A Base Aérea de Santos (BAST) é uma unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) que, apesar de fazer referência àquela cidade, tem sua localização no distrito de Vicente de Carvalho, não muito longe de Santos, pertencente ao município de Guarujá, no litoral de São Paulo. A base foi fundada em 1922 e foi considerada, de 1941 até 2007, um dos principais locais para treinamento de pilotos militares. A unidade tem uma pista pavimentada para pousos e decolagens com um comprimento aproximado de 1,4 km — era o local de operação do 1º Esquadrão do 11º Grupo de Aviação, o Esquadrão Gavião, que depois foi transferido para Natal. Localizada em um ponto estratégico para ação militar, a BAST tem uma área de 2.800 milhões de m² às margens do Canal do Estuário, próximo ao porto de Santos.
Hoje a base virou uma unidade de desdobramento que apoia outras do Brasil em deslocamentos ou treinamentos. Apesar de o número de militares atuando no local ter diminuído de 700 para 300 indivíduos, a movimentação de aeronaves continua constante. No entanto, o pouco que se sabe sobre a base é que, durante várias décadas, ela esteve diretamente envolvida com casos de UFOs ocorridos no litoral de São Paulo — uma vasta área que apresenta intensa atividade ufológica, tendo sido apontada pelo History Channel como um dos principais hot spots de discos voadores da América Latina em episódio da série Contatos Extraterrestres [2013], com participação deste autor.
Ilha desconhecida
Um dos primeiros registros ufológicos envolvendo a Base Aérea de Santos (BAST) deu-se em 1958, com a manifestação de um objeto submarino não identificado (OSNI) não muito longe dela. O caso ocorreu no dia 10 de janeiro daquele ano, quando o capitão Chrysólogo Rocha se encontrava sentado com sua esposa no alpendre de uma casa, em uma vila militar em frente à praia de Pitangueiras, em Guarujá. O casal se surpreendeu ao observar uma estranha “ilha” desconhecida que não existia antes naquele lugar. Rocha então pegou seu binóculo para observar melhor aquele artefato e descobriu que estava aumentando de tamanho e emergindo do mar. A dupla chamou outras pessoas que estavam no interior da residência para que também testemunhassem o estranho fenômeno — um total de 10 indivíduos observaram o que estava ocorrendo.
Em poucos minutos as testemunhas notaram que a tal estranha ilha se tratava, na verdade, de um objeto formado por duas metades, como dois pratos sobrepostos, com a parte de baixo flutuando no mar. Em um curto espaço de tempo o artefato submergiu e logo em seguida um barco a vapor cruzou o local. Passados mais 15 minutos, com a embarcação já distante, o misterioso aparelho voltou a aparecer — desta vez os observadores viram que a parte superior do OSNI estava ligada à inferior por meio de diversas hastes brilhantes, as quais continham pequenos objetos coloridos que se moviam desordenadamente, como se fossem contas em um colar.
Aquele artefato ficou visível por uma boa quantidade de tempo, permanecendo na superfície do mar por vários minutos. Depois, as duas partes se juntaram e o OSNI afundou até desaparecer definitivamente nas profundezas do Oceano Atlântico. Uma das testemunhas presentes no local, esposa de outro oficial do Exército, chegou a telefonar para o Forte dos Andradas, uma unidade militar ali perto, que, por sua vez, alertou a BAST. Foi então enviado um avião para sobrevoar o local da ocorrência, mas sem sucesso, pois não encontrou o estranho objeto submarino não identificado.
Fatos como este abundam e outra importante ocorrência foi registrada em 1985, por volta das 11h00 do dia 23 de agosto, quando um estranho aparelho sobrevoou as cidades de Santos e Guarujá, tendo sido observado por várias testemunhas. O objeto era esférico e tinha uma luminosidade muito forte na parte de baixo. Ele passou à baixa altitude, fazendo com que vários alunos de uma escola próxima à BAST entrassem em pânico, o que levou alguns professores a contatarem a unidade militar — foi lhes informado que aquilo era apenas um balão meteorológico. Entretanto, havia outras testemunhas no local que tinham conhecimento sobre balões desse tipo e foram categóricas ao afirmar que aquele aparelho não se tratava de um deles. Este caso foi amplamente divulgado na época pelo jornal Cidade de Santos.
