O Continente Africano, berço da espécie humana, guarda tantos segredos que é possível que jamais saibamos sua real história e a dos povos e riquezas que ali já existiram. Muito da antiga informação sobre a África foi destruída pelos colonizadores europeus, que não conseguiam admitir que povos “muito atrasados”, segundo sua concepção, pudessem produzir maravilhas como as que foram encontradas em várias regiões do continente.
Entre os vários mistérios que a África abriga e que são sempre cobertos por controvérsias, estão, claro, casos ufológicos como o que veremos nesse artigo, que envolveram impressionantes intervenções de extraterrestres. No entanto, vale sempre a pena ressaltar que a África abrigou durante muito tempo civilizações adiantadíssimas sobre as quais quase nada sabemos pois nunca houve um real interesse em se pesquisar os vestígios encontrados.
Também é importante dizer que os grupos de arqueólogos locais, que hoje buscam descobrir a história oculta de seus países, esbarram com a falta de verbas e de incentivo para a pesquisa, além das dificuldades de locomoção e dos perigos representados, em alguns locais, por guerrilhas e fanáticos religiosos. A seguir vamos conhecer um impressionante caso ocorrido em um local cujo nome já é sinônimo de mistério, o Deserto do Kalahari.
Local perigoso
Em 1969, a enorme região desértica da então África Austral, que engloba partes de vários países, chamava-se Deserto do Kalahari e era administrada pela África do Sul. Nos dias atuais, nesse trecho, seu nome é Deserto da Namíbia e pertence à Namíbia, um país independente. Os nomes podem ter mudado, assim como as designações, mas o velho deserto continua lá, igual àquilo que sempre foi. Faz fronteira ao norte com Angola e uma estreita faixa o liga à Zâmbia. Ao sul está a África do Sul, a leste Botswana e a oeste o Oceano Atlântico.
Como todo deserto, o Kalahari é um lugar inóspito e traiçoeiro, merecedor de todos os cuidados por parte de quem se aventura a adentrá-lo. É necessário ter o mínimo de conhecimentos de navegação e saber dirigir corretamente um veículo 4×4 em dunas de areia para se levar a cabo a difícil tarefa de penetrar em seus domínios, mesmo seguindo as parcas trilhas existentes.
Os irmãos gêmeos Antonio Luís e Luís Antonio Pires Conceição, conjuntamente com o amigo Pedro Marques, resolveram ir até a cidade de Windhoek, hoje capital da atual Namíbia, quando tiveram uma surpresa. Saíram da cidade de Moçâmedes, no sul de Angola, na manhã de 17 de março de 1969, e entraram na fazenda de gado do tio dos gêmeos, cuja área limítrofe correspondia à linha de fronteira entre os dois países. Abriram uma das porteiras da propriedade e entraram no Kalahari profundo com um jipe Land Rover 108 sem cabine, todo aberto. Como não conseguiram encontrar nenhuma trilha, decidiram continuar deserto adentro, confiando apenas em seu sentido de orientação. Como vemos, nenhum dos procedimentos de segurança foram observados pelos três.
Luzes misteriosas
Depois de terem percorrido 130 km, quando desciam uma duna, Marques, que dirigia, perdeu o controle do veículo e o jipe capotou. Os três tiveram tempo de saltar do carro antes que a queda acontecesse, mas o jipe, depois de dar uma única cambalhota, parou no fundo da duna, de rodas para o ar. Sem qualquer possibilidade de saírem daquela situação e sem nenhum tipo de comunicação, a esperança dos três era a de que quando sua ausência fosse notada, alguém iniciasse a busca por eles.
Permaneceram naquela situação o restante do dia e da noite de 17 de março, o mesmo acontecendo nos dias 18 e 19. Como o jipe estava virado, não havia nenhuma sombra para se abrigarem do Sol e tiveram que suportar, a céu aberto, temperaturas superiores a 40 ºC. Durante a noite, sem qualquer agasalho disponível, a temperatura de 3 ou 4 ºC fazia com que se abraçassem uns aos outros para não congelarem. Sem nada para comer, bebiam a água do radiador do jipe, repleta de ferrugem e de terra. Após três dias nessa situação, o gêmeo Luís Antonio começou a ter convulsões e febre.
