação Argentina relatou a enorme riqueza de manifestações de discos voadores e extraterrestres em seu território, e a presença de vários pesquisadores argentinos no Fórum demonstrou a coesão e a coordenação dos ufólogos daquele país. Entre eles, o conferencista Carlos Alberto Iurchuk, em sua palestra Comissões Oficiais de Pesquisas Ufológicas e o Futuro do Fenômeno, deu um bom exemplo de como os investigadores conseguem interpelar as instâncias governamentais e até descobrir o que está sendo acobertado — como a foto de um UFO feita por ele e por José Miguel Lugones durante uma vigília, que foi enviada à Força Aérea Argentina (FAA) com um pedido de informações sobre o que era, mas sem afirmar ser de um UFO.
A FAA respondeu que não poderia autenticar que a foto era de um UFO, mas, com a resposta em uma carta oficial, ficou evidente que o governo argentino tratava do assunto com seriedade. Os militares da FAA mandaram, então, a foto para a Marinha de seu país — e nova resposta trouxe mais uma vez a evidência de que havia algum órgão governamental tratando do tema. Ato seguinte, a Marinha enviou um formulário de identificação técnica de discos voadores, bastante detalhado e baseado naquele desenvolvido pelo Projeto Livro Azul, em 1969. O documento tinha o número 2565, indicando que já havia, então, muitos mais de 2.000 formulários respondidos. Todos os membros da delegação presentes ao Fórum eram da Comissão de Estudos do Fenômeno Óvni da República Argentina (Cefora), que concentra seus esforços no direito de saber a verdade sobre os UFOs, trabalhando pelo desacobertamento do fenômeno nos mesmos moldes que a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) faz aqui.
UFOs desde os primórdios
O convidado especial Salvador Valentín Carta, também da Argentina, apresentou a análise de uma foto que retratava um UFO próximo a um avião, obtida em uma base militar. A investigação foi feita de maneira livre e é um ótimo exemplo da cooperação civil com uma comissão militar oficial. Iurchuk mostrou também um filme sobre a investigação que fez em conjunto com a ufóloga Mercedes Casa, sobre agroglifos ocorridos na região de Salta, no nordeste do país. Ele terminou sua palestra com uma referência a Carl Sagan, que teria completado 80 anos dias antes: “Sagan dizia que o universo é um grande oceano cósmico onde os humanos estão imersos somente até o joelho. Ainda há muito a investigar e a descobrir. Assim, convido-os a continuar estudando, pois vamos nos deparar com coisas muito interessantes”.
Foz do Iguaçu tornou-se um dos mais importantes pontos mundiais de discussão do Fenômeno UFO — A. J. Gevaerd
A também argentina Andrea Simondini, integrante e fundadora da Cefora e correspondente internacional da Revista UFO em seu país, falou sobre a presença alienígena na Terra em uma palestra intitulada Conspiração Extraterrestre no Passado, Presente e Futuro. Ela definiu conspiração como a reunião de pessoas para esconder alguma informação e, como disse a palestrante, “as informações conferem poder àqueles que as detêm”. Andrea apresentou um histórico muito interessante sobre os indícios da ação na Terra de outras espécies cósmicas desde os primórdios. Ela relacionou tais vestígios com os eventos hoje considerados como contatos extraterrestres, destacando a mensagem enviada do radiotelescópio de Arecibo e a resposta recebida por meio de um agroglifo em Chilbolton, na Inglaterra, em 2001. Falou também do chamado Sinal Wow, recebido em 1977 pelo Projeto SETI [O programa de busca por vida extraterrestre inteligente], nos Estados Unidos, mostrando ao p
úblico que as evidências continuam aparecendo.
Andrea Simondini também discorreu sobre o Caso Bariloche, ocorrido em seu país em 1995 e envolvendo as tripulações de dois aviões, e sobre os avistamentos luminosos na região de Los Rios, que a pesquisadora comparou às Luzes de Hessdalen, na Noruega. Para ela, onde há evidências e não há conspiração de acobertamento ufológico, podemos encontrar as respostas. Muito emocionada, a conferencista foi carinhosamente aplaudida pelo público após sua brilhante palestra.
