A Viagem de Exploração Ufo-arqueológica ao Peru, proposta pela Revista UFO em parceria com a Terra Inca Operadora de Turismo, foi um sucesso do começo ao fim. Desde logo a expedição chamou a atenção de muita gente: seria um tour pelo Peru com visitas a Lima, a secular capital peruana; Ica, onde se encontra um persistente enigma da arqueologia, as famosas Pedras de Ica; Paracas, onde está a cultura dos crânios alongados, suspeitos de serem alienígenas; e finalmente Nazca, com suas linhas e desenhos inexplicáveis, divulgados por Erich von Däniken em seu primeiro bestseller mundial, Eram os Deuses Astronautas? [Edições Melhoramentos, 1968].
O diferencial proposto por UFO e Terra Inca em seus anúncios foi justamente a presença de von Däniken como guia e conferencista durante uma semana. O pacote também divulgava a presença do ufólogo A. J. Gevaerd, editor da Revista UFO, e do escritor Alcione Giacomitti, diretor da Terra Inca. E ainda compareceram à expedição o perito criminal Toni Inajar Kurowski e o folclorista e autor Walcyr Monteiro, ambos consultores da UFO, para não deixar dúvidas quanto à seriedade do interesse ufológico da viagem. E como Ufologia rima com espiritualidade, o programa incluía o xamã Mário Salomon Cáceres, ou apenas “Mário Puma”, e sua filha Hiromy Gandhy Cáceres, como guias do grupo — sua experiência nestas ocasiões é enorme. Sinceramente, pensei inicialmente que essa seria a parte chata da viagem, com a realização de rituais sagrados mais ou menos “encomendados para turistas”. Mas os xamãs existem de verdade e eu nem imaginava que tinham um poder tão eficaz.
Assim, o programa era imperdível para as 50 pessoas que se encontraram na madrugada de 15 de agosto no Aeroporto Internacional de Guarulhos, ponto de partida da expedição, rumo a Lima, capital do Peru e primeira etapa da viagem. Lá chegando, o xamã Mário Puma nos recebeu e logo mostrou as funções que desempenharia, colocando em movimento uma poderosa energia ao chamar a todos de “linda gente”, expressão que usaria sempre ao se dirigir ao grupo — ela se tornou uma identificação ou palavra-chave para nós, como um mantra. Aí ocorreu o que raramente acontece: o congraçamento entre as pessoas presentes, que imprimiu uma magia a mais ao que já prometia ser uma viagem inesquecível. Todos os participantes inscritos foram despertados ou interpelados de alguma forma pela publicação de Eram os Deuses Astronautas? e livros subsequentes de Erich von Däniken, que levaram ao surgimento de incontáveis ufólogos mundo afora e abriu uma nova era de conscientização sobre a hipótese da presença extraterrestre em nosso passado.
Troca de informações
O grupo foi formado por pessoas de todo o país e com interesses variados dentro da Ufologia e áreas conexas. Havia aqueles egressos da Ufologia Científica e, também, muitos interessados pela vertente espiritualista do Fenômeno UFO, o que conferiu à viagem uma grande e rica troca de informações e conhecimentos. A expedição foi definida como de estudo, mas também foi de lazer. Passeamos por Lima, descobrindo a parte histórica da cidade, e também a gastronomia peruana no primeiro almoço realizado no belíssimo restaurante Rosa Náutica, instalado em um píer que avança sobre o Oceano Pacífico. Naquela e na noite seguinte dormimos no Hotel Sheraton.
No Rosa Náutica, entre as especialidades oferecidas a todos estavam o ceviche, feito de peixe cru marinado, que entrou definitivamente no cardápio do grupo, e o pisco sauer, bebida típica à base de uma aguardente, o pisco, feita de uva. Foi logo adotado como o aperitivo oficial do grupo. Mas o Peru também é terra de vinhos, que o editor Gevaerd pesquisou e apresentou durante a viagem, dando ótimas dicas para os não especialistas.