Pouco depois do início da noite de 19 de março, Antonio Luís e Marques, que ainda se encontravam lúcidos, viram uma série de luzes de diversas cores piscando sobre o cume da duna. Eles acreditaram que fossem grupos de resgate e comeram a sinalizar acenando e gritando: “Aqui, aqui. Estamos aqui”. As luzes então se dirigiram para eles. Mas, em vez de descerem a duna, pararam no ar, a cerca de 10 m sobre os amigos, que então puderam ver que vinham de um aparelho em forma de disco com cerca de 30 m de diâmetro.
Antonio Luís e Marques disseram que “o aparelho era perfeitamente redondo, como dois pratos de sopa, um sobre o outro, unidos pelas beiradas”. As luzes estavam em toda a volta da junção dos dois pratos e piscavam como os alertas dos carros. Eram azuis, roxas, vermelhas e laranja. E continuam: “Não se ouvia nenhum barulho, mas o ar à nossa volta estava ligeiramente agitado, como se soprasse uma brisa suave. O fundo do objeto era escuro e fazia lembrar o diafragma de uma máquina fotográfica, cheio daquelas seções de forma triangular, que vinham dos lados até ao centro, onde os seus vértices se uniam. A parte superior não era visível pois estávamos debaixo dele”.
“Literalmente levitamos”
Ainda segundo o relato das testemunhas, subitamente, o centro do fundo do aparelho abriu-se e um halo de luz forte e amarelada saiu dele, rodeando o jipe e nós três — era uma luz que não se projetou de imediato, como as luzes normais. “Ela veio crescendo e alargando-se em forma de cone, desde a sua fonte até nos alcançar. Ao sermos atingidos por ela, uma sensação de dormência tomou conta de nós. A luz parecia semissólida, como um gel”.
Os dois amigos começaram, então, a sentir que eram puxados para cima, em direção à base do forte halo de luz. “Foi como se tivéssemos ficado sem peso algum. Literalmente levitamos”, explicaram. Enquanto era puxado pela luz, estando já a mais de dois metros de altura, Antonio Luís viu Marques ligeiramente mais abaixo do que ele e sendo também sugado, e vislumbrou seu irmão, adormecido e encostado à lateral do jipe, onde eles o haviam colocado.
Ele ainda conseguiu gritar para o amigo que nã
;o podia deixar o irmão ali, sozinho, e gritou para que seu irmão acordasse. Foi então que reparou que Marques também estava desacordado, não dando sinais de vida. A seguir, Antonio Luís começou a sentir-se muito leve e teve a sensação de que ia perder os sentidos. “Foi a mesma sensação que tive quando fui operado do apêndice e me injetaram uma anestesia geral”, disse o rapaz. Depois disso, a testemunha não se lembra de mais nada.
Sem explicação
Luís Antonio, o irmão que havia ficado no chão, abriu os olhos e percebeu que estava deitado de costas na areia, com um Sol escaldante queimando o seu corpo. Olhou para o lado e viu Marques e o irmão deitados na mesma posição. Completamente tonto e com a cabeça estalando de dor, conseguiu ajoelhar-se e começou a abanar os dois, chamando-os pelos nomes para tentar acordá-los.
Marques acordou quase em seguida e Antonio Luís demorou mais algum tempo para voltar a si. Quando todos já estavam lúcidos, olharam em volta para ver se entendiam a situação em que se encontravam. Constataram que ainda estavam no deserto, mas ao lado de uma estrada regular. Ao fundo dela, a 4 ou 5 km de distância, era possível observar o mar e algumas construções, que tremiam devido ao calor emanado do solo — eles imaginaram que estavam tendo uma miragem.
Com dificuldades, conseguiram se recompor um pouco e constataram que, além de não saberem onde se encontravam, o jipe não estava com eles. Isso fora o fato de que Luís Antonio, que tinha permanecido desacordado e ardendo em febre, parecia encontrar-se fisicamente melhor do que os outros. Ele não se lembrava do UFO, mas Antonio Luís e Marques recordavam-se de tudo até o ponto em que foram sugados pela luz. Amparando-se uns aos outros e caminhando com dificuldade, resolveram seguir a estrada em direção às construções. Sentiam uma sede mortal e os seus organismos sequer eram capazes de produzir saliva. Tinham dores de cabeça terríveis e os seus corpos pareciam latejar.