Investigações governamentais
O segundo segmento de pesquisas ufológicas é o adotado por órgãos governamentais, e foi tratado em palestras que falaram dos procedimentos seguidos oficialmente em países como a Argentina, Peru e Chile. A grande incidência de casuística ufológica nestas nações obrigou o estudo do fenômeno de forma governamental por questões de segurança nacional — e a metodologia seguida tem como preocupação maior adquirir conhecimento que permita distinguir os UFOs de fenômenos naturais. Neste sentido, o coronel Júlio Chamorro, da Força Aérea Peruana (FAP), trouxe ao público do VI Fórum Mundial de Ufologia (III UFOZ 2014) informações sobre a reabertura, em 2013, do Departamento de Investigação de Fenômenos Aéreos Anômalos (DIFAA), da FAP. A definição de fenômeno aéreo anômalo foi feita por J. Allen Hynek, astrônomo e ufólogo norte-americano, ainda nos anos 70. Trata-se do relato de uma observação no céu, cuja aparência e características permanecem inexplicadas mesmo após intensa pesquisa.
Chamorro, que é correspondente internacional da Revista UFO, explicou em sua palestra, intitulada Procedimentos de Pesquisa Ufológica Oficial no Peru, que o funcionamento da DIFAA segue as disposições da Constituição Federal de seu país, que estabelece que as Forças Armadas sejam as responsáveis por garantir a independência, a soberania e a integridade territorial da nação. “A tarefa consiste em organizar, controlar e examinar dados que permitam elaborar regras de ação, assim como classificar, tramitar, custodiar todos os casos relacionados com fenômenos aéreos anômalos”. Chamorro disse ainda que um processo de investigação ufológica é aberto oficialmente seguindo o referido protocolo, para que se possa determinar se o objeto visto estava em um voo controlado — terrestre ou não — ou se era um fenômeno natural. Nos casos não explicados — não terrestres — as testemunhas são informadas dos detalhes do processo por um conselho consultivo, que segue um protocolo de caráter reservado. Estes são os casos de discos voadores, inúmeros no país.
Seguindo a linha de expor investigações ufológicas oficiais, o chileno Rodrigo Fuenzalida, ufólogo mundialmente reconhecido e consultor científico do Centro de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos (CEFAA), da Força Aérea Chilena (FACH), brindou o público com a palestra Procedimentos da Pesquisa Ufológica Oficial no Chile. Fuenzalida iniciou sua exposição falando sobre a relação entre a internet e a Ufologia. Para o pesquisador, a rede é uma importante fonte de informações, pela rapidez com que permite o compartilhamento de dados entre os ufólogos do mundo todo. “Mas é também uma grande fonte de desinformação, pela mesma rapidez com que dissemina dados falsos e casos fraudulentos”, disse, consternado.
A contribuição do Chile
O ufólogo explicou à plateia do Fórum que o CEFAA é o organismo responsável pela pesquisa oficial chilena e que tem como missão compilar, investigar e analisar todos os relatos de fenômenos aéreos não identificados (FANI), como são conhecidas as manifestações ufológicas em seu país. O pesquisador apresentou ao público o organograma do órgão da FACH e a lista de seus integrantes, com representantes de cada uma das Forças Armadas chilenas, além da Polícia Civil, que lá participa das pesquisas. Fuenzalida explicou também a metodologia adotada pela entidade em seus procedimentos, que parte da aplicação de questionários que visam extrair dados característicos do Fenômeno UFO observado. A investigação é seguida do processamento das informações, resultando em um informe final do órgão, que os distribui aos interessados.
