
A vida do contatado espanhol naturalizado brasileiro Alberto Sanmartin, nascido em 24 de janeiro de 1917, confunde-se com a história de uma pedra. Não uma pedra qualquer, mas uma com nove símbolos gravados, deixada em suas mãos por um “embaixador das estrelas” na madrugada de 17 de novembro de 1954. Nos dias anteriores, estranhas sensações perturbaram Sanmartin. Era como se alguém penetrasse em sua mente infundindo-lhe imagens sugestivas: “Havia ocasiões em que mergulhava em paisagens maravilhosas, de vegetação exuberante, plenas de paz e harmonia, em lagos transparentes e serenos rodeados de brilhantes flores amarelas, roxas e azuis, em montanhas de cumes brancos e céus de nuvens rosadas, bem como em cidades reluzentes repletas de prédios cupulares brancos e dourados. Um mundo perfeito e utópico, que não conseguia compreender a razão de tudo aquilo”. É exatamente isso o que se lê em sua obra A Pedra do Espaço [Editora Aquarius, 1978].
Naquela madrugada, enquanto lia um livro confortavelmente instalado em sua cadeira, as visões o assaltaram com mais força e nitidez do que nunca. Durante mais de uma hora entregou-se à contemplação interior de mundos ignotos. Mas desta vez ouviu uma voz que o chamava. Tomado por uma irresistível curiosidade, pôs-se de pé e saiu de casa, dirigindo-se à praça de Moncloa, aonde chegou por volta das 02h00. Instado pela voz, caminhou pela Estrada da Coruña até atingir a célebre Puente de los Franceses, que atravessava um barranco. Fitando-o junto a um declive, havia uma majestática figura — trajava um macacão de aviador, porém muito mais fino e ajustado ao corpo, aparentemente de uma só peça e sem aberturas nem bolsos visíveis. O rosto irradiava bondade, serenidade, firmeza e equilíbrio. Achegando-se sem que sua vontade consciente o ordenasse, contemplou-o detidamente.
“Era, ou parecia ser, muito jovem, levava descoberta a cabeça, seu cabelo era claro, longo e abundante, caindo sobre os ombros em forma de esplêndida melena e seus rasgos faciais tinham aquela serena e acabada beleza que somente é possível achar nas mais perfeitas estátuas da Antiguidade helênica”, descreveu Sanmartin. Aquele ser tão perfeito fisicamente, não só na aparência, mas também no sentido espiritual e moral, sorriu. Seu aspecto de tranquila dignidade, embora sem nenhuma espécie de afetação, devia contrastar notavelmente com o de Sanmartin, pois se sentia tosco e rude perto dele. Era de estatura média e muito bem proporcionado, talvez um pouco mais alto e bem menos encorpado do que o contatado. A seu sorriso acompanhou um singelo gesto que, conforme entendeu, era de saudação. Foi um gesto natural e elegante, mostrando a palma da mão direita aberta em inconfundível sinal de paz.
Absoluta tranquilidade e confiança
Seguidamente, pousou a mão no ombro de Sanmartin com uma ligeira pressão e se voltou de costas para ele com a mais absoluta tranquilidade e confiança. Desceu com passos ligeiros e ágeis pelo inclinado declive, a um lado da ponte, e se perdeu na escuridão do barranco. E Sanmartin esperou. Ele lhe havia indicado claramente que esperasse. Dentro em pouco, o ser voltava com o mesmo passo fácil e ligeiro, como se não lhe custasse esforço subir o inclinado declive. Estendeu a mão esquerda, ofereceu-lhe um objeto retangular e, sorrindo em sinal de despedida, desceu de novo pelo declive. Das sombras do barranco emergiu um aparelho circular escuro, silencioso, que partiu vertiginosamente para o céu. Assim terminava seu inesperado encontro com um ser procedente de outro planeta. E, por incrível que pareça, “sem nenhuma espécie de complicação”, como reconheceu o próprio contatado. “Desde as primeiras ondas de discos voadores na Espanha, Sanmartin já era empolgado pelo assunto”, garantiu-nos Pacita Sanmartin, viúva do contatado, nascida em 1924. Pablo Villarrubia Mauso localizou-a no final de 1996, e no início do ano seguinte a entrevistamos em sua residência no bairro de Santo Amaro, cidade de São Paulo.