Entre piscos e ceviches, a viagem foi ficando cada hora mais animada conforme o grupo se unia e novos lugares eram conhecidos. Muita alegria e desejo de conhecimento tomaram os presentes do começo ao fim, pois foram inúmeras as possibilidades de conversas e trocas de informações durante os longos trajetos de ônibus, nas refeições e visitas aos sítios arqueológicos peruanos. Nos hotéis em que ficamos, todos de primeira linha, tivemos palestras e debates polêmicos com von Däniken e ainda os com Gevaerd, Giacomitti e Kurowski a respeito de temas atuais da Ufologia.
Ainda em Lima, logo na primeira noite, nosso grupo foi recebido para um jantar de confraternização no Clube da Aeronáutica, por militares da ativa e da reserva da Força Aérea Peruana (FAP), que participam ativamente das pesquisas ufológicas oficiais do Fenômeno UFO no país, Júlio Chamorro Flores e Ricardo Ceballos. Acompanhando-nos na ocasião também estavam o contatado Asís e o advogado Anthony Choy, correspondente internacional da Revista UFO em seu país. O jantar foi uma atividade formal da viagem, para que os participantes conhecessem como são realizadas as investigações de avistamentos ufológicos por civis e militares no país. Erich von Däniken também se dirigiu ao grupo com entusiasmo.
Noite de estrelas
No dia seguinte seguimos de ônibus ao sul do Peru, precisamente a Ica, onde a viagem teve momentos de grande emoção. Lá, um dos pontos altos da grande aventura foi outro jantar, este organizado sobre as areias do Deserto de Ica, em uma noite coalhada de estrelas e com um buffet maravilhoso preparado pela equipe de chefs do Hotel Las Dunas, onde nos hospedamos. Chegamos ao topo das intermináveis dunas em buggies que ondulavam a toda velocidade sobre as areias do deserto. Durante o jantar, um conjunto de músicos peruanos animou a noite com um repertório de músicas tradicionais ao som de flautas e, abrindo a percepção de mundos invisíveis, todos dançaram e conversaram muito, aprofundando as relações de amizade.
Aos poucos fomos descobrindo Erich von Däniken, uma surpreendente lenda viva, com milhões de livros publicados e fãs em todo o mundo. “Erich”, dizia ele. “Chamem-me apenas de Erich”. Apesar dos 80 anos de idade, em nada ele parecia um idoso: chegava a ter mais fôlego para caminhar sobre os sítios arqueológicos do que aqueles que tinham metade de sua idade. O suíço, que realiza mais de 60 palestras por ano em inúmeros países, revelou que era a primeira vez em sua vida que fazia uma excursão com um grupo como o nosso para locais de interesse ufoarqueológico. Qu
ando soubemos disso, sentimo-nos ainda mais privilegiados com sua companhia.
O grupo foi formado por pessoas de todo o país e com interesses variados dentro da Ufologia e áreas conexas. Havia aqueles egressos da Ufologia Científica e, também, muitos interessados pela vertente espiritualista do Fenômeno UFO
Ao contrário do que se poderia esperar de um visionário, desbravador do passado e anunciador do futuro da humanidade, Erich se mostrou um homem pragmático, com os pés bem fincados no chão e um vulcão em erupção o tempo todo. Homem forte, atarracado, com olhos grandes e bem abertos, ocupado por uma atividade mental em constante e visível ebulição, ele é um notívago e aparecia para o grupo geralmente depois do meio-dia. Nosso mais jovem companheiro de viagem, Felipe Marcel, do Rio de Janeiro, experimentou o lado sistemático dele logo no começo da expedição. Geógrafo recém-formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marcel exibia sua ânsia de conhecimento fervilhando de perguntas e ideias tratadas com Erich.
Ele sentou-se certa tarde com o suíço, que lhe disse, sem rodeios, que devia fazer a barba e ir trabalhar, “porque Ufologia não dá camisa a ninguém”. Marcel se surpreendeu, mas Erich então continuou contando que, antes de herdar uma cadeia de hotéis, trabalhou como porteiro, faxineiro, camareiro e cozinheiro, exercendo todas as funções até ficar apto a dirigir a herança familiar. Nosso amigo carioca, entre surpreso e divertido, fez a barba no dia seguinte e tirou as consequências do conselho: entendeu que faz parte da paixão pelo conhecimento promover os meios materiais de seu estudo e pesquisa, incluindo a sobrevivência do pesquisador.