O palestrante disse também que existe no Chile um relacionamento positivo e construtivo entre os investigadores civis e o Centro de Estudos de Fenômenos Aéreos Anômalos (CEFAA). Para esclarecimento do público presente, projetou um filme excepcional sobre o que acontece no Deserto de Atacama, comentando inúmeros eventos ufológicos lá ocorridos — as imagens mostraram objetos voando muito baixo, em uma atitude desafiadora, e o avistamento de luzes comparáveis às de Hessdalen. Fuenzalida concluiu dizendo que “os UFOs são um inegável fenômeno tecnológico e que devem ser investigados de maneira sistemática e contínua”.
O terceiro segmento de pesquisas ufológicas apresentado no Fórum se baseou nas ciências exatas. Duas palestras do evento, em especial, apresentaram trabalhos feitos dentro da física experimental. Essa linha de investigação busca compreender as surpreendentes manifestações do Fenômeno UFO por meio dos parâmetros objetivos e dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos que conhecemos. Um dos trabalhos foi o do conferencista francês Jean-Jacques Velasco, ufólogo com formação científica que foi integrante e depois diretor do Grupo de Estudos de Fenômenos Aeroespaciais Não Identificados (GEPAN), primeiro organismo francês criado para o estudo oficial de UFOs. Em sua palestra Ocorrências de UFOs Pesquisadas Oficialmente na França, Velasco nos disse que era um cético quanto ao tema até ser convencido da hipótese extraterrestre a parti
r da abordagem metódica das informações. Como o mundo científico rejeita o fenômeno, ele reafirmou em sua palestra a necessidade de uma metodologia que seja aceitável para os cientistas.
O pesquisador participou da elaboração de um protocolo de coleta de dados que é usado até hoje pelas Forças Armadas, pela aviação civil e pela polícia da França. O protocolo permite o estudo coordenado das informações, sua classificação, a orientação da pesquisa experimental para tentar reproduzir em laboratório as manifestações mais características dos UFOs e a pesquisa fundamental, que tem como base a física teórica. Um exemplo da pesquisa experimental preconizada por Velasco foi a tentativa de reproduzir em laboratório a evolução e propulsão do voo silencioso característico dos discos voadores. “O físico francês Jean-Pierre Petit também conseguiu fazê-lo usando a modelização por computador e demonstrou o funcionamento dos UFOs, chegando à conclusão de que a forma discoidal é a mais adequada para os fenômenos observados”, disse.
Arrancando risos da plateia, Velasco contou ainda uma piada gerada no meio científico pela pesquisa de Petit, que dizia que, “se os discos voadores não existiam antes, um físico os tinha inventado”. O pesquisador concluiu sua palestra dizendo que é importante coordenar estudos científicos com as autoridades, assim como promover acordos internacionais. Enfatizou que o reforço da pesquisa é fundamental.
As Luzes de Hessdalen
A palestra do professor universitário norueguês Erling Strand foi o ponto alto da abordagem científica do assunto. Ele tratou do fenômeno das Luzes de Hessdalen, das quais Andrea Simondini e Rodrigo Fuenzalida haviam falado antes, que ocorre desde 1981 no pequeno Vale de Hessdalen, na Noruega, e que condensa todas as linhas de pesquisa científica desenvolvidas pela Ufologia Moderna. “O fato se destaca pela profusão e variedade contínua das manifestações, uma vez que as luzes se deixam observar com uma frequência média de mais de 20 aparições por semana. Embora tenham diminuído muito recentemente, as aparições perduram há mais de 30 anos”, disse o ufólogo. Strand informou que as luzes surgiam nas cores branca, azul, vermelha e amarela, podendo ser fortes, piscantes, paradas, em movimento rápido ou lento, em linha reta ou tomando várias direções e, às vezes, com objetos visíveis por períodos de até uma hora.
O pesquisador norueguês explicou que em algumas ocasiões os objetos não identificados se materializavam do nada e os fenômenos ocorriam, e ainda ocorrem, em qualquer condição meteorológica ou atmosférica — eventos de tal magnitude chamaram a atenção de universidades norueguesas e o Projeto Hessdalen foi montado para compilar e estudar as observações. O palestrante nos contou que vários institutos de pesquisa emprestaram equipamentos e instrumentos de investigação e que eles conseguiram 55 observações do fenômeno. Construíram, então, seus próprios instrumentos de medição para estabelecer a natureza dos artefatos — alguns deles eram invisíveis, mas foram registrados em radar. A maior velocidade medida dos objetos foi 30.000 km por hora e o uso do laser foi o que revelou resultado mais espetacular: segundo Strand, quando apontado para uma luz brilhante, ela piscava mais rápido ainda, ao invés de desaparecer, como esperavam os observadores.
