O aumento repentino das atividades ufológicas no final dos anos 70 na então União Soviética, especialmente o Caso Petrozavodsk, forçou vários departamentos da Academia de Ciências do país que tinham envolvimento com a questão ufológica de maneira direta ou indireta — e sempre secreta — a estabelecerem um programa de pesquisa cada vez mais abundante da casuística ufológica do país, sobre a qual o Ocidente jamais teve muitas informações. O nome em código deste programa foi Setka e ele estava diretamente ligado à mais alta cúpula do governo. Tecnicamente, seu nome era Setka-AN quando estava mais ligado aos meios científicos e Setka-MO quando se relacionava mais com os círculos militares, quando esteve sob tutela do Ministério da Defesa Soviético.
Foi a Comissão Industrial e Militar do país que encomendou a instalação do programa e determinou a pesquisa que ele iniciou, e também decidiu criar dois departamentos completos para acomodá-lo, um na própria Academia de Ciências e outro no citado Ministério da Defesa. Ambos os departamentos, apenas divisões técnicas do programa, ajudavam um ao outro e trocavam informações. Mas há certas lacunas quanto ao seu funcionamento, pois há relatos de que Yuri Andropov, diretor da KGB de 1967 a 1982 e secretário-geral do Partido Comunista de 1982 a 1984, estava extremamente interessado no Fenômeno UFO e interferia regularmente no Setka, seja no AN ou no MO. Ele naturalmente tinha poderes suficientes para influenciar de uma forma ou outra o projeto secreto.
No final de 1978, a pesquisa de fenômenos anômalos que vinha sendo praticada sigilosamente há décadas na Academia de Ciência Soviética se tornou assunto direto do Setka-AN, quando o órgão foi criado. Suas funções foram distribuídas em vários departamentos e inúmeros institutos de pesquisas que trabalhavam para a Academia, que receberam missões para pesquisar os numerosos casos ufológicos que vinham sendo relatados. Foi a partir da instalação do Setka-AN, mesmo com resultados mantidos secretos, que a pesquisa do Fenômeno UFO tomou força — o mesmo podendo-se dizer do Setka-MO, ainda mais secreto.
A reunião inicial
Em 18 de outubro de 1978 houve uma reunião na Academia de Ciências para definir como o programa civil funcionaria. Entre os presentes estavam os cientistas Vladimir Vasilyevich Migulin, Georgiy Stepanovich Narimanov, Rem Gennadiyevich Varlamov, Victor Petrovich Balashov, Vladimir Ivanovich Volga, Anatoly N. Maranov, Inna Evgraphovna Petrenko, Evgeniy Pavlovich Chigin, Lev Mironovich Gindilis, Inna Gennadyevna Petrovskaya e Yury Victorovich Platov. Chefiando estes homens estava Dmitry Aleksandrovich Menkov Zaitsev, coronel da Força Aérea Soviética (FAS). Foi decidido, de acordo com Aleksander Fomenko, que um grupo formado por 10 a 15 ufólogos civis — que mais tarde se tornaram os principais pesquisadores do Setka-AN —, se reuniria regularmente para discutir questões pertinentes ao Fenômeno UFO.
Em 1981, o programa de pesquisa Setka, em suas versões AN e MO, recebeu outro nome e passou a se chamar Galaktika, e, em 1986, a denominação foi novamente mudada para Gorizont, voltando as versões AN e MO. O Gorizont duraria até pouco após a queda do comunismo e fim do governo de Mikhail Gorbachev, em 1991, quando foi extinto. Meses antes disso, em 1990, no entanto, o coronel Yuri Kolchin, que além de militar era um notório ufólogo russo, juntou um grupo de especialistas na fenomenologia ufológica e a fez permanecer no Departamento de Física Geral e Astronomia da Academia de Ciências Soviética até 1996. Sobre este período do Gorizont, pouco se conhece.