Pacita reafirmou e endossou a história do marido, acrescentando detalhes surpreendentes. Ambos se conheceram em 1948, época em que Pacita trabalhava como enfermeira na Clínica Médica Las Flores, distrito de Argüelles. Sanmartin também era enfermeiro e os contatos profissionais redundaram em longo namoro, consumado somente uma década depois quando finalmente se casaram. A primeira pessoa a quem Sanmartin confidenciou o episódio foi justamente Pacita. Apenas esperou o dia amanhecer, pois não queria tirá-la da cama. “Ele passou aquela tarde comigo e voltou direto para casa, que ficava em Quatro Camiños, perto de Moncloa. De madrugada, enquanto estava lendo, sentiu fortes dores de cabeça e de dente, acompanhadas de um impulso irresistível de sair. De manhã, telefonou-me atônito referindo-se ao ocorrido — e no mesmo dia procurou o jornalista Fernando Sesma, que se ocupava com a questão dos discos voadores. Foi Sesma quem decidiu como deveria encaminhar o caso”.
Em meio à polêmica desencadeada com a publicação de uma série de matérias referentes à pedra, Alberto Sanmartin decidiu partir para o Brasil, onde viveria até a morte. “Talvez pudesse encontrar, se quisesse buscá-las, razões particulares que me impulsionaram a realizar esta viagem, porém, a verdadeira razão, em sã consciência e muito embora pareça absurda, foi o que declarei na Sociedade de Amigos dos Visitantes do Espaço, em Madri, em uma das reuniões semanais a que assisti, pouco antes de minha partida de lá: tinha a absoluta convicção de que no Brasil se haveriam de produzir fatos sensacionais relacionados com os discos voadores extraterrestres”.
“Bases de seres do espaço”
Aportou em Santos em 02 de novembro de 1956, indo morar na capital paulista. Convencido de que encontraria e manteria contatos com alienígenas em plena selva do então Mato Grosso, “no mesmo mês de novembro, antes de decorrido um mês de minha chegada, já me encontrava percorrendo as luxuriantes e belas margens do Rio Verde, em companhia de três amigos que tiveram o ensejo de compartilhar minha aventura, muito embora não compartilhassem a minha fé. Perto de 30 dias, aproximadamente, permanecemos em plena selva, com todos os encantos e deslumbramentos que isso encerra. Porém, as minhas esperanças de encontrar os homens de outros planetas não chegaram a realizar-se […] Nem uma simples fotografia dum disco voador pude conseguir. Nem, para falar toda a verdade, um só disco pairando no ar consegui ver. O que representa o cúmulo do azar na imensa e ideal solid&a
tilde;o de vastíssimos e majestosos horizontes, especialmente se levarmos em conta que ainda continuo convencido de que no norte do Mato Grosso existem bases de seres do espaço”.
Assim, ficaria reservada para a cidade de São Paulo a primeira série de fotografias tão ansiosamente aguardadas de um disco voador, por sinal em tudo semelhante aos de George Adamski e Stephen Derbyshire, um menino de 13 anos de idade que, acompanhado do seu colega Adrian Myers, de oito anos, fotografou um disco voador em 15 de fevereiro de 1954 nas cercanias do lago Coniston, condado inglês de Lancashire. Quatro das seis fotos foram reproduzidas na edição de 07 de janeiro de 1958 do jornal paulistano Última Hora, que lhe dedicou extensa reportagem. Sanmartin relatou ao jornalista Ipamery Cunha que no dia 15 de dezembro de 1957 se encontrava na Rua Barbosa Heliodora, no Alto da Vila Pompeia, tirando umas fotografias. De repente, notou no céu a presença de um estranho objeto a balançar de um lado para o outro, parando algumas vezes. Eram mais ou menos 14h00. Para ser mais exato, entre 14h00 e 14h30. O céu claro não permitia supor tratar-se de visão e por isso não perdeu tempo: com a máquina fotográfica começou a bater fotos — ele bateu as 12 chapas o mais rapidamente que pôde, procurando colher o estranho objeto em várias fases do balanço. Em seguida, ficou a observar o disco que, após um ou dois minutos se inclinou e se afastou desaparecendo em poucos segundos.
A figura trajava um macacão de aviador, porém mais fino e ajustado ao corpo, aparentemente de uma só peça e sem aberturas nem bolsos. Seu rosto irradiava bondade, serenidade, firmeza e equilíbrio. Sanmartin contemplou-o detidamente
A câmera usada foi uma Rota 66, bastante comum na época por fotógrafos amadores. Os repórteres do Última Hora localizaram uma testemunha, a senhora Laura Fonseca Menezes, residente à Rua Diana, 592. Para ela, no entanto, o objeto não passava de um simples balão-sonda. Vendo a câmera do fotógrafo Valentin Zacks, Laura se recusou a falar, pois não desejava aparecer no jornal. Com jeito, porém, conseguiram convencê-la. Dirigindo-se à varanda, apontou para o horizonte e declarou: “Foi naquela direção. Era um objeto brilhante, de forma arredondada, que desapareceu com incrível velocidade”. Zacks aproveitou o momento e bateu uma foto. Laura não percebeu e continuou insistindo para que não colocassem o seu nome no jornal.
