Existe um problema fundamental que, ao longo das décadas, tem feito com que céticos e especialmente negadores sistemáticos, os conhecidos debunkers, digam ser impossível que alienígenas nos visitem. São as imensas distâncias no Universo. Daqui ao sistema estelar mais próximo, Alfa Centauri, são 4,3 anos-luz, uma distância que a Voyager 1, nossa primeira nave estelar, demoraria mais de 30.000 anos para cobrir. O assunto das viagens interestelares tem sido intensamente debatido nos Estados Unidos, especialmente através do projeto Nave Estelar de 100 Anos.
Os escritores de ficção científica já criaram inúmeros artifícios a fim de superar essa limitação, já que, como demonstra a Teoria da Relatividade de Einstein, é impossível superar a velocidade da luz. As equações, comprovadas por exemplos práticos, como as lentes gravitacionais e sistemas de GPS, apontam que quanto mais rápido se viaja, mais a massa de qualquer objeto cresce. Aproximando-se da velocidade da luz a massa tenderia ao infinito e não existe energia suficiente em todo o universo para continuar propelindo o viajante. Além disso, a massa tendendo ao infinito pode produzir um buraco negro.
Destes artifícios utilizados por autores o mais famoso, sem dúvida, é a velocidade de dobra descrita em Star Trek, ou Jornada nas Estrelas no Brasil. Sua nave mais famosa, a U.S.S. Enterprise, viaja entre as estrelas dobrando ou distorcendo o espaço-tempo contínuo, esticando o espaço da nave ao ponto de partida e encolhendo-o até o destino final. A ideia é que a nave “surfaria” sobre uma onda do espaço-tempo dentro de uma bolha, na qual jamais se aproximaria da velocidade da luz. A gravidade de grandes corpos, como estrelas, planetas e outros, distorce o espaço-tempo, logo desde cedo alguns cientistas começaram a considerar seriamente essa possibilidade.
VIAJANDO MAIS RÁPIDO QUE A LUZ
Em 1994, o físico mexicano Miguel Alcubierre publicou um artigo em que descrevia o Alcubierre Drive, um sistema de propulsão que faria na realidade o que o motor da Enterprise faz nos episódios e filmes da série. É importante salientar que o próprio espaço-tempo não está limitado pela velocidade da luz e pode se dobrar ou se expandir muito mais velozmente que esta. Essa é a ideia central da Teoria da Inflação, uma das que tentam explicar a origem do Universo após o Big Bang, após o qual o jovem Universo teria se expandido várias vezes e a velocidades muito maiores que a da luz.
Assim, o motor de Alcubierre produziria uma bolha envolvendo a nave, onde seriam respeitados os limites da Relatividade. Um anel construído ao redor do veículo, por sua vez, comprimiria o espaço-tempo adiante da nave e expandiria atrás dela, e quanto mais intensa fosse a dobra, mais rapidamente o veículo se deslocaria. Alcubierre calculou que seria possível viajar 10 vezes mais veloz que a luz com esse método. O problema seria a monumental quantidade de energia necessária e os cálculos iniciais revelaram que seria necessário o equivalente a toda a massa do planeta Júpiter para tanto.
POSSIBILIDADE REAL DE CHEGAR ÀS ESTRELAS
Contudo, o físico Harold White, do Centro Espacial Johnson da NASA, recentemente refez os cálculos alterando a forma do anel, deixando-o mais semelhante a uma rosca. Descobriu dessa maneira que a energia necessária era muito menor, chegando ao equivalente a poucas centenas de quilogramas. O próprio White explica: “Lembre-se que nada localmente excede o limite da velocidade da luz, mas o espaço pode ser expandido e contraído em qualquer velocidade. Contudo, o espaço-tempo é realmente rígido, então para criar o efeito de expansão e contração de uma forma útil para nós é necessário uma boa quantidade de energia”.
O físico ainda descobriu que a espessura da bolha de dobra pode ser otimizada e oscilando sua intensidade pode-se diminuir a rigidez do tecido do espaço-tempo, sendo necessária uma quantidade menor de energia para tanto. White e sua equipe já realizam experimentos no Johnson Space Center, utilizando um instrumento chamado White-Juday Warp Field Interferometer (Interferômetro de Campo de Dobra White-Juday), um interferõmetro laser que cria microscópicas bolhas espaciais. Segundo White: “Tentamos verificar se conseguimos gerar uma minúscula dobra em um experimento sobre uma mesa, tentando perturbar o espaço-tempo em uma parte em 10 milhões”. Nada existe nas leis físicas conhecidas que impeça a construção de um motor de dobra e é até possível que os visitantes extraterrestres utilizem essa tecnologia para chegar até aqui.
Confira abaixo um vídeo analisando a viabilidade da velocidade de dobra:
Artigo de Harold White sobre velocidade de dobra
Projeto Nave Estelar de 100 Anos
Infográfico sobre viagens interestelares
Nave Voyager 1 saiu do Sistema Solar
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
DVD: Buscando Vida Fora da Terra
Enquanto cientistas de diversas áreas buscam respostas para a origem e o futuro da humanidade terrestre, a exobiologia vasculha vastas regiões do universo à procura de outras formas de vida. Com exuberantes imagens obtidas pela NASA e usando avançados recursos de computação gráfica, este documentário mostra como seriam as espécies que encontraremos no espaço e deixa claro que esta é apenas uma questão de tempo.