O trabalho de investigação de campo realizado pelos irmãos Facury Ferreira, com apoio de João Carlos Belo e Armando Aparecido Monteiro, é extremamente saudável para a Ufologia e pode vir a constituir num marco dessa disciplina, não só quando praticada no Brasil, mas também no exterior. Ao longo das últimas décadas, fenômenos inusitados em formato circular têm sido registrados em plantações de cereais ou pastagens de várias partes do mundo. Não raro, quando não explicadas satisfatoriamente, ou em razão da precipitação de ufólogos inexperientes, são imediatamente atribuídos a marcas de pousos de discos voadores. Os autores do trabalho que publicamos nestas páginas, através de uma notável e persistente diligência, que não poupou esforços e resultou em gastos consideráveis com viagens e análises laboratoriais, traz luz à questão.
Após a publicação de tal texto, é possível que muitos casos de círculos misteriosos encontrados em colheitas pelo Brasil afora precisem ser reavaliados, desta vez com o emprego da metodologia usada pelos irmãos Facury Ferreira. Certamente, tais casos não envolvem os chamados círculos ingleses, cuja natureza é totalmente diferente dos que estão analisados nesse trabalho. E também não incluem os geoglifos acreanos, apresentados pelo jornalista Josafá Batista em Ufo 96, por terem origem já definida com estudos arqueológicos como sendo obra de seres humanos primitivos. Os pesquisadores que participaram das investigações em Votorantim (SP) asseguraram um lugar de destaque na Ufologia Mundial com seus achados, e seria auspicioso ver seus estudos agregados ao trabalho dos experientes estudiosos de evidências físicas Ted Phillips, norte-americano entrevistado em nossa edição 97, e Carlos Machado, paranaense que teve extenso artigo publicado na edição 93.
Um dos pesquisadores, o geógrafo Michel Facury Ferreira, é também autor do livro Objetos Instantâneos, Brevíssimo Ensaio Filosófico Para Uma Geografia de Instantes. Sua obra defende o que ele chama de “contexto de instantaneidade”, descrito como o estudo de objetos que não são permanentes, mas que atuam no ambiente e alteram paisagens, além de interferirem na forma como o homem se apropria do espaço. “São objetos geográficos, mas não são contemplados pela geografia enquanto ciência”, detalha o autor. Para ele, a obra apresenta uma nova vertente de estudos para esta ciência e oferece caminhos para sua realização, “através da prática de uma ciência pura, sem filtros, para uma sociedade que merece esclarecimentos científicos sobre fenômenos sociais e extraordinários”.
Objetos Instantâneos tem outra peculiaridade: é a primeira vez que um livro que cobra da ciência geográfica uma postura sobre fenômenos ufológicos consegue apoio de instituições acadêmicas, como o Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS) e a Fundação para o Desenvolvimento Cultural de Sorocaba (FUNDEC), onde foi lançado. Na obra há ensaios de ufólogos, como o citado Machado e Wallacy Albino, ambos consultores da Revista Ufo, respectivamente sobre o Chupacabras e os círculos ingleses. O livro pode ser obtido diretamente com o autor: Michel Facury Ferreira, Rua José Alcade Pozo 95, CEP 18074-330 Sorocaba (SP). Telefone: (15) 226-4168. E-mail: m.facury@uol.com.br.