O Grupo de Estudos Ufológicos (GEU), da Universidade de Brasília (DF), investigou a aparição de um objeto voador não identificado, nas proximidades da Barragem do Lago Paranoá, na capital federal. Na madrugada de 21 de agosto de 1996, aproximadamente entre 04h00 e 05h00, três ocupantes de um veículo, os senhores Hildo Oliveira, Agamenon Nascimento e Antonio Rodrigues, procedentes da cidade de Palmas (TO), trafegando no Lago Sul, área nobre de Brasília, próximos àquela barragem, avistaram uma luz que se movimentava a uma determinada altura, apresentando movimentos irregulares. Esta luz chamou-lhes a atenção por parecer que estava muito próxima dos observadores.
O senhor Agamenon foi o primeiro a avistar o fenômeno. Curioso, perguntou aos companheiros sobre a luz que estava à sua frente. “Não consigo identificar o que é isso”, disse Agamenon. Imediatamente, diminuíram a velocidade do veículo. Outro ocupante do veículo, senhor Hildo, afirmou que não se tratava de helicóptero. “Avião também não é, porque está parado”, completou o senhor Agamenon. As três testemunhas começaram a notar que a luz mudava de lugar em relação ao veículo. Em uma hora estava à esquerda, na outra à direita. Os três senhores puderam perceber que essa mudança sucedia-se de maneira bem fora do normal, pois, segundo as testemunhas, durante esses movimentos a luz não deixava rastro nem filete.
Em seguida, o objeto passou a acompanhar os três senhores. Quando os ocupantes do veículo se aproximaram de uma mata existente na área, o objeto se encontrava a uma altura entre 40 e 60 m, emitindo uma luz fortíssima que clareava toda a pista em que trafegavam. Nesse momento, o carro ficou atravessado na pista porque fizeram uma parada repentina. A luz desapareceu de imediato, reaparecendo a uns 150 m daquele local. As testemunhas continuaram a observar seu movimento.
ESTRANHA MOVIMENTAÇÃO – Os ocupantes do veículo procuraram então um posto da Polícia Militar, afim de comunicar a ocorrência do fenômeno e pedir aos policiais alguma orientação. Conversaram com dois PMs que também observaram o fenômeno. Quando os três amigos passavam pela Barragem do Paranoá, avistaram novamente o objeto a aproximadamente cem metros de altura sobre a represa. Verificaram ainda uma estranha movimentação na água, como se sobre a mesma estivesse passando (ou passado) um objeto.
As testemunhas resolveram ligar para a Polícia Militar de um telefone celular e foram prontamente atendidas. Após cerca de cinco minutos, uma viatura da PM compareceu ao local, mas não pôde permanecer ali, porque estava prestando socorro a uma pessoa. Seus tripulantes se comunicaram com outras viaturas e pediram para as testemunhas aguardarem no local. Decorridos mais alguns minutos, chegaram ao local mais três viaturas da PM, com seus tripulantes fortemente armados. Após um determinado tempo, encontrava-se no local cerca de dez viaturas da Polícia Militar, momento em que o cabo Galdino, comandante de uma das viaturas, registrou algumas imagens da luz, pois tinha uma filmadora.
Quando a ocorrência desse fenômeno chegou ao conhecimento do GEU, iniciaram-se as investigações. Primeiramente, solicitamos uma cópia do filme feito pelo cabo Galdino para ser analisado. O policial gentilmente nos cedeu a mesma, com o consentimento de seu comando. Foram tomados alguns depoimentos de envolvidos, faltando outras testemunhas que afirmam ter avistado, a partir de outros locais, fenômenos idênticos ao relatado, em horário próximo àquele. Outras medidas estão sendo adotadas para se investigar o fenômeno. Estamos fazendo a reconstituição da observação com as próprias testemunhas, além do levantamento de alguns dados que complementarão a investigação.
A inquietação em torno do Fenômeno UFO faz com que as testemunhas procurem as autoridades públicas em busca de uma resposta. O caráter incomum e inusitado de problemas como o apresentado provocam uma natural, porém desconcertante, reação das autoridades. É o caso, por exemplo, da desembargadora doutora Fátima Nancy Andrigui, do Juizado Especial do Distrito Federal, quando foi procurada pelo senhor João, 65 anos, proprietário de uma chácara nas proximidades da Agrovila São Sebastião, 20 km de Brasília.
