Em março de 2015 dei mais um passo em minha jornada pessoal para o estabelecimento da verdade sobre o Caso Varginha, sem dúvida um dos episódios mais importantes da Ufologia Mundial, objeto de minhas pesquisas desde ocorrido, em 1996. Foi quando fiz o lançamento do meu último livro, Varginha: Toda Verdade Revelada [Biblioteca UFO, 2015], que ocorreu inicialmente na cidade de Curitiba, por ocasião do I Encontro de Ufologia Avançada do Paraná, que foi encerrado com uma palestra deste autor sobre a importante temática. A obra, específica sobre o Caso Varginha, mereceu também lançamentos nas semanas seguintes nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, acompanhados de outras conferências que proferi em eventos congêneres.
A repercussão do lançamento de Varginha: Toda Verdade Revelada foi imediata, não só nas cidades citadas, mas também, e principalmente, no sul de Minas Gerais, cenário dos fantásticos acontecimentos. A mídia local fez questão de registrar com destaque as atividades em torno da retomada do assunto no livro, provocando expressivo interesse por ele por parte dos moradores de Varginha e de outros municípios da região, onde parcela da população havia sido testemunha direta dos acontecimentos que incluem a queda de uma nave alienígena e a captura de parte de seus tripulantes ainda vivos pelo Corpo de Bombeiros da cidade, Polícia Militar de Minas Gerais e Exército Brasileiro. Estes graves fatos continuam até hoje a ser negados pelas forças militares envolvidas nas operações, mesmo hoje, neste mês de janeiro, quando comemoramos duas décadas do Caso Varginha.
Além da Revista UFO, que publicou inúmeros artigos sobre o importante episódio ufológico desde sua ocorrência e foi responsável pelo lançamento de Varginha: Toda a Verdade Revelada, divulgando-o massivamente em todos os meios — em especial seu site —, não posso deixar de destacar, sem desmerecer outros veículos de comunicação que também ajudaram na divulgação, a entrevista que prestei ao jornalista Lucas Soares, publicada no maior portal da internet de nosso país, o G1, das Organizações Globo. A matéria, datada em 15 de abril de 2015 e com o título Livro Promete Divulgar Verdades não Reveladas sobre o ET de Varginha, que ainda estava no ar quando da redação deste artigo, foi fundamental, inclusive, como forma de levar o Exército a se manifestar, depois de vários anos de silêncio total sobre o episódio — mesmo que tal manifestação não passasse de uma declaração evasiva, como realmente aconteceu.
Procurado pelo G1, e conforme publicado na citada matéria, “a assessoria de comunicação do Exército Brasileiro informou que o caso já está encerrado e que, por isso, não há mais comentários a se fazer sobre o assunto”. A pretensão dos militares, como fica clara na declaração prestada ao jornalista do site, é de que o silêncio de nossas autoridades sobre o assunto seria o bastante para sepultar a história. Mesmo com a conivência de alguns membros da própria Comunidade Ufológica Brasileira, que no passado estiveram à frente das investigações — e que hoje, aparentemente, fazem parte do processo que visa a levar ao esquecimento total do caso —, não se pode imaginar que centenas de testemunhas, inclusive militares contrários ao acobertamento, venham a aceitar o desejo do Exército e desistir para sempre da verdade, esquecendo o que viram e do que tomaram conhecimento.
Coisas muito importantes e graves aconteceram no sul de Minas Gerais a partir de janeiro de 1996, e continuaram a acontecer nos anos seguintes, ligadas às manobras posteriores dos militares brasileiros para encerrar e sepultar o Caso Varginha de forma definitiva. Mas a questão que fica em aberto é: até que ponto existem pessoas dispostas a enfrentar o processo de adulteração da realidade e de lavagem cerebral imposto, principalmente, contra a população brasileira e revelar-se contra estas manobras?
