Há séculos a humanidade se depara com mistérios que parecem desafiar a nossa capacidade de compreensão. Quem tem contato com a casuística ufológica, em especial com os milhares de relatos de pessoas que afirmam terem sido abduzidas por extraterrestres, sabe que as descrições do fenômeno parecem muitas vezes absurdas e ilógicas — as vítimas afirmam terem sido afetadas por controle mental e paralisia, terem atravessado paredes e até detectado a presença de seres dentro de suas casas, sem nenhuma explicação sobre como isso pode se dar sem que sejam deixados rastros físicos.
Esse aspecto do fenômeno, o da falta de evidências físicas, que contribui para seu descrédito junto aos mais céticos, tem forte impacto nas vítimas, para quem tudo parece ser bastante real. Isso fica claro quando lemos os detalhados relatos sobre as experiências vividas pelos abduzidos, que incluem exames físicos e o implante de microchips em seus corpos. Quem passa por tais experiências chega a ter sintomas físicos e, no entanto, uma vez submetida a exames, os artefatos não são encontrados. Apesar disso, o “experienciador” tem a certeza de que não se tratou de um sonho, mas de um encontro real.
Diante desse quadro, onde a falta de evidências se choca com os milhares de relatos existentes em todo o planeta, a Ufologia vem se abrindo para uma nova possibilidade de explicação para tais acontecimentos — e essa nova possibilidade está proporcionando o encontro de duas vertentes de estudo, aquela ligada às evidências físicas e a chamada de Ufologia Psíquica, que considera a presença alienígena como ligada às manifestações interdimensionais e espirituais. O possível elo entre essas duas visões será elucidado pelo entrevistado desta edição, o professor Wagner d’Elói Borges, que possui ampla experiência na temática das experiências extracorpóreas.
Vivências extracorpóreas
Nascido no Rio de Janeiro, em setembro de 1961, Borges é pesquisador espiritualista, projetor extrafísico, escritor e conferencista. Ele também é consultor da Revista UFO e palestrante recorrente em vários de seus congressos. Borges iniciou seus estudos na área da espiritualidade por conta própria, ainda na adolescência, motivado por suas próprias vivências extracorpóreas. Guiado por suas experiências, pelos livros e por encontros que teve com pessoas como o professor e médium Waldo Vieira, por exemplo, desenvolveu um rol de conhecimentos sobre o mundo extrafísico, também conhecido tradicionalmente como “dimensão astral”.
Durante suas experiências fora do corpo, Borges frequentemente encontra seres que podem ser identificados como extraterrestres e veículos que se assemelham a naves espaciais. O pesquisador afirma já ter estado no interior de alguns deles e ter interagido com diversas tipologias de seres. Esses, em sua visão, são detentores de avançados conhecimentos espirituais e viriam à Terra para nos auxiliar em nossa jornada de crescimento moral e na expansão de nossa consciência [Ver box].
É interessante frisar que nas experiências de Wagner Borges, que incluem várias espécies de seres, estes sempre se apresentam de forma positiva, incluindo os chamados greys [Cinzas], tão frequentemente tidos como negativos e sem escrúpulos em seus propósitos para com a raça humana. Sobre isso, o entrevistado afirma que tem visto nesses seres “uma bondade muito grande, uma emanação de sentimento maior. Mas a internet está cheia de informações sobre eles serem negativos e muita gente afirma isso”.
Seres interdimensionais
As experiências fora do corpo, viagens astrais ou projeções extrafísicas são um fenômeno descrito há milênios por várias culturas. Nessas situações, os indivíduos afirmam que se separam, de modo voluntário ou não, do corpo físico e transitam naquele que é conhecido como o “duplo etérico” ou “corpo espiritual” por outras dimensões, além de interagirem com os espíritos de pessoas falecidas, seres interdimensionais ou provenientes de outros planetas — em muitas dessas incursões extrafísicas, a consciência humana projetada poderia viajar instantaneamente até outros pontos do universo, sendo essas experiências conhecidas como exoprojeções.