Testemunhas militares
Outros casos ufológicos importantes se deram ao senhor Silas Cabral de Lima Filho, 37 anos, ex-militar da Base Aérea de Santos (BAST), que procurou o Grupo de Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS) para relatar dois avistamentos na época em que serviu naquela unidade. Os episódios ocorreram no ano de 1994. Lima Filho relatou que os fatos aconteceram entre fevereiro e maio daquele ano, quando servia como recruta no Batalhão de Infantaria e fazia vigilância armada nos postos internos e externos da base. “Em uma madrugada, provavelmente no final de fevereiro ou começo de março daquele ano, estava de plantão no alojamento onde dormia, que fica no andar de cima do batalhão e de cuja sacada tinha-se uma visão privilegiada do porto de Santos, com a Serra do Mar ao fundo”, disse Lima Filho, iniciando o relato. Na serra existem tubulações de água e óleo que vêm do planalto e são acompanhadas por postes de luzes, formando uma trilha bem iluminada que pode ser vista de longe.
“Em um determinado momento, observei que por trás da serra surgiu uma luz que se dirigia no sentido do porto de Santos, sendo que outra vinha logo atrás e depois uma terceira. Esses três objetos luminosos surgiram do planalto e seguiram em direção ao mar. Olhei para dentro do alojamento, vi que outro recruta estava acordado e o chamei para ver aquilo também”. Ele veio prontamente e também viu aquelas luzes. O ex-militar relatou que logo depois a primeira luz parou mais ou menos em cima da Ilha Barnabé — parecia um anel, iluminado em volta e escuro em seu interior. Depois de pouco tempo, chegou a segunda luz, do mesmo formato, que parou ao lado da primeira. E, por último, chegou a terceira, também parando com as outras. Em seguida, as três se uniram, tornando-se uma só.
Em poucos minutos as testemunhas notaram que a tal estranha ilha se tratava, na verdade, de um objeto formado por dois pratos sobrepostos, com a parte de baixo flutuando no mar. Logo o artefato submergiu e em seguida um barco a vapor cruzou o local
“Fiquei impressionado ao ver aquilo. O conjunto continuou parado, agora brilhando bem mais, até que umas nuvens o encobriram e não conseguimos ver mais nada. Os três objetos tinham cores distintas — um era vermelho, o outro branco e o terceir
o, verde. No dia seguinte contei aos meus amigos recrutas e eles gozaram de mim, dizendo que eu tinha visto um semáforo. Mas o meu amigo que testemunhou o avistamento confirmou singelamente o fato balançando a cabeça e fazendo um sinal de positivo, embora meio tímido por causa das brincadeiras e não entrando em detalhes”.
Poucos dias depois, a dupla teve uma aula sobre Ufologia dada por um tenente da Base Aérea de Santos (BAST), que comentou que a Baixada Santista era um dos locais em que mais apareciam luzes e objetos não identificados. “Ele disse que existia um grupo na base que estudava esses fenômenos, sendo que um dos pontos de pesquisas era justamente a Serra do Mar, só que na parte continental da cidade. Não sei se essa aula foi ocasionada pelo nosso avistamento, já que houve vários comentários nos últimos dias na base sobre o ocorrido, ou se ela já fazia parte de um curso que estávamos realizando”.
Luz que percorreu a cidade
O segundo avistamento do ex-militar Lima Filho ocorreu no segundo trimestre de 1994. “Foi depois do jantar e nós, soldados, estávamos em formação perto da portaria ouvindo atentamente às instruções do sargento que estava de plantão. Nisso percebi uma luz semelhante a uma estrela muito brilhante, branca e que não piscava vindo de Santos no sentido de Guarujá, que de repente parou bem em cima da base. A tal luz não estava baixa, mas também não estava muito longe, a uma altura média de um helicóptero em voo”. Lima Filho disse que todos olharam pra cima e até o tenente que estava de plantão saiu de sua sala na portaria para também testemunhar o fenômeno. “Muitas pessoas estavam ligando para a base naquele momento perguntando o que seria aquela estranha luz que percorreu toda a cidade”.
