Em dezembro de 2017, o jornal The New York Times publicou uma matéria intitulada Auras Brilhantes e Dinheiro Oculto: O Misterioso Programa de Pesquisa Ufológica do Pentágono, afirmando com todas as letras que o governo norte-americano gastara, entre 2007 e 2012, 22 milhões de dólares dos constituintes em uma operação que visava estudar UFOs, o Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais (AATIP).
A matéria reacendeu vários tipos de discussões nos Estados Unidos, desde o fato de que o governo leva os UFOs muito mais a sério do que gosta de declarar, até a desconfiança de que a alocação do dinheiro público, sob a administração do Departamento de Defesa (DoD), talvez precise ser mais bem examinada. Um ponto, porém, parece ter recebido menos atenção da mídia do que merece — os UFOs e seu modo de propulsão.
Eles estão aqui
Há décadas cientistas vêm alegando que é impossível vencermos as grandes distâncias interestelares por duas questões básicas: a primeira diz respeito à imensa quantidade de energia necessária para se cruzar as distâncias literalmente astronômicas entre os mundos e, a segunda, o tempo que se levaria para fazê-lo. Assim, para a ciência, porque nós não conseguimos fazê-lo, os UFOs também não.
É desnecessário dizer que esses argumentos são falhos por várias razoes, entre elas porque se limitam àquilo que a ciência humana conseguiu até hoje. E, mais importante ainda, partem do princípio de habitantes de outros planetas não podem ter alcançado, em termos de desenvolvimento científico e tecnológico, degraus muito mais altos do que aquele onde a humanidade terrestre se encontra. Isso, claro, se extraterrestres existirem. Bem, segundo o DoD, eles não apenas existem como estão nos visitando há muito tempo.
Como os UFOs viajam, vencendo as enormes distâncias do cosmos e todos os perigos do espaço? A resposta a esta e a muitas outras perguntas sobre a tecnologia utilizada pelos extraterrestres talvez esteja mais próxima dos que imaginamos. Pelo menos é o que parece pensar o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Essa afirmação ficou clara na extensa matéria do jornal e em todas as entrevistas dadas por Luis Elizondo, o homem que comandou o AATIP, como também nas duas filmagens feitas por pilotos militares norte-americanos, liberadas pelo DoD, mostrando UFOs que param em pleno voo e em seguida disparam a velocidades surpreendentes, além de outras manobras.
Essa característica das naves alienígenas de fazerem coisas que nós consideramos impossíveis sempre chamou a atenção da Defesa de inúmeros países e muitas teorias foram propostas para explicá-la. Dentre elas, uma que diz que os UFOs se deslocam, manobram e viajam utilizando algo chamado “velocidade de dobra” ou “dobra espacial”, que qualquer fã da série televisiva Jornada nas Estrelas [1966] conhece muito bem.
Velocidade de dobra
A teoria, também conhecida como Propulsão de Alcubierre, porque foi proposta matematicamente pelo físico mexicano Miguel Alcubierre, em 1994, consiste na utilização de uma tecnologia que forme uma espécie de onda no tecido do espaço-tempo — o que, em tese, o encolheria na frente da nave e o expandiria atrás dela, conforme o veículo se deslocasse, “surfando” na onda.
Uma forma fácil de entender o conceito é imaginar uma dobra em forma de onda e sobre ela uma nave com a parte frontal virada para a crista da dobra. O deslocamento, na realidade, não seria da nave, mas da onda, e ambas viajariam dentro de algo conhecido como “bolha de espaço-tempo”, dentro da qual todas características permaneceriam normais. Em outras palavras, por maior que fosse a velocidade da espaçonave, as pessoas dentro dela não sentiram qualquer efeito.
No início, quando os primeiros cálculos foram feitos, a quantidade de energia estimada para provocar o efeito de onda no espaço era tão grande que muitos descartaram a ideia, julgando-a um exercício teórico. Muitos, mas não todos. Alguns cientistas e institutos julgaram a teoria de Alcubierre interessante a ponto de se debruçarem sobre ela e começaram a estudar uma maneira de diminuir a quantidade de energia necessária para o processo.
Tecnologia revolucionária
Entre os institutos interessados nas teorias do cientista mexicano estão, por exemplo, a Agência Espacial Norte-Americana (NASA), a Bigelow Aerospace — contratada pelo DoD para conduzir sua pesquisa sobre os UFOs — e a estrelada e famosa SpaceX, do bilionário Elon Musk. Segundo declarou Elizondo, as pesquisas feitas para se tentar entender como os UFOs manobram, param e se deslocam, e para descobrir que tipos de tecnologias poderiam estar envolvidas no processo, acabaram apontando para uma única tecnologia, que, quando aplicada, permitiria que as naves fizessem as coisas incríveis que fazem. O nome da tecnologia é, justamente, dobra espacial.
Ainda segundo o ex-agente do Pentágono, os estudos nessa área estão muito adiantados e logo teremos boas notícias a esse respeito. Aparentemente não estamos mais no se, mas no quando em relação a desvendar os segredos dos UFOs. Porém, a questão, sabemos todos, vai muito além de descobrir como eles fazem o que fazem. A questão é como nós também poderemos fazer. Os Estados Unidos não são o único país a pesquisar esse assunto ou a buscar esse salto tecnológico. Rússia, Japão e China estão na corrida e é muito difícil dizer quem está liderando. Elizondo parece acreditar que os norte-americanos estão um pouco à frente, mas é muito difícil dizer.
É importante salientar que mesmo com as novas descobertas e progressos alcançados, ainda temos um longo caminho a nossa espera até conseguirmos utilizar de maneira objetiva e prática a velocidade de dobra, e é bom que seja assim. Nós não conhecemos as intenções dos extraterrestres, mas, a julgar pelo tempo em que estão por aqui, nos explodir ou destruir não está em sua lista de prioridades — mas será que podemos dizer o mesmo sobre nós? Resta saber o que nós vamos fazer quando dominarmos a tecnologia de dobra.