Como todo deserto, o Kalahari é um lugar inóspito e traiçoeiro, merecedor de todos os cuidados por parte de quem se aventura a adentrá-lo. É necessário ter conhecimentos de navegação e saber dirigir corretamente um veículo 4×4 em dunas de areia
Como o Sol estava muito forte, despiram as camisas e enrolaram-nas à volta da cabeça para melhor se protegerem. Feito isto, Antonio Luís reparou em algumas marcas, na parte esquerda das costas de seu irmão, na parte do ombro, perto da coluna. Verificando melhor constatou que se tratavam de duas pequenas cicatrizes, quase juntas — uma perfeitamente circular e com pouco mais de um centímetro de diâmetro e, a outra, ao lado, completamente reta e com o mesmo comprimento. O irmão não soube responder de onde vieram aquelas marcas e afirmou que não tinha qualquer cicatriz naquele local.
Marques se aproximou e confirmou a existência das cicatrizes. Depois, observando as costas do próprio Antonio Luís, verificou que ele também tinha as mesmas marcas e no mesmo local. Preocupado, pediu aos amigos que olhassem suas costas, mas não havia nada ali. Só mais tarde percebeu que também tinha aqueles sinais, mas que em seu caso eles estavam situados no lado exterior da sua perna direita, cerca de 10 cm abaixo do joelho.
Lançado o alerta
À medida que se aproximavam das construções, suas forças iam diminuindo e só conseguiram continuar caminhando porque ficaram com a certeza de que, afinal, não se tratava de uma miragem. Os edifícios continuavam no mesmo lugar, iam ficando mais perto e maiores, e já não tremulavam tanto. Antes mesmo de terem alcançado a zona edificada, foram notados por pessoas do local e um jipe foi ao seu encontro.
Ficaram sabendo, então, que estavam na fábrica de farinha de peixe de Porto Alexandre, localidade situada ao sul de Moçâmedes e a cerca de 100 km da cidade. Mesmo antes de se identificarem, os habitantes do local os reconheceram, pois havia três dias que radioamadores e estações de rádio estavam permanentemente lançando o alerta sobre o seu desaparecimento. Souberam ainda que era dia 21 de março e que seu jipe havia sido encontrado no dia anterior, mas a 310 km dali.
Quando lhes perguntaram como haviam chegado até lá, não souberam responder. Assim como também não sabiam o que lhes tinha acontecido durante a noite de 19 e durante todo o tempo até o dia 21. Não entenderam como Luís Antonio havia se curado de um momento para o outro e como todos tinham adquirido as mesmas cicatrizes. O tio dos gêmeos era um dos homens de maior influência e poder naquela região e, a seu pedido, o caso nunca foi devidamente comentado na mídia — as únicas notícias postadas posteriormente diziam apenas que os três rapazes tinham sido encontrados e que estavam em recuperação.
A pesquisa do fato
Este autor era amigo dos três jovens e de suas famílias, especialmente de Pedro Marques, atestando sem hesitação que todos eram pessoas honestas e incapazes de inventar tal história. Aliás, os fatos comprovam a impossibilidade de ser uma invenção, pois os três amigos, em circunstâncias normais, nunca poderiam ter percorrido a pé mais de 300 km de deserto, muito menos nas precárias condições físicas em que se encontravam.
O estado dos três jovens foi classificado como preocupante pelos homens que os recolheram na estrada de acesso a Porto Alexandre. Todos ficaram internados em um hospital durante quatro dias, recebendo assistência psicológica e sendo tratados da desidratação. Sem dúvida alguma, esse é um fato verídico e que envolveu abdução e salvamento de vidas humanas por quem quer que estivesse naquele UFO.
Em 1993, em Lisboa, este autor reencontrou-se com Pedro Marques e lhe propôs fazer uma sessão de hipnose regressiva com a finalidade de tentar descobrir o que havia acontecido a ele e aos gêmeos durante o episódio de tempo perdido que experimentaram após o encontro com o UFO — Marques aceitou de imediato, pois há quase 30 anos desejava saber o que lhe ocorreu naquela ocasião. Combinamos um encontro para o dia seguinte, para que ele conhecesse o psiquiatra e os dois psicólogos que, juntamente comigo, iriam conduzir a regressão.