Swiss time
Com Erich von Däniken dando o tom da viagem, tudo foi dentro de seu pontualíssimo swiss time — nada de atrasos ou imprevistos. “Relógios são para serem usados”, disse mostrando o seu próprio, que ganhou do astronauta norte-americano Buzz Aldrin e no qual está gravado “Apollo 11, 1969”. Mas ao lado deste pragmatismo e desta visão terrena das coisas, a paixão de questionar verdades estabelecidas é o que mais caracteriza Erich. Ele conta que sua obsessão pela Ufoarqueologia apareceu ainda na infância, no internato jesuíta onde foi educado. Ali aprendeu grego e latim traduzindo trechos da Bíblia. Sendo uma criança religiosa, o pequeno tinha sua própria ideia sobre Deus, que deveria possuir certos atributos, como não mentir ou não errar. Porém, alguma coisa não estava certa para ele. “Por que esse Deus todo-poderoso precisaria mandar Moisés construir muralhas para proteger os homens do perigo de um contato direto com ele?”, insistia em suas palestras ao nosso grupo.
A partir desse questionamento, logo em sua infância, toda sua leitura da Bíblia foi modificada e o levou a ver outros livros sagrados da humanidade sob um ponto de vista totalmente novo, culminando na famosa Teoria dos Antigos Astronautas — logo na adolescência ele passou a recolher evidências em todo o mundo que comprovariam a origem extraterrestre da humanidade e da cultura humana, e nunca mais parou. É justamente esta paixão de questionar que ele quer transmitir a quem o ouve. Para Erich von Däniken, não é importante que sua teoria esteja certa. O que importa é ousar fazer novas relações sobre os vestígios deixados pelos homens no passado remoto da humanidade. Por isso acha que todas as hipóteses existentes são boas, pois sempre trazem à luz aspectos diferentes da origem extraterrestre do homem.
Ele tem a sua, na qual acredita firmemente e transmite rigorosamente. Ao longo da viagem, entre Lima, Ica e Nazca, foram cinco palestras interessantíssimas e esclarecedoras oferecidas por Erich von Däniken ao nosso grupo, todas ilustradas abundantemente com fotografias e filmes sensacionais alicerçando sua teoria. Todas as suas fontes de consulta são rigorosamente indicadas, sejam as pirâmides maias ou egípcias, o Livro de Enoch ou o Mahabarata, só para citar algumas. E todas as suas afirmações podem ser verificadas, primeira exigência do rigor científico.
“Mas de onde tirei isso?”
A paixão pelo conhecimento leva Erich a dar uma atenção especial à transmissão de sua teoria. A interação que estabeleceu com Carlos Casalicchio, consultor da Revista UFO e tradutor de suas palestras, deixava claro que ele controlava a fidelidade das traduções. Casalicchio aceitou com inteligência e sensibilidade o desafio de converter para o português suas conferências e bate-papos informais. O suíço é poliglota, fala o dialeto suíço-alemão, o alemão, francês e o inglês, além de grego e latim. É capaz de perceber quando uma tradução não é fiel, o que não foi o caso com Casalicchio, mas ficou o tempo todo atento.
Erich von Däniken também disse que lê todas as traduções de seus livros, que são inúmeras. Quando perguntei a ele se se considerava um contatado, disse-me, entre outras coisas, que frequentemente, ao reler suas obras traduzidas, ficava se perguntando como pôde ter tais ideias e se pergunta: “Mas de onde eu tirei isso?” [Veja box]. Ele informa que suas fontes são as mesmas de outros investigadores do passado da humanidade, mas as relações que estabelece entre elas é que são diferentes — e, às vezes, não sabe bem como. Depois das palestras, geralmente nos fins da tarde, Erich se sentava em algum lugar agradável dos ótimos hotéis em que ficamos hospedados.
