Dentro da casuística ufológica argentina há numerosos incidentes que monopolizaram a atenção não só em nível nacional mas também internacional, pelas características de seus fatos. Um deles é, sem dúvida, o Caso Vidal, que teria ocorrido na província de Buenos Aires, em maio de 1968, quando uma família de sobrenome Vidal viajava de automóvel pela Estrada Nacional 02, indo de Chascomús para Maipú, e teria perdido a consciência ao entrar em uma espessa faixa de névoa. A história dá conta ainda de que eles despertaram, 48 horas após desaparecidos, nas proximidades da cidade do México, na América do Norte. O incidente ganhou a atenção de todo o mundo e, semanas depois, um manto de silêncio cobriu os fatos. Nem jornalistas nem investigadores puderam ter contato com os protagonistas diretos, pois uma cortina de silêncio caiu sobre o caso e ninguém se atrevia a falar qualquer coisa. Apenas conjecturas e suposições rodeariam o incidente.
O Caso Vidal seria considerado um dos mais espetaculares incidentes argentinos de teletransporte, termo usado na Ufologia para se referir a situações em que pessoas ou objetos – neste caso o veículo, junto com seus ocupantes–, são transladados em curto tempo, por meios desconhecidos, de um lugar para outro. Tal fenômeno viola por completo as barreiras de espaço-tempo e constitui um mistério para a Ufologia. No Caso Vidal, teria havido teletransporte da Argentina, na América do Sul, para o México, 6.400 km de distância.
Numerosos periódicos argentinos repercutiram a notícia. O diário de Buenos Aires La Razón publicou a informação sob o título O Que é Isso? Os demais também o fizeram com algum estardalhaço, como o La Nación, que apenas não mencionou o detalhe da estranha névoa, e o La Mañana, único jornal a informar a presença de um UFO no caso. Outros periódicos abordaram o incidente com mais ou menos detalhamento. O destacado ufólogo argentino Oscar A. Gallindéz, que investigou a suposta abdução, relatou o episódio na revista inglesa Flying Saucer Review, de setembro de 1968, sob o título Teleportation from Chascomús to Mexico [Teletransporte de Chascomús ao México]. “No começo de maio de 1968, o doutor Geraldo Vidal, conhecido advogado argentino, decidiu assistir a uma reunião familiar em companhia de sua esposa, a senhora Raffo, que deveria acontecer na cidade de Chascomús, a menos de 120 km de Buenos Aires. Saíram da reunião pouco antes da meia-noite e decidiram ir de automóvel até Maipú, localidade a uns 150 km ao sul de Chascomús, pois tinham ali amigos e parentes”, relatou Gallindéz.
Teletransporte Inusitado — Ainda segundo o ufólogo, os Vidal tomaram a Estrada Nacional 02. À sua frente seguia, noutro carro, um casal amigo que também tinha família em Maipú. Este outro casal, cujos nomes não se conhece, chegou a Maipú sem o menor incidente. Mas o mesmo não ocorreu assim com os Vidal, cujo atraso começou a preocupar quem os esperava. Então, os amigos que chegaram antes ao destino decidiram regressar pela mesma estrada para ver se os encontrava, sem sucesso. Não se achou o menor traço do carro ou de seus ocupantes.
48 horas depois do suposto desaparecimento, uma chamada telefônica teria sido recebida na residência de uma certa família Rapallini, em Maipú, procedente do consulado argentino na cidade do México. No telefonema, Geraldo Vidal informara seus amigos que ele e a mulher estavam bem, que se encontravam de malas prontas para voltar à Argentina e fornecendo-lhes a hora exata de sua chegada ao Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires. Segundo a versão mais comum desse caso, quando chegou à cidade, o casal Vidal era aguardado por amigos e familiares, e Raffo Vidal foi levada diretamente do aeroporto para uma clínica privada, pois se achava em estado de choque. Foi nesse instante que o homem teria contado a seus familiares o estranhíssimo acontecimento que haviam protagonizado. Disse ele que, quando se achavam já nas proximidades de Chascomús, na noite de seu desaparecimento, uma densa névoa materializou-se de repente à frente do veículo e que a partir daquele instante ambos não sabiam o que lhes tinha acontecido, pois eram incapazes de entender o que ocorreu durante as 48 horas seguintes. Quando recobraram a consciência, teriam então avaliado o que ocorria ao seu redor.