A testemunha contou que já havia efetuado dois exames de raios X e duas sonografias no local de sua perna direita onde haviam surgido as cicatrizes, mas que em nenhuma delas fora detectado algo de anormal. Após o encontro, marcamos a primeira sessão para uma semana mais tarde. Meu amigo não tinha notícias dos gêmeos desde 1975, quando todos haviam saído de Angola — ele havia ido para a África do Sul completar seu curso de engenharia e os gêmeos seguiram para os Estados Unidos, para finalizarem
seus estudos. Quatro ou 5 anos mais tarde, por intermédio de um amigo em comum, Marques soubera que ambos se haviam radicado em San Francisco, onde tinham aberto, juntamente com o tio, uma fábrica de moldes de fibra.
No início da sessão de hipnose regressiva foi sugerido à testemunha que procurasse fazer uma descrição pormenorizada de tudo o que observasse, pois os detalhes seriam importantes. Depois de estar em transe, sua narração começou na altura em que já se encontrava dentro do UFO. Disse ele: “Estou sentindo muito frio. Estou totalmente paralisado e não consigo mexer nenhuma parte do corpo, só os olhos. Estou assustado pela inusitada situação e porque não consigo enxergar nada”.
“Tudo está turvo”
E continua a relatar a experiência: “Tudo está turvo. Há algo que parece ser uma máscara sobre o meu rosto. Parece que respiro por meio dessa máscara, que tem duas proeminências sobre os olhos. A parte que cobre os olhos está grudada na pele, formando duas pequenas caixas como óculos usados em natação, e estão cheias de um líquido transparente. Meus olhos estão banhados por esse líquido. Deve ser por isso que a minha visão está turva. Começo a entrar em pânico. Tento gritar com todas as minhas forças, mas não produzo som algum. Será que morri?”
Nesse ponto do relato a testemunha ficou muito agitada e foi necessário intervir, acalmando Marques. Mas depois de ultrapassado o problema, ele continuou sua narrativa, dizendo que conseguia perceber e sentir que alguém se aproximava dele. “Enxergo um vulto completamente desfocado por causa do líquido que tenho nos olhos. Sinto que estão tirando a máscara e removendo os ‘óculos’. O líquido que tinha sobre os olhos saiu, mas voltaram a introduzir outro, apenas umas gotas. A coceira é muito forte e os meus olhos começam a produzir lágrimas. Estou começando a enxergar melhor, mas ainda está tudo desfocado. Mas… O que é isto?! Que raio de coisa é esta? É um homem! Mas não é homem! É um… Lagarto com aspecto de homem. Não pode ser. Não é possível…” Novamente foi necessário intervir para acalmar a testemunha.
Sem qualquer perigo
Pouco depois, com Marques já mais calmo, solicitamos que voltasse ao instante em que havia parado e que se lembrasse que aquela situação já havia acontecido há muito tempo e que, portanto, não lhe oferecia qualquer perigo. Ele então contou que “a criatura é da altura de um homem ou maior, mas muito magra. Tem o aspecto físico e as proporções de um homem, mas o seu rosto e as suas feições são muito semelhantes às de um lagarto. A sua pele é de um tom acastanhado e parece meio escamosa, com manchas mais escuras. Os olhos são muito maiores que os nossos, negros esverdeados, um pouco repuxados, e a pupila não é redonda, mas vertical. O nariz é grande e achatado e a boca é pequena, mas bicuda. Não tem orelhas, mas ligeiras elevações cutâneas à volta dos buracos dos ouvidos”.
Continuando seu relato, a testemunha disse que o ser se aproximou de seu rosto e olhou profundamente em seus olhos. Em seguida, Marques apavorou-se, pois disse que a criatura estava dentro de sua mente. “Ele está me dizendo, sem falar, para eu ficar calmo. Diz que não corro nenhum perigo. Que eles só intervieram para que nós não morrêssemos no deserto e que os gêmeos também estão bem. Disse que dentro em breve estaremos recuperados e, depois de nos mostrarem algo, irão nos devolver. Agora ele se afastou”.
O fundo do objeto era escuro e fazia lembrar o diafragma de uma máquina fotográfica, cheio daquelas seções de forma triangular, que vinham dos lados até ao centro, onde os seus vértices se uniam. A parte superior não era visível de onde estavam
Em seguida a testemunha falou que estava em uma sala que parecia ser redonda, com paredes de alumínio e móveis difíceis de ver, pois pareciam extensões das próprias paredes, como se fossem moldados nelas. Ele também disse que não sabia de onde vinha a iluminação, mas tudo estava iluminado por igual. “Estou confortável, mas sinto muito frio. Estou nu… O teto sobre mim é arredondado e polido e a minha imagem reflete-se nele, nu”.