Uma reunião histórica
Um acontecimento de 2013 teve grande peso dois anos depois para que eu aceitasse escrever Varginha: Toda a Verdade Revelada. Apesar da grande colaboração que a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) recebeu da Força Aérea Brasileira (FAB) como resultado da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, deflagrada a partir de 2004 pela CBU através da Revista UFO para acabar com o acobertamento ufológico, levando à desclassificação de quase 7 mil páginas de documentos antes secretos sobre o Fenômeno UFO no país, o Exército continuava insistindo em dizer que o único arquivo sobre o Caso Varginha que possuía já havia sido liberado — a Arma se referia ao Inquérito Policial Militar (IPM) que havia sido deflagrado como resposta ao livro dos pesquisadores Vitório Pacaccini e Maxs Portes, Incidente em Varginha [Cuatiara, 1996], publicado logo em seguida ao Caso Varginha. Mas, como ainda detalharei neste artigo, o inquérito nunca foi feito para apurar a realidade do episódio ufológico…
Em 18 de abril de 2013, a CBU foi recebida ineditamente no Ministério da Defesa, em Brasília, para uma reunião histórica. Dela participaram o secretário de Coordenação e Organização Institucional do órgão, doutor Ari Matos, que representava o então ministro e embaixador Celso Amorim, e integrantes das Forças Armadas da Nação, Aeronáutica, Marinha e Exército. O objetivo do encontro foi colocar frente a frente os principais membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e os tais militares, para que estes pudessem ouvir diretamente de nós quais eram nossas solicitações quanto à liberação dos documentos que ainda vinham sendo mantidos longe do processo de abertura iniciado com a citada campanha [Veja detalhes da reunião no Ministério da Defesa na edição UFO 202, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Nunca na história houve uma reunião semelhante em lugar algum do mundo.
Na ocasião, a Força Aérea mais uma vez atendeu aos nossos pleitos, prometendo dar seguimento ao processo de desclassificação de documentos para permitir o posterior envio de novos arquivos para o Arquivo Nacional, em Brasília, onde já estavam guardadas cerca de 5 mil páginas até então, coisa que acabou acontecendo. Já o representante da Marinha à reunião declarou que a Arma já havia disponibilizado tudo aquilo que tinha e suas coloc
ações foram imediatamente questionadas por nosso grupo. Mas a nota dissonante naquele encontro memorável, entretanto, veio com a postura do representante do Exército Brasileiro, que, ao receber a solicitação do doutor Matos para que se pronunciasse sobre os assuntos em pauta, declarou que nada podia comentar pois havia, inclusive, sido convocado para aquele encontro “de última hora” e “nada sabia a respeito”. Diante dessa resposta inacreditável, o secretário de Coordenação e Organização Institucional do Ministério, visivelmente irritado, declarou ao militar que o comando do Exército, que ele ali representava, havia sim sido informado da reunião — não só com a devida antecedência, mas quanto aos seus objetivos, deixando claro que sua postura, e a da própria força militar, era injustificável.
Fatos memoráveis
Estavam presentes em nome da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), além deste autor, o editor da Revista UFO A. J. Gevaerd, o coordenador da citada comissão, o geógrafo Fernando de Aragão Ramalho, e os ufólogos Francisco Pires, Gener Silva e Thiago Ticchetti. Depois do pronunciamento do editor de UFO e das necessárias palavras de Ramalho, me foi solicitado, diante da postura do Exército, que apresentasse uma espécie de resumo sobre o Caso Varginha. Foi sem dúvida mais um episódio inesquecível de minha atuação na Ufologia. Poder falar abertamente sobre o caso não só para as altas patentes militares e os civis presentes, mas principalmente para o doutor Ari Matos — que ouviu atentamente, como o próprio militar do Exército, minha exposição em defesa do acontecimento — não será esquecido nunca. A atitude daquele militar aparentemente desinteressado, que havia chegado a declarar que desconhecia até os objetivos da tal reunião, mudou drasticamente em meio à exposição deste autor. Ele passou a fazer anotações sobre tudo que se falava em defesa da mais importante história da Ufologia Brasileira. Aquele momento especial sempre fará parte da história da luta da Equipe UFO pelo fim do acobertamento ufológico e, mais especificamente, é claro, do estabelecimento da verdade sobre o Caso Varginha.
A postura do Exército Brasileiro, por meio de seu representante, não deixou dúvidas sobre a posição que o comando da instituição tinha não só quanto ao comando do Ministério da Defesa, mas quanto a todos nós da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU). Ficou patente, na oportunidade, a falta de qualquer forma de comprometimento com a atual hierarquia, que revela a subordinação dos comandos de nossas Forças Armadas ao referido Ministério. Nos casos em que os interesses particulares do Exército possam diferir das deliberações do órgão, os resquícios da época do autoritarismo parecem ainda muito vivos. Em minha opinião, a importância que a Arma dá ao Caso Varginha e a manutenção do sigilo podem ser aferidas pelo evidente sinal de insubordinação que todos nós da CBU fomos testemunhas naquela reunião histórica.