“Em oito das 9 vezes em que isso foi feito, as luzes piscaram mais aceleradamente. No movimento de balanço dos objetos, as ondas podiam ser sentidas e descobriu-se, depois, que realmente havia forte presença de radiação eletromagnética”. Ainda hoje, disse o cientista, há no vale três câmeras de vídeo e medidores interligados diretamente a uma universidade. “O envolvimento de instituições acadêmicas vem contribuindo para a mudança de mentalidade tão necessária em relação ao Fenômeno UFO. Jovens adolescentes estão associados ao projeto, participando de vigílias e entrando em contato
com as manifestações que persistem no tempo”, declarou.
Estudo psicossocial dos UFOs
O conferencista mineiro Leonardo Martins, um dos mais recentes consultores da Revista UFO, em sua palestra Experiências Ufológicas: Passado, Presente, Futuro e Implicações Psíquicas, foi o único pesquisador a abordar especificamente o campo psicossocial da fenomenologia ufológica. Martins é membro do Laboratório de Psicologia Anomalística da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisa de que forma o ser humano influencia o Fenômeno UFO. A evidência central de suas pesquisas, conforme contou à plateia, é o testemunho das pessoas que contam suas experiências. Mas como saber se elas são reais ou produto do funcionamento psíquico do indivíduo? Para isso, Martins expôs um extenso panorama de investigação que existe dentro da psicologia, com muitos artigos já publicados no Brasil e no exterior sobre os limites da experiência humana. O que elas têm em comum? “Todo ser humano possui uma carga biológica, psicológica e social individual, e quando ocorre a experiência ufológica, essas dimensões do indivíduo são implicadas no fato e a percepção é enviesada”, afirmou.
Vários países no continente mantêm comissões oficiais de pesquisas ufológicas em atividade — Andrea Simondini
O psicólogo nos explicou que o ser humano tem a tendência de ajustar as experiências àquilo que espera experienciar. Outro fator que influencia a percepção é, por exemplo, o desejo de enxergar alguma coisa específica, ainda que ela não esteja lá. E há, também, as influências do grupo, que ocorrem devido às características gregárias do ser humano, que vêm desde o começo da civilização. O pesquisador informou ainda que há certos mecanismos psicológicos, como as apofenias, que tendem a organizar as experiências de maneira que elas façam sentido. Martins disse que as pesquisas têm demonstrado que a memória é dinâmica e funciona como um telefone sem fio, tendendo a distorcer e a modificar o que é lembrado, ou seja, a memória é constantemente reeditada — o resultado disso são as falsas memórias, havendo também as falsas memórias coletivas.
Para o estudioso, o contexto cultural é que dita o que a testemunha espera de uma experiência. O mesmo acontece nas vivências ufológicas, que devem ser contextualizadas culturalmente e também com base na história de vida das testemunhas. “A experiência ufológica é um fenômeno em mutação, onde
religião e espiritualidade interagem e se tornam mais complexas, levando a uma multiplicação dos fatos”. Ele citou que Sigmund Freud falava sobre as três das feridas narcísicas da humanidade, criadas por Copérnico, Darwin e por ele próprio. “Podemos esperar por mais uma no momento do contato final. Vamos ter que nos reinventar”, disse para concluir sua palestra. O pesquisador foi muito aplaudido por sua brilhante exposição.