Desafio aos descrentes
Da Vila Pompeia os repórteres partiram para o consultório do médico e capitão do Exército Silvério Carpinelli. Previamente contatado por telefone, Carpinelli recebeu-os sem objeções. Referindo-se a Sanmartin, declarou “tratar-se de uma pessoa honesta, que conheço há muito tempo e não tenho dúvidas de que fotografou um legítimo disco voador”. Estudioso do assunto pelo qual se interessava desde 1952, foi ele quem mandou revelar o filme de Sanmartin no laboratório Lutz Ferrando. O envelope de número 340.91 registrava a data de entrega de 20 de dezembro de 1957. Carpinelli colocou os negativos à disposição de quem quisesse examiná-los, segundo o repórter, Ipamery Cunha, em seu artigo Fotografado Sobre São Paulo um Disco Voador: O Autor do Feito Desafia os Descrentes a Comprovarem o Fato, publicado no Última Hora, em edição de 07 de janeiro de 1958.
A segunda série de fotografias — oito posições de um aparelho também em lento movimento de balanço — foi feita no Bairro da Vila Pompeia, por volta das 05h00 de 15 de janeiro de 1958, ou seja, apenas um mês depois da primeira. Pacita informou-nos que nessa época Sanmartin morava na Rua Padre Chico, localizada no mesmo bairro em que tirou as fotos, ao passo ela ainda se encontrava na Espanha. Pacita só viria ao Brasil um ano e meio depois, contraindo matrimônio com o contatado logo em seguida. Entrementes, ele já havia mobiliado a casa onde viveriam por 12 anos, após os quais se mudariam para Santo Amaro. Uma extensa reportagem sobre a pedra apareceu na edição de 05 de fevereiro de 1959 do diário El Alcazar, de Madri, seguida de outras três, publicadas nos dias 07 a 09. A do dia 08 ressaltava a surpresa dos cientistas ante o mineral: “É muito rara esta pedra e provoca reações estranhas”, assegurou um especialista em Mineralogia da Universidade de Madri. O jornalista Arcadia Baquero relatava os pormenores da análise de um fragmento da pedra, efetuada por Pedro García Bayón Campomanes, professor de mineralogia da mesma instituição. Eis o parecer final: “A pedra tem um sabor acentuadamente salgado, mas não contém sais. Certas partes são solúveis. Assemelha-se a um carbonato ou a um calcário tingido por algum tipo de matéria orgânica”.
A “Pedra do Espaço”, como veio a se chamar, tinha conformação retangular, media 12 cm de comprimento, 4 cm de largura e 2 cm de altura. Pontinhos amarelos brilhantes salpicavam sua superfície violácea, que com o tempo foi ficando cinza-esverdeada. Em uma das faces trazia nove símbolos ou inscrições, dispostos em linha dupla. Pacita, que inúmeras vezes manuseou a pedra, confirma que havia sais em sua composição, pois chegou a experimentar o seu paladar, levemente salgado. A pedra era “de aspecto esponjoso, parecida com mármore ou pedra pomes, não muito resistente, tanto que ao serrar pequenos pedaços para enviar às análises, esta acabou se quebrando e Sanmartin teve de colá-la”. Certas pessoas diziam sentir uma “vibração energética” quando a seguravam.
Sem resultados
Os tantos fragmentos que dela foram retiradas mutilaram-na irremediavelmente. Um dos pedaços chegou às mãos do “pai” da Ufologia Científica, o astrofísico J. A. Hynek, do Center for UFO Studies (CUFOS), em Illinois, Estados Unidos, que nunca emitiu um parecer a respeito. “Permiti que fosse fracionada porque nunca senti o mínimo temor de oferecer amostras a qualquer cientista que se dispusesse a analisá-la”, justificou Alberto Sanmartin. Os resultados nunca se afiguraram definitivos: “É claro que sempre que dava um fragmento da pedra para analisar exigia como condição sine qua non que me fosse entregue posteriormente o resultado da análise, escrito e assinado pelo autor, com o lógico intuito de exercer meu direito de utilizá-lo livremente. Pois bem, em quase todas as oportunidades, os mineralogistas se desculpavam alegando que a pedra não oferecia nada de extraordinário. Tomemos o exemplo do mineralogista Rui Ribeiro Franco, o qual declarou que a pedra não apresentava nada de extraor
dinário no seu aspecto físico, sendo apenas um calcário de estrutura vesicular”.