Todo mundo naquela época conhecia alguém que assegurava ter conversado com os protagonistas do caso, os Vidal. Mas quando se tentava buscar dados mais sólidos sobre o suposto episódio, nada se conseguia
– Alejandro Agostinelli
Só nesse momento viram que já era dia e que seu carro, com eles no interior, se achava estacionado numa estrada desconhecida. Os Vidal não tinham qualquer arranhão, mas ambos sentiam dores na nuca e tinham uma sensação de ter dormido durante muitas horas… Estupefatos, saíram do carro e observaram que a pintura da carroceria parecia ter sofrido os efeitos de um maçarico, embora o motor funcionasse perfeitamente. Puseram o automóvel em marcha e avançaram pela estrada desconhecida, que atravessava uma paisagem que não era nem um pouco familiar. Perguntaram a diversas pessoas que encontraram pelo caminho sobre sua localização e todos lhes respondiam a mesma coisa: no México!
Os relógios dos Vidal tinham parado, mas com a ajuda de um calendário puderam estabelecer que se achavam ausentes da Argentina há pelo menos dois dias. Em pouco tempo, mantendo contato com autoridades locais, ambos foram levados à cidade do México, onde perguntaram o endereço do consulado argentino e para lá se dirigiram. Ali relataram sua incrível aventura e o cônsul de seu país, don Rafael López Pellegrini, estupefato, decidiu então ligar para o tabelião Martin Rapallini, em Maipú.
Famosa Versão da Fraude — Em seguida, don Pellegrini pediu-lhes que mantivessem total silêncio sobre o caso, para dar tempo às autoridades de efetuarem uma investigação de todas as circunstâncias do estranhíssimo incidente. O automóvel do doutor Vidal era um Peugeot modelo 403, que, ainda segundo a versão mais famosa desse caso, teria sido enviado aos Estados Unidos para estudos. Os norte-americanos teriam ficado tão gratos com a atenção dos Vidal que decidiram presenteá-los com um veículo novo da mesma marca e modelo, que seria enviado diretamente para Buenos Aires.
Neste ponto da história, novamente uma cortina de silêncio cobriria o caso, o que era confirmado pelo mesmo Gallindéz. Ele teria informado que ninguém se atrevia a falar sobre o ocorrido, por mais que se insistisse, mas que era necessário buscar a verdade sobre o incidente. Naqueles dias, a imprensa argentina continuava publicando informes sobre o episódio e o diário La Razón confirmara que a família Vidal havia se comunicado do consulado argentino no México com uma família de sobrenome Rapallini, residente em Maipú. Fazendo-se uma busca no município por pessoas com esse sobrenome, cheg
ou-se ao tabelião Martin Rapallini, que seria amigo ou familiar dos Vidal. Para acrescentar mais mistério à trama, alguns periódicos depois afirmariam que Vidal não seria o legítimo sobrenome dos protagonistas do caso, mas sim um pseudônimo para proteger os verdadeiros envolvidos. Outros jornais, ciosos de sua responsabilidade, tentaram entrevistar Rapallini, mas o tabelião declarou desconhecer totalmente o assunto ou os envolvidos com ele.
Curiosamente, a negativa do rapaz, que se tornaria insistente, funcionou ao contrário do que se previa e acabou por ser um elemento confirmador do suposto incidente. Os que defendiam o caso alegaram que Rapallini tinha recebido ordens de não falar coisa alguma – e quanto mais ele negasse saber dos fatos, mais essa teoria ganhava peso. Apenas algumas semanas depois surgiria uma testemunha favorável à tese do teletransporte: um jovem de apelido Mateyko, que seria familiar dos Vidal. Ele compareceu a um programa de rádio de grande sucesso na época Sábados Circulares de Mancera, conduzido pelo jornalista Pipo Mancera, falando do fato.