Se o Exército, por vontade de seu comando na época, não respeitou sequer sua posição hierárquica, que prevê a total subordinação aos pleitos do comando do Ministério da Defesa, o que poderíamos esperar dessa força militar em relação às tentativas realizadas por meio do mesmo órgão, pela própria CBU, tendo à frente seu coordenador, o ufólogo e geógrafo Fernando de Aragão Ramalho? Uma das tentativas realizadas em Brasília por nosso representante foi um pedido de rebaixamento da classificação de sigilo dos documentos sobre Varginha. Conforme todos tínhamos conhecimento — e eu havia sido informado disso por uma de minhas fontes militares —, o caso havia recebido a classificação máxima no meio militar brasileiro, ou seja, de ultrassecreto. Se o Exército, de maneira definitiva, se mostrava cada vez mais disposto a ignorar qualquer pleito de nosso grupo, qual seria o passo seguinte naquele processo de relacionamento que ficava cada vez mais difícil?
Um momento especial
Quando, na tarde de 20 de janeiro de 1996, um sábado de verão ensolarado na cidade de Varginha, as irmãs Liliane e Valquíria Silva, acompanhadas pela amiga Katia Xavier, encontraram uma estranha criatura em um terreno não edificado do bairro Jardim Andere, nos arredores da cidade, ninguém, na verdade, poderia imaginar os desdobramentos e a importância do inusitado acontecimento. A criatura “que não era nem homem nem animal”, conforme descrita pelas testemunhas, como se sabe desde a época dos fatos, estava próxima ao muro de uma oficina mecânica — tinha pele marrom viscosa, olhos enormes de cor vermelha e três protuberâncias na parte superior do crânio, denominadas inicialmente pelas meninas como chifres.
As testemunhas não notaram sinais que indicassem a existência de boca ou nariz. O quadro de estranheza envolvendo a descrição do repugnante ser, na visão das moças, incluía ainda a presença de veias visivelmente saltadas, principalmente nos ombros. A entidade estava agachada, mas era possível ver que seus pés eram desproporcionalmente grandes se comparados ao seu corpo. O ser aparentemente não estava se sentindo bem, parecendo meio abobado. Em questão de poucos segundos as testemunhas partiram dali chorando, em pânico, depois de se aproximarem para ver mais de perto a estranha entidade, imaginando terem encontrado, talvez, o próprio diabo, como chegaram a se referir aos ufólogos e aos meios de comunicação na época.
Apesar de as investigações iniciadas poucos dias depois terem revelado que o avistamento daquela criatura estava longe de marcar o início da história, o encontro das meninas com a entidade alienígena foi a peça fundamental para o início de uma das mais aprofundadas investigações já realizadas na Ufologia, não só de nosso país, mas mundialmente. Eu poderia ter suprimido aqui a descrição da criatura, acima, uma vez que ela esteve presente em praticamente todas as divulgações realizadas sobre os incidentes verificados no Sul de Minas Gerais, além de artigos e conferências minhas e de meus colegas, e, claro, em Varginha: Toda a Verdade Revelada. Mas, devido às tentativas reincidentes de negar o aspecto ufológico da história, feitas pela Polícia Militar de Minas Gerais, pelo Corpo de Bombeiros e pelo Exército Brasileiro, a tipologia do ser avistado pelas meninas, assim como as descrições paralelas e coincidentes fornecidas por outras testemunhas — inclusive
militares que ficaram frente a frente com outros seres — constituem, de fato, uma parte fundamental dentro da estrutura do caso.
Situação cada vez mais explosiva
Se no início das investigações a observação do ser por Liliane, Valquíria e Kátia parecia ser o foco principal a ser aprofundado, com o surgimento das primeiras fontes militares que passaram a colaborar com os principais investigadores, houve uma nova compreensão dos acontecimentos, corroborada também por outras testemunhas civis — ficou logo claro que não se tratava apenas de uma única entidade alienígena. Tudo parecia indicar que um número ainda não estabelecido de seres havia se espalhado pelo sul de Minas Gerais. Hoje é minha convicção, conforme revelei em meu citado livro, que aquelas entidades provavelmente haviam abandonado sua nave acidentada utilizando-se de algum tipo de equipamento de escape, antes de a mesma cair na Fazenda Maiolini, a cerca de 20 km de Varginha. A queda foi testemunhada pelo piloto de ultraleve Carlos de Souza, na manhã de 13 de janeiro de 1996, uma semana antes da data “oficial” do Caso Varginha, 20 de janeiro.
Existe, ainda hoje, alguma polêmica sobre a credibilidade que deveria ser dada ao depoimento de Souza, mas existem outros testemunhos — inclusive o de um militar da Força Aérea Brasileira (FAB) com quem estive em Belo Horizonte e também, posteriormente, na cidade do Rio de Janeiro — que trouxeram novas e importantes informações, dando força à ideia de que o episódio, na realidade, teria começado pelo menos uma semana antes do que de início se imaginou. Ou seja, quando o piloto alegou ter sido testemunha ocular da queda de um UFO e do imediato recolhimento dos destroços da nave por um contingente do Exército. O que haveria ocorrido ao longo de toda aquela semana? É isso que as pesquisas, incessantes, buscam trazer à tona.
