O autor italiano Maurizio Cavallo é um homem que tem uma grande sensibilidade expressa em sua ampla versatilidade. Além de escritor e poeta, é também jornalista, músico, estudioso de parapsicologia e médium. Tornou-se conhecido mundialmente pela narrativa de suas experiências como contatado e abduzido por seres que ele alega que vêm de um planeta chamado Clarion. Contudo, o que o tornou mais célebre não foram propriamente as vivências, mas um particular inédito na história da Ufologia: Cavallo apresentou ao mundo uma série de fotografias de seus supostos abdutores, que teriam sido feitas com a permissão dos seres.
As fotos provocaram grande controvérsia no ambiente ufológico e, ao mesmo tempo, despertaram a curiosidade do público em geral. Entrevistado deste mês, Maurizio Cavallo, também conhecido sob o pseudônimo de Jhlos, é autor de três livros publicados pela Editora Verdechiaro: Oltre il Cielo [Além do Céu, 2005], Alle Sorgenti del Tempo [Nas Origens do Tempo, 2009] e Fulgori do Abismo [Fulgores do Abismo, 2012].
Nas páginas desses livros são amplamente descritas as suas experiências, que tiveram início na noite entre 12 e 13 de setembro de 1981 e continuaram nos anos seguintes. São experiências verdadeiramente incríveis que o levaram, nas palavras do próprio Cavallo, a uma transformação psicológica total que, no entanto, não ocorreu de imediato, pois o início do contato ufológico se deu de maneira semelhante ao de tantos que experimentaram a mesma situação — ele foi tomado pelo pavor diante do desconhecido e tentou resistir às primeiras abduções, segundo ele, por não entender que estava diante de um importante caminho iniciático.
Uma nova visão
A presente entrevista também visa a uma maior divulgação desse personagem e de suas experiências no Brasil, especialmente neste período de grandes mudanças em todos os níveis pelas quais passamos hoje. As abduções vivenciadas por Cavallo têm implicações muito interessantes e, se por um lado apresentam elementos comuns a diversos relatos já conhecidos no mundo ufológico — como, por exemplo, o controle mental que parece direcionar o abduzido e a presença de alterações orgânicas —, por outro mostram algumas características sui generis, como a própria evolução do entendimento que ele teve sobre o fenômeno no desenrolar dos acontecimentos e a extrema lucidez com a qual ele garante tê-lo acompanhado a cada experiência.
Essa lucidez é que o levou a questionar profundamente o que acontecia, fazendo-o crer ter enlouquecido e procurar desesperadamente um modo de provar para si mesmo a veracidade do que vivia, o que teria resultado nas tão comentadas fotografias, o ponto sem dúvida mais polêmico abordado durante a entrevista. A divulgação desse material, como seria previsível, rendeu ao autor diversos ataques e críticas, às quais ele afirma reagir mantendo-se tranquilo, posto que a finalidade inicial ao fazer as fotos era dar a si mesmo um feedback sobre a experiência e assegura-se de que não havia perdido a razão.
As próximas páginas trarão ainda informações detalhadas sobre os habitantes do planeta Clarion, que seria um planeta muito singular, iluminado por dois sóis e que abrigaria uma civilização extremamente avançada não somente tecnologicamente, mas especialmente nos âmbitos social, moral e espiritual. Os livros citados descrevem as viagens a bordo de naves espaciais dos clarianos, que Cavallo chama de “cronodimensionais” e que o levaram ao passado e ao futuro do planeta Terra, e também a localidades remotas do universo.
O autor conta que, nessas excursões, muitos mistérios lhe foram apresentados e muitas sombras iluminadas entre revelações e mudanças anunciadas para o futuro. Assimilar tantas informações avançadas foi um processo que Cavallo narra como “terrível”, o qual o teria despojado das ilusões humanas e causado a profunda transformação em seu ego, transportando-o do status de abduzido para aquele de contatado. Essa nova condição se fez notar em sua personalidade, mas também no tom de seus livros, que não se contentam somente em narrar os encontros com os seres, mas principalmente comunicar à humanidade sobre a existência de civilizações cujo grau evolutivo está ainda muito além de nossa capacidade de compreensão. Segundo Cavallo, os clarianos também tiveram um papel nas origens da espécie humana e aqui permanecem até os dias atuais, auxiliando e monitorando as ações da humanidade em suas diversas bases esparsas no subsolo terrestre, dentre elas uma importante base localizada no coração da Amazônia brasileira.
