Durante a viagem à Europa, tive a oportunidade de passar um dia inteiro na sede da revista inglesa UFO Magazine, na localidade de Otley, ao norte de Leeds. Foram várias horas de aprendizado que tive a chance de compartilhar ao lado do ufólogo norte-americano John Carpenter. Embora a diferença de realidade entre a Inglaterra e o Brasil seja marcante – o primeiro país tem 75 milhões de habitantes, dos quais 74 são consumidores em potencial, enquanto o Brasil possui 160 milhões de habitantes, dos quais 100 são completos miseráveis –, sempre há muito para se aprender com gente que está ganhando. E a UFO Magazine está.
A revista é editada pela entidade Yorkshire UFO Group, que existe há mais de 20 anos e fez dezenas de edições de seu boletim interno, até decidir lançar a UFO Magazine, alguns anos atrás. O projeto começou modesto, mas hoje é um colosso: 60 a 70 mil exemplares com mais de 60 páginas coloridas são impressos a cada dois meses. Tão logo vão para as bancas, por toda a Grã-Bretanha e outros 20 países, esgotam-se em alguns dias. Isso é um verdadeiro fenômeno, o que conduz a publicação a ser a mais bem sucedida do mundo, muito à frente, inclusive, das norte-americanas. Mas todo sucesso do pessoal da UFO Magazine é mais do que merecido. Graham W. Birdsall, diretor de operações e editor, disse-me que há semanas em que ele e sua equipe trabalham 14 horas por dia, inclusive sábados. Eu acredito, pois sei muito bem o que significa editar uma revista, e nossas jornadas de trabalho, aqui em Campo Grande, não são muito diferentes.
Ambiente familiar – A UFO Magazine é um empreendimento um tanto quanto familiar. No vasto escritório de mais de 250 m2 montado recentemente num antigo moinho reformado, trabalham seis pessoas, sendo quatro da mesma família. São Graham e Mark, seu irmão mais velho, e suas respectivas esposas, Christine e Vivian. Além deles, Bryn e Russel fazem o trabalho de produção da revista. O escritório é muito bem equipado com os melhores recursos de computadores e ágil sistema de comunicação. Mark é quem faz a editoração gráfica da revista, em dois modernos computadores Macintosh conectados com scanners e periféricos diversos. Disse-me que é a maior realização de sua vida e que adora seu trabalho. Também acredito, pois fazendo aqui exatamente o que ele faz lá, sinto o mesmo. Todos eles se reúnem uma vez por semana para estabelecer suas metas – facilmente cumpridas pela determinação do grupo.
Comercialmente, a UFO Magazine é de responsabilidade da Quest Publications Ltd., uma empresa em que todos são sócios. Pelo resultado das vendas das revistas e outros produtos, além do número de pessoas que freqüentam seus eventos, fica evidente que a saúde financeira da empresa vai bem. E merecidamente, já que seu trabalho é exemplar. Mas ninguém ostenta qualquer sinal de riqueza: os irmãos levam uma vida simples e regrada. “Nossa prioridade é produzir uma revista que seja bem informativa”, disse-me Graham. “Nossa preocupação é com a qualidade das informações que passamos aos nossos leitores”. Já Mark se preocupa com a parte operacional: “Em três anos e muitas edições, nunca furamos um único prazo. Tudo sai como deve ser”. Ah, que bom se no Brasil também fosse assim…