Apenas nove anos se passaram desde a principal data do Caso Varginha, ocorrido em 20 de janeiro de 1996 em Minas Gerais. Tivemos inúmeras oportunidades de declarar nossa suposição de que serão necessários, no entanto, dezenas de anos para que tudo se esclareça. Notadamente que os investigadores possam descobrir todos os fatos, detalhes que hoje provocam verdadeiras lacunas em todo um enorme contexto. Apesar de tão pouco tempo, mesmo em plena era da informática e da internet, percebe-se que muita gente ainda não compreendeu a exata seqüência em que os eventos se deram na cidade mineira. As causas são várias, porém nítidas. Há curiosos e meros interessados, bem como ufólogos, que parecem preferir seguir um caso desse tipo somente pela televisão, ou ficam atentos às páginas da internet que de repente anunciem novidades. Por isso, muito se tem escrito e comentado. Mas com pequena precisão.
Esta edição especial aproveita para dar aos que assistem ao desenvolvimento das notícias, e aos que somente agora começam a se interessar pelo caso, uma cronologia mais enxuta e atualizada de pontos principais, que até o momento passaram a fazer parte dessa história controversa. Todos os pontos tratados na cronologia do caso merecem calmas e mais isentas explicações, o que fizemos no livro O Caso Varginha [Coleção Biblioteca UFO, código LV-08, na seção Suprimentos de Ufologia desta edição]. Nesta UFO Especial 34, o leitor poderá assim inteirar-se mais corretamente da seqüência dos fatos.
Exatamente porque casos desse tipo provocam discussões acaloradas e, de forma salutar, alguns estudiosos e especialistas trabalham para detectar falhas, contradições ou mesmo explicações de cunho sociológico para a sua repercussão, também incluímos um vasto artigo de Cláudio T. Suenaga, consultor de UFO e mestre em história. Nele, o autor apresenta interessante fundamentação sobre influências de crenças, mitos e outros aspectos sociológicos que podem ter contribuído para a criação e para a grande comoção em torno do Caso Varginha. Ao leitor, por certo, caberá comparar e refletir. Mesmo que a Revista UFO não seja uma publicação científica, o que é característica do meio estritamente acadêmico, tem por obrigação oferecer aos leitores as várias faces de algo inegavelmente discutível. Nesta linha, pela primeira vez é publicado um trabalho de pesquisa científica, realizado em Varginha por universitários, para estudo do potencial turístico daquelas ocorrências que passaram a compor o mundo ufológico.
Testemunhas militares — Um dos principais pesquisadores do caso, Marco Antonio Petit, co-editor de UFO, que esteve na cidade mineira na época do desenvolvimento das primeiras investigações, vem agora oferecer novas informações que complementam algumas passagens que colheu nestes anos de constante busca de outras evidências testemunhais. E narra suas impressões tidas durante a gravação do depoimento importante de um militar, cuja contribuição a respeito da operação que retirou de Varginha o corpo de uma das criaturas capturadas foi crucial.
Outro consagrado ufólogo que compareceu ao município naqueles primeiros meses de descoberta dos desconcertantes eventos, Wallacy Albino, também consultor de UFO, conta em emocionado depoimento o que vivenciou. Albino tem contribuído desde janeiro de 1996, como incansável pesquisador e assina um artigo para esta edição por pertencer inegavelmente ao primeiro time de investigadores das ocorrências.
Em se tratando na equipe de pesquisadores, é tempo de fazer justiça a vários daqueles que se envolveram, de uma forma ou de outra, na cata de informações e coleta de valiosos dados que têm ajudado a esclarecer os fatos passados em Varginha. UFO publica pela primeira vez a relação completa de todos os estudiosos que compõem, direta ou indiretamente, a equipe responsável pela constituição deste que muitos consideram o mais comentado evento ufológico de todos os tempos. O critério foi o comparecimento deles, ao menos uma vez, à cidade de Varginha e região, para ajudarem nas investigações. Mesmo que quatro ou cinco ufólogos tenham sido mencionados como principais pesquisadores, o papel cumprido por todos que fazem parte da relação agora publicada tem sido indispensável.
Um dos pontos mais controvertidos e comentados do caso é a morte do policial que apanhara uma das criaturas ao anoitecer de 20 de janeiro de 1996. Muito se diz e há forte tendência, por parte de leitores, interessados e ufólogos, de acharem que a morte se deu porque o policial teria contraído algo desconhecido, algum tipo de bactéria ou vírus, ao ter capturado a criatura com as mãos desnudas. As investigações, até hoje, nada obtiveram que pudesse levar a tal conclusão. Desde o início da divulgação intensa dos seus resultados, foi esclarecido que a morte do policial permitiu aos principais pesquisadores descobrirem quais teriam sido os membros da polícia militar que efetuaram uma segunda captura naquela data já eternizada.
Criando controvérsias — Não há evidências de que a causa da morte tenha sido alguma espécie de contágio pelo contato direto com o comentado ser. Faz tempo que um dado constante do auto de necropsia – 8% de granulações tóxicas finas nos neutrófilos – foi esclarecido como presença comum em casos de septicemia ou infecção generalizada. Porém, é bom frisar, mesmo isso pode provocar controvérsias. A UFO 102 publicou entrevista de um dos médicos que atendeu o policial. Suas respostas, no entanto, geraram algumas discussões. Um médico francês pede alguns importantes esclarecimentos. Veja, portanto, nesta edição especial, tais discussões e o desfecho do processo-crime a que foi submetido o tenente-médico da polícia, que operou o policial de um abscesso na região da axila direita.
Outro respeitado pesquisador e intelectual volta a ser mencionado na Ufologia Brasileira. Lúcio Manfredi, que quando contava 13 anos de idade tornou-se famoso e respeitado por seus conhecimentos sobre astroarqueologia e a Atlântida. Escreveu interessantes comentários ao início de 1996, que agora são publicados para também compor o rol dos trabalhos que fazem supor explicações de cunho sociológico e até político para esses incidentes. Enfim, espera-se que o leitor considere esta edição da UFO Especial como um resumo e uma breve atualização do que a Ufologia Brasileira tem conseguido até o momento a respeito do Caso Varginha.