Hoje sabemos que na histórica reunião de criação do programa Setka, em outubro de 1978, os cientistas Migulin e Platov representaram o Instituto de Magnetismo Terrestre e Difusão de Ondas de Rádio da Academia de Ciências; Narimanov e Petrovskaya respondiam por seu Instituto de Pesquisas Espaciais; Varlamov participou em nome do Instituto Tecnológico; e Balashov e Volga representaram a unidade militar secreta denominada apenas 67947. Enquanto isso, Makarov representou o Departamento de Física Geral e Astronomia da Academia de Ciências e Gindilis o Instituto Astronômico Estatal Shternberg. Não se sabe ao certo quem eram os outros participantes na reunião, mas que a mesma deu excepcionais resultados. A partir daí o Setka já era considerado o principal programa de pesquisa de fenômenos anômalos do país — como os discos voadores eram chamados. A sede da versão AN ficava em Izmiran e Yury Platov era seu chefe executivo. Já o Ministério da Defesa, que comandava a versão MO, estava mais preocupado com os efeitos tecnológicos dos UFOs, e Victor Balashov estabeleceu que a prioridade da pesquisa deveriam ser os casos ocorridos com mais frequência.
3.000 relatórios por ano
Meses mais tarde, mantendo a postura de sigilo e acobertamento do assunto, Balashov falou em público que não havia confirmação alguma de avistamentos de UFOs feitos tanto pelos cosmonautas soviéticos quanto por astronautas norte-americanos, enfatizando que o que eles observaram no espaço eram apenas contêineres — uma tentativa atrapalhada de explicar que os objetos que viram não eram UFOs. Concomitantemente às ações do Setka, discussões sobre os detalhes prganizacionais eram importantes e foi necessário implementar um departamento adicional ao programa, este dentro da Academia de Ciências. Vladimir Migulin tratou de alocar salas em Moscou e Lev Gindilis sugeriu colocar os arquivos centrais e catalogá-los em um único lugar, embora um volumoso acervo — cerca de 3.000 relatórios de ocorrências ufológicas por ano. Foi determinado também que as fontes de informação primárias do Setka seriam o Ministério da Defesa, o Ministério de Assuntos Interiores e a agência de notícias Tass, oficial do establishment russo.
De acordo com o doutor Aleksander Fomenko, Migulin foi escolhido para liderar o programa, pois ninguém mais queria tocar em um assunto tão perigoso. A partir de 1978, foi Kurin Ivanov, chefe da assessoria da Marinha Soviética e da Inteligência Naval, que comandou a pesquisa do Fenômeno UFO em todo o território da extinta União Soviética e futura Rússia. Um dos primeiros atos da Setka-AN, de acordo com o famoso ufólogo Yuri Stroganov, resultou na confirmação oficial do termo “fenômeno anômalo” para ser usado na identificação dos discos voadores perante à
população, sendo proibida a palavra UFO, e não apenas porque tinha origem norte-americana — a censura sobre a questão ufológica no país, teoricamente, só iria acabar em 1989. As atividades bem planejadas do programa Setka tiveram um grande impacto. Mas, ainda segundo Stroganov, a comissão acadêmica do projeto fez o melhor que pôde para provar à sociedade soviética que os UFOs não existiam, que eram apenas de erros de observação de lançamentos de foguetes ou, na melhor das hipóteses, brilhos de projéteis. Enfim, se pareceu com uma versão russa do Projeto Blue Book [Livro Azul], da Força Aérea Norte-Americana (USAF).
Na verdade, o Setka-AN serviu como um poderoso embuste, criando distração para os trabalhos do Setka-MO pelo Ministério da Defesa, que em suas investigações pretendia identificar a tecnologia dos UFOs para seu possível emprego na estrutura bélica soviética. Assim, na prática, enquanto o “Setka acadêmico” trabalhava para dar à sociedade a impressão de que discos voadores não existiam, fingindo pesquisá-los, o “Setka militar” se aproveitava da situação para angariar o máximo de informações possíveis sobre ele. Enquanto isso, crescia no país as manifestações de fenômenos anômalos, inclusive, e principalmente, durante os exercícios militares, causando interferência na comunicação via rádio e problemas nos equipamentos sendo empregados.