Em seguida, Marques narrou que via outra mesa com alguém deitado sobre ela: “Não consigo ver quem é. Deve ser um dos gêmeos… Três ‘lagartos’ estão agora se aproximando daquela mesa. Trazem diversos utensílios em uma bandeja e um deles transporta um aparelho que parece um suporte de soro, daqueles que usam nos hospitais, mas que tem uma caixa com uma extensão que parece uma ‘broca de dentista’. Levantam o corpo e sentam-no. Ele também está nu! Consigo ver pelo canto do olho que é um dos gêmeos, mas não posso precisar qual”.
“Não, não, sumam daqui”
E continua: “Uma das criaturas pega nos utensílios da bandeja e começa a fazer algo nas costas ou na nuca do gêmeo. Terminou. Agora aquele que trouxe a broca de dentista a coloca no lugar das costas onde o outro esteve mexendo. Ouço um baque seco e baixo, como o produzido por uma descarga de pressão de ar seguida de um curto silvo agudo. Eles voltam a colocar o gêmeo de costas na mesa, mas seu corpo não mostra nenhuma reação. Agora dirigem-se para mim trazendo todos aqueles apetrechos… Não, não, sumam daqui!”
Mais uma vez precisamos intervir para acalmar a testemunha, que nos contou que os seres fizeram com ele um procedimento igual ao feito nas costas do gêmeo, só que na lateral exterior da sua perna direita, abaixo do joelho. Ele também deu mais detalhes do que conseguia observar dentro do local, voltou a mencionar a luz que tudo iluminava e que emanava de alguma fonte não visível, continuando a queixar-se que estava com muito frio. Depois contou que os seres trouxeram uma placa de vidro retangular com os cantos arredondados e a colocaram sobre ele — ela estava suspensa no ar pois não tinha nenhum suporte nem nada que a segurasse. Estava flutuando acima dele e afastada cerca de um metro. Em seguida, untaram o seu corpo com uma espécie de gel com um forte odor de mel e abandonaram o local.
Quase de imediato o rapaz viu a placa de vidro começar a ficar alaranjada e um delicioso aumento da temperatura teve início. Aquele súbito aquecimento corporal, aliado ao cansaço físico e mental que sentia, fizeram com que, mesmo naquelas circunstâncias, o sono vencesse e Marques adormeceu. Nesse ponto nós o trouxemos de volta à consciência. Após explicarmos a ele o que havia acontecido, o rapaz se mostrou disposto a continuar e marcamos nova sessão para dali a 15 dias.
A segunda sessão
A testemunha chegou bem-disposta e depois de conversamos um pouco recordamos que ele deveria atentar os detalhes, tal como fizera na primeira vez — isso era importante para podermos fazer uma ideia do ambiente que o rodeava. Começamos, então, de onde hav&iac
ute;amos parado na primeira regressão e, à determinada altura, Marques disse que já sentia novamente o corpo e que podia começar a se mexer.
“Levo a mão direita à cabeça, pois me sinto tonto e fraco. Uma das criaturas se aproxima de mim com algo na mão. Retira a placa de vidro que se encontra sobre o meu corpo e me ajuda a sentar. Ela me entrega o recipiente que traz na mão, um frasco de vidro redondo e transparente, como as mamadeiras dos bebês. No topo há uma proeminência com um furo. Ela faz sinal para que eu beba. Só nessa altura é que percebo que estou com fome. Começo a beber o líquido, que está morno e tem cor de cenoura, mas o seu sabor lembra um pouco a hortelã. Quando devolvo o recipiente, reparo nas mãos da criatura — são marrons esverdeadas. Têm cinco dedos que são mais compridos do que os nossos e uma pequena membrana entre eles, junto à união com as mãos. As unhas são mais compridas e pontudas do que as nossas, mas têm metade da largura, me fazem lembrar minúsculas garras”.