Paradoxo de Fermi
O perito policial paranaense Toni Inajar Kurowski abordou no VI Fórum Mundial de Ufologia (III UFOZ 2014) o tema O Paradoxo de Fermi, uma questão importantíssima para a Ufologia. O pesquisador convidou o público a uma fascinante viagem científica sobre o que a ciência sabe hoje a respeito da posição da Terra e da humanidade em relação ao universo. Para iniciar a viagem, Kurowski introduziu noções básicas de astronomia, como a definição do que é um planeta, as dimensões do Sistema Solar e definiu o que são as estrelas, apresentando uma imagem esquemática do universo delimitado pela Nuvem de Oort. Ele nos falou sobre os vários tipos de galáxias e mostrou que a Via Láctea, em cuja periferia se encontra nosso sistema, também se situa no limite do Superaglomerado Laniakea. “Estamos localizados em todas as periferias e, do nosso lugar no cosmos, conseguimos ver apenas 1% de nossa própria galáxia. Essas dimensões astronômicas dão bem a medida da desimportância da Terra e do ego inflado do homem”, disse.
O pesquisador explicou então que o famoso Paradoxo de Fermi é uma contradição científica singular. Ele surgiu em 1950, quando o físico italiano Enrico Fermi, discutindo casualmente com colegas sobre uma onda de avistamentos de UFOs, teve um insight expressado na pergunta: onde eles estão, os seres que fabricam e pilotam estas máquinas? Fermi começou a fazer cálculos e chegou à conclusão de que a Terra já deveria ter sido visitada abertamente por ETs há muito tempo, mas isso não ocorria. Assim, o Paradoxo de Fermi tenta assentar as bases científicas de sua constatação e teve o grande mérito de inspirar e produzir diferentes equações e teorias para explicar a contradição. Kurowski conduziu o público em uma interessante revisão das teorias e chegou às principais hipóteses emitidas a partir do Paradoxo de Fermi.
O palestrante analisou, também, o atual estágio da civilização humana e explicou os fatores relacionados ao chamado “Grande Filtro”, ao qual estaria exposta a vida inteligente na Terra, que agrupa uma quantidade de situações que vão desde as catástrofes cósmicas até àquelas causadas pela própria civilização [Veja texto completo a respeito na edição UFO 219, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. “Se nenhuma catástrofe cósmica parece ameaçar imediatamente o homem, a irresponsabilidade da vida inteligente fica em evidência, hoje, como o nosso Grande Filtro. O avanço tecnológico não é acompanhado pelo avanço ético e espiritual, que nos permitiria ultrapassar a irresponsabilidade”. Kurowski colocou essa questão fundamental de maneira cristalina, demonstrando que a interação dos extraterrestres com os humanos, hoje, pode ser o soar de um alarme — estariam eles indicando que estamos vivendo agora mesmo o nosso Grande Filtro?
A palestra foi um apelo à conscientização sobre o momento crucial que vivemos hoje. Ele também chamou o público à reflexão quanto à mensagem espiritual do médium brasileiro Chico Xavier. Chico disse, em 1969, ocasião da chegada do homem à Lua, que uma reunião de seres espirituais tinha decidido dar um prazo para que a humanidade ajustasse ética e avanço tecnológico. “Segundo o médium, se o homem não se autodestruísse nos 50 anos seguintes, a partir de 2019 a humanidade entraria em uma nova era de incríveis avanços sociais e tecnológicos, acompanhada do reconhecimento de outras civilizações cósmicas e de seu próprio papel no universo”. Resta aguardar.
Implicações éticas e espirituais
Tratando de questões mais íntimas do Fenômeno UFO, e igualmente contundentes, a médica e consultora da Revista UFO Mônica de Medeiros também apresentou seu trabalho no Fórum, intitulado Mudanças na Rotina das Abduções Sugerem Uma Nova Fase no Contato. Mônica é, desde 2006, uma das mais respeitadas pesquisadoras brasileiras da vertente espiritualista da Ufologia — a médica teve experiências pessoais de contato com ETs, incluindo abduções, entre os cinco e 13 anos de idade. Ela é fundadora do Centro Universalista Casa do Consolador, em São Paulo, onde passou a trabalhar com aliens em procedimentos de cura a partir de 2004. Em sua apresentação, a palestrante definiu os parâmetros das abduções e explicou que há mudanças significativas em seu padrão. Segundo ela, os sequestros estão se tornando menos traumáticos, assim como as manipulações genéticas. “As lembranças de abdução têm surgido espontaneamente, sem hipnose, e os abduzidos estão perdendo o medo de falar, querendo saber o que aconteceu com eles durante a experiência”.