UFOs sobre bases militares
Também houve relatos de oficiais, incluindo de alta patente, sobre a estranha conduta de UFOs sobre bases militares e plataformas de lançamento de foguetes e mísseis. Mas argumentos científicos a respeito da natureza dos UFOs foram a última preocupação dos pesquisadores militares — eles já tinham certeza, desde a implantação do Setka-MO, de que eram originados de avançadas civilizações extraterrestres. A maioria deles estava mesmo é preocupada com o emprego da tecnologia dos UFOs na indústria militar do país e seu impacto nas tropas, que poderia ser bem imprevisível.
Instruções à Marinha Soviética foram dadas em 07 de março de 1980 e um documento importante foi assinado pelo comandante do Quartel-General da Marinha, vice-almirante Kye Saakyan tratando do sigilo aos UFOs. O famoso ufólogo Vladimir Ajaja, que naquela época teve problemas com a ideologia comunista em razão de sua atividade ufológica, estava dando apoio ao trabalho de seus amigos na Marinha, ajudando com a formalização das normas para pesquisa dos avistamentos que ocorria. As instruções eram para se coletar o máximo de informações a respeito dos fenômenos anômalos na atmosfera e no espaço para serem enviadas a vários departamentos e organizações soviéticas que compunham o Setka.
Crescia constantemente no país as manifestações de fenômenos anômalos, inclusive, e principalmente, durante os exercícios militares secretos, causando interferência na comunicação via rádio e problemas nos equipamentos sendo empregados
Na ocasião, o jornal Nedelya publicou um artigo dos citados Migulin e Platov direcionado àquelas pessoas que alardeavam terem visto UFOs. No texto estava descrito como identificar se um objeto observado era ou não um foguete soviético ou apenas um objeto convencional. Explicava também como descrever em detalhes o que foi visto e como enviar o relato ao Departamento de Física Geral e Astronomia da Academia de Ciências da União Soviética. Enfim, uma espécie de doutrinação da sociedade.
Como Yuri Platov e Behanil Sokolov mencionam em seu livro The History of the Soviet UFO Research Under the State [A História da Pesquisa Ufológica Soviética Comandada pelo Estado, Bantam Books 1997], uma decisão foi tomada para manter as atividades ufológicas governamentais secretas, com o intuito de assegurar a diminuição da reação pública perante o fenômeno. Houve três razões para isso, de acordo com os autores: os programas estavam relacionados à segurança nacional, havia uma presunção muito alta de os objetos observados serem de origem extraterrestre e a possibilidade de que, em caso de sucesso nas tarefas estabelecidas, algumas das características dos UFOs poderem ser usadas para propósitos militares.
Controvérsia crescente
Platov e Sokolov, no entanto, estavam sob suspeita por parte de outros estudiosos por uma série de ações. Por exemplo, eles insistiam em dizer em seu livro que não havia relatórios de fenômenos anômalos nas proximidades de bases militares, e isso simplesmente não é verdade, de acordo com muitos outros ufólogos soviéticos que reportaram vários destes avistamentos. Platov e Sokolov, na verdade, foram os participantes oficiais do programa de Setka em sua versão acadêmica, sem que suas funções nele fossem discutidas ou admitidas publicamente. Os autores uma vez afirmaram que, por causa da escassez de fundos disponíveis para o programa e a falta de equipamentos necessários para pesquisar os fenômenos — como grandes estruturas de plasma na atmosfera —, os resultados de certas investigações do Setka não puderam ser provados.
Basicamente, as informações coletadas pelo programa eram coletadas e analisadas, e alguns modelos físicos do fenômeno observados foram desenvolvidos. A publicação dos autores foi atacada por ufólogos russos e ucranianos e aplaudida por críticos de plantão. Obviamente, havia uma ação para denegrir a pesquisa ufológica independente e os autores foram usados para isso. Seria mais correto por parte deles informar aos ufólogos russos e outros da antiga União Soviética, por exemplo, onde os arquivos ufológicos a que tinham acesso estavam localizados. Isso sim seria agir em favor da Ufologia e não a favor dos interesses escusos do estado.