Nessa altura, outro ser se aproxima trazendo as roupas da testemunha e pede a ele que se vista, pois “o tempo está acabando”. A comunicação, novamente, se dá por telepatia e o rapaz diz que sente alguma dificuldade para se vestir, pois, além de fraco, sentia um enorme peso sobre ele. “Parece que alguma coisa me empurra para baixo. É como se pesasse uma tonelada. Dois lagartos, um de cada lado, me pegam pelos braços e me ajudam a andar. Eles me levam a uma parede na qual surge uma abertura que lembra uma porta automática, só que neste caso a porta não correu — foi a parede que simplesmente sumiu”.
Eles entraram em outra sala, que também pareceu ser redonda. “É difícil ter precisão, porque não existem cantos e não há uma separação visível entre o chão, as paredes e o teto — a sensação é a de que está tudo no mesmo plano. Parece que estou dentro de uma esfera. Duas pessoas estão sentadas em uma espécie de banquinhos que saem do chão, como se fossem um prolongamento dele. Estão de costas para mim, mas reconheço que são os gêmeos. Há um terceiro banquinho ao lado dos outros, que está vago. Sentam-me nele. Quando os gêmeos me veem, começamos todos a falar ao mesmo tempo”.
Homens-lagartos
Durante algum tempo a testemunha relatou aquilo que os três amigos, nervosa e atabalhoadamente, iam tentando dizer uns aos outros — todos tinham passado por situações idênticas. Luís Antonio, que era o mais debilitado no deserto, parecia dos três ser aquele que tinha melhores condições físicas. Mas também era o que estava mais assustado com tudo aquilo, porque, como estava desacordado no deserto, não se lembrava de ter sido levado para bordo do UFO. Eles não sabiam onde estavam, nem sabiam quem ou o que eram os homens-lagartos. A única coisa que sabiam era que tinham salvado suas vidas, que os haviam tratado e, por conseguinte, não pretendiam lhes fazer mal.
Em seguida a testemunha narrou que a parede à frente deles começou a ondular ligeiramente e surgiu uma enorme janela. “O metal da parede parece retrair-se e, simultaneamente, no seu lugar foi surgindo um vidro ou algo que parece ser vidro. O metal deixou de ser opaco para passar a ser transparente. Não existe qualquer caixa ou moldura à volta do vidro. A parede simplesmente deixa de ser metal e passa a ser de vidro. Do lado de fora, um pouco afastada, há uma enorme parede de rocha. O chão também é de rocha. Parece ser uma caverna, mas é enorme, descomunal. Está iluminada por uma luz branca, mas não tão clara como a do cômodo onde nos encontramos. Não há ninguém nem nenhuma atividade lá fora”.
Marques notou que junto à parede havia um retângulo imenso de aspecto metálico que lembrava um contentor de navio, mas de tamanho imenso, e que à direita havia um tubo metálico medindo 3 ou 4 m de diâmetro que ia do chão ao teto da caverna. Em todo o comprimento do tubo havia uma fileira de luzes paralelas, verdes e azuis que piscavam alternadamente em toda a sua extensão. “Um homem-lagarto surgiu e colocou-se à nossa frente. Tenho a impressão de que ele não veste nenhuma roupa — só sua pele de aspecto escamoso cobre o seu corpo, ou talvez seja um traje parecido com aqueles que os mergulhadores usam, não sei. Mas ele está calçado com botas marrons. Começa a falar. Desta vez expressa-se oralmente, em português, mas com um estranho sotaque”.
Revelações surpreendentes
O estranho os informou que eles haviam ido contra as suas normas para salvar a vida dos três. “Vocês não fazem parte dos humanos que monitoramos, mas interagem com alguns deles e sua morte poderia alterar algo já estabelecido. Isso não deve acontecer. Dentro em breve vocês serão devolvidos ao seu lugar. Ainda não foram devolvidos porque uma forte descarga magnética proveniente de seu Sol está atingindo a Terra. Essa força interfere com alguns dos nossos instrumentos de navegação e por isso nos protegemos neste lugar. Vocês também necessitavam de medicamentos específicos que não temos a bordo, mas que possuímos neste lugar. Agora virá o comandante falar com vocês. Ele é um sábio e muito rude. Aconselho a que não o interrompam e que mostrem respeito”.