A palestrante elencou algumas hipóteses sobre essas mudanças, entre elas a alteração no campo morfogenético humano. Para Mônica, os ETs agora querem que os abduzidos falem de suas experiências, pois há um aumento do conhecimento a seu respeito que deve contribuir para que o assunto ganhe a sociedade como um todo. Para ela, novos fatos vêm acompanhando essa significativa mudança, como, por exemplo, os avistamentos em massa e os agroglifos, que seriam um contato de alcance mundial. “Além disso, os arquivos militares sobre o Fenômeno UFO estão sendo abertos e o Vaticano admitiu a existência de vida inteligente fora da Terra”. Ainda segundo a pesquisadora, existem cinco fases do que chama de Projeto Contato, t&i
acute;tulo de seus dois livros com Margarete Áquila: a observação, a aproximação, a produção de seres híbridos, a ativação e a manifestação, quando haverá contato em massa. “Isso deve acontecer nos próximos seis ou sete anos”.
Na opinião da palestrante, nossa raça é hostil e primitiva e precisa se curar para que isso aconteça. “Mas já começaram a encarnar aqui seres que vêm trazer a cura, como o menino russo Boriska”. Na opinião de Mônica, os ETs foram como somos hoje, mas evoluíram porque expandiram sua consciência e aprenderam a superar suas diferenças para sobreviverem. Nós somos a esperança deles para que tal esperança exista. A médica terminou sua palestra dizendo que “sem ciência não há conhecimento, e sem espiritualidade não há amor”. Foi ovacionada pelo público emocionado durante vários minutos.
DNA extraterrestre
Outra conferência da vertente espiritualista da Ufologia foi ministrada por Robson Pinheiro, um dos mais conhecidos médiuns e autores espíritas brasileiros — recebido no Fórum, o primeiro evento ufológico de que participou na vida, como presença especial, ao lado do professor Wilson Picler. Exuberante, engraçado e dono de uma alegria contagiante, Pinheiro seduziu a todos ao compartilhar sua visão espírita sobre os aliens. Ele contou sobre sua origem evangélica, período de sua vida em que achava que os espíritos eram anjos. “Queria ser pastor, mas dois espíritos apareceram um dia e me disseram que começariam a falar através de mim. Como consequência, fui expulso da igreja”, começou. O primeiro contato que teve com um ET foi em uma experiência na qual acreditava estar com um desencarnado, mas viu-se em um ambiente estranhamente metalizado. Em 1996, a tela de seu computador apareceu cheia de dezenas de mensagens dizendo “queremos fazer contato, somos irmãos das estrelas; queremos fazer contato, somos irmãos das estrelas; queremos fazer contato, somos irmãos das estrelas…” As mensagens apareciam até com o computador desligado.
Contatos em reuniões espíritas
O contato, que acabou se estabelecendo, foi o início de uma nova trajetória e Pinheiro foi procurar a doutrina de Kardec para entender o que estava acontecendo. Compreendeu, então, que a vida lá fora é completamente diferente da nossa vida na Terra — as leis são diferentes das daqui e os corpos desenvolveram-se de maneira distinta. O palestrante ainda disse que a matéria tem diferentes vibrações e que Kardec pregava que era possível se comunicar com ETs e também que, para o fundador da Doutrina Espírita, todos os orbes do universo são habitados. Pinheiro declarou que todos viemos das estrelas e que aliens que vêm caminhando com a civilização terrestre nos ensinaram as ciências e a astronomia. Seríamos uma raça jovem, mas todos teríamos o DNA extraterrestre. “Os seres estão chegando por meio da mediunidade e estão falando de forma aberta, e não mais como parábolas”, declarou. Foi também intensamente ovacionado pelo público.
