Segundo uma das principais testemunhas militares do Caso Varginha, desde setembro de 1995 a atividade ufológica no sul do Estado de Minas Gerais vinha crescendo. Tive dois contatos diretos com esse militar, pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB), estando com ele em Belo Horizonte e na cidade do Rio de Janeiro. Tal atividade chegou ao auge por volta do dia 13 de janeiro de 1996, quando o piloto de ultraleve Carlos de Souza viu uma nave em forma de charuto perdendo altitude sobre a Rodovia Fernão Dias, nas proximidades do trevo que dá acesso à cidade de Varginha (MG). Supostamente, atingiu o solo da Fazenda Maiolini. Como descreve o ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues em seu artigo, esse dado pontual dá uma nova direção ao Caso Varginha.
Sousa revelou ao co-editor de UFO Claudeir Covo, e posteriormente a Ubirajara Rodrigues, que havia no local de 30 a 40 militares recolhendo fragmentos de algo sobre o solo. Ele pôde ainda observar, antes de ser expulso do local, dois caminhões do Exército em que pedaços do objeto estavam sendo colocados, uma ambulância militar e um grande helicóptero. A testemunha, considerada polêmica por muitos colegas, não percebeu sinais da presença dos supostos tripulantes do aparelho acidentado. Diz ainda que, depois de abandonar o local, parou no restaurante de um posto de gasolina na Rodovia Fernão Dias e foi abordado por um misterioso personagem, cujo companheiro permaneceu no interior de um Opala de cor azul. Souza foi advertido a esquecer tudo o que vira e a voltar para São Paulo, onde reside. Assim o fez e só contou o fato a Covo meses depois.
Na opinião deste articulista, enquanto não tivermos acesso a todas as peças do Caso Varginha, não podemos, nem devemos desprezar qualquer depoimento que entre em choque com o que acreditamos ou que supomos corresponder à realidade. Um exemplo disso é justamente o depoimento de Souza, descartado de imediato por vários estudiosos por revelar que o início do caso não estava relacionado à madrugada do dia 20 de janeiro, dia em que o casal Eurico e Oralina havia avistado um objeto em forma de fuso em uma fazenda a poucos quilômetro de Varginha, quando se imagina que todo o episódio teve início. Eurico e Oralina descreveram que, aparentemente, o artefato que observavam soltava uma espécie de fumaça branca, como no relato do piloto. Isso deu idéia a todos, logo no princípio dos fatos, que o Caso Varginha tivera seu primeiro momento naquela madrugada. Sousa, com seu depoimento, mudaria essa idéia.
Intensa movimentação militar — Sabemos que desde o dia 13 de janeiro daquele ano ocorrera intensa movimentação militar entre as cidades de Varginha e Três Corações – a Escola de Sargentos das Armas (ESA) fica nesta outra cidade. As investigações revelaram que tal unidade do Exército esteve envolvida e à frente das operações que incluíram a retirada da cidade de Varginha, e posteriormente do sul de Minas, das criaturas capturadas e de outros materiais relacionados ao caso. Indiscutivelmente, houve um processo de sigilo em torno destas operações, mantido até hoje. Pessoas diretamente envolvidas – militares e civis – sofreram pressões diversas por terem tido participação fundamental em vários momentos do episódio, durante os dias que sucederam à queda da nave, com recolhimento de algumas das criaturas que se espalharam pela região.
No dia 04 de maio de 1996, fui o responsável pela gravação em vídeo de um depoimento prestado ao pesquisador Vitório Pacaccini, também à frente do Caso Varginha, junto a Rodrigues. A testemunha que nos concedera a entrevista seria, indiscutivelmente, uma das principais peças militares de toda a informação pertinente ao episódio. O informante militar sabia dos detalhes relativos à retirada, do Hospital Humanitas, de um corpo de um estranho ser. Mais especificamente, da criatura que provavelmente havia sido avistada na tarde do dia 20 de janeiro, no Jardim Andere, por Kátia e as irmãs Liliane e Valquíria Silva. O ser teria sido capturado à noite por dois policiais militares do serviço de inteligência – um deles o P-2 Marco Eli Chereze, que morreria poucas semanas depois, em condições misteriosas. De acordo com o que o médico que o atendeu, doutor Cesário Lincoln Furtado, revelou recentemente a Rodrigues, o sistema imunológico do policial deixou de existir, levando o rapaz a falecer com quadro de infecção generalizada [Veja matéria nesta edição].