Tempos depois, alguns participantes de destaque do Setka, como o coronel Aleksandr Plaksin, um mediador entre os militares e os acadêmicos confirmaram a veracidade de vários graves acontecimentos ufológicos. Entre eles estava o Caso Usovo, de 1982, quando quase ocorreu de os códigos de lançamento de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) serem acionados por engano em razão da manifestação de um UFO gigantesco sobre a base secreta de Usovo, na Ucrânia. Teria sido uma catástrofe. Mas o mesmo fato, ou seja, discos voadores serem flagrados sobre bases de lançamento de mísseis nucleares ou instalações onde são armazen
adas ogivas atômicas, ocorre com regularidade nos Estados Unidos [Veja detalhes no livro Terra Vigiada, código LIV-025 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br].
Revelações de Plaksin
O militar Aleksandr Plaksin, também geofísico militar, era nome chave dentro da estrutura do Setka. Uma vez, em setembro de 2000, muito tempo após a queda do comunismo, ele comentou sobre o projeto em um programa da TV REN chamado Voyennaya Tayna ou Segredo Militar. Pareceu que o oficial estava querendo que a população soubesse que os militares russos nunca se descuidaram da questão ufológica. Outra iniciativa semelhante foi um artigo muito curioso publicado no jornal Komsomolskaya Pravda, em maio de 2002, escrito por Andrey Pavlov e com o título UFOs Norte-Americanos Ajudam a Criar Super-armas. A fonte de Pavlov foi justamente Plaksin, que revela vários pontos interessantes da pesquisa ufológica secreta russa.
No excepcional texto de Pavlov, Plaksin informa que muitas das conquistas recentes do complexo industrial militar norte-americano teriam sido criadas em laboratórios dedicados à pesquisa dos fenômenos paranormais. Ele diz também que os alienígenas não tinham nada a ver com a tecnologia avançada dos Estados Unidos, em especial a tecnologia de invisibilidade Stealth. Sua preocupação com a rivalidade entre os países ficou patente no texto de Pavlov. Mas ele vai além. Plaksin revelou que, em 15 anos de pesquisa ufológica, a Rússia nunca pôde admitir que possuía uma prova evidente de que existem civilizações alienígenas ativas em nosso planeta por receio da reação da população. Além disso, garantiu que os rivais norte-americanos pesquisavam UFOs desde 1955, através da Força Aérea Norte-Americana (USAF), e desde 1974 mantinham um centro de pesquisa científica secreta para estudar tais fenômenos anômalos por meio do uso de uma base terrestre especial.
Não era pouco o que Plaksin abriu para o Komsomolskaya Pravda. Entre as revelações estava a de que a criação do programa soviético para estudar os fenômenos anômalos a partir de 1978 teve como objetivo, entre outros, tentar uma posição à frente da dos norte-americanos. Ainda no artigo, Plaksin relatou os detalhes fascinantes de casos ufológicos ocorridos sobre bases militares soviéticas da Marinha, da Guarda de Fronteira e de unidades antiaéreas etc. Algumas das informações reveladas na entrevista continham detalhes fascinantes do avistamento na Base de Borisoglebsk, como veremos mais adiante.
Queda de UFO no Cazaquistão
Para Pavlov também foi revelada a realidade de um caso ufológico importante e muito perigoso de 1982, quando um UFO quase causou uma guerra nuclear. Mas, estranhamente, Plaksin afirmou que nunca houve uma queda de um UFO no Cazaquistão em 1978, como se acreditava, e que nunca existiu um armazém secreto onde fragmentos dele tivessem sido guardados, nos arredores de Moscou. Falando sobre os cientistas do Setka, Plaksin garantiu que eram de opinião, durante a época em que o programa esteve ativo, que cerca de 20% dos UFOs relatados eram de origem ainda desconhecida para a humanidade. “Nossas leis da física ainda não podem explicar esses objetos. Uma boa parte dos casos relacionados aos UFOs é de origem plasmática”, disse.
Para o coronel bem informado, a metodologia usada pelos cientistas soviéticos permitiu que se comparassem as condições solares com a hora em que os UFOs se manifestavam — eles determinaram até que em certas condições uma faixa da radiação solar penetra no campo de proteção terrestre e se transforma em diversas formas, causando influência em equipamentos de medição e nas pessoas, algo que seria usado pelos tripulantes dos UFOs para suas ações. Mas, apesar de Plaksin afirmar também que não se pode confirmar que existam alienígenas na Terra, ele mencionou que, devido à política militar de segredo, não poderia jamais revelar tudo que sabe — e insinuou justamente que existir alienígenas na Terra é uma destas coisas.