Um avistamento muito semelhante ao primeiro do ex-militar Silas Cabral de Lima Filho ocorreu em julho de 2010 com o ufólogo e consultor da Revista UFO José Ricardo Quintela Dutra. Em depoimento ao GEUBS, Dutra relatou que estava de bicicleta na ciclovia do porto, próximo à chegada da balsa e antes do mercado do peixe que há ali, quando parou para observar um anel de luz que estava flutuando próximo ao Morro das Antenas, em Guarujá, o mais alto da cidade. “Já havia um trabalhador do porto observando aquele objeto antes de mim. Ele achou que se tratava de um daqueles canhões de raios que costuma se usar em festas para iluminar o céu, mas eu logo percebi que não poderia ser porque o objeto se mexia de forma diferente daqueles feixes de luz”.
Às vezes era rápido e em outras era lento, parecendo flutuar para depois ficar estático. Além disso, não tinha aquele feixe de luz em direção ao chão, como é comum no caso dos canhões. Dutra esclareceu ainda que o fato ocorreu por volta das 21h00 e que o objeto não era muito grande, afirmando que andava e parava alternadamente. “Sua cor era laranja-avermelhado e ficava girando o tempo todo, sendo que em seu centro ele era escuro, sem nenhuma luz — por isso dava a impressão de ser um anel. Aquilo ficou visível por uns 20 minutos e depois sumiu em meio às nuvens, mostrando sua claridade dentro delas”, finalizou a testemunha.
Avistamentos da Base
Outra importante testemunha de um avistamento ufológico dentro da Base Aérea de Santos (BAST), na mesma época, foi Sidnei da Costa Silva, 39 anos. Também no ano de 1994 ele estava de sentinela no hangar número 1 do 11º Grupo de Aviação quando, por volta de 00h15, avistou um disco voador. “Olhei para o céu e vi um estranho objeto com luzes diferentes e estranhas cores. Fiquei olhando para aquilo, que ia em direção à Serra do Mar, quando parou e seu brilho ficou mais forte. Na época eu era mecânico de helicóptero e depois me formei como técnico de manutenção de aeronaves, de modo que pude perceber que aquilo não se tratava de nenhum avião conhecido”.
Silva disse que continuou observando o objeto até que começou a baixar e, em seguida, uma luz muito forte saíra dele e iluminara as árvores da região, apesar da distância. “Aquela luz permaneceu ali por pouco mais de um minuto e depois de apagada o artefato começar a subir, inicialmente bem devagar e em seguida a uma velocidade incrível. Disparou até sumir no espaço”. Sidnei da Costa Silva não é uma testemunha isolada. Em uma noite de 1996, por volta das 21h00, o guarda municipal Mário dos Santos Filho também documentou um estranho objeto voador sobre o bairro Santa Rosa, em Guarujá, onde reside. O curioso nesse caso é que apenas três minutos depois o estranho artefato desapareceu e logo surgiu no local um helicóptero da Base Aérea de Santos (BAST) com um potente holofote vasculhando toda a região — fato que também foi registrado pela filmadora da testemunha.
Em contato posterior que este autor fez com a BAST, seu comandante informou que não iria se pronunciar a respeito desse caso. Alguns anos depois, uma equipe de TV do canal argentino Infinito esteve na cidade para produzir um programa sobre casos ufológicos no litoral de São Paulo, com destaque para este episódio de 1996, e descobriram-se novas testemunhas da ocorrência dentro daquela unidade. Este autor e a equipe do Infinito estiveram na base aérea e seu comando novamente não quis se pronunciar sobre o episódio. Mas a visita rendeu um novo relato, prestado por um soldado que descreveu extraoficialmente que, após ter tido um avistamento, ao narrar o fato ao seu oficial superior, foi ordenado a simplesmente “se esquecer” do que tinha visto. Seria este um procedimento comum em casos envolvendo aquela unidade militar?
Queda de avião
Naquele mesmo ano ocorreu o famoso caso da queda de um avião Tucano da Esquadrilha da Fumaça em uma praia de Santos, após a passagem de uma suposta sonda ufológica sob uma de suas asas — chegou-se a aludir que isso teria causado sua ruptura e o acidente. Na época, quando a imprensa procurou o comandante da BAST, Marco Aurélio daGama, para dar explicação sobre o estranho artefato filmado próximo ao avião, o militar afirmou que não via nada de estranho na filmagem — apesar do óbvio objeto nela registrado &m
dash; e mantinha sua posição oficial de que a aeronave havia caído unicamente por fadiga de material.
