Cada vez mais estamos próximos de uma comercialização de “voltinhas” pelo universo, contudo se o futuro da sociedade for viver no espaço ou se expor à longas jornadas, as mulheres grávidas terão problemas. Os fetos não são gravemente afetados por viagens aéreas, mas uma nova pesquisa mostrou que o mesmo não é verdade para viagens espaciais.
Embriões criados em ambiente de microgravidade desenvolveram defeitos cranianos. Os cientistas suspeitam que são causados por alterações nas células da crista neural, que dão origem a cartilagem e ao osso craniano.
Segundo os pesquisadores, as mudanças não são um problema para a saúde do organismo, ainda. Mas com sucessivas gerações, estes efeitos poderiam se amplificar, o que mostra que as viagens espaciais podem ter um lado negativo.
Para simular a microgravidade do espaço, cientistas colocaram óvulos fertilizados de peixe dentro de um biorreator, que gira objetos em seu interior para criar um ambiente de microgravidade.
Os óvulos começaram a girar 10 a 14 horas após a fecundação, para coincidir com uma fase crucial no desenvolvimento das células da crista neural craniana e pararam 12 a 96 horas depois.
Quando o peixe chocou, os pesquisadores tingiram de azul a cartilagem cranial de metade deles. Então, compararam estes aos que não tinham passado tempo em microgravidade como embriões e descobriram que os arcos branquiais – pedaços de cartilagem que suportam as guelras e correspondem a partes da mandíbula em humanos – dos que viveram em condições semelhantes ao espaço eram alterados.
Para ver se esses problemas persistiam na idade adulta, repetiram a coloração mais tarde na segunda metade do grupo de peixes. Os adultos também eram anormais: o osso na base do seu crânio era deformado, por exemplo.
Em 2002, outros estudiosos também encontraram anormalidades em óvulos de peixes paulistinhas que se desenvolveram em ambiente de microgravidade. Eles foram girados em um biorreator 30 horas após a fertilização e os exemplares nascidos desenvolveram déficits em seus sistemas vestibulares, responsáveis pelo equilíbrio, morrendo depois de apenas duas semanas.
O uso de biorreatores é controverso, no entanto. Alguns cientistas indicam que ele mal imita as condições do espaço e que os peixes medaka criados no espaço em 1995, por exemplo, não mostraram alterações. Outros especialistas apontam que o estudo de 1995 não teve o mesmo nível de detalhes que esse. Os pesquisadores esperam realizar o experimento recente no espaço em 2015.
O que parece claro é que a viagem espacial afeta a reprodução. Um biólogo reprodutivo que examinou 16 ratas que viajaram a bordo do STS-131 da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) no ano passado descobriu que elas tinham ovários “encolhidos”, folículos ovarianos que morriam e genes estrogênios reprimidos. Ou seja, seus sistemas reprodutivos não funcionavam.