O homem-lagarto afastou-se e outro, um pouco mais alto e com um tom de pele mais escuro, colocou-se à frente dos três amigos. Apertando o botão de um pequeno aparelho que trazia na mão, ele fez “nascer” do chão uma pequena mesa. Um terceiro lagarto aproximou-se e colocou uma caixa metálica sobre ela. Então, o comandante olhou para os três amigos intensamente, começando a falar, também oralmente e em português:
“Não era para vocês tomarem conhecimento da nossa existência. Mas como tivemos que interagir para salvar suas vidas, é inevitável que lhes conte e mostre aquilo que também não deviam conhecer nem ver. As nossas leis mandam que todos os humanos com quem tenhamos contato sejam informados de igual modo. Estamos simplesmente cumprindo as regras. Neste momento nos encontramos dentro de uma caverna, que é um dos vários lugares deste planeta onde temos instalações. Muitos de nós já nasceram aqui e muitos outros aqui vivem. Somos originários de um sistema planetário desta galáxia que é visível da Terra em determinadas conjugações astronômicas”.
A criatura era da altura de um homem ou maior, mas muito magra. Tinha o aspecto e as proporç&ot
ilde;es de um homem, mas o seu rosto e feições eram semelhantes às de um lagarto. A sua pele é de um tom acastanhado e parece meio escamosa e com manchas
Entre outras coisas, o estranho ser explicou que os móveis da nave, que pareciam “nascer” do chão e das paredes, assim como a parede de metal que virou janela, transformavam-se devido não só à forma de concepção da embarcação e aos materiais usados em sua fabricação, mas sobretudo por causa da tecnologia utilizada, que no futuro os homens chamariam de “nano” — tudo que aparecia e desaparecia não passava de deformações programadas do conjunto inicial. Eram ativadas por impulsos eletromagnéticos e formavam-se a partir do corpo da própria nave. Quando desativados, voltavam a integrar-se completamente ao material circundante, desaparecendo.
Explicou ainda que viajavam pelo espaço utilizando as linhas de força dos corpos celestes, quando se encontravam dentro dos sistemas estelares. Nas grandes viagens usavam um dispositivo capaz de distorcer o espaço-tempo, o que lhes permitia criar e navegar por dentro de túneis atemporais, reduzindo a quase nada as enormes distâncias entre as estrelas. Dentro da atmosfera dos planetas esse mesmo sistema, atuando de modo diferente, mas produzindo um efeito semelhante, permitia a criação e projeção de um túnel de vácuo à frente da nave, fazendo com que esta fosse sugada para o seu interior e, assim, pudesse se deslocar com a velocidade e sentido desejados — o equilíbrio e sustentação da nave era complementado por outro sistema que anulava a gravidade.
“Tela de cinema”
Aquilo a que chamamos combustível para eles era uma força proveniente de um complicado sistema que junta determinado tipo de cristais líquidos com o mercúrio, e que só pode ser ativado em consonância com a força anímica do operador. No entanto, quando a nave se encontra em planetas cuja gravidade ultrapassa determinado índice, esse sistema, devido à massa específica dos elementos que o compõem, não funciona com perfeição, provocando o seu aquecimento e sujeitando-o a falhas. Por vezes é necessário recorrerem ao uso de enormes quantidades de água para esfriá-lo.
E, terminando as suas explicações, acrescentou: “Aquilo que irão ver a seguir influenciará suas vidas futuras. Para seu bem, as imagens têm um processo próprio de indução que fará com que se lembrem do que irão presenciar apenas em seus sonhos — e irão julgar que são apenas sonhos. Mas mesmo assim elas vão alterar seus rumos. Depois de assistirem às projeções serão postos em estado de sonolência, esquecerão de tudo que aqui se passou e serão devolvidos a um lugar onde outros de vocês os poderão ajudar”.
Em seguida o ser se afastou e o vidro da janela à frente dos rapazes começou a mudar para se tornar uma espécie de “tela de cinema” e algumas imagens começaram a aparecer diante de seus olhos, enquanto o comandante ia tecendo comentários sobre elas. De repente, algo que a testemunha viu em suas memórias o deixou extremamente agitado e ela começou a balbuciar coisas como: “Mas não pode ser! Não! Luís, Antonio, vocês estão vendo o mesmo que eu? Não pode ser. Como pode ser isso?”