Sobre este pronunciamento, em uma entrevista concedida na época por este autor ao jornal Costa Norte, de Bertioga, foi aludido que a Aeronáutica tem tanto receio de assumir a realidade de algo que desconhece, que prefere admitir que o Tucano caiu por fadiga no material, o que representa falta de manutenção na aeronave, uma falha grave. Outro curioso caso ocorrido dentro da Base Aérea de Santos (BAST) e investigado pelo Grupo de Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS) ocorreu em 15 de dezembro de 1999, quando um objeto voador não identificado sobrevoou as cidades de Santos e Guarujá, por volta das 05h30 da madrugada. O aparelho foi observado por Carlos Eduardo Souza, que reside em um apartamento próximo do Canal 3, uma região praiana de Santos. “Eu e todos meus familiares pudemos observar o artefato por cerca de 30 minutos da janela do nosso apartamento. Ele estava abaixo das nuvens e piscava rapidamente mudando de cor. Variava de um branco vibrante para amarelo e depois o vermelho escuro. Era um pouco maior do que Vênus e realizava manobras muito rápidas. Depois, foi na direção de Guarujá, quando resolvi ligar para a base aérea para informar o que estava observando”.
Testemunhos sigilosos
Após contato com militares que serviam naquela unidade, estes confirmaram que o objeto também teria sido observado pelo cabo de guarda em plantão naquela ocasião e pelos controladores de voo da torre da BAST, além de outros militares que estavam de serviço naquele horário. Um dos militares forneceu o seguinte relato: “Realmente observei o UFO, mas não quero ver meu nome divulgado em lugar algum quanto a isso, pois já tive amigos dentro da base que passaram por algo assim e sei o que lhes acontece depois”. Sem querer se identificar, ele contou ter observado um objeto brilhante que passou por cima da Base Aérea de Santos (BAST) e se deslocou em direção à Estrada da Piaçaguera [Atual Rodovia Cônego Domênico Rangoni]. “Pelos meus anos de serviço militar, posso afirmar sem dúvida que as manobras e a luminosidade daquele artefato não eram parecidos com os de nenhuma aeronave. Tenho certeza absoluta de que não se tratava de qualquer avião”.
Também se descobriu o caso de pouso de uma nave na cabeceira da pista unidade. Durante uma madrugada, os militares que estavam de plantão na torre de controle de tráfego aéreo observaram algo bastante luminoso descer bem na cabeceira da pista
Quando perguntado ao informante o que poderia acontecer a ele caso seu nome viesse a público, ele foi enfático ao responder que teria que passar por uma série de interrogatórios, além de ter que preencher diversos formulários. Então realmente a censura e o sigilo são regras naquela base aérea. Durante nova visita às suas dependências, também se descobriu o extraordinário caso de um suposto pouso de uma nave alienígena na cabeceira da pista de pouso e decolagem da unidade, ainda sendo averiguado. Segundo relatado por um de seus membros, durante uma madrugada os militares que estavam de plantão na torre de controle de tráfego aéreo observaram algo bastante luminoso descer bem na cabeceira da pista, que fica a cerca de 1,5 km de distância. Os soldados acharam que se tratava de um enorme balão e imediatamente acionaram o destacamento de guarda de plantão, que enviou um jipe até o local.
“Não sabemos o que são”
Mas quando a viatura se aproximou o suposto “balão” — como foi posteriormente tratado pelo comando da base — levantou voo e disparou rumo ao espaço, deixando todos os militares impressionados com o que haviam acabado de ver. Diante de tantos casos ufológicos, em 2006, após o surgimento de diversos objetos voadores não identificados sobre as cidades de Santos e São Vicente, a BAST foi instada pela sociedade a dar explicações sobre o que estava ocorrendo no céu do litoral paulista. Sua primeira justificativa foi a velha desculpa dos balões meteorológicos, mas, depois, pressionados pela grande quantidade de observações e registros — inclusive por instrutores de voo civis —, os militares voltaram atrás e afirmaram que realmente não sabiam do que eram tais objetos. Bem, é um progresso.