Permanecia ali tomando vinho e fumando com Wera Boss, sua tradutora em viagens anteriores e também participante do grupo, e Ramón Zuercher, seu secretário particular, que ele faz questão que o acompanhe a qualquer viagem. A presença permanente de Wera ao seu lado demonstrou ainda mais a importância dada por Däniken à comunicação com o grupo. Qualquer um poderia se sentar e conversar com ele, pois lá estava Wera, além de Casalicchio, para ajudar. E Zuercher, sempre pronto para facilitar todas as trocas com Däniken. Entrementes, íamos fazendo as visitas previstas e imprevistas aos sítios arqueológicos, outros grandes objetivos da viagem.
As Pedras de Ica
Ainda em Ica, visitamos o incomum Museu Científico Javier Cabrera Darquéa, nome do médico e cirurgião peruano que estudou as famosas Pedras de Ica durante 35 anos, em meio a uma polêmica que persiste até hoje. O doutor Cabrera reuniu mais de 5.000 artefatos gravados d
e maneira inusitada, guardados até hoje de forma precária no pequeno e apertado museu, mantido por seu filho, Ernesto Cabrera. Este nos recebeu calorosamente no exíguo espaço e fez uma palestra interessantíssima sobre as pedras e a polêmica que envolve sua autenticidade e antiguidade.
As famosas Pedras de Ica fazem parte do riquíssimo patrimônio arqueológico do Peru e começaram a aparecer em 1961, já carregadas do mistério, até hoje não resolvido, sobre quem as teria feito, com qual propósito e quando. Esse enigma tem tudo a ver com Ufologia, na medida em que as pedras parecem indicar a presença na Terra de seres vindos do espaço e vivendo em interação com seres humanos criados por eles. É algo que praticamente toda a tradição oral e a antiga mitologia pré-colombiana indicam: a existência de numerosas culturas que aí floresceram e morreram, frequentemente associadas à casuística ufológica. Há até mesmo a hipótese da existência de uma humanidade pré-diluviana descrita nas pedras, que as descobertas arqueológicas dos últimos 20 anos não param de corroborar. Tais informações as Pedras de Ica, se forem mesmo autênticas, relatam desde a década de 60 aos ouvidos surdos da arqueologia oficial.
Poucos achados arqueológicos sofreram tanto com a ganância e a vaidade humanas quanto as Pedras de Ica. A legislação peruana, no cuidado de proteger seu tesouro, proíbe o comércio de artefatos encontrados em seu subsolo — quem vender itens desta natureza incorre em grave delito e se arrisca à prisão. Mesmo assim, os camponeses da região comercializavam as pedras livremente com colecionadores e interessados de vários países. Logo foram surgindo as cópias, feitas por habilidosos — e às vezes nem tanto — artesões locais. Assim, conivências e cumplicidades preferiram fazer “vistas grossas” quanto às falsificações para evitar a comercialização indevida do patrimônio cultural.
Humanidade anterior à nossa
A Arqueologia Peruana é uma das melhores do mundo e vem evitando entrar na polêmica. Nunca se pronunciou oficialmente sobre a autenticidade das Pedras de Ica e nunca reconheceu publicamente seu valor arqueológico. Com a campanha de descrédito dos artefatos, ficou combinado que eles haviam sido feitos por um camponês — ele teria produzido mais de 10.000 pedras com símbolos e desenhos veiculando um conhecimento científico avançado em todas as áreas do saber humano. Só que não. Ora, se assim fosse, e se não fosse por mais nada, o suposto exímio artesão deveria ter estudado muito a natureza humana pela surpreendente capacidade técnica e artística demonstrada. Mas é claro que não é por aí.
O resultado desta situação é que as Pedras de Ica só foram estudadas mesmo por Cabrera Darquéa e nunca foram objeto de qualquer projeto de pesquisa, embora diversas análises das mesmas venham afirmando, ao longo dos tempos, sua autenticidade. Que as pedras tenham milhares ou milhões de anos, pouco importa. O que fica claro é que, em algum momento ainda a ser definido, uma civilização desaparecida, ou seus descendentes, acharam necessário deixar o testemunho de uma humanidade anterior à nossa vivendo em um momento em que a Terra era bem diferente do planeta que conhecemos hoje.