Carlos de Souza, que procurou e prestou um depoimento ao hoje saudoso engenheiro e ufólogo Claudeir Covo, que foi coeditor da Revista UFO por 20 anos e faleceu recentemente, ao contrário do que alguns oportunistas têm declarado pouco após a morte do ufólogo paulista, nunca buscou notoriedade ou fama. Aquilo que se sabe e que foi divulgado sobre a queda da nave na Fazenda Maiolini está associado, exclusivamente, aos depoimentos prestados aos pesquisadores Claudeir Covo e Ubirajara Franco Rodrigues. Souza nunca procurou a imprensa para se apresentar como testemunha — suas poucas aparições na mídia ocorreram mediante o repasse de seus depoimentos gravados em vídeo por Covo e Rodrigues.
A mesma conduta, entretanto, não é partilhada por seus algozes, que parecem buscar a todo custo um estado de notoriedade diante dos meios de comunicação brasileiros, sem sucesso. Um destes ufólogos, inclusive, foi afastado não só do grupo principal de pesquisadores do Caso Varginha logo no início das pesquisas, como simultaneamente do Conselho Editorial da própria Revista UFO, por expulsão. O afastamento se deu a pedido de Covo que, após ter dado todo o apoio inicial para que o pesquisador começasse a ser conhecido publicamente na Ufologia, teve uma grande decepção com a pessoa que hoje, após o falecimento do coeditor, busca uma injustificável posição de destaque na história da investigação, chegando a fazer críticas públicas não só a mim e ao meu livro, como ao próprio Claudeir Covo, por ter dado credibilidade aos depoimentos do piloto [Nota do editor: Trata-se do pesquisador Edison Boaventura Júnior, que alega ser “um dos principais investigadores” do Caso Varginha, fato contestado pelos demais].
Novos desdobramentos
Outro aspecto que surgiu como resposta ao sucesso e repercussão do livro Varginha: Toda a Verdade Revelada foi o reaparecimento de pessoas que haviam se afastado das pesquisas e da própria Ufologia após os principais investigadores terem, a partir de maio de 1996, começado a divulgar os nomes dos primeiros militares do Exército envolvidos diretamente nas operações que culminaram com a captura e transporte, para fora do sul de Minas Gerais, de pelo menos duas das entidades alienígenas.
De maneira curiosa e até inacreditável, nossos antigos parceiros, que em uma histórica reunião realizada em Varginha, em 04 de maio de 1996, ao serem convocados por Rodrigues, haviam se negado a transmitir para a mídia nacional e internacional suas descobertas sobre o que teria acontecido após a chegada das criaturas capturadas à cidade de Campinas, declararam em uma entrevista, após a publicação da citada obra, em matéria postada no site Youtube, na qual a obra foi alvo de comentários, que “eles não foram procurados por ninguém”, em clara referência a este autor, como se o livro fosse algo incompleto por causa de suas ausências, isso em referência às suas supostas descobertas relacionadas à presença dos seres na cidade paulista.
Os dois personagens desse enredo surreal, publicamente diante de mais de 60 ufólogos e de inúmeros representantes da mídia presentes à citada histórica reunião de 04 de maio de 1996, ao serem convocados por Rodrigues, preferiram o silêncio ao sentirem que a partir daquela data haveria, de fato, a necessidade de assumirem um comprometimento mais sério em relação ao caso e com aquilo que passaria a ser divulgado, cujas implicações eram imprevisíveis. Por que, então, vêm agora reclamar sua ausência nas referências atuais aos diversos aspectos do Caso Varginha?
Os militares continuam impassíveis e recentemente declararam: ‘A assessoria de comunicação do Exército Brasileiro informa que o Caso [Varginha] já está encerrado e que, por isso, não há mais comentários a se fazer sobre o assunto’. Ninguém acreditou
Essas duas pessoas não só abdicaram, na referida reunião, de assumirem publicamente a seriedade de suas supostas descobertas, como, poucos meses depois, ainda em 1996, para minha surpresa, agiram da mesma forma em outro episódio. Eu convidei ambos para participarem como conferencistas em um seminário no Rio de Janeiro, para falarem sobre outros assuntos ligados à Ufologia — antes do evento, quando tentei gravar em vídeo seus depoimentos sobre Varginha, mais uma vez eles se negaram a fazer qualquer declaração sobre suas supostas descobertas em Campinas e sobre a passagem dos seres pela Unicamp. Por que, então, quando da redação de meu livro, eu procuraria por esses antigos parceiros relutantes?