Ainda segundo a mencionada fonte militar, a criatura que havia passado pelo Hospital Regional deixou também o Hospital Humanitas, para onde teria sido levada em seguida, já morta, no interior de uma caixa de madeira, levada por um dos três caminhões que compunham um comboio militar. Ao ouvir seu relato, senti que estava vivendo um dos principais momentos de minha vida na Ufologia. Se até aquela ocasião pudesse haver dúvida sobre a realidade do Caso Varginha, a partir do depoimento daquele militar, eu não teria muita dificuldade em aceitar que alguma coisa muito importante havia de fato acontecido no sul do Estado de Minas Gerais. Aquela testemunha sabia de todos os detalhes, inclusive referentes às manobras engendradas pelo setor de inteligência do Exército, para que os próprios militares de baixa patente, que participaram do comboio, não percebessem o que estava realmente acontecendo.
Tive novo contato com essa mesma testemunha em uma outra cidade, para onde acabou sendo transferida, como muitos que participaram da maior história da Ufologia Brasileira. Foi através dela que tomamos conhecimento das manobras implementadas pelo comando da ESA para exercer uma pressão maior sobre seu contingente e calá-lo. Principalmente a partir do momento em que os investigadores do caso começaram a divulgar nomes de militares do Exército que haviam participado das operações em Varginha.
Credibilidade das testemunhas — Desde que conheci Liliane, Valquíria e Kátia, as meninas que encontraram uma das criaturas, não duvidei de que tinham mesmo participado de algo muito especial, totalmente alheio às suas vidas. Tal como o ufólogo Ubirajara Rodrigues tivera a impressão. Estive com elas várias vezes, inclusive participando de programas de TV, e as moças sempre foram capazes de dar veracidade à história que vivenciaram na tarde de 20 de janeiro de 1996. Liliane, Valquíria e a mãe, dona Luíza Helena, viveram outro momento indiscutivelmente crucial do caso quando, numa noite no final de abril daquele ano, receberam a visita de quatro homens não identificados. Os estranhos traziam uma proposta de subor
no para que modificassem sua história, desqualificando a idéia do encontro com a criatura no Jardim Andere. Onde estaríamos hoje se elas tivessem fraquejado frente aquela tentadora proposta?
Cheguei a localizar, na cidade do Rio de Janeiro, a tia de uma funcionária do Hospital Humanitas cuja sobrinha, apesar de não ter tido contato direto com a criatura capturada, revelou ter sido testemunha da estranha movimentação militar que se abateu sobre aquela instituição, na noite de 20 de janeiro daquele ano. Solicitei à informante que providenciasse um encontro de sua sobrinha com Rodrigues. Garanti que manteríamos seu nome em sigilo, para resguardá-la de qualquer problema e tranqüilizá-la. Mas quando ela tomou conhecimento de que eu estava em contato com sua tia, passou a recusar até as ligações telefônicas desta. A moça estava visivelmente amedrontada por algo que, de alguma forma, se pudesse escolher, teria evitado.
Há poucos meses, quando estive novamente em Varginha, para participar do I UFO Minas [I Congresso de Ufologia de Varginha, realizado pela Revista UFO de 19 a 22 de agosto de 2004. Veja cobertura completa em UFO 103], conheci outra testemunha civil, numa prova inequívoca de que muitas ainda são desconhecidas dos ufólogos, mas esperam uma oportunidade para virem a público.