As pedras de Ica fazem parte do riquíssimo patrimônio arqueológico do Peru e começaram a aparecer em 1961, já carregadas do mistério, até hoje não resolvido, sobre quem as teria feito, com qual propósito e quando. Elas têm tudo a ver com Ufologia
O principal problema da datação e autenticidade das Pedras de Ica reside no fato de que as figuras humanas retratadas mostram uma conformação física diferente da do homem atual, ao mesmo tempo em que apresentam animais há muito tempo extintos no planeta, como dinossauros, retratados em plena convivência com o homem. Esse dado sugere que os artefatos foram gravados na Era Mesozoica, quando os estranhos animais apresentados viviam no planeta e ainda não havia homens por aqui, e revelam conhecimento sobre sua biologia, comprovados pela paleontologia atualmente.
A leitura feita pelo doutor Javier Cabrera Darquéa demonstra que o Homem gliptolítico, como chamava a humanidade que deixou seu testemunho nas pedras, tinha um funcionamento mental diferente do nosso Homem pós-diluviano. Eles exploravam capacidades cognitivas do cérebro humano que deixamos de usar, desenvolvendo outras capacidades talvez desconhecidas para eles — teria sido uma humanidade diferente da nossa. Lembremos que, até os incas, tais sociedades ignoravam a roda e desenvolveram sem ela um conhecimento científico menos mecânico, mais ligado a uma capacidade — que Cabrera sugere como cerebral — de controlar e manipular energias, notadamente a solar.
Examinando as Pedras de Ica, Cabrera Darquéa descobriu, pela repetição dos motivos representados, que os temas são tratados em séries consecutivas, como páginas de um livro. O Homem gliptolítico teria comunicado às gerações futuras o seu conhecimento de astronomia, biologia, medicina etc naqueles artefatos, inclusive com informações estarrecedoras sobre transplantes de órgãos, botânica, antropologia, astronomia, geografia, só para citar algumas áreas.
Crânios alongados
Saindo do Museu Científico Javier Cabrera Darquéa, fomos direto ao Museu Regional de Ica, onde se encontram os enigmáticos crânios alongados que têm causado muita polêmica na arqueologia. Tais crânios estão associados à Cultura Paracas, que floresceu naquela região peruana entre 700 a.C. e 200 d.C. e seriam o resultado de uma deformação proposital e possivelmente ritualística do crânio humano, segundo a arqueologia oficial. É bem verdade que algumas outras culturas terrestres também praticavam o alongamento do crânio. Mas isso só reforça a hipótese da presença extraterrestre na Terra para o costume, na medida em que o alongamento seria feito para imitar os colonizadores alienígenas que chegavam ao planeta naqueles tempos, tidos como deuses pelos homens pré-históricos.
Dentre os crânios encontrados em Paracas estariam também os de alienígenas? Ainda não sabemos, pois nenhuma análise de DNA apresentou resultados de procedência inequívoca — muitos afirmam que testes foram feitos atestando a origem não-humana dos crânios, mas não comprovam os resultados mostrando documentos laboratoriais. Porém, no citado museu encontramos a prova material de que a ciência cirúrgica comunicada pelo Homem gliptolítico de Cabrera Darquéa nas Pedras de Ica foi efetivamente praticada. Crânios foram encontrados com marcas de cirurgia no cérebro e indicações de sobrevida do paciente após as operações. Sem dúvidas, a visita a ambos os museus, guiada pelo xamã Mário Puma, mostrou ao grupo uma
impressionante interação entre as culturas.
A viagem a Paracas, 100 km a leste de Ica, nas margens do Oceano Pacífico, também valeu por outro ponto alto da expedição: o mágico passeio feito em velozes lanchas até as Ilhas Ballestas, um santuário de vida marinha na costa peruana. No caminho tivemos o primeiro contato com um geoglifo, o famoso Candelabro, um monumental desenho de 170 m de largura por cerca de 250 m de altura gravado no flanco de uma montanha que afunda no oceano e que se observa a partir do mar. A beleza da obra, cuja origem também tem seus mistérios, combinou-se com a encanto natural da região, tornando o passeio extasiante e único. Mar adentro, chegamos às ilhas e nelas vimos pelicanos, leões marinhos, focas e pinguins dentre as mais de 200 espécies de aves que lá vivem. O parque de proteção ambiental é também o local onde se produz o guano, fertilizante natural explorado pelo governo peruano.