Como deixei claro em Varginha: Toda a Verdade Revelada, quando citei parte desta história, não tenho como dar cr&eac
ute;dito a depoimentos ou declarações sobre supostas descobertas se os seus responsáveis não têm coragem para assumir, frente às câmeras, o que afirmam ter descoberto. Hoje, 20 anos depois, eles estão aparentemente dispostos a contar tudo, mas não se pode levar a sério o que estão falando. Não estamos aqui para brincar de fazer Ufologia. Não tenho a menor dúvida de que os seres foram levados para Campinas e passaram de fato pela Unicamp, só que esta convicção vem de outras fontes, inclusive militares, conforme também detalhei e expliquei em meu livro.
Outra postura
Ao contrário de alguns ufólogos que participavam das pesquisas e que preferiram não assumir diante da imprensa o que falavam nos bastidores das pesquisas do Caso Varginha ou em nossas reuniões fechadas, tive o privilégio de encontrar militares que, mesmo em situações difíceis de serem vividas e sob forte risco para suas carreiras na caserna, resolveram prestar toda a ajuda que podiam às pesquisas desenvolvidas pelo grupo principal de investigadores que, a partir de maio de 1996, passou a ter como seus membros apenas Ubirajara Rodrigues, Vitório Pacaccini, Claudeir Covo e este autor.
Um dos militares que colaboraram decisivamente com suas informações para que nosso grupo pudesse começar a montar o grande quebra-cabeças envolvendo as ocorrências no sul de Minas Gerais foi um membro do Corpo de Bombeiros de Varginha, órgão que participou das operações de captura dos tripulantes extraterrestres vivos. A testemunha já havia aceitado gravar um explosivo depoimento sobre a participação dos militares de sua corporação e do Exército, representado pela Escola de Sargento das Armas (EsSA), da vizinha cidade de Três Corações, na captura e retirada de Varginha de um ser exatamente igual ao que seria observado posteriormente pelas três meninas na tarde de 20 de janeiro de 1996, antes mesmo da reunião de 04 de maio. Tal militar, cujo depoimento em áudio está em meus arquivos, revelou em entrevista gravada por Vitório Pacaccini que a operação, ocorrida por volta das 10h30 daquele mesmo dia, teve a presença do comandante da corporação, o então major José Francisco Maciel Dias Ferreira.
Durante a citada reunião de 04 de maio de 1996, antes do horário em que as portas do auditório em que ocorreria seriam abertas para a imprensa — um anexo da casa de Rodrigues —, Pacaccini e este autor saíram para encontrar um militar do Exército que havia sido convencido sobre a importância de prestar um depoimento gravado sobre seu contato direto com uma das criaturas capturadas. Segundo aquela fonte, depois de passar por dois hospitais de Varginha, a criatura havia saído morta da cidade e sido levada por um comboio do Exército, do qual ele mesmo havia participado. Aquela foi uma revelação bombástica. Foi ele quem também dispôs os nomes dos primeiros militares da EsSA diretamente envolvidos com o Caso Varginha, começando pelo comandante das operações, o então tenente-coronel Olímpio Vanderlei Santos.
Ética que envolve os depoimentos
Este e outros testemunhos, cujo conteúdo foi amplamente divulgado pela Revista UFO e outros veículos, não podem, entretanto, ser expostos diretamente, pois foram alvo de um compromisso ético entre as partes. Apenas em dois casos isso poderia acontecer. No primeiro, se os militares que colaboraram com as investigações fossem identificados e já estivessem sendo punidos por seus superiores. A segunda situação acordada está relacionada à existência de qualquer forma de retaliação por parte dos comandos militares envolvidos contra os principais pesquisadores — em outras palavras, se qualquer um de nós fosse processado pelas Forças Armadas por causa de nossas declarações e afirmativas sobre o caso. Como isso não aconteceu até hoje, a divulgação desses materiais seria a quebra de nosso compromisso ético com aqueles militares que nos confiaram fatos de tamanha magnitude.
Existe outra questão importante que não se pode deixar de revelar, que infere também neste processo. Durante tais depoimentos, algumas de nossas fontes militares fizeram afirmações que transcendem os aspectos ligados ao caso, e que são passíveis de gerar sérios problemas para elas, que, em sua boa vontade da divulgarem a verdade, resolveram confiar no compromisso assumido, que cada um de nós manteve até hoje. Faço questão de destacar este particular por existirem pessoas sem nenhum tipo de postura ética que consideram a nossa conduta como algo reprovável e injustificável depois de tantos anos. Para esses ufólogos, o que vale é sua projeção pessoal. Jogam para a torcida e demonstram não terem qualquer compromisso com valores mínimos de respeito e ética com aqueles que, mesmo sobre grande risco e contra ordens superiores, resolveram ajudar a verdade a ser conhecida.