Ao certo, o que se sabe é que ela era um composto artificial muito bem trabalhado. Alguns ufólogos chegaram ao consenso de que não passava de um amálgama de materiais usados nos consultórios dentários, daí que tivesse sido esculpido por um odontologista por encomenda do próprio contatado. Sanmartin, porém, chamava a atenção para suas características inusitadas. Uma delas era a que os fragmentos ardiam em contato com a chama de um fósforo. Houve um momento, porém, em que ele pensou ter finalmente obtido um laudo conclusivo. Em outubro de 1969, saía o resultado de uma análise espectroscópica — poucos dias depois, no entanto, o cientista voltava atrás e classificava o material como cimento. “Um certo tipo de cimento? Ou um certo tipo de receio, tão incongruente como difundido, de se comprometer publicamente em um caso de discos voadores?”, reagiu com indignação Sanmartin, que, da posse da fotocópia da chapa espectroscópica, fez questão de publicá-la:
# Composição química final: Cálcio (22%), silício (33%), magnésio (4%), alumínio (4%), carbono (1%), titânio (0,1%), sódio (0,5%), manganês (0,1%), prata (0,03%), outros, oxigênio e impurezas (35%).
# Compostos presentes: Coríndon [Mais de 50% do alumínio está no coríndon], calcita desidratada, magnesita desidratada, carbonato de alumínio desidratado, sílica, silicatos de alumínio desidratado [Argila], silicato de cálcio, silicato de magnésio.
# Observações: A 2.500 volts, o material volatiliza-se de maneira súbita, evidenciando uma porosidade anormal.
# Poros: Tamanhos variados. Tamanho médio: 0,1 milímetro. Maior observado: 2 milímetros. Menor: 0,006 milímetro.
# Aspecto: Se fosse cimento, seria impossível a existência de coríndon, e a presença de prata é anormal nas formas mais comuns de material aproximado da amostra.
# Arco pulsante de 60 hertz: Quando aplicado à superfície, a amostra emitia linhas de luminescência constantes. Conclui-se que os elementos do material são uniformemente distribuídos.
# Incongruência: Os testes levam a uma conclusão paradoxal. Não pode ser artificial, devido à uniformidade constante. Não pode ser natural, devido à presença de alumina.
# Conclusão final: Não foi possível classificar a espécie mineral no Catálogo da Sociedade Americana de Geologia.
O ufólogo Walter Karl Bühler enviou dois fragmentos a Anny Baguhn, diretora regional do DeutscheUFO Und IFO Studiengesellschaft (DUIST), um grupo hamburguês de estudos de discos voadores, com sede em Wiesbaden, Alemanha. Anny, por sua vez, encaminhou-os a Dieter Jung, do Instituto Mineralógico da Universidade de Hamburgo. O resultado, publicado na revista UFO Nachrichten, acompanhado de trechos do livro de Sanmartin, vertido para o português pelo ufólogo Willi Wirz, foi: “Conseguimos determinar as incrustações. Macrocristais estão presentes na ordem de até 0,2 mm, como sendo quartzo, feldspato-alcalino e biotita. A maioria dos macrocristais já foi eliminada pela ação do tempo. Observamos também alguns grãos de zircônio. Os apanágios descritos indicam que poderia tratar-se de um tufo riolítico, fortemente modificado em seguida. Não é possível decidir, dispondo apenas da prova que nos foi fornecida, se ao material tufoso foram agregados componentes não magmatógenos”.
Análise das inscrições da pedra
Quanto às inscrições, muitos se arriscaram a decifrá-las, cada um à sua maneira. As interpretações do epigrafista Joaquim Maria de Navascués, do sacerdote católico e padre Severino Machado e do próprio Fernando Sesma soam por demais parciais e subjetivas. No final de 1955, Machado lançou o livro Los Platillos Volantes Ante la Razón y la Ciencia, inteiramente dedicado à análise das inscrições da pedra do espaço. Alberto Sanmartin apontou semelhanças com as pegadas deixadas pelo salto do calçado do venusiano que contatou Adamski em Desert Center, em 1952, com os símbolos estampados na parte inferior do disco fotografado por Hélio Aguiar na Bahia, em 1959, e os sinais da Pedra Sabão de Diamantina, Minas Gerais, desenterrada pelo militar Jair Emídio Ferreira no porão de sua casa, em meados dos anos 60. E, finalmente, com os símbolos memorizados na madrugada de 15 de outubro de 1957, por Antônio Villas Boas, ocasião em que manteve relações sexuais com uma mulher extraterrestre no interior do disco voador que pousou em sua fazenda no município de São Francisco de Sales, Minas Gerais.
