Há na Ufologia um mistério que atravessa décadas. São os chamados “cabelos de anjo”, misteriosos filamentos esbranquiçados, freqüentemente associados a avistamentos de UFOs. Em algumas regiões do planeta, devido à sua aparência, esse material é chamado de “teia de aranha”. Eles ocorrem geralmente quando discos voadores são observados a baixa altitude e em vôos lentos, sobre determinada região. Os filamentos são algum resíduo liberado pelo veículo, que cai ao chão e rápido sublima e se desfaz.
Raras foram as circunstâncias em que amostras desse material foram coletadas. Aparentemente, quando colocadas em algum frasco hermeticamente tampado, os cabelos de anjo param de sublimar e mantêm seu estado filamentoso por mais tempo. Os cientistas, naturalmente, duvidam que a origem desse material seja de alguma forma extraordinária. Para a maioria deles, são apenas resíduos de teias produzidas por alguns tipos de aranhas migratórias. A sustentar esta interpretação há a sazonalidade com que o fenômeno se apresenta e também os locais em que aparece, o que faz com que se associe estes casos com a migração de tais artrópodes. Mas os ufólogos rebatem a afirmação, visto que em muitas situações de coleta do material – ou mesmo quando isso não foi possível –, houve a observação de UFOs em manobras lentas e a baixa altitude.
Análises Microscópicas — Alguns exames foram efetuados recentemente em material colhido após observações de UFOs ocorridas na região de Piemonte, na Itália, e os resultados indicaram que não podemos aceitar a pretensa explicação científica tão facilmente. “As análises químicas até agora conduzidas em cabelos de anjo coletados não confirmam tais interpretações”, disse o ufólogo italiano Paolo Toselli. De fato, os estudiosos encontraram traços de substâncias estranhas, semelhantes a teias produzidas por aranhas. Giorgio Pattera é outro investigador que se dedicou à análise desse tipo de filamento e descobriu anormalidades. Pattera é o responsável científico do Centro Ufológico Nazionale (CUN), a maior entidade do gênero na Itália, e especialista em análises de laboratório e traços no solo deixados por UFOs.
O pesquisador do CUN declarou que a estrutura e as características dos filamentos encontrados mostram evidentemente que não se trata de simples teias de aranha. “Pois estes fenômenos são encontrados nas mesmas regiões e sempre associadas a algum avistamento de objetos não identificados”. Pattera assinala ainda que é interessante a relação entre avistamentos de UFO e a descoberta dos filamentos, uma coincidência que está muito acima das probabilidades. Suas pesquisas, cujos resultados tornavam supérfluas outras análises – o que seria mesmo impossível, dada a exigüidade do material à disposição –, mostraram inequivocamente que ele tinha origem não biológica. “O que examinamos não tem nada a ver com a sericina, aquela substância produzida pelas glândulas dos aracnídeos, que se solidifica em contato com o ar, dando lugar à teia”.
Pattera descobriu que os filamentos são similares aos das fibras têxteis, mas de um tipo não vegetal, como o algodão, e sim sintético, como o náilon. Neste particular, apresentavam uma alternância de segmentos claros e outros mais escuros, além da presença, ainda que não tão constante, de zonas refratárias à luz. “Esse é um aspecto típico das fibras têxteis sintéticas feitas de polímeros”, declarou o também estudioso Franco Mari. Noutros lugares do mundo, como na Dinamarca e Canadá, as amostras examinadas também apresentaram tais características. Num caso conhecido, ocorrido há mais de 20 anos, os cabelos de anjo tinham composição que lembrava vidro, porém com predominância do elemento químico boro sobre o silício.
No caso do Piemonte, alguns dias depois do surgimento do fenômeno e coleta do material, os responsáveis da Agência Nacional Italiana de Proteção Ambiental (ARPA) declararam que tudo aquilo era apenas rastros e teia de aranhas. Mas as amostras, ao serem examinadas por dois professores do Instituto Leonardo da Vinci, que trabalharam independentes entre si, indicaram uma natureza totalmente diversa para o material. Seus pareceres foram absolutamente discordantes daqueles informados pelos responsáveis da ARPA. Por tudo que puderam observar, os professores chegaram à conclusão de que não se tratava de um composto de derivação biológica, mas sim de uma fibra sintética – porém, sua origem não pôde ser identificada através dos instrumentos disponíveis.
Amostras Incomuns — Como o assunto é delicado e polêmico, por envolver vestígios materiais raros e únicos de possível origem não terrestre, as pesquisas com o material foram realizadas com rigor dobrado. E quando dois ou mais pesquisadores que não se conhecem, trabalhando independentemente, estudam o mesmo fenômeno e chegam às mesmas conclusões, a ciência pode se dar por satisfeita acerca da veracidade dos resultados obtidos. Os cientistas do Instituto Leonardo da Vinci são reconhecidos em suas áreas e ofereceram pareceres sobre as amostras que confirmam os resultados de Giorgio Pattera, dando fim à tese oficial das teias de aranha.
Em dezembro de 2001, Pattera levaria ao conhecimento da Comunidade Ufológica Italiana outro interessante caso envolvendo o mesmo tipo de misteriosos filamentos esbranquiçados. Sua investigação, publicada na revista Notiziario UFO daquele mês, mostra que o material colhido também não era comum. O caso aconteceu em Roma, em 12 de outubro de 2001, entre 14h30 e 16h30. Um insólito fenômeno observado nos céus da cidade culminou com a precipitação de uma grande quantidade de fios brancos e delicados, como barbantes desfiados. O fato aconteceu durante passagem – desta vez velozmente e em elevada altitude – de vários objetos voadores não identificados puntiformes e luminosos. Estudiosos da capital estimam que o formato dos corpos foi definido pela reflexão da radiação solar sobre eles.
