Desde a década de 60 várias ocorrências ufológicas vêm marcando a pacata região centro-oeste mineira. Em Pará de Minas, outrora uma pequena cidade localizada a 70 km da capital do estado — conhecida como a terra dos teares e dos sinos —, a profunda religiosidade dos antigos não tira o brilho dos inúmeros casos lá registrados. No local, desde tempos imemoriais, se ouve falar de assombrações que apavoravam os transeuntes de uma estrada que leva ao distrito de Tavares e ao município de Florestal — que, há décadas, era a única opção rodoviária para deslocamentos até Belo Horizonte. Aterrorizadas testemunhas relatam a presença muito constante de uma “dama” toda vestida de branco que se torna brilhante e visível mesmo na profunda escuridão do local, lá no Alto da Maniçoba, como era identificado aquele ponto do percurso.
Devido à semelhança, o fato lembra os casos que perpetuaram o folclore da região de Passa Tempo, ao sul de Belo Horizonte, muito bem estudados pelo emérito pesquisador Antônio P. S. Faleiro [consultor da Revista UFO]. Vale recordar um fato histórico interessante sobre aquela rodovia estadual. Benedito Valadares Ribeiro, paraminense da gema, quando governador interventor de Minas Gerais, nomeado por Getúlio Vargas, resolveu calçar com paralelepípedos aquele caminho. Pretendia, além de trazer progresso para a região, facilitar seus deslocamentos da capital mineira até sua terra natal, situação que acontecia com bastante frequência — Ribeiro adorava passar os finais de semana em sua fazenda.
A estrada, parte calçada com paralelepípedos e parte de terra batida, assim continuou até o início de 2001, quando, mesmo tombada pelo patrimônio histórico do estado, foi totalmente asfaltada em nome do progresso. É imprevisível dizer se essa peculiaridade foi o que tanto atraiu a curiosidade dos pilotos dos UFOs que sobrevoam a região, mas o certo é que em toda a área nunca existiu ponto de maior frequência de aparições do fenômeno, desde o Alto da Maniçoba até Florestal. Mas Pará de Minas também experimentou a emoção de ver UFOs sobre seus céus. Em 1962, uma linda nave em forma de pratos superpostos, do tamanho de uma Lua cheia e girando em torno de si mesma, cruzou o céu de sul a norte, emitindo fantástica luz que variava nas tonalidades de amarelo, azul, verde e vermelho.
Objeto discoide esverdeado
Em 1969, imediatamente após a ocorrência de um inusitado apagão, um objeto discoide e esverdeado, fazendo manobra espetacular — que lembrava um oito da aviação — espantou e maravilhou a todos que o viram cruzar o céu em vertiginosa velocidade. Em 1970, o mais tradicional colégio católico de toda região, o Ginásio São Francisco, teve suas aulas noturnas suspensas quando professores e alunos que tinham carro saíram na direção em que seguira um grande UFO, rumo ao Cristo Redentor, no alto da Serra de Santa Cruz, após sobrevoar o pátio daquela instituição de ensino. O próprio diretor do educandário, um padre franciscano, foi quem primeiro o avistou e chamou a atenção das demais pessoas com grande alarde.
Nos anos 60, entre 1967 e 1969, uma impressionante onda de avistamentos ufológicos ocorreu em Minas. Em setembro de 1968, por exemplo, duas universitárias de direito retornavam de Divinópolis, onde estudavam, quando tiveram um susto. Elas vinham por Juatuba, então distrito de Mateus Leme, e, quando já percorriam a recém-inaugurada BR-262, passaram por um pequeno UFO — aparentemente suspenso sobre a outra direção da pista, poucos quilômetros antes do trevo de acesso a Pará de Minas. Ambas juízas de direito atualmente, as testemunhas puderam reparar, segundos depois, que seus relógios pararam no exato momento que passaram pelo estranho artefato, às 20h30.
O objeto voador já havia sido notado por elas minutos antes do arrepiante encontro. Embora a noite estivesse enluarada, o UFO era brilhante o bastante para não passar despercebido, uma vez que emitia forte luz de cor prateada. As atuais juízas tiveram a impressão que o objeto vinha voando de longe entre as baixas serras da região. Ao chegarem a Pará de Minas, logo após noticiarem o ocorrido aos parentes, já puderam perceber que seriam inconvenientemente ridicularizadas se não fosse outro acontecimento. A extinta TV Itacolomi, de Belo Horizonte, começou a noticiar em seguidas edições extras de seu telejornal dezenas de avistamentos de objetos voadores não identificados — todos ocorrendo naquele momento nas mais diversas e distantes regiões do estado.
Pequenas janelas côncavas
Essa somatória de casos ufológicos pode ser considerada a verdadeira Noite Oficial dos UFOs em Minas Gerais, a exemplo da conhecida Noite Oficial dos UFOs no Brasil. De Itajubá, Belo Horizonte, Lavras e muitas outras cidades, inúmeras informações pipocavam na sede daquela emissora de televisão dando conta de avistamentos e contatos. Meses antes, uma conhecida educadora de Pará de Minas, quando aprendia a dirigir um veículo automotor na citada estrada que leva a Florestal, na companhia de sua filha, observou outro objeto não identificado — porém de tamanho mais considerável e pousado sobre a vegetação rasteira existente à beira da rodovia. A testemunha relatou a existência de diversas pequenas janelas côncavas em toda a extensão oval do objeto, parecendo escotilhas.
Embora alguns moradores da cidade se interessassem pelo assunto há décadas, inclusive esse autor, apenas em 27 de junho de 1979, a partir da palestra ministrada pelo ufólogo Húlvio Brant Aleixo, é que um grupo de pessoas finalmente se uniu com o firme propósito de estudar cientificamente o fenômeno na região. Assim nasceu o Grupo de Estudo dos OVNIs (GEO), tendo como padrinho um dos mais competentes estudiosos e verdadeiro pioneiro da Ufologia Brasileira, o professor Aleixo, fundador do histórico Centro de Investigação Civil dos Objetos Aéreos Não Identificados (Cicoani). Em 04 de maio de 1984, após devidamente regulamentado, o GEO começava suas investigações.
Sondas que perseguem moradores rurais
A casuística ufológica nas décadas de 70 e 80 era farta na região de Florestal e adjacências, sempre no centro-oeste mineiro. Entre os diversos casos averiguados pela entidade naqueles locais, conjuntamente com o Cicoani, muitos eram de sondas que invariavelmente perseguiam moradores rurais, fazendeiros e seus agregados. Um dos mais interessantes é o caso de um vaqueiro que passou pela terrível aproximação noturna de um UFO. Quando cavalgava pelos pastos da fazenda onde trabalhava, um objeto voador com várias hastes na sua base inferior — que mais pareciam estiletes — abateu-se sobre o mesmo e seu cavalo, como que vindo do nada.
A testemunha se escondeu debaixo do animal — que, curiosamente, permaneceu apático e completamente inerte à ocorrê
;ncia, como se hipnotizado. O UFO ficou pairando considerável tempo sobre os dois, em baixíssima altitude. Segundo o observador, a luminosidade era tamanha que seria possível achar uma agulha na vegetação. Ainda teve a impressão de que as hastes serviriam para capturá-lo, embora isso não tenha se concretizado. Inexplicavelmente, na década vigente as ocorrências escassearam — uma ausência que parece ter se repetido em quase todo o Território Nacional. Entretanto e coincidentemente, na década seguinte novas notícias davam conta de estranhos “veículos fantasmas” trafegando por aquela mesma estrada, que até hoje aparecem e desaparecem repentinamente sem deixar o menor vestígio.