A primeira pessoa nascida no continente americano e viajar para a Europa pode ter sido uma mulher índia, que os vikings levaram para a Islândia, há mais de 1.000 anos, cinco séculos antes da “descoberta” da América por Cristóvão Colombo, em 1492. A conclusão é de um estudo de cientistas espanhóis e islandeses, publicado na última edição do American Journal of Physical Antropology.
A análise genética efetuada em cerca de 80 pessoas de quatro famílias islandesas mostrou que estes têm um tipo de DNA que se encontra entre os ameríndios ou as pessoas nascidas no Leste da Ásia. “Pensamos inicialmente que provinha de famílias asiáticas que tinham se estabelecido recentemente na Islândia”, disse um investigador do instituto de pesquisas científicas de Espanha, Carles Lalueza-Fox. “Mas quando as árvores genealógicas foram estudadas, descobrimos que as quatro famílias descendiam de um mesmo antepassado, que viveu entre 1710 e 1740 numa região do Sul da Islândia”, acrescentou o cientista. Essa região fica perto do glacial Vatnajökul, que sempre foi isolada.
A linha genética descoberta, chamada C1e, é mitocondrial, o que significa que o gene foi introduzido por uma mulher. “Tendo em conta que a ilha esteve praticamente isolada a partir do século X, a hipótese mais credível é que esses genes correspondam a uma mulher de origem ameríndia que foi raptada do continente americano pelos vikings por volta do ano mil”, explicou Lalueza-Fox.
Segundo a mitologia nórdica, Erik, o Vermelho, foi o primeiro a pisar a Groenlândia e o seu filho, Leif Eriksson, o primeiro a chegar à América, por volta do ano 1000 d.C. Teria sido ele, ou alguém próximo, a trazer a ameríndia, cujos genes se encontram hoje nas quatro famílias estudadas. Em 1960, foram encontrados na Terra Nova (Canadá) vestígios de um acampamento típico dos vikings. Alguns acreditam tratar-se de Leifsbúoir, descrito na famosa Saga de Erik o Sanguinário.
Os cientistas esperam provar que o DNA encontrado é de uma ameríndia. Tal poderá ser conseguido se encontrarem um cemitério na Islândia que seja anterior a chegada de Colombo à América e que este contenha a mesma seqüência genética.