Já a palestra de Rafael Amorim, consultor e ilustrador da Revista UFO, teve uma conotação singular quando o conferencista tratou de interessantes aspectos da manifestação ufológica. Ele fez um relato de suas experiências espirituais com extraterrestres, que deram origem a um grupo de investigação voltado a esse aspecto do fenômeno. A região onde mora, Santa Cruz do Sul (RS), é local de grande incidência ufológica, com muitos avistamentos. “Lá, reuniões espiritualistas de mesa foram feitas e algumas vezes o grupo estabeleceu contato com extraterrestres. Assim, passou a haver uma interação entre as reuniões espiritualistas e as ocorrências ufológicas na área”, disse, para surpresa de todos.
Os seres estão chegando por meio da mediunidade e estão falando de forma aberta, não mais como parábolas — Robson Pinheiro
Amorim disse que, durante os trabalhos, várias situações aconteciam. “Algo se manifestou durante uma sessão de meditação e cura — luzes começaram a ser observadas, voando em formação. Uma delas aparecia uma vez por semana, revelando um padrão de comportamento específico. Essas ocorrências teriam alguma coisa a ver com o trabalho que fazíamos ali?, questionou. Rafael Amorim relatou ainda que, em certa ocasião, e na mesma região, uma luz não identificada se aproximou, diminuiu de velocidade e pareceu tê-lo acompanhado durante uma atividade escoteira. “O UFO passou perto do grupo como se estivesse dizendo ‘olá’. Foi uma das manifestações mais bonitas que já vi”, finalizou.
Guinando o fluxo do VI Fórum Mundial de Ufologia (III UFOZ 2014) para a vertente da Ufologia Militar Brasileira, ou seja, aquela que os pesquisadores descobriram que nossos militares realizavam, apresentou-se o empresário e coeditor da Revista UFO Francisco Pires de Campos. Ele abordou em sua palestra A Noite Oficial dos UFOs no Brasil e o Futuro da Ufologia, de maneira muito objetiva e concreta, a preparação da humanidade para o contato oficial e definitivo com outras espécies cósmicas. “Neste episódio, a realidade dos UFOs foi oficialmente reconhecida e sem qualquer possibilidade de dúvida. Nossos governantes sabem disso”. Na época dos fatos, em 1986, o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Moreira Lima, veio a público confirmar que 21 objetos foram detectados pelos radares sobrevoando muitas cidades do Brasil, de Goiânia ao Rio de Janeiro, de São Paulo a Poços de Caldas.
“Pilotos decolaram de bases da Força Aérea e viram os artefatos rastreados, que, portanto, eram físicos e reais. Os testemunhos sobre o caso vieram de pessoas possuidoras de grande conhecimento técnico, como pilotos e militares, conferindo ao caso sua excepcional credibilidade”. Em sua palestra, Campos ainda fez perguntas aparentemente simples, mas cujas respostas são de uma profundidade alarmante: “O que faremos se ‘eles’ chegarem oficialmente?” “Que autoridade se apresentará aos seus tripulantes?” “Os militares, a presidente, um líder religioso?” Ele insistiu que ainda ninguém sabe se os visitantes são amigáveis ou destruidores. “Sabemos apenas que têm uma tecnologia muito mais desenvolvida e sofisticada do que a nossa”. A estranheza causada pela simplicidade das perguntas do pesquisador deixou claro que não estamos preparados para o encontro com civilizações extraterrestres. Muito aplaudido, Campos deixou uma mensagem ao público presente — é necessário atuar para que o assunto ufológico seja introduzido nas universidades brasileiras.