Grande objeto esférico — Ela presenciou a operação de captura de uma das criaturas por parte de quatro bombeiros, que desceram por um barranco da Rua Suécia na manhã de 20 de janeiro de 1996. Afirmou que cerca de 30 pessoas testemunharam o fato e viram a criatura, depois de capturada, ser colocada numa caixa de madeira e retirada da cidade por um caminhão do Exército, conforme bastante divulgado. Localizei também outra testemunha que os pesquisadores não conheciam. Ronaldo Silva, técnico em eletrônica, garante que na tarde do dia 21, 22 ou 23 de janeiro – ele não está certo –, observou um grande objeto esférico que se movimentava entre a região do Hospital Humanitas e o Jardim Andere. Silva chegava em casa no momento, que fica próxima ao Humanitas, e registrou que outras duas pessoas também teriam avistado o artefato. O aparelho, vez por outra, pairava a baixa altitude, movimentando-se lentamente sobre um pasto que, hoje, não mais existe. Em suas próprias palavras, parecia “uma mãe procurando os filhos”. Informou também que o aparelho lembrava uma “bolha de sabão”, refletindo as cores do ambiente.
Silva narrou outro fato que pode ou não estar relacionado ao Caso Varginha, que teria acontecido na tarde de 20 de janeiro, pouco antes da espantosa chuva que derrubou árvores, muros e casas na cidade, narrada pelo ufólogo Rodrigues em seu texto. O técnico em eletrônica chegava de carro ao Jardim Andere, para um churrasco na casa de amigos, quando, repentinamente, seu automóvel começou a falhar e o motor morreu. Mais tarde, quando terminou o churrasco, o veículo voltou a funcionar e continuou normal. A testemunha é apenas uma das que conheci durante minhas visitas ao sul de Minas, e que ficaram frente a frente com os discos voadores no início de 1996, em meio a grande onda de aparições relacionada ao episódio.
Um dos pontos mais graves de todo o Caso Varginha, no entanto, é a pressão que teria sido feita pelo governo dos Estados Unidos sobre as autoridades brasileiras. De fato, a informação mais polêmica e provocativa a que tive acesso nos últimos meses diz respeito às interferências e gestões do governo de Washington, relacionadas aos materiais colhidos nos episódios – como os destroços do objeto acidentado. Nossas fontes militares já haviam mencionado a presença de membros da Força Aérea Norte-Americana (USAF) e de outros personagens ligados a agências governamentais dos EUA, mas os fatos iriam provar serem ainda mais contundentes.
Contrário aos interesses nacionais — Semanas antes do I UFO Minas, em agosto de 2004, comecei a obter mais informações sobre isto. Primeiramente, tive um contato com a esposa de um militar de alta patente do Exército que me garantiu que, nas semanas seguintes à captura de aliens em Varginha, seu marido chegara do serviço extremamente revoltado. Ele alegava a esposa que estava havendo uma forte pressão por parte de autoridades norte-americanas “para que nosso país, nossos militares, liberassem os materiais recolhidos no sul de Minas para serem remetidos aos EUA”, em suas palavras a sua senhora. Tentei, insisti e acabei conseguindo dois encontros com ele, que, além de me confirmar o que sua esposa havia revelado, disse que os materiais acabaram por ser de fato levados, a bordo de um avião Hércules, do aeroporto de Campinas (SP) para um destino por ele ignorado [Há referências ao avião, por parte de outras testemunhas, como sendo um modelo Buffalo].
Enfim, falando claramente, essa nova testemunha não sabe se o processo de pressão ou de “convencimento” dos norte-americanos sobre os brasileiros deu resultado, mas foi taxativo quanto a descrever um sentimento de revolta presente em certas áreas do Exército, por parte de segmentos militares contrários a uma posição que não levasse em conta os interesses nacionais. Certamente, ainda estamos no início das investigações do Caso Varginha, que mais cedo ou mais tarde ainda revelarão muitas surpresas. É necessário que muitas das testemunhas que vivenciaram o caso, e que ainda se mantêm em silêncio, venham a público ou procurem os ufólogos.