Segundo algumas fontes, como o próprio Gallindéz, também se aventava que a senhora Vidal, supostamente de nome Raffo, havia sido internada com problemas nervosos causados pelos fatos acontecidos, num hospital local. Esse detalhe, ainda que nunca confirmado, ganhou corpo e chamou a atenção de ufólogos e autores pelo mundo afora. Até o francês Patrice Gaston, em sua obra Desapariciones Misteriosas [Editorial Plaza & Janes, 1975] detalhou o fato. “Mas, então, o que fizeram conosco durante aqueles dias? Em mãos de quais criaturas estivemos?”, teriam sido as palavras da senhora Vidal, narradas por Gaston em sua obra. Enquanto isso, outros autores detalhavam o falecimento da senhora Raffo em 1969, supostamente de câncer, mais precisamente de leucemia – produto dos acontecimentos vividos. Como se vê, o fantástico caso continuava somando mistérios.
Tudo Mentira — Foram necessários 28 anos para que a verdade sobre o famoso Caso Vidal fosse finalmente descoberta – e 36 anos para se divulgar tal verdade à comunidade ufológica internacional. Pelas fantásticas características do incidente e por terem sido tantos os impedimentos para se acessar os verdadeiros protagonistas envolvidos, o caso se converteu num clássico da Ufologia mundial. Autores de todo o mundo o tomariam como exemplo de um espetacular caso ufológico. E isso acabaria por estimular o surgimento de numerosos outros relatos de teletransporte, acontecendo no mundo inteiro.
Tanta coisa foi escrita em jornais e, posteriormente, em livros sobre o assunto – assim como apresentado em conferências e programas de tevê –, que até os céticos também o comentavam vibrantemente. Peter Rogerson era um deles. No artigo Recovering the Forgotten Records [Relembrando Fatos Esquecidos], publicado na revista Magonia de setembro de 1994, Rogerson informaria que na cidade de Buenos Aires lhe confirmaram que o caso tinha sido uma grande mentira para ocultar – e assim justificar – os dias de desaparecimento da senhora Vidal, enquanto na verdade ela teria estado internada em um hospital psiquiátrico. Essa seria uma versão falsa de explicação, cunhada sobre um caso por si só ilegítimo. Como ela, várias outras versões surgiriam, algumas adicionando detalhes para tornarem o Caso Vidal mais impactante, e outras, baseadas em informações falsas, desmentiam a ocorrência de forma ainda mais descabida.
Mas a verdade cedo ou tarde viria à tona. O jornalista e investigador argentino Alejandro Agostinelli investigou detidamente o Caso Vidal e confirmou que tudo foi armado para promover um filme de ficção científica daquela época. Agostinelli, em seu trabalho Coches Voladores: Fraudes, Rumores y Ciencia Ficción [Objetos Voadores: Fraudes, Boatos e Ficção Científica], desenvolvido junto a Luiz R. Gonzáles e publicado na revista Cuadernos de Ufologia de abril de 1997, diz que entrevistou o cineasta Aníbal Uset, em 1996, e que ele teria reconhecido a fraude. O jornalista ouviu de Uset que ele próprio inventou a notícia do Caso Vidal com a ajuda do gerente de espetáculos Tito Jacobson e outros amigos, com intuito de promoverem o filme que estreou dois meses depois do alegado incidente, chamado Che UFO.
Do filme participaram os atores Marcela López Rey, Jorge Sobral, Perla Carón, Juan Carlos Altavista, Javier Portales, Érika Wallner, entre outros, atuando sob direção de Uset. Che UFO foi um fracasso total e acabou sendo destruído pela crítica da época. O filme passou praticamente despercebido do público e só teve reconhecimento anos depois, quando algumas pessoas o converteram numa espécie de marco da ficção científica argentina. O filme retrata um cantor de tangos que em plena noite de Buenos Aires, enquanto passeava, é recolhido para bordo de um UFO com seu Peugeot 403, tal como o Caso Vidal. Ele teria sido abordado na rua por uma linda loira e, logo após muita conversa e uma cena de amor, conduziria o veículo na direção de uma potente luz proveniente de um disco voador, que o detém e o adormece.