Questão de segurança nacional
Outro ponto que não se pode deixar de destacar é a misteriosa morte do policial da Inteligência da Polícia Militar de Minas Gerais, Marco Eli Chereze, que após ter participado da captura de uma segunda criatura extraterrestre, na noite de 20 de janeiro de 1996, morreu em condições totalmente inexplicáveis em 15 de fevereiro do mesmo ano — menos de um mês depois. Conforme já foi publicado aqui em UFO, ele e seu parceiro, o cabo Eric Lopes, encontraram no mesmo bairro em que as três citadas meninas viram a criatura, aquela que provavelmente seria a mesma entidade, ao patrulharem a região com um carro Fiat modelo Prêmio, sem identificação, comumente utilizado em operações especiais da área de Inteligência no estado de Minas Gerais.
Como hoje se sabe, Chereze saiu da viatura, que quase havia atropelado a criatura, e inicialmente pegou o ser pelo braço, mas depois se atracou com a entidade alienígena quando ela esboçou uma ligeira reação. Por fim, colocou a mesma no banco traseiro do veículo e ele e Lopes rumaram para o Hospital Regional do Sul de Minas Gerais. Ao contrário dos bombeiros que haviam participado da captura do primeiro ser na manhã daquele dia — e que haviam utilizado luvas de proteção e uma rede —, Chereze teve contato físico direto com a entidade, e existe, conforme descrito em Varginha: Toda a Verdade Revelada, a suspeita de que teria sido arranhado pelo extraterrestre. Após levado à instituiç&at
ilde;o, o ser teve uma breve passagem pelo Hospital Regional, localizado no centro da cidade, mas posteriormente veio a falecer após ser transferido para o Hospital Humanitas, localizado em uma das saídas de Varginha.
O policial militar, que na época tinha 23 anos, condição atlética e saúde perfeita, com o passar dos dias apresentou um furúnculo em uma de suas axilas, que foi prontamente retirado. Mas não ficou apenas nisso. Em seguida, ele desenvolveu um quadro de infecção generalizada que o levaria à morte em poucos dias — foi enterrado sem que a família tivesse qualquer informação objetiva sobre a causa do óbito. Este fato passou a ser um dos aspectos mais acobertados do episódio até que, no primeiro aniversário da história, em 20 de janeiro de 1997, em outra reunião especial que contou com a presença da irmã de Chereze, a senhora Marta Antônia Tavares, e com os quatro principais investigadores do caso, denunciamos para a imprensa as situações que envolviam sua morte e sua participação na captura de uma das entidades extraterrestres. Coube à Marta destacar o processo de desinformação que a família enfrentara todas as vezes em que um de seus membros fora até os hospitais por onde o policial passou antes de falecer no CTI do Hospital Regional.
Uma morte inexplicável
O fato é que, diante das denúncias e da repercussão na mídia sobre o que divulgamos na referida reunião — que contou também com a participação de jornalistas de várias emissoras de TV —, dias depois a família finalmente recebeu toda a documentação e os resultados dos exames que haviam sido feitos no rapaz, a respeito dos procedimentos médicos utilizados para salvar sua vida. Também o delegado de Varginha, que havia aberto um inquérito a pedido dos familiares de Chereze para apurar possíveis responsabilidades dos médicos no falecimento do rapaz, e que também continuava a aguardar toda a documentação do caso relativa ao Instituto Médico Legal (IML) recebeu, na mesma época, o material.
Mas as informações fundamentais para o entendimento do que de fato havia acontecido só surgiram muitos anos depois, quando Ubirajara Franco Rodrigues teve contato direto com o médico Cesário Lincoln Furtado, um dos profissionais de medicina mais conhecidos do sul de Minas Gerais, que havia participado diretamente das últimas tentativas de salvar a vida de Marco Eli Chereze. Segundo Furtado, ele nunca vira um quadro clínico semelhante ao apresentado falecido policial. Na verdade, o processo de infecção que se transformou rapidamente em septicemia (infecção generalizada) matou o policial por uma situação muito particular e invulgar — todo o seu sistema imunológico havia desaparecido e ele não era portador do vírus da AIDS ou tinha qualquer outro problema conhecido por nossa medicina e ciência. Teria ele recebido, por meio de seu contato com a entidade alienígena, algum vírus ou bactéria desconhecida que pudesse ter causado sua morte? Até hoje não temos uma explicação definitiva para o que aconteceu.