Linhas de Nazca
Dias depois a viagem continuaria até seu destino final, Nazca, 150 km a oeste de Ica, onde estão as famosas Linhas de Nazca, descobertas encravadas no árido solo de areia e rochas pela pesquisadora alemã Maria Reiche, quase que por acidente. As linhas são um conjunto de geoglifos antigos localizados no Deserto de Nazca — ou Nasca, como grafam os peruanos. Eles foram designados como patrimônio mundial da humanidade pela Unesco em 1994. O planalto onde estão se estende por mais de 80 km entre as cidades de Nazca e Palpa, nos Pampas de Jumana, cerca de 400 km ao sul de Lima. Embora alguns geoglifos locais lembrem a Cultura Paracas, estudiosos acreditam que as linhas foram criadas pela Civilização Nazca entre 400 e 650 d.C.
Elas são desenhos rasos feitos no chão, removendo-se as pedras avermelhadas onipresentes na região e descobrindo o solo esbranquiçado abaixo. Centenas são simples linhas ou formas geométricas, com mais de 70 desenhos de animais, aves, peixes ou figuras humanas — os maiores têm mais de 200 m de diâmetro. Estudiosos divergem quanto à interpretação dos efeitos dos projetos, mas geralmente lhes atribuem significado religioso. Devido ao clima seco, sem vento e estável, a maior parte das linhas foi preservada. Extremamente raras, mudanças climáticas podem alterar temporariamente os projetos em geral, mas eles voltam ao normal.
Chegar, finalmente, ao objetivo maior da viagem foi um êxtase para o grupo. Viemos para ver e sobrevoar as Linhas de Nazca, mas descobrimos também outros sítios arqueológicos fora do programa, que quisemos visitar no tempo livre antes do sobrevoo, que se deu com grupos de cerca de 15 pessoas por vez, capacidade máxima dos aviões Cessna Super Caravan, de asas altas, usados para a observação dos impressionantes geoglifos. As centenas de figuras individuais variam em complexidade a partir de simples linhas até beija-flores estilizados, aranhas, macacos, peixes, tubarões ou orcas, lhamas e lagartos. Mas pudemos ver apenas umas duas dúzias de sinais no solo, durante os 45 minutos de duração do voo.
Entre os sítios arqueológicos explorados fora do programa da expedição estavam, primeiro, um enorme aqueduto Nazca que desce da Cordilheira dos Andes. É muito anterior aos próprios incas, datando de 2.000 a.C., e uma impressionante obra de engenharia da mesma civilização que fez as linhas, datada de 2.000 a.C. e que forneceu água à região até 1950. A tecnologia empregada em sua construção envolve conhecimentos avançados de matemática e geologia, um sonho ecológico. Ele deixou de ser usado para abastecimento da população não porque o aqueduto tivesse ficado obsoleto, mas porque a água tem cada vez menos volume. A propósito, a cidade de Nazca, de cerca de 30.000 habitantes, só tem fornecimento do líquido durante uma hora por dia. Este problema, no entanto, não tivemos no confortável Hotel Nuevo Cantalloc, onde nos hospedamos e nos servimos de refeições típicas daquela região do Peru.
Cidade no deserto
E da mesma Civilização Nazca fomos visitar a pirâmide de Cahuachi, uma construção enorme que mais parece uma cidade. Ela já está parcialmente restaurada, mas é apenas uma de 36 outras a escavar na região. Pirâmides, em qualquer lugar do mundo, são sempre explicadas como santuários, uma verdade estabelecida que ninguém ousava muito questionar antes de Eram os Deuses Astronautas? Mas a de Cahuati é diferente e teve com certeza outro objetivo, além do religioso.