Os militares russos nunca trabalharam com nenhum caso de contatados, mas com vários de abduzidos. Eles estavam interessados nos relatos ufológicos provenientes das unidades militares e nos casos que pudessem ser avaliados por equipamentos tecnológicos
O militar disse também que, entre outros projetos conduzidos pelos laboratórios de pesquisas militares, trabalhou naquele em que houve a criação de um mapa de zoneamento da ação de fenômenos anômalos na União Soviética. “Houve várias destas zonas, sendo as mais importantes a área de Ust Koksin, na região autônoma montanhosa de Altai, Borisoglebsk, Arkhangelsk, Nizhegorodsk e a região de Shatursky, perto de Moscou”, revelou. Assim como entregou a Pavlov que o Setka-MO, a versão militar do programa, cooperou com outros organismos semelhantes de outros países, enviando e recebendo informações valiosas. “Os militares russos nunca trabalharam com nenhum caso de alegados contatados, mas com vários de abduzidos. Eles estavam principalmente interessados nos relatos ufológicos provenientes das unidades militares e nos casos que pudessem ser avaliados por equipamentos tecnológicos”, garantiu. Fora tudo isso, há mais para se aprender com Aleksander Plaksin, e esperamos que isso aconteça no futuro.
Poderoso centro científico
Os cientistas da Base Militar Akademgorodok, em Novosibirsk, um poderoso centro científico da Sibéria, foram os primeiros a conduzir o processamento de informação de avistamentos ufológicos em computadores — os primeiros cálculos para determinar seus padrões de comportamento foram feitos pelo Instituto de Matemática da Sibéria, unidade da Academia de Ciências Soviética, em parceria com Akademgorodok. Seus técnicos usaram computadores EVM 1022 e fizeram isso por determinação do Setka-AN. O ufólogo georgiano Mikhail Gershtein tem uma cópia dessa histórica tentativa de estudar informações ufológicas, cujo relatório final consiste em 45 páginas de gráficos e fórmulas.
Mas, apesar de tantos esforços, a Rússia de hoje é muito diferente da Rússia de antigamente. O presidente Vladmir Putin e o seu governo têm uma visão radicalmente diferente do Fenômeno UFO e seus efeitos em suas Forças Armadas. Talvez algum dia saberemos se existiram ou ainda existem outros programas ativos de pesquisa ufológica no país. Nikolay Subbotin, ufólogo da Russian UFO Research Society [Sociedade Russa de Pesquisa Ufológica, Rufors], mencionou em recente artigo que, no verão de 2002, discutiu o assunto com um capitão da Força de Foguetes Estratégicos do país. O militar Atran Murtazin relatou que em 2001 viu um documento secreto de um fenômeno anômalo que o Setka pesquisou no fim da década de 70, e que nunca deu a conhecer &agr
ave; população, sugerindo mais uma vez a posição de sigilo do órgão. O relatório tinha também casos ufológicos recentes. Mesmo assim, outros fatos pesquisados pelo programa acabaram se tornando públicos. Vejamos alguns.
Um dos mais dignos de nota é o ocorrido na Área de Borosoglebsk, uma das mais importantes zonas de fenômenos anômalos da antiga União Soviética. No final dos anos 70, um caso muito interessante ocorreu na Base de Povorino, naquela localidade. Uma nuvem negra estática apareceu sobre o local flutuando a uma altitude de 7 km. Tinha aproximadamente 1,5 km de comprimento. Os radares indicavam que era uma espaçonave, algo metálico, e um jato foi enviado para interceptar aquilo com dois pilotos a bordo. Assim que entraram na nuvem, uma sirene aguda apitou em seus fones de ouvido — o som era poderoso e acima do suportável. Ao mesmo tempo, os equipamentos de bordo indicaram uma situação perigosa e a aeronave começou a chacoalhar violentamente. Os pilotos mal conseguiam reduzir sua aceleração e, com grande dificuldade, guiaram a aeronave para fora da nuvem, que flutuou sobre a base por mais quatro horas e então desapareceu.
