No início do ano de 2004, quando começamos a idealizar e a formatar a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, estávamos longe de vislumbrar qual seria a trajetória a cumprir ao longo de todos esses anos e os resultados que obteríamos em busca do real dimensionamento do processo de acobertamento ufológico governamental e militar em nosso país. Apesar da visão pouco positiva que alguns membros da Comunidade Ufológica Brasileira tinham das possibilidades de a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) — que lançou o movimento através da Revista UFO — atingir seus objetivos, a verdade é que, hoje, como já é do conhecimento daqueles que acompanham o processo, os resultados apareceram de maneira inequívoca, comprovando aquilo que os ufólogos sempre afirmaram: ao contrário do que nossas autoridades declaravam ao serem questionadas, existia farta documentação sobre a presença alienígena na Terra em poder de nossos militares.
E como também já é do conhecimento dos leitores, nos últimos momentos de nossa jornada na direção da liberdade de informação, tivemos o apoio de alguns militares da Força Aérea Brasileira (FAB) que, conscientes da importância de se estabelecer maior transparência no processo, e percebendo a necessidade de uma progressiva abertura quanto ao tema, apoiaram de maneira decisiva a campanha. Nesse momento tão especial da Ufologia Brasileira e Mundial, não podemos deixar de citar, entre outros, o brigadeiro José Carlos Pereira e o coronel Antonio Celente Videira [Conselheiro especial da Revista UFO], que não mediram esforços para nos ajudar a atingirmos nossos resultados.
As coisas começaram a acontecer
Depois da histórica visita da CBU ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) e ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em Brasília, em junho de 2005 [Veja edição UFO 111, agora disponível na íntegra em ufo.com.br], e do contato e conversas mantidas com militares de altas patentes de nossa Aeronáutica naquela mesma oportunidade, as coisas começaram a acontecer. Protocolamos na Casa Civil da Presidência da República, ainda na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o chamado Dossiê UFO Brasil, mediante o qual solicitávamos, de maneira formal e legítima, e com amparo a legislação vigente, a liberação de toda e qualquer documentação pertinente a registros de objetos voadores não identificados em poder de nossas autoridades.
Como essa liberação estava condicionada ao cumprimento do tempo de resguardo legal previsto e em vigência para tais documentos — reservado, confidencial, secreto e ultrassecreto —, já desde o nosso primeiro pleito chegamos a solicitar, por exemplo, o rebaixamento da classificação do Caso Varginha, que, segundo uma de nossas fontes dentro do Exército Brasileiro, teria recebido a classificação máxima, de ultrassecreto — cujo prazo para liberação em 2005, com as alterações introduzidas pelo então presidente Lula, havia caído de 50 para 30 anos. Pois bem, com o passar dos últimos anos, milhares de páginas de documentação então em poder da Força Aérea Brasileira (FAB), especificamente nos arquivos do Comdabra, foram liberadas e disponibilizadas não só para a CBU, mas também para consulta pública no
Arquivo Nacional, em Brasília.
Apoio de Chico Alencar
Entre tal documentação estão registros de casos não só clássicos da Ufologia Brasileira, mas também de extrema importância para a compreensão do Fenômeno UFO no país. Casos como a chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, de 19 de maio de 1986, quando 21 objetos voadores não identificados foram detectados pelos nossos radares e perseguidos por nossos mais modernos aviões de guerra sobre São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro, e a Operação Prato, que permitiu que militares do I Comando Aéreo Regional (COMAR I) não somente validassem a realidade da grande onda ufológica no Pará, em 1977, mas interagissem diretamente com os fenômenos — como testemunhas diretas da presença daquelas sondas e naves, obtendo centenas de fotografias e várias filmagens documentando tais avistamentos. Isso já fora exaustivamente publicado nessa revista, em seguida às declarações de tais fatos a esse autor e ao editor A. J. Gevaerd, feitas pelo próprio comandante da Operação, o coronel Uyrangê Hollanda, a quem muito devemos pelo seu desprendimento e vontade de nos revelar a verdade.