As linhas são desenhos no chão, removendo-se as pedras avermelhadas da região e descobrindo o solo esbranquiçado abaixo. São simples traços ou formas geométricas, com mais de 70 desenhos de animais, aves, peixes ou figuras humanas
O dia seguinte era o do sobrevoo das Linhas de Nazca, como descrevi acima. Naquela noite, em uma de suas palestras, Erich von Däniken descreveu sua teoria sobre as linhas. Para ele, o Sistema Solar teria sido visitado porque seres de planetas extrassolares precisavam de minérios. Então, uma enorme nave-mãe teria estacionado no Cinturão de Asteroides e mandado pequenas naves à Terra para a extração destes recursos. As linhas seriam, assim, vestígios desta aterrissagem programada e, depois, continuariam a ser feitas pelos homens para propiciar o retorno daqueles que consideraram como deuses. Simples assim. O grande mistério de Nazca, para ele, não são os desenhos, que considera feitos pelos homens, mas os incontáveis quilômetros de linhas que vão a lugar nenhum.
Um incrível filme
Demoramos um pouco para começar o sobrevoo naquele 21 de agosto, data programada, pois o dia amanheceu com uma neblina que só começou a levantar no final da manhã. À beira do pânico, ao ver o avião em que faríamos a aventura, subi finalmente no aparelho. Salvaram-me a respiração iogue e a calma profissional dos dois pilotos que, “por la derecha” e “por la izquierda”, iam rodeando os desenhos, exibindo as imagens como em um incrível filme. A reação aos chacoalhos da aeronave foi diferente para cada um, assim como a capacidade de ver as linhas. Não consegui enxergar dois desenhos, a baleia e o cachorro. Todos os comentários dos participantes quanto ao sobrevoo giravam em torno de ver ou não ver as figuras, o que era realmente difícil àquela hora do dia. Muitas pessoas não puderam observar alguns desenhos ou não conseguiram fotografar as imagens do solo. Mas a emocionante figura do chamado Astronauta, acenando para nós, foi vista por todos — parece uma criança alienígena.
O final da expedição
foi como deixar um paraíso para trás, e longa foi a viagem de volta a Lima pelo deserto do sul do Peru, para embarcarmos ao Brasil naquela mesma noite de sábado, dia 22. Viemos conversando nos dois ônibus que nos serviram durante todo o tempo, comandados por experientes motoristas que já atendem à Terra Inca Operadora de Turismo há mais de 10 anos. Em um deles ía o xamã Mário Puma e o ufólogo Gevaerd, dando-nos orientações, e no outro seguia Hiromy Cáceres e Giacomitti, fazendo o mesmo. Os veículos eram modernos, confortáveis e seu potente ar condicionado nos isolava do calor do deserto. As conversas, claro, giravam ao redor de temas relacionados ao nosso interesse: Ufologia, arqueologia, mestres ascencionados, outros planos da existência etc.
Era a segunda vez que eu ia ao Peru, depois de ter estudado muita coisa sobre sua cultura. É um país amigável, de céu azul-claro, poeira de areia acinzentada, montanhas ao fundo espalhadas pela costa do Pacífico. Este era o “filme” que se via da janela de nossos ônibus. O lindo trajeto de volta tinha o deserto à direita e o Pacífico à esquerda, e foi a oportunidade de observar o que dizia o grande arqueólogo peruano Júlio César Tello — aliás, tais montanhas tomaram seu nome, pois são chamadas tellos. Em outras regiões andinas são denominados apus e lá se diz que “conversam entre si” pelos barulhos que produzem. Por sua vez, Tello chamou a atenção para o fato de que muitos sítios arqueológicos são encontrados aos seus pés. De fato, quando o olhar começa a ficar treinado com a paisagem, se vê claramente a quantidade de sítios inexplorados e insuspeitos que existem no solo peruano.
Chegamos finalmente ao Aeroporto Internacional de Lima, exaustos após 10 horas de viagem. Entramos no avião e deixamos o Peru para trás, embora inesquecível. Da janela do moderno Boeing se via um horizonte esplendoroso, próprio daquela região do mundo, quando sobrevoamos as Cordilheiras dos Andes. Sentei na janela e apreciei o mais lindo céu estrelado, dele sobressaindo as Plêiades e Órion, mais para a direita. As estrelas brilhavam como lâmpadas novas, um final apropriado para uma viagem histórica: a primeira de Erich von Däniken conduzindo um grupo a locais como aqueles descritos, uma oportunidade exclusiva em nossas vidas de seguir o grande mestre.