Um fenômeno idêntico foi registrado também na localidade de Grosseto e na província de Arezzo. Igualmente, nesses eventos ocorreu a queda de filamentos esbranquiçados logo após o sobrevôo de UFOs. Os italianos dessas regiões chamaram o material de bambagia silicea, lã de vidro, dada à sua semelhança com o material, fino e delicado. Esta denominação é mais técnica do que a expressão cabelo de anj
o e foi incorporada por cientistas após as análises feitas com o material logo depois de sua precipitação no solo, pelo diretor do Instituto de Química Analítica da Universidade de Firenze, professor Giovanni Canneri, em 27 de outubro. Os exames de Canneri indicaram a presença de um composto químico instável à base de boro, silício, cálcio e magnésio nos filamentos. “Se tivéssemos descoberto também a presença de oxigênio na amostra, então poderíamos definir a substância como uma espécie de vidro boro-silícico”, disse o professor.
Fenômeno idêntico também aconteceu em 1952 na França, nas localidades de Oloron e Gaillac, e durante toda a famosa onda ufológica italiana de 1954, especialmente na zona de Gela, na Sicília. Em seguida, material de constituição semelhante foi colhido e examinado em muitos outros países, despertando desde a década de 50 a atenção dos estudiosos. Muitas foram as teorias apresentadas para explicar os fios sendo liberados por naves de origem não terrestre – todas associando-as a alguma forma de resíduo. As teses mais ousadas, propostas simultaneamente por ufólogos europeus e norte-americanos, são de que os filamentos seriam restos de material fecal expelido de UFOs. Outros estudiosos argumentam que seriam resíduos de comida eventualmente consumida a bordo. E há aqueles que acham que se tratam de subprodutos da combustão de algum tipo de combustível. A alimentar as duas primeiras hipóteses está, principalmente, a constituição química do material.
Sublimação Imediata — De forma surpreendente, na mesma data de ocorrência do fenômeno em Grosseto e Arezzo, os distritos de Prato e Siena também foram sobrevoados em plena luz do dia por um par de grandes objetos voadores de formato cilíndrico e aparência metálica, dos quais se destacavam vários objetos menores em forma de disco, similares ao planeta Saturno, girando ao redor dos veículos maiores. Ao mesmo tempo, do céu sobre estes distritos caía uma substância esbranquiçada e filamentosa similar a fiapos de lã, que em muito pouco tempo se desfaziam e desapareciam. Novamente, o padrão de ocorrência dos cabelos de anjo se repetia.
Um cidadão de Urbe ligado ao CUN coletou as amostras no bairro de Preneste e esforçou-se para conservá-las intactas, entregando-as no dia seguinte ao secretário da entidade, o ufólogo Vladimiro Bilbolotti. Este levou os frascos com o material para o biólogo Giorgio Pattera, em Parma, que o analisou imediatamente. Foi mais uma vez Pattera o encarregado de revelar os surpreendentes resultados das análises. “As amostras foram observadas em estéreo-microscópio, com média ampliação. Logo se notou que o material não era de modo algum originário de compostos minerais, como o silício, mica ou amianto. E, sim, tinha grande probabilidade de ter origem orgânica, sendo constituído por compostos de carbono”.
O estudioso fez a necessária explicação de que, por origem orgânica, ele não pretendia dizer que o material seria biológico, animal ou vegetal, mas sim que tinha a constituição de elementos químicos presentes no reino orgânico, principalmente o carbono. Pattera esclareceu ainda que, mediante iluminação com luz polarizada, e rolando-se a amostra pouco a pouco, para ser vista de diferentes ângulos, pôde-se notar que alguns filamentos estavam separados e outros envoltos em pequenos novelos. Todos refletiam a luz incidente, como uma espécie de efeito prisma, decompondo-a nas cores do espectro. “Além disso, tais filamentos apareciam como o resultado de uma dupla ação exercida sobre um material plástico – talvez um polímero. Vale dizer que o material resistiu a elevada temperatura, ainda que sem combustão, associada a forças de torção e tração ao mesmo tempo”.
Para se ter uma idéia do tipo de material que está sendo descrito, seria mais ou menos o que aconteceria a um material sintético, tal como a sola de um tênis, que entrasse em contato com uma superfície metálica muito aquecida. No momento do calor, camadas do material de que é feita a sola se desprenderiam e se decomporiam em múltiplos filamentos, como de plástico derretido. Estes, uma vez resfriados, se destacariam da superfície do solado e ficariam grudados entre si.
Com base nestas primeiras pesquisas, ainda que com pobre documentação, seria lícito propor uma hipótese não alienígena para o fenômeno. Mas ainda não é possível determinar com segurança uma causa alternativa para explicar a queda dos referidos materiais, sua aparência filamentosa, nem sua estranhíssima constituição – especialmente nos casos ocorridos nas regiões centrais da Itália. Enquanto os investigadores da polícia italiana e da ARPA se apressaram em declarar que os eventos são ocorrências normais, os ufólogos mostraram que não são e apresentaram resultados de análises feitas em laboratórios, por cientistas qualificados.