Fato sem explicação
Outro fato surpreendente ocorreu em 1981 em Mukachevo, na Ucrânia. No dia 14 de setembro, um caça MIG 23 estava fazendo um voo de treinamento na área e uma esfera brilhante apareceu do nada, bem em frente da aeronave. A parte da frente do jato ficou simplesmente destruída e os pilotos mal tiveram tempo de se ejetarem da cabine. O coronel Aleksander Plaksin afirmou que este incidente nunca fora explicado pelos pesquisadores militares. Assim como outro ocorrido em circunstâncias incríveis, em outubro de 1982. Na ocasião, relatos recebidos da Rússia indicavam que o coronel Boris Sokolov investigou um caso ufológico espantoso. Sokolov sabia muito sobre UFOs, já que estava envolvido com coleta e análise de informações sobre questões ufológicas.
Na ocasião do incidente, ele foi enviado às pressas para a Ucrânia devido a um relato urgente envolvendo uma base de mísseis intercontinentais, remetido ao seu gabinete. Em outubro daquele ano, um UFO foi observado na área da base e permaneceu ali por várias horas — foi quando o painel de controle indicou uma ordem para preparar o lançamento dos mísseis. Luzes iluminavam a sala de controle dos projéteis e os códigos de lançamentos os ativaram. Havia muitos oficiais presentes e que testemunharam o incidente que poderia ter iniciado uma guerra nuclear. Investigando o fato, a equipe de Sokolov chegou à conclusão de que foram os UFOs os responsáveis por armar os mísseis. Mas, em 2000, Sokolov mudou sua posição, talvez devido à pressão direta que recebeu do governo, e começou a negar a hipótese de UFOs neste e nos outros casos.
O fato se tornou famoso no Ocidente anos depois. Uma transcrição do programa Prime Time Live, da rede norte-americana ABC News, datado de 05 de outubro de 1995, descreveu parte dos arquivos da KGB sobre o incidente. David Ensor, conhecido correspondente da rede, conduziu uma investigação de cinco meses nos arquivos ufológicos soviéticos e vários cientistas russos, militares e membros do governo foram entrevistados. Ensor encontrou 40 principais ocorrências incluindo mísseis atômicos no país. Entre eles estava a incrível perseguição a um grande UFO triangular sobre Riga, em 1961.
UFO de forma geométrica
Outro incidente que quase causou uma guerra nuclear aconteceu na Ucrânia. Em dado dia de 1982, um grande UFO de forma geométrica perfeita e 900 m de diâmetro flutuou próximo a uma base de mísseis. Várias testemunhas confirmaram o avistamento para David Ensor, assim como o tenente-coronel Vladimir Plantonev, que era engenheiro de mísseis. De acordo com Plantonev, o UFO não emitia sons, tinha formato de uma nave discoide sem entradas e superfície completamente lisa. Fazia voltas ao redor, como uma aeronave. Um dos silos de míssil na base continha uma ogiva nuclear apontada para os Estados Unidos — e ela quase foi disparada.
Plantonev estava no bunker naquele fatídico dia de 1982 e a tudo assistiu atônito. A sala continha um painel duplo de controle para o míssil, cada um deles ligado a Moscou. Como o UFO flutuava acima do local, as luzes de sinalização de ambos os painéis de repente foram acionadas por um curto período de tempo — elas indicavam que os projéteis estavam sendo preparados para serem lançados. Ou seja, Moscou poderia ter iniciado uma guerra nuclear sem querer, apenas pelo mau funcionamento de um de seus sistemas de mísseis, causado por um UFO. Mas felizmente nada aconteceu. Mesmo assim, por longos 15 segundos, a base simplesmente perdeu o controle de seu arsenal nuclear. O governo de Moscou ficou extremamente alarmado e enviou uma equipe de investigação para verificar o incidente. Um membro da comissão, coronel Igor Chernovshev, confirmou o incidente de 1982 para David Ensor. E confessou: “Talvez o Setka nunca devesse ter sido encerrado e sim transformado em uma unidade de conhecimento público, o que evitaria que estivéssemos, nós, militares, sozinhos em situações como estas”.