Em meio ao processo final de liberação da documentação da Aeronáutica, no ano passado, surgiu ainda a Portaria 551/GC3, publicada no Diário Oficial da União, em 09 de agosto de 2010, pelo comandante daquela Arma, o tenente-brigadeiro do Ar Juniti Saito, que normatizava e tornava oficial, em termos públicos, o registro de avistamentos de UFOs no espaço aéreo do país e o posterior encaminhamento dos relatos para o já citado Arquivo Nacional [Veja edição UFO 170, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Mais recentemente, no entanto, passamos a ter, por iniciativa do atual coordenador da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), o geógrafo e também coeditor de UFO Fernando Aragão Ramalho, a participação direta do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), que, de forma clara e objetiva, começou a apoiar nossa busca pela verdade e nosso pedido de liberação da documentação anteriormente solicitada e que ainda não fora liberada.
Alencar o fez mediante os chamados Requerimentos de Informações da Câmara (RIC), instrumentos legais daquela Casa dirigidos ao Ministério da Defesa, por meio dos quais os comandos militares estavam sendo solicitados a dar explicações sobre questões pendentes quanto às nossas solicitações — pois determinados posicionamentos dessas forças não podiam ser aceitos. A Marinha Brasileira, por exemplo, que durante todo o processo de abertura ufológica realizado pela Força Aérea não fez o mínimo movimento, não liberando e não disponibilizando um único documento de seus arquivos, ao ser questionada em um dos requerimentos do deputado, oficializou uma curiosa resposta através de seu comando. Nela, a Arma afirmava, de maneira categórica e surpreendente, não ter qualquer documento relacionado a UFOs em seus arquivos. Agora, há poucas semanas, como resposta a um novo Requerimento de Informações da Câmara de Alencar, o RIC 679/2011, a Marinha se limitou a enviar alguns extratos complementando o que já havia informado antes, nada mais.
Ora, não é de hoje que a
Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) quer ter acesso — e ver disponibilizado para consulta pública —, entre outros documentos, o inquérito militar sobre o Caso Ilha de Trindade, que investigou de maneira aprofundada não só o avistamento e as fotografias de um disco voador feitas naquela localidade, em 16 de janeiro de 1958, como outros registros de UFOs realizados na mesma ilha nas semanas que antecederam o episódio. Enquanto isso não ocorre, um dos maiores clássicos da Ufologia Nacional e Mundial continua a ser atacado por oportunistas que desejam atingir alguma projeção com
sua associação ao incidente.
Sem explicação oficial
A sociedade brasileira tem o direito de saber o que de fato foi concluído pela Armada, e apesar de o inquérito militar ter sido classificado como sigiloso na época, ele já cumpriu todos os prazos legais de resguardo — ou seja, por lei ele tem que ser disponibilizado. Ao ter sido oficialmente questionado sobre o fato pelo já citado deputado, o comando da Marinha, em sua resposta mais recente, não fez um único comentário direto quanto ao assunto, e nem muito menos explicou as razões da não liberação do documento. Afinal, o que está acontecendo? Sinceramente, esse autor não imaginava que os ufólogos teriam esse tipo de dificuldade justamente com uma Arma sempre tão prestativa à Nação, como a Marinha.
Já em relação ao Exército Brasileiro, as dificuldades parecem intransponíveis, mas estamos preparados para continuar com nossa luta pela liberdade de informação — principalmente motivados por querermos ver os documentos sigilosos sobre o Caso Varginha. Sim, porque é mais do que um exercício de abstração da realidade acreditar que a sindicância desenvolvida dentro da Escola de Sargento das Armas (ESA), de Três Corações (MG), para supostamente apurar se o Exército havia ou não tido envolvimento com o caso, e o posterior inquérito policial militar também realizado dentro e pela mesma instituição, com o objetivo de apurar possível ilícito penal relacionado ao livro Incidente em Varginha [Editora Cuatiara, 1996], de Vitório Pacaccini e Marcos Portes, sejam os únicos documentos sobre a queda e resgate de um UFO em nosso território sob posse daquela Arma [Veja UFO 175, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Na verdade, o procedimento não passou de uma manobra do comando da ESA para buscar descobrir os membros de seu contingente que estavam passando informações sigilosas para os ufólogos, além de gerar depoimentos assinados pelos próprios militares garantindo que não tiveram qualquer participação no Caso Varginha. A pergunta básica feita a todos era se conheciam ou tinham tido algum contato com Ubirajara F. Rodrigues e Vitório Pacaccini, os dois pesquisadores principais do episódio, na época. A sindicância evidentemente também serviu ao interesse de manter sob pressão militares de baixa patente — que, na visão do comando da Escola de Sargento das Armas (ESA), eram os únicos que poderiam estar revelando informações e detalhes que envolveram o contingente da referida instituição militar com a queda de um UFO e resgate de seus tripulantes em Minas Gerais.