Criador e criatura
Assim, na mesma linha de ufólogos bem conhecidos, como Zecharia Sitchin e Erich von Däniken, também o nosso entrevistado afirma que a criação da espécie humana se deve a algumas raças alienígenas, mas sua intenção não consiste em negar os chamados livros sagrados nem as teorias sobre a evolução. “As minhas afirmações não refutam em nada as alegações contidas na Bíblia, que, entre outras coisas, não é um livro sagrado, mas um conjunto de crônicas proto-históricas fragmentárias”, explica. Maurizio Cavallo esclarece que as teorias científicas em geral são apenas conjeturas, suscetíveis de mudar com o surgimento de qualquer nova hipótese que as substitua, e que a humanidade precisa permanecer humilde e aberta a informações novas e contínuas do cosmos.
Como se pode ver, as questões controversas provocadas pelo nosso entrevistado não se limitam apenas às fotos ou vídeos que ele mostra em suas conferências em todo o mundo. Muitas de suas declarações nas entrevistas divulgadas em programas de TV e em seus livros causaram desdém naquelas partes das comunidades acadêmica ou eclesiástica que, nas palavras dele, detém a “verdade oficial”. Esse ponto fica claro quando Cavallo questiona a incredulidade diante da afirmação de que os habitantes do planeta Clarion e outras raças alienígenas vivem entre nós: “Mas então por que causa tanta surpresa? Não são os próprios textos chamados de ‘sagrados’ que descrevem a interação entre o humano e entidades celestes? E não são os emissários do divino os anjos astrais que, descidos do céu, andam entre os homens?”
Mas as declarações do contatado não param por aí. Em sua opinião, existe um plano alienígena preestabelecido: “A execução de abduções e outras múltiplas formas de contato para interagir com a humanidade, mais ou menos evidentes, fazem parte de uma metodologia de aclimatação adequada para a geração de uma humanidade futura, mais evoluída, consciente de seu papel na economia do universo multidimensional e no eterno devir cósmico”. Existiria ainda um critério de escolha dos sujeitos que serão alvo das abduções segundo a linhagem familiar, geração após geração. O escritor declara ser esse o seu caso, pois teria descoberto, em um dos contatos com os seres, que também a sua mãe, já falecida, havia vivido o mesmo processo. Tais informações não são novas na casuística da Ufologia e parecem se referir à manipulação genética dos sujeitos abduzidos. No caso de Cavallo, as intenções desse plano são totalmente positivas e se destinam tão somente ao benefício da humanidade.
Com uma linguagem lírica e poética, Cavallo responde aos questionamentos em seu estilo marcante, que nos permite enxergar, na riqueza de suas descrições, os belíssimos panoramas de Clarion, e também carrega de tensão os relatos do início de suas vivências. Já as tão faladas fotografias retratam o que seria o rosto de alguns seres, e fazem parte, como assegura o autor, de uma série de outros documentos — como diversas fotos que supostamente retratam avistamentos das naves interestelares dos clarianos, também divulgadas, e outros materiais que Cavallo afirma ter registrado, como vídeos do planeta Clarion, os quais não foram divulgados. Fica o convite para que o leitor decida por si mesmo a r
espeito da credibilidade dessa fantástica história.
Sua experiência é praticamente desconhecida aqui no Brasil. O senhor poderia, por favor, nos contar como tudo começou? Bem, na noite de 12 de setembro de 1981, eu havia saído para jantar com amigos em uma pizzaria e depois decidimos dar um passeio de carro pelas colinas de Monferrato, em busca de frescor, devido ao forte calor daquele fim de verão. Assim que chegamos a uma clareira, enquanto estávamos saindo dos carros, o céu escuro foi dilacerado por um artefato como um bólido incandescente, uma esfera de fogo surgida do nada.
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