Chegamos, eu, Ubirajara Rodrigues e Vitório Pacaccini, a usar um avião cedido por um amigo para sobrevoar o possível local de queda, em busca de vestígios de qualquer natureza, mas não tivemos êxito. As pesquisas do Caso Varginha foram feitas com critérios rigorosos e dentro de preceitos científicos
O que mais chama a atenção nesta história, e que também foi revelado pelo mesmo médico, é o total desinteresse demonstrado pelo comando da Polícia Militar de Minas Gerais frente à situação de Chereze. Ainda segundo Furtado, ele não tomou qualquer conhecimento e nem recebeu qualquer representante da PM mineira interessado em saber da situação do rapaz. Ou seja, Chereze morreu abandonado por aqueles que o enviaram para uma missão para a qual ele e seu companheiro certamente não estavam preparados. É triste perceber, hoje, que em determinado momento a morte do rapaz, mesmo sem qualquer interferência direta da Polícia Militar, possa ter sido considerada pelos gestores do acobertamento ufológico como a melhor solução para manter o Caso Varginha longe dos olhares do público, diante do quadro que o militar apresentou em seus últimos dias.
Inquérito Policial Militar
Mas seria uma falha grande voltar a falar de Varginha no momento em que o caso completa 20 anos, em 20 de janeiro, e não abordar o Inquérito Policial Militar (IPM) deflagrado pelo Exército Brasileiro, mais especificamente pelo então comandante da Escola de Sargento das Armas (EsSA), general-de-brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, para apurar a incidência de ilícito penal nas declarações presentes no citado livro Incidente em Varginha, de autoria do pesquisador Vitório Pacaccini e do escritor Maxs Portes.
Ao contrário daquilo que vários veículos de comunicação não especializados deram a entender de maneira totalmente equivocada, o procedimento, que teve início poucas semanas após as denúncias feitas sobre a morte de Chereze, nunca foi algo feito para apurar a realidade ou não da queda de uma nave alienígena e a presença de seus tripulantes sobreviventes no sul de Minas. Na verdade, o inquérito parece ter surgido como uma resposta do então comandante da EsSA a toda a pressão que estava sentindo por conta das atividades do grupo principal de investigadores, e também de seus superiores, que deveriam estar insatisfeitos com o continuísmo dos problemas que os ufólogos estavam gerando com suas descobertas — e ameaçavam implodir todo o processo de acobertamento.
A deflagração do inquérito acabou sendo uma espécie de último ato do general Lima à frente da instituição, pois ele foi logo substituído pelo também general-de-brigada Marco Antonio Tilscher Saraiva. Aí vimos algumas coisas mudarem nos destinos do Caso Varginha. Em vez de buscar intimidar os ufólogos à frente das investigações, de pressionar os militares que estavam colaborando ao passarem informações e, principalmente, de punir o ufólogo Vitório Pacaccini que havia, em seu livro, conclamado os militares do Exército envolvidos com o caso a ignorarem as ordens de seus superiores e procurarem os pesquisadores para revelarem a verdade, Saraiva imprimiu uma nova orientação.
Sob o seu comando, o responsável pelo IPM, o tenente-coronel Lúcio Carlos Finholdt Pereira, mudou totalmente o tratamento origina
l do processo. Para começar, convidou para depor, antes de Pacaccini, Ubirajara Franco Rodrigues, que, como advogado experiente, poderia sentir melhor que ninguém a gravidade do momento que cada um de nós, mas principalmente Pacaccini, estava vivendo. Ao final de seu depoimento, no qual defendeu a veracidade de todas as informações que estávamos divulgando, Rodrigues recebeu, como informou na época pessoalmente a este autor — como também fez com Pacaccini e Claudeir Covo —, um pedido para que a existência do IPM não fosse divulgada para a imprensa. O mesmo militar solicitou ainda a Rodrigues, depois que soube que ele voltaria como advogado de Pacaccini, quando de seu depoimento, que instruísse o ufólogo a só fazer declarações sobre o que lhe fosse solicitado. Não havia dúvida, já naquele momento, que existia um interesse por parte dos militares, caso houvesse colaboração do grupo principal de investigadores, de encerrar o IPM da melhor forma possível tanto para o Exército como para os ufólogos.
Solução inaceitável
Com o afastamento da mídia de qualquer possível cobertura sobre o que iria acontecer dentro dos procedimentos do Inquérito Policial Militar (IPM), a história real do Caso Varginha foi modificada para apoiar a ideia de que tudo não havia passado de uma interpretação equivocada da real natureza da criatura avistada pelas meninas. Nesta nova versão, segundo a conclusão do procedimento, elas teriam confundido com um extraterrestre um morador da cidade que apresentava deficiências físicas e mentais. Além disso, tudo foi direcionado para apoiar a ideia de que Vitório Pacaccini seria, na verdade, uma pessoa ingênua, que havia dado credibilidade a informações inverídicas e que, portanto, não seria passível que qualquer punição.