Adulterações nas fatos
Já o inquérito, como demonstramos em recente artigo nessa revista, ao contrário do que a mídia desatenta não percebeu, nunca serviu para averiguar a realidade do caso em si, apesar de ter, por razões óbvias, desqualificado o mesmo através de uma série de adulterações na cronologia dos principais fatos que envolveram a história. Agora, em seu pronunciamento, respondendo às indagações feitas pelo deputado Chico Alencar, o comando do Exército diz até ter desconhecimento das fitas gravadas em poder dos principais investigadores do Caso Varginha, que contêm depoimentos de alguns de seus membros reafirmando sua inteira veracidade. Ora, é certo que o comando da Arma não viu essas fitas, nem conhece seu conteúdo, mas não foi à toa que o inquérito foi instaurado e que nele cada um dos militares depoentes foi questionado sobre possíveis contatos com Rodrigues e Pacaccini. Afinal, desde o início de tudo, eles não somente estavam à frente da divulgação dos primeiros nomes de militares do Exército envolvidos, além de outros detalhes da história, como garantiam ter a posse de tais gravações.
Os depoimentos assinados desmentindo toda a história eram justamente uma espécie de defesa prévia, caso as fitas fossem disponibilizadas para a imprensa ou um dos militares envolvidos com o recolhimento da nave acidentada ou resgate dos corpos de seus tripulantes resolvesse aparecer publicamente e revelar a verdade. Ainda em relação ao Caso Varginha e ao Exército Brasileiro, existe outra questão pendente e que merece análise. Segundo foi pessoalmente revelado a esse autor pelo militar cujo depoimento dado ao pesquisador Vitório Pacaccini fui responsável por gravar em vídeo, todo o episódio, desde seu começo, foi classificado como ultrassecreto. Ou seja, se sua classificação não for rebaixada, ele poderá ser mantido em sigilo até o ano de 2026, já que para essa classificação o tempo de resguardo legal é de 30 anos, a contar da data de geração da documentação.
Se o inquérito policial militar sobre Varginha tivesse tido a pretensão de ser um estudo sobre a realidade ou não do caso, o próprio Exército, com o suposto resultado negativo atingido, teria cuidado de sua divulgação à imprensa e ao povo brasileiro, até como forma de encerrar o assunto. E, como sabemos, isso não foi feito.
Mesmo a Força Aérea Brasileira (FAB), depois de realmente ter disponibilizado inúmeros documentos que estavam em sua posse, todos devidamente encaminhados ao Arquivo Nacional, em Brasília, e alguns revelando casos ufológicos sobre os quais não tínhamos qualquer informação antes — que envolveram avistamentos de UFOs sobre suas instalações militares —, reafirmou mais uma vez, agora na reposta ao presente Requerimento de Informações da Câmara do deputado Alencar, que já disponibilizou toda e qualquer documentação antes em seu poder.
Localizados e disponibilizados
Mas quando a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) protocolou seu primeiro pleito na Casa Civil da Presidência da República, o citado Dossiê UFO Brasil, não estava solicit
ando apenas documentação em papel ou a liberação, no que diz respeito à Aeronáutica, exclusivamente do material arquivado no Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). Não. Se os filmes documentando a presença dos UFOs na Amazônia, gravados durante a Operação Prato, entre outros, não foram mandados pelos quartéis onde foram gerados para a referida instituição, em Brasília, é necessário que sejam localizados e disponibilizados, mesmo na forma de cópias. Uma documentação desse valor não pode cair no esquecimento ou continuar longe dos olhos do povo brasileiro.
Nos últimos momentos de nossa jornada na direção da liberdade de informação, foi imprescindível o apoio de militares da Força Aérea Brasileira (FAB) que, conscientes da importância de se estabelecer maior transparência no processo, e percebendo sua necessidade, apoiaram de maneira decisiva a campanha
Estou certo de que, mais cedo ou mais tarde, haverá de ocorrer uma sensibilização ainda maior àqueles integrantes de nosso Governo e Forças Armadas que ainda insistem em negar o que é direito de todos nós, cidadãos brasileiros, sabermos.