Morena Extraterrestre — A loira, assustada, sai do carro e é despida por alguma força estranha emanada do UFO. O filme continua mostrando o motorista conduzindo o veículo, porém já de dia e com uma morena ao lado, supostamente extraterrestre, por uma estrada nos arredores de Madri, Espanha. Che UFO apresenta ainda outras cenas e casos de teletransporte em Londres, acabando no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, quando seu intérprete é atraído para um avião, supostamente um UFO camuflado e cheio de lindas aeromoças. Uma história realmente fantástica, mais até do que aquela que se inventou para promovê-la! Uset também revelou ao jornalista Agostinelli que a suposta testemunha do Caso Vidal que havia se apresentado no programa Sábados Circulares de Mancera tinha sido ninguém mais, ninguém menos que seu ajudante pessoal, um ator secundário do filme, Juan Alberto Mateyko, hoje famoso animador de televisão. Mas o diretor declarou-se alarmado com a forma como a história do Caso Vidal havia assumido notoriedade e que o efeito “bola de neve” que o envolveu foi uma das razões que o levaram a se calar e não revelar a verdade.
“Veio tanta gente contar-me o que tinha conhecido com o tal casal Vidal que comecei a acreditar na história, imaginando que a mentira que inventei coincidia com algo que havia se passado realme
nte”, declarou. A Uset não interessa remexer o passado e voltar a esse assunto, e foi muito difícil conseguir seu testemunho, segundo informou Agostinelli. “Toda a história foi criada por Jacobson e Uset durante uma viagem entre Montevidéu e Buenos Aires”, declara o jornalista. Enfim, o que se sabe é que se passaram quase 40 anos daqueles fatos e hoje a verdade vem à tona: tudo foi uma grande farsa! Mas é importante se destacar o mecanismo dessa mentira e como ela ganhou vida própria. Apesar de ter sido um clássico da Ufologia mundial, hoje o famoso Caso Vidal passará para a história como uma triste lembrança, onde a mentira reinou desde o início, tramada por jornalistas que pretenderam dar fama a um filme trash de ficção científica argentino.
Mecanismo de Formação — Apesar disso, a busca da compreensão de todos os meandros de sua engendração continua, pois a riqueza da lenda que se criou em torno do Caso Vidal merece melhor esclarecimento. Ele tinha sido tão espetacular e tanto se escreveu a seu respeito, que eu queria saber ainda mais sobre o mesmo. E assim, em janeiro de 2004, entrei novamente em contato com Agostinelli, hoje editor do site Portal Hispano [www.dios.com.ar], dedicado a crenças extraordinárias. Ele voltou a admitir que o caso era intrigante e popular, quase convincente, quando começou a se interessar pelo tema UFO, em meados dos anos 70. “Qualquer um conhecia alguém que assegurava ter conversado com os protagonistas do fato, os Vidal. Mas quando se tentava buscar dados mais sólidos sobre o suposto episódio, nada se conseguia”, disse Agostinelli, que ainda descreveu o caso como um emaranhado infinito de notícias vagas.
O mecanismo de criação e propagação da lenda viria à tona junto da verdade sobre ela. “Até então, não só ignorávamos tudo sobre as características e o processo de transmissão de um boato, quanto o alimentávamos ativa e inocentemente”, disse Agostinelli. Ele afirma também que foi estimulado a investigar o caso pelo também ufólogo argentino Alex Chionetti, que em 1980 viajou a Maipú para entrevistar integrantes da família Rapallini – que, para a imprensa, eram os únicos protagonistas indiretos e localizáveis do caso. Nunca se soube como nem quem relacionou essa família com o misterioso casal do tal teletransporte ao México. Quando o tabelião Martín Rapallini afirmava desconhecer todo o assunto, os diários La Razón e La Capital, meios que alimentaram a fraude, reproduziram seu desmentido com um estudado ar de ceticismo, fazendo-o escorregar nas entrelinhas de modo que, ao negar tudo, em realidade ele estava reforçando o Caso Vidal. Segundo se argumentava nos meios jornalísticos da época, “havia uma estreita proibição de continuar difundindo o caso”. Foi o periódico La Capital, de Mar Del Plata, o diário que batizou de Vidal o até então anônimo casal teletransportado.
Pseudônimo — O sobrenome poderia ter se originado de Coronel Vidal, uma localidade próxima ao cenário dos presumidos acontecimentos. Foi dito na ocasião que aquele era um pseudônimo para proteger os envolvidos da voracidade da imprensa, já que o “doutor Vidal era um prestigiado profissional”. “Foi justamente este anonimato inviolável que garantia a inverificabilidade do caso, essencial para que se tornasse uma lenda urbana”, comentou Agostinelli.