O fazendeiro desejava apresentar queixa contra um disco voador que, segundo ele, estaria assustando sua criação de porcos, especialmente as fêmeas, que deixaram de comer e procriar. Infelizmente para aquele senhor, o Juizado Especial não poderia ajudar pois teria que fazer a notificação aos ocupantes do tal disco voador e o senhor João não dispunha de nome e endereço completos dos ETs! Se o GEU tivesse sido contatado, na época, pelo reclamante, tentaria esclarecer mais detalhadamente o que poderia estar acontecendo. Atribuindo a esse caso um caráter ufológico, ou não.
ESCLARECIMENTO AO PÚBLICO — Felizmente, com a Polícia Militar do Distrito Federal a coisa tem sido menos embaraçosa. Por duas vezes, unidades dessa corporação estiveram envolvidas diretamente com manifestações ufológicas. Em ambos os casos, pudemos contar com o total e valioso apoio na documentação dos acontecimentos. A primeira vez foi no Presídio da Papuda (DF), em abril de 1991, através da 3ª Companhia de Polícia Militar Independente e, em agosto passado, nas proximidades da barragem do Paranoá, com a ajuda do Batalhão Pioneiro de Brasília.
Essa é uma colaboração que aos poucos vem dando resultado. Ajudas desse tipo permitem que os grupos ufológicos e pesquisadores possam desenvolver um trabalho de documentação e assistência às testemunhas de fenômenos dessa natureza. Amplia também o leque de situações nas quais outros órgãos públicos podem prestar a sua colaboração, uma vez que exista o interesse na pesquisa dos problemas da população.
Uma matéria sobre a ocorrência deste fenômeno em Brasília foi publicada no jornal O Globo e também no Correio Braziliense, no dia 23 de agosto de 1996. A matéria foi originalmente feita por Ricardo Miranda de O Globo sob o título Ufólogos Divergem sobre Suposto Disco Voador e, na mesma data, utilizada por alguém anônimo do Correio Braziliense sob o título Especialista da UnB Contesta Aparição de OVNI no Lago Sul. É necessário que se esclareçam alguns pontos sobre ambos os artigos, sobretudo do Correio Braziliense, que estava totalmente truncado e talvez, por isso mesmo, tenha sido anônimo. Essas matérias menosprezam a experiência empírica de mais de 15 testemunhas, como tamb&
eacute;m a documentação do evento. Entretanto, a matéria publicada pelo jornal de Brasília evidencia também o propósito de encerrar o assunto, atribuindo ao GEU argumentos que não foram pronunciados.
Representamos uma temática dentro do Núcleo de Estudos de Fenômenos Paranormais – um dos 28 núcleos temáticos que compõem o Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, da Universidade de Brasília. A necessidade de polarizar a discussão forçou os responsáveis pela matéria a utilizarem o peso da universidade, sobrepondo-a às testemunhas, no sentido de contrariá-las ou de colocar um ponto final na história. Utilizaram-se verbos com grande carga semântica, como contestar, criticar e concluir. Em nenhum momento, esses termos foram usados nos diálogos com o jornalista Ricardo Miranda.
Sem dúvida, a temática é complexa. Percebe-se que se torna mais delicada ainda quando se trata de passar informações aos jornalistas, principalmente quando solicitadas por telefone. Não temos a pretensão de chegar a conclusões imediatas sobre a natureza do Fenômeno UFO, muito menos sobre casos isolados. Estamos certos de que, considerando a complexidade de tais manifestações, resultados conclusivos só podem ser possíveis a partir de um conjunto representativo de dados apropriadamente tratados.
O que é o GEU
O Grupo de Estudos Ufológicos (GEU) faz parte de um centro de pesquisas criado em 1986 pela Universidade de Brasília para desenvolver e coordenar atividades multidisciplinares. O GEU tem por principal objetivo a pesquisa da temática ufológica, representando o elo de ligação entre o meio acadêmico e a sociedade na discussão do Fenômeno UFO. Esse grupo promove diversos eventos, como palestras e cursos, para que a população em geral possa entender a manifestação do fenômeno. Desenvolve vários projetos de pesquisa em torno desse assunto e mantém um acervo documental, que expõe todos os anos na Semana Universitária da UnB, com fotografias, vídeos e textos relacionados à Ufologia.
O Grupo de Estudos ufológicos (GEU) pode ser contatado pelo endereço: Campus Universitário, Caixa Postal 04410, 70919-970 Brasília (DF). Ou pelo fone (061) 348-2483 e fax (061) 273-3645.