A testemunha ficou tão transtornada que interrompeu a narração na hipnose regressiva e nós, vendo que não conseguíamos acalmá-la, não insistimos mais, pois aquilo estava lhe causando muito estresse — resolvemos parar por ali e trazê-lo de volta. Marques estava verdadeiramente abalado. O que quer que ele tenha visto e ouvido alterou severamente seu estado emocional. Ele não disse mais uma palavra sobre o assunto, apenas comentou que iria refletir sobre tudo o que acontecera e que gostaria de voltar a fazer mais uma regressão, começando do lugar onde agora havia parado. Para ele o mistério já estava desvendado, mas faltava ainda saber como e quando os seres o haviam largado no deserto. Só depois de obter essa informação é que daria o caso como encerrado.
Terceira sessão
Agendamos então outra sessão para dali a 10 dias, e apenas entre os membros do grupo de trabalho, sem o conhecimento da testemunha, decidimos que iriamos prepará-la para ser apenas um assistente daquilo que iria reviver, e não o interveniente direto. Prevíamos que talvez desse modo fosse mais fácil para Marques e assim ele pudesse relatar o que vira e ouvira, que para nós passaria a ter uma importância crucial na tentativa de entendimento do caso.
Em 01 de maio de 1993, Pedro Marques chegou sem a boa disposição que mostrara nas sessões anteriores. Já em plena regressão, e depois de ter relatado que todos estavam desacordados quando foram deixados no deserto — pois foram postos para dormir dentro do UFO e acordaram já em terra —, tentamos que ele voltasse um pouco e nos contasse o que vira nas projeções dentro da nave. Mas ele se manteve em silêncio. Diante de nossa insistência, começou a ficar bastante agitado e começou a se debater, quando nós o trouxemos de volta.
Passado algum tempo do final da sessão, perguntei ao homem se ele nos poderia nos contar o que vira projetado na tela dentro do UFO e o que o comandante lhes dissera. “Peço desculpas a todos, mas eu não sou capaz de contar aquilo que vimos e ouvimos. Não consigo. Existe algo que me impede de fazê-lo. É como se fossem coisas pessoais, íntimas, e não são. No fundo, dizem respeito a todos nós, mas mesmo que eu contasse algo, sem vocês verem as imagens e ouvirem as palavras do homem-lagarto, tal como ele as pronunciou, não entenderiam. Sei que é difícil e até frustrante não dizer nada, mas simplesmente não sou capaz. Há algo dentro de mim que me inibe fortemente de fazê-lo”.
Nenhum de nós conseguiu extrair mais qualquer informação da testemunha. Nem naquele momento, nem nunca mais. Eu havia conhecido Pedro Marques 30 anos antes, em Angola, quando ainda éramos estudantes e fazíamos parte da mesma turma. Desde aquela época ele sempre se comportou como uma pessoa equilibrada, coerente e verdadeira — nunca fora um excêntrico nem um sonhador. Era conhecido e tido por todos como um sujeito objetivo e prático. Depois da segunda regressão, pareceu que ele havia perdido muito da sua faceta brincalhona e alegre, passando a mostrar-se mais fechado e introspectivo. Creio até que entristeceu.
O que chama a atenção
Um dos fatos mais relevantes na narrativa de Pedro Marques, e dos que apresentam mais força para validar a histó
ria, é a aplicação do termo “nano” por parte do comandante. O caso ocorreu em 1969, data em que a ciência ainda não fazia uso dessa especificação técnica. Pelo menos o seu conceito e significado, não eram do domínio público. E sendo assim, tal designação não poderia ter sido inventada pela imaginação da testemunha.
O fato de que, com o passar de quase 30 anos, desde o dia da abdução até ao dia da regressão, o termo “nano” pudesse ter sido acrescentado por sua mente não parece ser uma explicação válida, mesmo tendo-se em conta que em 1993 — ano da regressão — tal palavra já começara a ser divulgada. Dando consistência a essa e a outras improváveis assimilações, está o fato de a testemunha ter também usado a expressão “tela de cinema” para a projeção que lhe foi mostrada, e não televisão, tela ou monitor.
Por outro lado, naquele tempo, em plena África, só uma reduzidíssima quantidade de pessoas havia ouvido falar em discos voadores, naves extraterrestres e alienígenas — só quem havia se interessado pelas raríssimas divulgações existentes tinha uma vaga ideia sobre o assunto. E Pedro Marques, com a sua mentalidade voltada para a engenharia, não era minimamente ligado a esses temas. Assim, também a descrição do invulgar funcionamento e do modo de viajar da nave dificilmente poderiam vir da imaginação da testemunha. Este caso é realmente intrigante.