Assim, pelo que se apurou desse incidente já se pode assegurar, com folgada margem de certeza, dada pelo esforço de muitos estudiosos do tema e pela passagem do tempo, que jamais houve evidência alguma da existência de um casal que tivesse protagonizado uma aventura com essas características, nesse lugar e naquela época. Também está confirmado que dois meses depois do suposto teletransporte estreou Che UFO, um filme com ingredientes baseados no caso, cuja produção tinha começado muito antes que se lançasse a público a “notícia” da viagem dos Vidal. “Havia a desconfiança de que o caso tinha sido uma farsa, até 1996, quando localizei Uset e começamos a nos reunir. Entre o segundo e terceiro encontro, quando tínhamos conquistado confiança mútua, ele começou a desenrolar sua versão sobre como os fatos ocorreram. O testemunho de Uset foi crucial”, complementou Agostinelli.
Mas ainda que Uset não tivesse cooperado com as investigações, o paralelismo entre o conteúdo do filme – o teletransporte para um país distante de um automóvel que vai por uma estrada solitária, que tanto no caso Vidal como na película fora um Peugeot 403 branco – e a estrutura do relato fornecido pelos meios de comunicação indica claramente que a relação entre a “notícia” e o filme, que estreou pouco depois, era óbvia.
Fraude Jornalística — Há suficiente evidência para se afirmar que um dos casos que contribuíram para originar a onda ufológica que teve lugar na Argentina, em 1968, foi uma fraude jornalística para promover um filme. E que, graças à precisa construção do relato e à predisposição cultural que havia nessa época para aceitá-lo, ela cresceu em credibilidade e conseguiu instalar-se no imaginário social, convertendo-se no que agora se conhece como lenda urbana, um mito que ganhou vida própria. O ponto mais persuasivo da lenda fez com que ela escapasse das mãos dos seus criadores, crescendo sem parar. Ainda hoje, na Argentina, se acredita amplamente no incidente. Essas conclusões nos dizem algo sobre como se constroem mitos na Ufologia. Mesmo os ufólogos que brilhavam na época deram o caso como verdadeiro, sem que ninguém jamais tivesse entrevistado os Vidal. Publicaram-se artigos em revistas como a Flying Saucer Review inglesa ou Lumières Dans La Nuit francesa. Escreveram-se livros e o relato foi citado mil e uma vezes em conferências, programas de rádio e televisão.
xados pelos raptores a centenas de quilômetros, numa circunstância chamada teletransporte
Na outra ponta do espectro da lenda, claro, também apareceram os céticos de plantão, como o citado Rogerson. Ele, alegando ter conhecimento do paradeiro de um informante anônimo, escreveu que o caso tinha sido “uma fraude para justificar a ausência da senhora Vidal, enquanto estava internada em um hospital psiquiátrico”. Essa foi outra lenda urbana criada com base no Caso Vidal, por si só um mito. “Mas o que talvez mais me surpreendeu tenha sido um comentário que Uset me fez de passagem. Quando se deu conta da magnitude da história, o diretor disse que chegou a considerar que o caso tinha mesmo acontecido”, disse Agostinelli. “A confusão entre mentira e realidade era tão grande que cheguei a pensar que nossa história coincidia com algo que tinha se passado realmente”, disse-lhe Uset.
Um Ponto Final — Esse é um caso que ajuda a compreender como se arquitetam algumas histórias ufológicas e muitas outras mitologias modernas. Se até o próprio criador da fraude é capaz de acreditar nela, isso quer dizer que o mistério é capaz de sobreviver a qualquer refutação. Por isso, aparentemente, os mitos parecem invencíveis. Hoje o Caso Vidal, que teria ocorrido em maio de 1968, está esclarecido. Sabemos que a história é outra sobre este episódio supostamente ufológico, que tanta atenção chamou do mundo inteiro, e a verdade surpreenderá a comunidade ufológica mundial. Tudo isso demonstra como é importante levar a cabo “reinvestigações” e “releituras” de incidentes envolvendo a presença alienígena na Terra – mesmo nos casos considerados clássicos da Ufologia.