A visão dos principais pesquisadores brasileiros dessa área, aliás, varia consideravelmente no que diz respeito à abordagem das experiências em estados alterados de consciência. O citado Waldo Vieira, fundador da Conscienciologia, área dedicada ao estudo da fenomenologia das experiências extracorpóreas, passou a adotar um novo vocabulário mais científico para fenômenos tidos como espirituais. Já Borges adota uma forma mais simples e espontânea para comunicar as informações que recebe do plano espiritual, mantendo o universalismo e respeito a todas as religiões. Apesar dessas diferenças, ambos os pesquisadores tiveram experiências com extraterrestres dentro do contexto espiritual e as trouxeram a público.
Nesse panorama, há divergências no tocante à presença extraterrestre em nosso planeta. É de conhecimento público, graças à divulgação feita pelos meios espíritas e ufológicos, que o médium brasileiro Chico Xavier teve ao longo dos anos vários encontros com inteligências alienígenas, no curso dos quais teria recebido informações sobre a chamada Data Limite, quando a presença extraterrestre poderia ser revelada ao planeta, a partir de julho de 2019.
Transição planetária
Por causa dessas revelações, muito se tem falado sobre a transição planetária, período durante o qual a Terra e seus habitantes estariam prestes a sofrer uma série de profundas modificações, tanto no nível físico quando vibratório, objetivando a entrada em um novo ciclo de evolução espiritual. Já na opinião de Borges, a mudança seria um processo bem mais gradual. Ele também não concebe uma data definida para um acontecimento desse tipo. “A humanidade está evoluindo sempre, não há uma data limite para isso”, diz.
Outro ponto interessante e inovador a ser destacado da visão de Wagner Borges sobre as intenções dos seres e sua missão na Terra é a ideia de que os próprios extraterrestres reencarnariam em nosso planeta com o objetivo de estudo. “Acredito que parte dos abduzidos são extraterrestres reencarnados como humanos, com o objetivo de servirem de cobaias para os próprios colegas fazerem experiências”, especula. Mas apesar de ser apenas uma especulação, como o próprio autor afirma, esta poderia ser uma nova fronteira para o entendimento do aparente interesse dos alienígenas na raça humana.
Se considerarmos que, na perspectiva da visão psíquica da Ufologia, nossos visitantes se valem de veículos interdimensionais para ter acesso aos abduzidos, nada impediria que esses mesmos seres se infiltrassem na Terra, não somente na condição de híbridos, como alguns pesquisadores afirmam, mas em corpos propriamente humanos, por meio da transmigração da alma. Isso demonstraria um conhecimento sobre energias e dimensões que ultrapassa em muito a imaginação humana.
Atualmente, Wagner D’Elói Borges vive em São Paulo, onde atua no Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas (IPPB), instituição sem fins lucrativos fundada por ele em 1988 e que oferece cursos, palestras — ministradas por Wagner e convidados —, trabalhos de assistência espiritual e bioenergética. O entrevistado também é autor de 12 livros sobre assuntos paranormais e colunista do portal Somos Todos Um [www.somostodosum.com.br].
Entre suas publicações, Uma Lição Extraterrestre [Madras, 2002] é voltada para a temática ufológica, Ensinamentos Extrafísicos e Projetivos [Madras, 2005] traz preceitos da prática de projeção astral e Falando de Espiritualidade e Falando de Vida Após a Morte [Luz da Serra, 2012], abordam a questão espiritualista. A seguir conheceremos melhor o pesquisador que se define como “mestre de nada e discípulo
de coisa alguma” e os fascinantes assuntos aos quais ele se dedica.
Você tem uma vasta experiência com a fenomenologia parapsíquica e com experiências no mundo espiritual. Como tudo começou?
Bem, eu comecei a ter experiências fora do corpo aos 15 anos, quando morava no Rio de Janeiro. Eu era um jovem normal, que trabalhava em um escritório durante o dia, fazia o segundo grau à noite, jogava no time de futebol da rua, tinha namorada etc. E, a partir de 1977, comecei a experimentar as saídas do corpo de forma espontânea, sem programar nada.
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