A Ufologia Brasileira é particularmente feliz por ter contado, durante quase 3 décadas, com a presença de uma figura ímpar e verdadeiramente reconhecida no setor, nosso pioneiro máximo, incentivador incansável e batalhador inigualável: general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa. Carinhosamente conhecido apenas como “o General”, este senhor que nasceu no início deste século tem sua história praticamente confundida com a história da Ufologia Brasileira, e vice-versa. Não há como falar de Ufologia, pensar em discos voadores ou analisar o histórico do Fenômeno UFO no Brasil sem pensarmos no General, um militar “diferente”, como o definiu o ufólogo Victor Soares, além de homem de Ciência dos melhores que este país já conheceu. Professor de Mecânica Racional na Academia Militar das Agulhas Negras, engenheiro e reitor universitário, sua influência foi e ainda é completamente mareante, refletindo até hoje brilho onde quer que tenha se apresentado para promover a Ufologia.
Altas-patentes – Ter um general batalhando ao nosso lado sempre foi um alento e incentivo para nós, ufólogos e defensores de uma causa tão polêmica e conturbada. Mas ter este General em particular ao nosso lado é um verdadeiro privilégio, uma honra. “Nosso” General é o homem que, do alto de sua bagagem militar respeitada por três gerações de presidentes e uma enormidade de altas-patentes de todas as Armas brasileiras, promoveu o assunto UFO e levou-o às alturas, em todos os sentidos. Desde a fundação de Brasília, o general Uchôa organizou movimentadas e pioneiras vigílias noturnas pelos sertões do Centro-Oeste, onde se acotovelavam militares, médicos, engenheiros e tantas outras pessoas que, junto dele, testemunharam e registraram dezenas de observações de UFOs. UFOs e ETs que, aliás, já eram rotina em sua vida e que ele conhecia tão bem. No início dos anos 70, fundou o saudoso Centro Nacional de Estudos Ufológicos (CENEU), que promoveu, em 1979, o 1º Congresso Internacional de Ufologia (CIUFO), dando início a uma série de eventos que posicionou o Brasil no cenário mundial.
O resultado desse trabalho deixava a Brasília da ditadura perplexa: no meio das décadas de 60 e 70, um homem de tamanho valor agrupava os mais diversos tipos de pessoas – entre elas muitas autoridades – para ver UFOs! E os viam! Objetos iam e vinham próximo aos grupos de vigilantes, deixavam suas marcas no solo, deixavam suas cores em inúmeras fotos e fizeram com que “nosso” General deixasse para as gerações seguintes de ufólogos um verdadeiro legado, dentro e fora da Ufologia. O General transcendeu à própria Ufologia e buscou respostas para perguntas que, acreditamos, até os próprios ETs devem ter sobre o universo… Seu livro A Parapsicologia e os Discos Voadores rompeu barreiras impensáveis e atingiu em cheio a já esquálida resistência que alguns poucos ainda conseguiam manter quanto às suas inúmeras experiências com UFOs. Outro livro seu transcendeu ainda mais a exploração das infinitas possibilidades dentro da questão ufológica: Mergulho no hiperespaço, um verdadeiro mergulho de cabeça em um universo que mal tateávamos. Enquanto ainda hoje os ufólogos se confrontam com questões complexas que fogem ao seu controle, há duas décadas o general já tinha respostas claras para elas.
Busca da Verdade – Ainda hoje suas obras são procuradas com ânimo por ufólogos estreantes e guardadas com carinho pelos veteranos. A mais recente delas, sua autobiografia, intitulada Uma busca da verdade, foi escrita durante um processo traumático, quando o general, já com quase 90 anos, sofria um irreversível derrame cerebral e complicações que até hoje o mantém preso (em corpo, somente), a uma cama. O livro não pôde ser lançado por ele, que já estava enfermo quando o recebeu da editora, mas pode ser encontrado em poucas livrarias pelo Brasil afora (ou pode ser conseguido junto à família de nosso pioneiro – veja endereço ao fim desta). É do general Uchôa a frase que marcou de maneira absolutamente lúcida o que é a Ufologia e quais são nossas relações com os alienígenas que nos visitam: “Encontramo-nos num namoro cósmico com os tripulantes dos discos voadores”. E é exatamente isso o que acontece: ao mesmo tempo em que tentamos saber mais sobre “eles”, com certeza “eles” querem saber mais sobre nós, para daí surgir um relacionamento. Não é um perfeito namoro? Quem conseguiria defini-lo melhor?
Embora não possamos mais ter o general ao nosso lado nos inúmeros eventos que realizamos, já que seu derrame paralisou todo seu corpo, pelo menos temos o orgulho de termos tido o privilégio de seus sábios ensinamentos. Felizes de nós, ufólogos brasileiros veteranos, que tivemos a oportunidade de conviver com o general Uchôa, ler seus livros e assistir às suas concorridíssimas conferências. Feliz também serão aqueles ufólogos novatos, estreantes na Ufologia, que têm um legado fantástico e um passado que garante várias certezas no futuro. Obrigado, general Uchôa, por ter nos mostrado o caminho a seguir e, mais que isso, insistido sempre em que não nos desviássemos dele, explorando-o o máximo possível. Sem sua experiência e ensinamentos, não teríamos, dentro e fora da Ciência, chegado aonde estamos. Muitos de nós talvez nem tivesse encarado a Ufologia para valer se não fossem seus incansáveis rompantes de entusiasmo e revelações de segredos sobre os ETs que o senhor descobria sempre e nunca conseguia guardar só para si. Em nome de todos os presentes neste evento, da Revista UFO e em nome de todos os ufólogos e grupos brasileiros, de todas as linhas e correntes de pensamento (hoje já mescladas), prestamos essa singela homenagem ao senhor. Obrigado por tudo!
(Esta é a transcrição da homenagem feita por A. J. Gevaerd ao general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, durante a solenidade de abertura do 2º Congresso Nacional de Exobiologia de Salvador.)
PS.: O endereço do general para correspondência continua o mesmo por mais de 20 anos: SQS 104-E, Apto. 305, 70343-050 Brasília (DF). Seus livros podem ser obtidos escrevendo-se à sua esposa, Da. Enita Uchôa.