Exodiplomaci
a e direito espacial
Em sua apresentação no Fórum, o pesquisador australiano Michael Salla fez a palestra intitulada Exopolítica: Como a Humanidade Irá Negociar com os Visitantes?, abordando o problema do contato oficial e definitivo com base na necessidade de se estabelecer protocolos para uma exodiplomacia. Na opinião do conferencista, ela teria como missão gerenciar relações interplanetárias e nós já deveríamos estar preparando pessoas para isso. Segundo Salla, que é reconhecido mundialmente por sua militância, “a exodiplomacia é uma das variáveis mais importantes da preparação para o contato final”. Ele nos falou sobre os rumores e testemunhos que têm como certa a reunião do presidente Dwight Eisenhower com extraterrestres, em 1954. Segundo o pesquisador, Eisenhower teria negociado e feito acordos com aliens. “Os resultados desses pactos seriam programas secretos de transmissão de tecnologia. Em troca, o presidente teria concordado que os ETs abduzissem algumas pessoas para fins de estudo”.
Ainda segundo o palestrante, é possível que o presidente John Kennedy também tenha tentado descobrir o que acontecia nos contatos secretos de Eisenhower com ETs, e que tenha tido acesso a essas informações. Salla informou à plateia que dois documentos confirmam que Kennedy tinha planos de liberar documentação oficial norte-americana sobre o Fenômeno UFO, para que melhores decisões fossem tomadas. “Mas poucos dias depois o presidente foi assassinado”. Ele garantiu que há uma determinação oficial que diz que qualquer pessoa que interfira nos protocolos da CIA de manter o acobertamento ufológico deve ser morta [No próximo mês de junho, a neta de Dwight Eisenhower, Laura Magdeleine Eisenhower, virá ao Brasil a convite da Revista UFO para palestrar no III Fórum Mundial de Contatados. Ela confirmará o encontro de seu avô com seres extraterrestres. [Veja publicidade nesta edição]. Outra palestra do Fórum que pareceu polêmica foi a do juiz de Direito catarinense Alexandre Dittrich Buhr, Proposta de uma Ética para o Encontro com Civilizações Cósmicas. Buhr é magistrado há mais de 20 anos e seu contato com a Ufologia é bem antigo, como leitor da Revista UFO. Ele então resolveu reunir os dois interesses, estudando o Direito Espacial Internacional.
Delitos extraterrestres
Esse novo ramo do Direito deve responder à necessidade de regulamentar as atividades do homem no espaço exterior. Mas o conferencista informou que sequer se conseguiu, ainda, definir o que é espaço exterior e que o Direito Espacial não está acompanhando as atividades humanas nele. “Porém, já existem acordos, convenções, comitês e um Tratado do Espaço, de 1967, que é até o momento a nossa ‘constituição espacial’, digamos assim. O diálogo entre juristas e ufólogos é fundamental para o desenvolvimento desse ramo do Direito”, frisou o magistrado.
Buhr passou, então, a fazer a interpretação jurídica das ações dos extraterrestres emédito: MARCELO GUAZZI nosso mundo, tendo como guia o livro do pesquisador Mário Nogueira Rangel, Sequestros Alienígenas, publicado pela Revista UFO em 1997 [Código LIV-007 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. Segundo o conferencista, os alienígenas vêm incorrendo nos seguintes delitos: violação do espaço aéreo, contaminação humana por exposição a tecnologias incompatíveis com sua saúde, lesão corporal com o uso de implantes, estupros e experimentos de retirada e introdução de material genético. Buhr afirmou que, tendo tais delitos ocorrido aqui na Terra, a legislação que se aplica é a vigente em nosso planeta, posição que compartilha com o astrofísico inglês Stephen Hawkings.
Ele se declarou literalmente apavorado pela absoluta falta de consideração dos extraterrestres pelas leis que regem a civilização humana. “Para superarmos a dialética do bem e do mal, temos que elaborar uma ética para definir quais civilizações são importantes para nós”. E qual seria essa ética? Buhr escolheu algumas normas básicas contidas na tradição do Direito Romano, tais como garantia do direito à vida, respeito ao livre arbítrio da raça humana, respeito à Declaração Universal dos Direitos do Homem, garantia do direito à incolumidade física, mental e espiritual, respeito às tradições culturais e à herança espiritual da humanidade. “É um esboço apenas, uma contribuição dos juristas para os ufólogos”. Sua palestra foi esclarecedora e um convite ao aprofunda