Como o IPM e suas conclusões, por vontade do comando do Exército Brasileiro, não seriam divulgados para a imprensa, não haveria problemas para o ufólogo responsável por sua instauração, apesar de Pacaccini aparecer no mesmo como um “pobre coitado”, incapaz de separar a realidade da ficção. Mas depois da existência do procedimento policial militar ter se tornado de conhecimento geral com o passar dos anos, mediante minhas referências em palestras e artigos, o coordenador da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), Fernando de Aragão Ramalho, localizou os dois volumes do procedimento na cidade de Juiz de Fora e interferiu diretamente para que eles fossem disponibilizados e tornados públicos em toda sua extensão [Baixe o documento no endereço: ufo.com.br/documentos/Inquerito_varginha].
Em Varginha: Toda a Verdade Revelada, apresentei uma análise detalhada de toda esta documentação, que mostra de maneira clara e objetiva as manobras do Exército para acobertar a verdade. Mesmo com todas as manipulações denunciadas na obra, é inconcebível que a conclusão daquele procedimento, supostamente investigativo, possa apresentar como resultado que Liliane, Valquíria e Katia Xavier tenham confundido um morador da cidade, que elas mesmas conheciam, com a criatura que avistaram e descreveram de maneira tão detalhada, e cuja tipologia, apartada de tudo que conhecemos em nosso mundo, foi também revelada por outras testemunhas do caso.
Protocolando as denúncias
Logo após o lançamento do livro, por sugestão do também membro da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) Francisco Pires de Campos, a obra foi entregue e protocolada no Ministério da Defesa, para que se somasse aos resultados daquela memorável reunião de 18 de abril de 2013. Pires de Campos, igualmente um dos coeditores da Revista UFO, fez o alerta sobre a importância de tal atitude, para que o livro não chegasse ao Ministério “por mãos erradas”, em suas palavras, devido à gravidade de suas denúncias. Feito o protocolo no órgão, em 07 de abril de 2015, ficamos aguardando as possíveis repercussões deste procedimento. Logo Ramalho, que é funcionário concursado do Congresso Nacional e reside em Brasília, lá atuando como elemento de ligação entre a CBU e o Ministério, recebeu solicitação para que outros exemplares de Varginha: Toda a Verdade Revelada fossem encaminhados ao órgão, para que não só o Exército os recebessem oficialmente como também os representantes da Marinha e da Aeronáutica.
Posteriormente chegou-nos a informação de que o livro foi lido e analisado como documento relativo ao Caso Varginha pelas autoridades da Defesa do país. Mas, para total surpresa, segundo a documentação encaminhada à Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), em 14 de setembro de 2015, o Exército continuou sem se pronunciar, insistindo em negar a existência da qualquer documentação ou material relacionado ao acontecimento de 1996 em Minas Gerais, com exceção do próprio e já discutido IPM — nenhum comentário foi feito em relação ao conteúdo da obra, além de sua citação por explícito logo no primeiro parágrafo do ofício recebido.
Em resumo, o comando do Exército Brasileiro preferiu continuar em silêncio, como se nada estivesse acontecendo, como já havia feito em resposta ao portal G1, conforme revelado no início desse artigo. No entanto, a posição de todos os membros da CBU é a de definitivamente não aceitar esta postura. Continuaremos a expor publicamente, de maneira séria e responsável, o silêncio inaceitável de nossas autoridades, agora, inclusive, com a denúncia pública feita no citado livro sobre as irregularidades descobertas dentro do Inquérito Policial Militar (IPM) realizado pelo Exército nas dependências da Escola de Sargento das Armas (EsSA), na cidade mineira de Três Corações.
As duas décadas do Caso Varginha, comemoradas no dia 20 deste mês, estão sendo marcadas por nossa disposição de continuar cobrando a verdade e pelo direito que todos os brasileiros têm de saber oficialmente o que de fato aconteceu. Já se tem como certo, para a postura de acobertamento oficial dos fatos, o envolvimento norte-americano nos procedimentos, com a presença em nosso país, entre outras autoridades, do diretor da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), senhor Daniel S. Goldin, o que acabou envolvendo um acordo de colaboração na área espacial que resultaria, anos mais tarde, na
presença do primeiro astronauta brasileiro, o coronel Marcos Pontes, na Estação Espacial Internacional (ISS). Conforme foi revelado por outra fonte militar do Exército, houve na época uma forte pressão para que o Governo Brasileiro e esta Arma aceitassem o translado de todos os materiais ligados ao caso para os Estados Unidos. Enfim, existe ainda muita coisa a ser dita e descoberta sobre o maior caso da Ufologia Brasileira.