Sempre que dava um fragmento da pedra para alguém analisar, exigia que lhe fosse entregue posteriormente o resultado da análise, escrito e assinado pelo autor, com o lógico intuito de ele exercer seu direito de utilizá-lo livremente
Exemplar congênere da Pedra do Espaço era a “Pedra do Poeta”, assim chamada por ter sido achada no início da década de 80 pelo advogado e poeta José Alcides Pinto enquanto escavava o terreno nas proximidades de uma casa de fazenda em Massapé, interior do Ceará, onde seria erigida uma nova construção — ampliações das fotos da pedra e raios X revelaram sinais circundando a pedra externa e internamente. Além disso, como a de Sanmartin, a do poeta também provocava alterações no estado físico e emocional de certas pessoas que o seguravam, segundo o artigo A Pedra do Poeta, publicado na revista Planeta, edição de março.
Mas, afinal, onde teria ido parar a Pedra do Espaço, da qual vimos apenas uma réplica em metal que o ufólogo Fernando Cleto Nunes Pereira mandou confeccionar? Pacita contou-nos que “Pouco antes de morrer, Sanmartin encarregara uma firma de reproduzir fielmente a pedra. Como sua afilhada sempre fora muito apegada a ele, dei a ela não só essa cópia como também seus livros, reportagens, manuscritos etc. A pedra original acabou ficando com essa firma, que alegou tê-la perdido”. Durante os 25 anos em que permaneceu no Brasil, Sanmartin travou relações com ufólogos como Walter Bühler, Willi Wirz, Flávio Pereira e contatados que compartilhavam de sua história. Pereira o entrevistou em um programa que a TV Gazeta levou ao ar em 1976, ocasião em que exibiu a pedra. Pacita ressalvou, no entanto, que Pereira não ratificava o caso de seu marido, motivando sérios desentendimentos.
Ordem dos Templários
Em 1978, Sanmartin publicaria A Pedra do Espaço, continuação e complemento de Embaixador das Estrelas, de 1959. Na dedicatória do livro é citado, entre outros, o nome de João Evangelista Ferraz, mestre da Ordem dos Templários da América Latina. Pacita revelou-nos que o contatado deixou muitos trabalhos inéd
itos — poesias, novelas, peças de teatro e roteiros para tevê —, com destaque para um livro em que traduz e comenta as profecias de Nostradamus. Também se descobriu que este livro na verdade é da autoria de Aladino Félix — vulgo Dino Kraspedon ou Sábado Dinotos [Tratado na edição anterior desta série, UFO Especial 074] —, que se valera de Sanmartin como uma espécie de testa-de-ferro para escapar das perseguições políticas que sofria.
Com muita tristeza, Pacita falou sobre o falecimento do marido, ocorrido em 20 de dezembro de 1982, pouco antes de completarem as bodas de prata e quando a única filha temporã ainda era pequena: “Não vínhamos notando nada de errado com sua saúde. Ele telefonou-me da rua, dizendo que iria levar o carro para uma revisão. Ao chegar em casa, propôs que fôssemos ao supermercado. Assim que lá chegamos começou a reclamar de uma forte dor na altura do abdômen. Na saída, bateu o carro no poste e caiu desmaiado sobre o volante. Socorrido ao hospital, diagnosticaram um aneurisma cerebral e o submeteram de imediato a uma cirurgia — depois de cinco dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), não resistiu e acabou enterrado no Cemitério do Morumbi, perto do túmulo da cantora Elis Regina”.
No seu epitáfio, bem poderia ter sido gravada a profecia contida em A Pedra do Espaço: “O tempo tem ficado muito curto e muito em breve haverá uma purificação e depois uma transformação. E no alvorecer do sétimo milênio, então sim e somente então, a humanidade terrestre deixará de estar isolada: purificada, diminuída e transformada, integralmente moral, passará a fazer parte do concerto cósmico, quando o intercâmbio material com os seres de outros planetas será um fato corriqueiro e normal”.