Novas testemunhas certamente adicionarão mais peças ao quebra-cabeças, tornando-o mais compreensível. Perceberão que a verdade acabará por se sobrepor aos interesses passageiros de grupos que acreditam possuir o direito de decidir sobre nossos destinos, ocultando-nos informações sobre esse importante episódio. Estamos passando por um processo gradual de revelação e as autoridades terão papel decisivo nele, pois o acobertamento ufológico dá seus últimos suspiros. Tal política jurássica interessa apenas à nação que detém maior nível de avanço na busca da tecnologia manifestada por estas naves – os Estados Unidos. Tecnologia essa que, entretanto, como os casos Roswell e Varginha demonstram, é passível de falhas – os UFOs caíram.
Não restam dúvidas de que algo de inesperado aconteceu no espaço a&eacut
e;reo do sul de Minas em janeiro de 1996, há quase 10 anos. Cabe a cada um dos envolvidos com o tema buscar as peças faltantes do quebra-cabeças, que nos permitirão reconstituir o maior e mais provocativo caso da história da Ufologia Brasileira – quiçá mundial.
Fenômenos luminosos próximos a Varginha
por Ubirajara Franco Rodrigues
A área rural no entorno de Varginha é rica em acontecimentos ufológicos, como se vê no box Fenômenos Estranhos na Área Rural. A região das duas fazendas citadas é pródiga de depoimentos, muito antes das célebres afirmações de Eurico e Oralina. Os empregados rurais da região são quase unânimes em relatar as aparições das bolas de fogo e de pontos muito brilhantes. Marcelo Bueno de Araújo, 35, administrador de terras, viveu uma experiência desagradável em 09 de fevereiro de 2005, ao deparar com um desses fenômenos. Dirigindo sua caminhonete, pouco antes de chegar à fazenda de Régis Bueno, avistou algo muito brilhante bem próximo do chão, em meio à vegetação da margem esquerda da estrada de chão batido.
Araújo disse que parecia “um farolzão do tamanho de uma bola de futebol”. Pensou que era um caminhão aproximando-se depois da curva. Era quase 07h00 e, ao passar do lado daquilo, viu que era amarelado, da cor de um farol de carro. Não havia luz a sua volta e não iluminava plantas e chão, descreveu a testemunha. Logo que olhou o artefato, “subiu dele um facho, uma espécie de relâmpago”. Nada aconteceu com as luzes ou com o motor da caminhonete, mas o rosto, a perna e o braço esquerdos da testemunha ficaram amortecidos. O adormecimento do braço permaneceu durante todo o dia e doeu outros dois. Araújo, que demonstra bastante vigor físico, afirma que não tem qualquer distúrbio cardíaco.
O físico Rogério Chola, ombudsman da Revista UFO, vê possibilidade concreta desse tipo de caso tratar-se de um fenômeno natural com efeitos fisiológicos, confundido com um evento ufológico. Segundo ele, o formigamento e o adormecimento sentidos por algumas testemunhas, bem como sintomas parecidos, podem ser provocados por um campo eletrostático de energia armazenada. Campos assim podem ser gerados por objetos em movimento e principalmente em períodos durante e após chuvas. Considerando-se o depoimento de Araújo, no tocante às descrições que este fez do que observou, Chola diz ainda que há grande possibilidade de ter se tratado de uma descarga esférica de raio, também chamada relâmpago bola.?
“Uma descarga dessas muito próxima ao um indivíduo provocaria as sensações descritas, demonstrando tratar-se, de alguma forma, do tipo elétrico”, esclarece o físico. Mesmo porque, ainda de acordo com ele, existem registros que indicam que relâmpagos globulares podem ser atraídos por superfícies que possuam carga contrária, da mesma forma que um acúmulo de energia estática em nuvens pode ser “atraída” por uma pessoa em pé.